Pov Thalia Faust

– Mãe, pai, chegou, finalmente chegou. – Disse descendo as escadas pelo corrimão como sempre.

– O quê? – Perguntou minha mãe da cozinha.

– Minha carta de Hogwarts! – Respondi pulando de alegria.

– Já não era sem tempo! – Disse meu pai se sentando no banquinho perto do balcão. – As aulas começam amanhã.

– Me dê aqui, querida. – Disse minha mãe. Ela pegou a carta e leu silenciosamente. – August, são muitos livros e nenhum deles é barato.

– Vamos dar um jeito. – Prometeu papai. – Thalia, já fez o malão?

– Está quase pronto.

– Então vá termina-lo, e coloque Wilbur na gaiola.

– Pode deixar. – Respondi subindo as escadas dois degraus de cada vez.

Terminei o malão e sentei na cama encarando Wilbur, estava tudo pronto, olhei em volta pra ver o quê faltava.

Malão: Pronto

Coruja: Pronto

Material: Só faltavam os livros.

Deixei essa parte por conta dos meus pais e fui dormir. Mal podia esperar pra chegar à estação e encontrar a Emily, a Elena e a Anne. Estava mais ansiosa ainda pra ver o Reymond.

Pov Elena Mikaelson

– Elena, desce aqui, rápido! – Disse Dan do andar de baixo.

Desci as escadas meio pulando meio correndo e fui até a sala. Não tinha ninguém lá então fui pra cozinha, nada lá, sai e fui pra sala de jantar, também nada. Chamei Dan algumas vezes, mas ninguém respondeu. Fui até o pé da escada e gritei o nome de Dan.

– Aqui fora! – Ouvi sua voz vindo do quintal. Fui até a porta de entrada e sai de casa.

Dan e mamãe estavam de pé olhando fixamente o outro lado da calçada, caminhei até eles e cutuquei o ombro de Dan. Ele apontou pro outro lado da rua e eu segui seu dedo. No primeiro momento eu pensei ter visto uma criança com uma camisola branca tentando atravessar a rua, mas quando olhei de novo, não era uma criança e sim um elfo doméstico. Ele tinha a pele bege suja, era pequeno e magro, o rosto fino, as orelhas compridas e pontudas e os olhos verdes esbugalhados.

Ele tentava atravessar a rua, mas toda vez que saia da calçada um carro passava, parecia estar ficando irritado com isso, pois murmurava algumas coisas em outra língua que eu não entendia. Olhei pra Dan e minha mãe, os dois estavam com um misto de surpresa e diversão no rosto.

Fui até a calçada e olhei para os lados pra ver se algum carro vinha vindo, como não tinha nenhum atravessei a rua com a maior tranquilidade. O elfo me olhava com cara feia, já que eu consegui atravessar a rua e ele não. Parei ao seu lado e ele torceu o nariz quando lhe dei um sorriso.

– Elena Charlothe Mikaelson? – Perguntou.

– Eu mesma. – Respondi.

– Sua carta. – Disse ele me entregando um envelope selado.

– Finalmente. – Disse pegando o envelope. – Eu pensei que ela não chegaria... – O elfo estalou os dedos e sumiu. – mais.

Atravessei a rua correndo e entrei em casa com Dan e mamãe logo atrás de mim.

– O quê foi que ele te deu? – Perguntou Dan.

– Nossas cartas.

– Chegaram? – Perguntou mamãe.

– Aham.

– Certo, suba e arrume seu malão, vou ajudar seu irmão com o dele.

– To indo. – disse correndo até a escada e subindo o mais rápido possível.

Corri até meu quarto, entrei e fechei a porta. Tirei o malão de cima do armário e comecei a jogar as coisas lá dentro. Quando terminei a droga da mala não fechava, subi em cima, pulei, amassei, fiz de tudo, mas aquela bagaça não fechava nem a pau.

Eu não podia usar magia fora de Hogwarts, e minha mãe, meu irmão e meu pai sabiam disso, então sem chances de eu fazer isso e acabar de castigo, de novo. Corri até a porta e chamei Dan e a mamãe, os dois entraram e eu pedi que eles se sentassem em cima do malão.

