Metamorfose escrita por debora_carvalho


Capítulo 20
Encanto




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Encanto




A conversa com Edward me deixou pensativa quanto ao seu pedido.
Não deixe que á toque
Era tão terrível aceitar essa idéia – eu precisava do toque dele só pra que eu pudesse viver mais um dia – voltei pra casa de Jacob e passei o final de semana por lá. Claro que fui indiferente com ele, traidor, não deveria ter contado nada á Edward que eu saí às escondidas com Henry. Reneesme ficou chocada, pediu que Jake não contasse a ninguém... Que eu sempre os apoiei quando namoravam escondido.
Agora que eu tava na mesma ele vem com essa palhaçada e me traí.
Tentei falar com Henry o fim de semana todo, porem não consegui. Não atendia o celular e nem se quer retornava as chamadas, meu coração começou a ficar aflito, respirei aliviada quando voltei pra casa, procurei por ele em todos os cantos:
- Ele viajou pra Nova Yorque querida... – Esme me disse. Fiquei totalmente deprimida quando soube da noticia, ele nem se quer me disse “até mais”. Droga ele não poderia ter ido embora por causa do acontecido no final de semana, meu coração ficou semelhante á um queijo suíço – cheio de buracos – decepções atrás de decepções.
Edward era o culpado!
Graças as suas implicâncias Henry foi embora procurando se afastar de mim... E onde ficavam meus sentimentos? Mas uma vez voltei à estaca zero.
Será que ele foi pra Europa? Será que pensava em mim?
Merda... Porque essas coisas aconteciam comigo?
Falta pouco pra me dar um acesso. Eu queria chorar, mas as lagrimas secaram, eu queria gritar, mas minha voz tinha se perdido no vento, sei que a dor existia... Mas que encontrei um jeito de aliviá-la. Toquei piano por quase um mês.
- Oi querida... Não vai sair com Reneesme e o canino? – Esme perguntou se sentando no banco do piano ao meu lado.
- Não Esme! – Continuei passando os dedos no piano e o lápis no pequeno caderno de partituras. – Tenho que me dedicar ao piano.
- Querida, está a cada dia melhor... Já tem um mês que vem tocando o piano como se ele fosse sua vida...
- Ele tem sido o meu refugio.
- Perola querida, o que tem procurado nessas notas por tanto tempo?
- Ele! – Sussurrei com um nó na garganta.
- E o que consegue? – Esme tinha doutorado em Psicologia, parecia estar me avaliando.
- O encanto que ele deixou em mim. – Sorri eu me sentia feliz por saber que algo me dizia que ele me amava e um dia voltaria. – É como se ele me chamasse em cada nota que bato no piano. – Esme olhou o caderno em seguida me perguntou:
- O que tem composto?
- Algo que tenho ouvido por algum tempo.
- Pode me mostrar? – Esme sorriu me conquistando em seu pedido.


You – Evanescence
http://www.youtube.com/watch?v=8eDmYGXHzdQ

Você

As palavras foram tiradas desse lápis
Doces palavras que quero te dar
E eu não consigo dormir... E preciso te dizer... Boa noite.


Quando estamos juntos me sinto perfeita
Quando sou afastada de você, eu desabo
Tudo o que você diz é sagrado pra mim
Seus olhos são tão azuis, eu não consigo olhar pra outro lugar
Quando nós deitamos na quietude
Você sussurra pra mim: Perola... Case-se comigo, prometa que sempre estará comigo
Oh, você não precisa perguntar
Você sabe que você é tudo para quê vivo
Você sabe, eu morreria só pra te segurar, ficar com você
De alguma forma vou mostrar que você é meu céu noturno
Eu sempre estive atrás de você
Agora eu sempre estarei ao seu lado


Muitas noites eu chorei para dormir
Agora que você me ama, eu me amo
Eu nunca pensei que diria isso:
Eu nunca pensei que haveria você

Terminei a canção e vi que Esme não tinha reações. Estava tão emocionada quanto eu.
- O que achou Esme?
- Querida... Isso é... – Ela não conseguia dizer. Colocava a mão nos lábios e hesitava – Perfeito.
- Ele sabe que estou aqui... E que vou esperá-lo...
- Perola... E se Henry não voltar.
- Esme, ele vai voltar... – Continuei firme em minha certeza. – Eu posso ouvi-lo todas as noites me dizer que logo estará aqui...
- Querida...
- Esme acredite em mim...
- Perola o que te faz ter tanta certeza de que ele estará aqui?
- Assim como tenho certeza de que sou Perola, e de que o ar passa pelos meus pulmões... Assim como ele ficou em cada promessa. – Esme se calou, sorriu sem mostrar os dentes e beijou meu rosto. Se levantou do piano e me deixou tocando...
Eu não poderia mentir... Ele ficou em mim... E logo estaria aqui...De volta pra mim.






