Presa em você escrita por Clara Cristiane


Capítulo 9
Capítulo 9




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Aqui estou eu: uma pobre garota presa (só Deus sabe até quando) dentro do corpo do cara que eu amo.

Eu recebi um fora dele, fui literalmente chutada, e o pior é que é verdade, ele não se corrigiu! Eu só quero voltar para o meu corpo logo, chorar tudo que eu tenho para chorar e ficar em paz. Nunca daria certo mesmo!

Ele morava muito longe de mim de qualquer jeito, ano que vem teria faculdade, e essa nossa amizade boba iria para o brejo. Como eu consegui ser tonta o suficiente de achar que poderia ter uma chance? Eu nunca mudo, sempre sou a pobre Juliana desiludida...

Desiludida com o esporte: as outras garotas são melhores.

Desiludida com o beleza: as loiras são melhores.

Desiludida com o estudo: as japas são melhores.

Desiludida com o amor: aquela garota com certeza é melhor.

Tudo que eu queria na minha vida era ser amada de volta, foda-se o estudo, foda-se minha cidade, foda-se tudo! Deus sabe que eu largaria tudo para poder estar do lado daquele que eu amo. E aqui estou eu, literalmente com quem eu amo. Só que ele só me vê como amiga... Como eu vou conseguir entrar naquele avião e encontrar forças para ficar de cara a cara com ele quando isso tudo acabar?

Alguém me ajuda... Qualquer um...

Só que ninguém pode ajudar, ninguém sabe como está minha situação, ninguém entenderia... Não dá para simplesmente mandar uma mensagem para as minhas amigas, elas me chamariam para conversar, e quem iria? Rodrigo!

Estou no fundo do poço. Não tem como ficar pior. E destino, isso não foi um desafio, foi uma afirmação!

Os dias passaram, eu não aguentei ao menos logar no Skype, não queria ter que conversar com ele. Infelizmente, ele sabe o número do próprio celular...

– Alô? Juliana?

– Não, aqui quem fala é Rodrigo, gostaria de deixar recado?

– Corta essa, eu sei que é você. Porque não entrou ontem?

– Fiquei doente.

– A minha voz não parece de quando estou doente.

– Você não sabe onde...

– Então, onde foi?

– Onde ninguém pode tocar.

– Não me diga que eu estou com um tumor no cérebro!

Não aguentei não rir, sempre adorei seus sarcasmos...

– Para idiota, não estou com vontade de rir.

– E está com vontade de que? Quer pudim?

– Não só o pudim, quero carinho, estou só.

– Só isso? Minha vizinha tem um cacho...

Desliguei na cara. Adoro os sarcasmos dele, mas até isso tem um limite.

– Porque desligou na minha cara?

– Você mereceu!

– Você é doida! Eu não mereci, estou tentando te fazer rir e é assim que você me responde?

– É, porque você não entende, e não pode ajudar!

– Se você não diz eu não posso ajudar mesmo... Poxa, coopera ai, fala comigo, você sabe que eu me importo.

– Se importa? SE IMPORTA?! Você não se importa, acredite. É apenas uma crise de existência básica, um dia eu supero.

– Tá achando que eu também não estou passando por um sufoco aqui em seu corpo?

– Não é isso! Não enche! Estou de cabeça cheia, apenas me deixe pensar por algum tempo, depois eu falo contigo, ok?

Só que eu não falei, nem ele. Apenas os dias passaram, e a hora da viagem chegou. Eu acho que nesse tempo seu corpo perdeu alguns quilos. Seus pais até ameaçaram de não deixar o filho viajar para encontrar um "amigo" da internet. Ainda hoje não sei como convenci eles, acho que apenas sentiram que era necessário...

O aeroporto de Guarulhos estava lotado como sempre, pessoas por todos os cantos, casais também, felicidade espalhada pelo ar...

A viagem até Belo Horizonte durou pouco mais do que uma hora, eu realmente devo estar mal, nem mesmo o medo de avião me abalou. Depois que desembarquei peguei um táxi para a rodoviária, a viagem até o meu destino final demoraria mais uma hora. Não sei como o encararia...

Pensei que iria chegar cedo, mas para minha surpresa lá estava o que deveria ser meu pequeno corpo me esperando. Nunca desconfiaria que eu era tão pequena...

– Finalmente nos encontramos, né? - Ele disse com aquela minha voz de menina inocente.

Meu coração de repente pareceu palpitar de esperança, mas eu sabia que nada de bom me aguardava.

– Eu fiz uma reserva em um hotel-fazenda, pode ser? Tinha esquecido de te avisar, vamos? - Ele continuou.

Eu apenas o segui para um táxi, minutos após andarmos por meio das montanhas chegamos no hotel. Sentia falta daquele ar fresco.

– Boa tarde, o casal fez reserva? - Disse a recepcionista.

Eu ia me preparar para responder, mas ele foi mais rápido.

– Sim, reserva de 3 dias no nome de Rodrigo Paz e Juliana Caroline.

Fomos conduzidos até o quarto mais alto do hotel. Tudo era muito lindo, mas porque isso tudo? Ele queria mesmo me machucar mais ainda?


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