Eles obedeceram, meio assustados, mas obedeceram e eu finalmente fechei aquela droga. Os dois desceram da cama e voltaram pro quarto de Dan, pra terminar sua mala.

Tirei o malão do chão e deixei-o ao lado da porta. Amanhã eu voltaria pra Hogwarts, veria todos os meus amigos: a Anne, a Thalia, o Reymond, o Paris e o Dylan. Teria que aturar a Emily por causa deles, mas tudo bem, eu sobrevivo.

Deitei na cama observando as estrelas e a lua, não sei quando, acabei pegando no sono.

Pov Emily Carter

– Emily, o jantar está na mesa! – Minha irmã gritou lá do primeiro andar com sua voz “doce”.

– To indo. – Gritei de volta. Fechei o livro que estava lendo.

Desci as escadas escorregando pelo corrimão e fui pra cozinha. Mamãe e Cece, minha irmã, estavam se arrumando nas cadeiras.

– Tão doce com sempre, não é, Cecília? – Falei deixando-a irritada.

– É Cece! – Minha irmã gritou. O nome dela, na verdade é Cecília, só que ela não gosta de ser chamada assim, mas como uma boa irmã que eu sou, uso seu nome completo.

– Não é, é Cecília. – Respondi.

– Cala a boca, e é Cece.

– Meninas, por favor! – Disse minha mãe. – Só por um dia deem uma treguá.

– Nunca! – Falei junto com Cece.

– Bom dia, família. – Disse meu pai entrando na cozinha.

– Bom dia. – Dissemos juntas. Ele cumprimentou minha mãe e se sentou.

– Emily, chegou pra você. – Disse ele me entregando um envelope branco selado. Peguei-o e abri.

– Finalmente!

– O quê é? – Perguntou mamãe.

– Carta de Hogwarts.

– As aulas começam amanhã, já arrumou suas coisas? – Perguntou papai.

– Quase todas, preciso achar o Lascadinho. – Falei. Lascadinho era o nome do meu gato.

– Está debaixo do sofá. – Disse Cece.

Levantei-me da mesa e fui até o sofá pegar o gato. Depois de me fazer prometer três sardinhas ele saiu do sofá. Subi as escadas com Lascadinho nos braços e voltei pro quarto.

Deixei-o em cima da cama e pus o malão ao lado da porta. Finalmente! Vou pra Hogwarts. Mal posso esperar pra ver a Thalia, a Anne, a Luna, o Reymond, até da Elena eu sinto falta. Foi com esse pensamento que eu apaguei.

Pov Anne Green.

– Anne, desce aqui. – Gritou papai lá de baixo.

Sai do quarto e desci as escadas correndo. Fui até a cozinha e vi papai olhando pela janela e minha mãe vendo televisão. Fui em direção ao sofá e sentei ao seu lado.

– O quê aconteceu? – Perguntei.

–  Rustie já voltou? – Perguntou papai.

– Ainda não.

– Droga, as aulas de Hogwarts começam amanhã e aquela coruja ainda não voltou com sua carta. – Disse ele.

– Vai ver ele se atrasou? – Interveio mamãe.

– Talvez. – Disse papai pensativo.

Um vento forte passou pela janela e uma sombra preta pousou no corrimão da escada. A sombra era Beetee e ele carregava um envelope selado no bico. Papai saiu da janela e pegou o envelope. Leu a frente e o verso e depois me entregou.

– Chegou. – Disse ele.

– Já terminou de arrumar suas coisas? – Perguntou mamãe.

– Quase. – Respondi.

– Então suba e termine.

– Ok.

Subi as escadas dois degraus de cada vez e fui pro quarto. Entrei, fechei a porta e me joguei na cama. Li e reli varias vezes a carta até que peguei no sono pensando na Elena, na Thalia, na Emily e no Raymond.

Pov Thalia Faust

Acordei com minha mãe arrombando a porta e fui para banheiro. Fiz minha higiene matinal e tomei banho. Coloquei minha roupa e desci as escadas pelo corrimão. Dei bom dia a meus pais e comecei a comer.