É claro que eu deveria desconfiar...
- Ela consegue ser tão linda quando dorme... – Rosálie passava a mão em minha testa. Acordei mas fingi o sono para que pudesse ouvi-las. – Esme acha que eu me arrependeria de tê-la conseguido?
- Nunca! – Sua voz dizia que ela sorria. – Perola aprendeu a lidar com a dor de uma forma estranha.
- Ela não para de tocar aquele piano... Com certeza passamos mais tempo fora de casa do que dentro, ela não para por um minuto que seja... Daqui a pouco vamos ficar loucos.
- É sobre isso que quero falar com você!
- Como assim?
- Henry tem mandado alguma noticia?
- Não que eu saiba. Carlisle disse iria encontrá-lo?
- Não! – Esme respondeu – Ele e Edward têm conversado muitas coisas que não estamos sabendo.
- Sobre o que acha que é?
- Com certeza sobre o sumiço de Henry... E pelo mesmo assunto que quero falar com você.
- O que tem de errado?
- Bom... Carlisle, eu e Edward chegamos á uma conclusão de que Perola está com problemas...
- Problemas? – Rosálie não entendeu assim como eu – O que quer dizer.
- Como os adolescentes dizem: Perola “surtou” entrou em “colapso” “enlouqueceu”. – Esme sentou-se na cama e continuou – Ela não para de tocar o piano porque diz que pode ouvir Henry na musica.
- Ouvir, “ouvir” literalmente? – Rosálie disse espantada.
- Sim! Ela escreve canções e disse que foi ele que compôs a letra ela editou. – Rosálie voltou a acariciar minha testa. – Acha que fomos cruéis em ter apoiado Edward em mandá-lo embora daqui? – O QUE????????????????? ELES NÃO PODERIAM TER FEITO ISSO... EDWARD NÃO PODERIA TER FEITO ISSO.
- Rosálie... Henry foi feito pra ela e estamos com medo de perdê-la de novo...
- Acha que ele á levaria de volta para os Volture?
- Acho que não! Henry tem uma magoa muito grande da nova natureza que os Volture o submeteram... O que temo é que Perola está enlouquecendo... E por nossa culpa...
- Não podemos fazer nada?! – O tom de voz de Rosálie era desesperado.
- Henry não pretende voltar.
O que eles fizeram comigo não foi justo.
“Edward”, “Edward” “Edward” EU ODEIO EDWARD.
Graças a ele Henry me abandonou... Me deixou sozinha.



