Abóbada Celeste

Capítulo Único

Sonho: Não são raras as vezes em que Takao desperta, desesperado e molhado de suor, de um sonho. Nele, as diferenças entre ele e seu parceiro fizeram com que o Midorima do sonho falasse algo como “Osa-Aha previu que nossa compatibilidade é inexistente” e fosse embora. Mas, ao vê-lo repousando ao seu lado, respirava de alívio e permitia-se sorrir e apoiar sua cabeça no peito desnudo de seu amado. E, antes de tornar a dormir, prometia a si mesmo que esconderia, na manhã seguinte, o rádio que o mais alto usava para consultar o horóscopo, mesmo que isso lhe custasse alguns sermões e uma sessão de fúria do rapaz de madeixas verdes.

Beijo: Takao gosta de tirar fotos, não importando se são um meio para preservar memórias de uma viagem ou do cotidiano com seu amado, Midorima. Muitas vezes, o ex-Lançador se irrita e se recusa a aparecer em uma foto, murmurando um “Pare de ser tolo, Takao”. É óbvio que que o mais baixo não se dá por vencido e tenta novamente, porém ele não consegue, já que o outro lhe puxa pelo colarinho da blusa e o beija, fazendo-o esquecer o que estava fazendo poucos momentos atrás.

Belo: Midorima não gosta de trabalhar no hospital em dias em que o céu está nublado ou azul anil. Por vezes, se pega fitando o céu através da janela de seu escritório, perdido em pensamentos e não prestando atenção ao que os pacientes dizem. É preciso um gole de café e foco para (tentar) esquecer o que se passava em sua mente. Depois das consultas e no horário de almoço, é quase impossível deixar de esboçar um sorriso imperceptível enquanto fita, novamente, o céu. A abóbada celeste lhe faz lembrar o cinza-azulado dos orbes de Takao. Não é uma vista desagradável.

Realizado: Midorima não é alguém sentimental ou (muito) apaixonado, mas sente alívio quando acorda de um pesadelo –– no qual Takao havia se cansado do temperamento tsundere dele e ido embora –– e percebe que seu amante ainda está ao seu lado, dormindo um sonho agradável. Sempre se perguntou se havia feito as escolhas certas em sua vida, especialmente quando se tratava de seu relacionamento com o rapaz de madeixas negras, e nunca teve uma boa resposta. Contudo, sentia que se sentia realizado em levar a relação deles para outro nível –– mesmo que nunca fosse admitir isso da boca para fora. Aquela era a coisa da qual tinha, sem sombra de dúvidas, total certeza. Entretanto, por descargo de consciência, resolve ouvir as notícias do Osa-Aha e confirmar suas certezas. Com um suspiro aliviado, volta a se deitar e observar os desenhos que a luz, fragmentada pelas cortinas, pinta nas costas de Kazunari, ousando tracejar, ternamente, aquelas figuras abstratas com seus dedos.