– Come rápido, vai perder o trem! – Disse minha mãe.

– Pronto! – Falei.

– Vamos então.

Entramos no carro e papai dirigiu até a estação. Descarreguei minhas coisas num carrinho, me despedi dos meus pais e passei pela passagem. A estação 9 ¾ estava cheia de alunos de Hogwarts. Olhei em volta pra ver se achava uma de minhas amigas, mas não vi ninguém.

– Procurando por mim, baby? – Perguntou alguém atrás de mim.

– Depende, você é a Emily, a Anne ou a Elena?

– Não, mas eu posso ser o que você quiser. – Disse Raymond empurrando seu carrinho ao meu lado.

– Muito engraçado, comediante. – Respondi. – Está ficando tempo demais com a Elena.

– Por quê?

– Esta se iludindo mais que ela.

– Nossa, xinga mas não ofende. – Falou ele colocando a mão no peito.

– Vamos logo, quero pegar um lugar bom. – Falei correndo em direção ao trem.

Reymond veio atrás de mim e nós entramos no trem. Guardei meu malão e ele faz o mesmo. Logo Emily e Elena chegaram. As duas se odeiam desde o primeiro ano. Nunca entendi o motivo.

– Sai dai Emily, eu sento do lado da Thalia! – Gritou Elena.

– Tem dois lados, sabia? – Retrucou Emily.

– Mas só um perto da janela.

– Vá se ferrar, eu cheguei primeiro.

– Mentira! – Elena gritou, ele sabe fazer um barraco.

– Verdade! – Disse Emily imitando a voz de Elena. Ela fez uma voz afinada e eu dei uma risadinha.

– De que lado você está, Faust? – Perguntou Elena.

– Do meu. – Disse Emily.

– Não, ela está do meu. – Disse Elena.

– Ah, chega. – Disse Reymond sentando-se ao meu lado e passando o braço pelo meu ombro. – Viram? Ela está do meu lado agora, então sentem e calem a boca.

Elena e Emily se sentaram, Emily na janela e Elena no corredor.

– Eu quero sentar na janela. – Disse Elena se levantando.

– Nem vem, eu já sentei. – Disse Emily.

– Mas eu quero sentar ai!

– Vai ficar querendo.

As duas começaram uma discussão sobre quem sentaria onde. Reymond se aproximou e sussurrou no meu ouvido.

– Vai ser uma longa viajem. – Sua respiração entrou em contato com minha pele e eu me arrepiei, o que o fez sorrir.

– Oi família feliz! – Disse Anne da porta do compartimento.

– Cala a boca Anne. – Disseram Emily e Elena juntas. Depois voltaram a discutir.

– Nem chegamos a Hogwarts e elas já estão brigando? – Perguntou Anne.

– Pois é. – Falei.

– Oi Reymond. – Anne cumprimentou-o

– Beleza? – Disse ele. – Bom, Thal’s, você está com pessoas normais agora, então eu vou atrás do Logan e do Cameron.

– Está dizendo que não somos normais, Senhor Duncan? – Perguntou Elena, ela e Emily pararam de discutir e agora fuzilavam Reymond com o olhar.

– Não tenho medo de você, Mikaelson. Agora de você, Emily, por ser da Corvinal como eu acho melhor sair daqui.

– Também acho. –Disse Emily com um olhar desafiador.

Reymond me deu beijo na bochecha, o que me fez corar um pouco, se despediu de Elena, Anne, falou alguma coisa pra Emily, o que me fez ficar com ciúmes, depois virou pra mim de novo e bagunçou meu cabelo e saiu correndo.

– Eu te odeio! – Gritei da porta.

– Você me ama! – Ele disse abrindo os braços.

Tive vontade de dizer que era verdade, mas me contive. Voltei pra cabine e vi que Elena e Emily estavam discutindo de novo sobre quem ficaria na janela e Anne estava sentada folheando uma revista e me olhando com um sorriso malicioso.

Vai ser uma longa viajem!