Me sentei em frente a campina e por um bom tempo observei o musgo verde das arvores. Fiquei pensando nas palavras de Esme e Rosálie. Especialmente em Edward como ele e todos foram tão cruéis comigo. Como tiveram coragem de tirar Henry de mim? Como puderam me enganar?
Engano.
Mentira.
Loucura.
Henry...
Essas palavras não saiam da minha cabeça, meu estomago aos poucos começou a torcer com cada pensamento, minha mente deveria estar torturada. Esme tinha razão, Henry não voltaria pra mim.
A chuva começou a cair e mais uma vez meus movimentos congelaram, abracei meus joelhos, aos poucos a dor me roubava o peito... Percebi com cada gota que caía em meu corpo, a certeza de que minha vida pouco significava sem ele.
Soltei meus joelhos e deixei que minhas pernas caíssem no chão, a chuva caía cada vez mais forte, procurei por lagrimas embora não as encontrasse, a dor aumentava e literalmente meus pulmões queriam falhar. Meu corpo se cansou, meus músculos doíam e uma pressão se apertou em minha cabeça, não existia saída.
A voz de Henry falava varias coisas... Foi inevitável... Pela primeira vez pude gritar... Gritei como se procurasse jogar pra fora tudo o que alimentei, pude ouvir o desespero em minha voz. Finalmente vi que voltei a chorar, o silêncio e o som da chuva entraram em harmonia... Henry não me deixou sofrer, não me deixou desabar. Sorri apertando os lábios, eu tirava um peso das minhas costas.
Meu surto me fez entender que vivi novamente “ausente” de tudo e de todos, eu queria desabar e as recordações não me deixará.
Até que finalmente caí...
Senti meus ombros serem segurados, era tão gelado quanto a chuva. Virei meu rosto e pude ver o que não esperava o rosto pálido chio de perfeição em sua insegurança, aqueles olhos que me faziam chorar e os lábios por quem eu tanto soluçava.
Senti meu corpo queimar com o que via... Me levantei hipnotizada, toquei seu rosto com leveza, desenhei cada linha procurando ver se era real... Se eu não tinha ficado louca... Por mais incrível que pareça era tão concreto quanto qualquer coisa que já toquei em minha vida... Soltei risos entre choros me jogando em seus braços... Ele estava aqui... Comigo. Pude senti-lo me abraçar não tão ansioso como eu, mas tão terno e protetor como eu jamais eu havia sentido.
Pude senti-lo beijar minha testa, meu rosto enquanto seus dedos entrelaçavam em meus cabelos procurando meu cheiro, e como seus lábios caminharam até os meus arrancando toda a tristeza e melancolia que eu sentia. Era tão doce que tinha me restaurado em todos os medos, procurei a raiva, procurei o ódio, procurei condená-lo... Mas não consegui.
- Perdão... – Foi o que consegui ouvir. Me agarrei cada vez mais ao se corpo. – Perdão...
- Não me deixe de novo... – Nos voltamos para trás e pude ver Carlisle com um guarda chuva na mão direita.
- Precisamos conversar... – O senti me puxar pela mão enquanto o encarávamos. Fomos até o Honda CIVIC preto de Carlisle e seguimos de volta pra mansão.



Depois de um banho quente e uma boa dose de vitaminas me prevenindo de qualquer gripe, fui até o quarto de Henry, a porta estava aberta e pude vê-lo na sacada, usava um jeans, os pés sem qualquer calçado e o tronco sem camisa. Novamente voltei a ver a tatuagem que cobria toda sua costa, as linhas que desenhavam sua musculatura me deixavam perplexa, as covinhas na parte interior das costas.
Parecia que cada margem de seu corpo me agradava de formas diferentes para que eu nunca enjoasse.
Dei um pigarro e bati na porta, Henry se virou percebendo minha presença ali.
- Me dê um minuto... – Concordei o deixando que ele entrasse na suíte. Voltou a me encontrar escondendo seu corpo perfeito colocando uma regata branca. – Sente-se... – Sua voz era gentil e acolhedora, Henry foi até a porta e a fechou. Me sentei na cadeira giratória em frente ao computador o vendo se sentar nos pés da cama.
- Vim como me pediu... – Disse tentando mostrar indiferença.
- Eu te devo muitas explicações...
- Não se quiser...
- Perola ainda posso senti-la, sei que não quer dar o braço a torcer... – Ele sorriu como se tudo o que eu dissesse fosse uma ótima brincadeira... Esqueci que não deveria subestimá-lo.
- Henry por que se esqueceu de mim?
- Eu nunca me esqueci de você...
- Então como pôde aceitar as exigências deles?... Como foi embora sem me dizer nada? Por que fez isso comigo?
- Perola aquele dia em que Edward apareceu eu me transformei no mesmo monstro de antes, eu me tornei a mesma fera de antes quando vi seu sangue em minha frente...
- Foi tudo culpa dele... Eu sei que foi... – Fiquei irritada apenas de me lembrar dele.
- Perola, depois disso procurei Carlisle e lhes contei a historia, Edward e ele me pediram pra que eu ficasse uns tempos longe daqui... No fundo eles estavam certos. Eu sempre fui livre e nunca fiquei tanto tempo preso em um lugar. Então fui pra Nova Yorque.
- E por que não falou comigo? Eu iria com você!
- Perola, eu me senti muito mal em saber que poderia te matar naquele momento, eu não poderia ficar do seu lado depois disso...
- Henry o que acha que sou? – Agora eu estava histérica. – Eu tenho sentimentos... Graças a você todos os Cullen pensam que fiquei louca. Como pude ser tão idiota?! Como deixei que você me iludisse?...
- Perola me escute... – Me levantei antes que ele falasse. Senti meu braço sendo puxado por ele me fazendo sentar novamente. – Eu não deveria ter feito o que fiz... Não deveria ter ido embora sem lhe dizer nada... Fui tolo e covarde... Mas sou egoísta o bastante pra te querer comigo.
- Henry não entende?! Você me deixou louca...
- Perola tem algo que quero te contar.
- O que? – Mais uma bomba.
- Eu fui embora, mas não com a intenção de deixá-la pra sempre.
- Por que não consigo acreditar em você?
- Porque fiquei um mês cuidando de seus pensamentos, cuidei de suas lembranças, de seus sonhos, de suas ilusões...
- O que? – Minha expressão congelou me deixando pasma e apavorada. – Quer dizer que invadiu minha mente?
- Sim! – Henry passou a mão por seu rosto como se estivesse confessando um crime. – É mais um aderente do nosso dom. Eu fui, mas não deixei que me esquecesse, controlei todos os seus sentidos, não deixei que chorasse, não deixei que sofresse a fiz tocar piano como uma condenada. Pelo menos melhorou as melodias – Henry sorriu com seu senso de humor – Você podia me ouvir em cada nota, eu escrevi a musica de acordo com sua essência e a fiz editar no papel. – Me levantei andando de um lado para o outro tentando analisar cada palavra.
- O que é isso?
- Vamos dizer que você ficou em uma espécie de “encanto”...
- Por que não uma hipnose? – Ironizei.
- Porque não ficou parecendo um zumbi, pelo contrario, ficou mais forte e continuou sua vida... Como prometi que viria de novo.
- Eu posso fazer isso?
- De alguma forma pode! – Henry respondeu – Pode ter certeza que está fazendo isso com alguém. - Que alguém seria esse? Voltei a sentar na cadeira e deixei que Henry falasse.
- Perola eu prometi não deixá-la... Sei que posso fazer mal á você, mas sei que farei mal á mim se não estou com você... – Suas mãos duras e geladas seguraram as minhas – Eu poderia morrer se não sentisse o calor da sua pele de novo.
- Eu ainda não consigo entender porque todos aqui me querem longe de você?
- Eles não querem te perder pra mim... Não os culpe por isso Perola... Eles sabem que se ficar comigo não ficará com eles. – Henry me puxou arrastando a cadeira entre suas pernas. Suas mãos vieram até minha cintura e me trouxe para seu colo onde fui fechada pelo elo de seus braços. Me encostei nele e deixei que sussurrasse suas palavras – Todos á amam e querem seu bem, eu á amo mas não vou ficar aqui por muito tempo...
- Não quero que fuga de novo.
- Não vou fugir meu amor... Vim pra ficar... Com você. – Henry prendeu seus olhos nos meus deixando que o silêncio finaliza-se nossa conversa, toquei seu rosto e como toda a falta que sentia foi saciada com seus lábios se encostaram nos meus, ele apenas esperava que eu os sugasse como poderia, puxei seu lábio inferior e fui correspondida com seu beijo que me arrancava todos os sentidos. Minha ansiedade por cada beijo foi tão grande que o empurrei caindo deitado na cama enquanto me segurava. Meu corpo pedia pelo dele com toda força que eu pudesse arrancar, Henry entrou em minha carne e não tinha volta... Eu precisava vive-lo de todos os jeitos em todos os meus limites.
- Amor, amor... – Ouvi sua voz. – Estou aqui.
- Sim, sim... Mas preciso ter certeza que é real...
- É tão real que daqui a pouco vai me arrancar a vida... – Putss tinha esquecido do DOM. Me sentei em seu abdômen duro que mais parecia uma pedra e bufei.
- Certo! – Henry riu me deixando com o estomago cheio... de borboletas.
- Amor... – Henry me ajudou a sentar na cama. Henry puxou minha mão para seu peito e me desmanchou por completo. – Te amo.

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