Um sopro escrita por Road-sama


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Bom minna... Depois de tanto tempo escrevendo yaoi essa é a primeira vez que faço uma fic de heteros. o/ Espero que gostem ^^



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Virou a esquina lentamente sentindo seus nervos começarem a lhe queimar. Estava perdido. Não pela primeira vez, nem pela terceira, mas, sim, pela trigésima vez em apenas cinco minutos. Parou em frente a uma padaria. Ficou encarando a vitrine com apetitosos doces, estava com fome. Cogitou a possibilidade de entrar no local e comprar algumas guloseimas, porém, foi parado no instante em que o vento – traiçoeiro e sábio – entrou por suas narinas e transmitiu a seu olfato o cheiro que apenas uma pessoa tinha;

- Está perdido de novo, Yamaken? – Escutou seu nome movido pela voz que conhecia tão bem, o tom lhe lembrava do quanto havia sido salvo pela garota que, agora, estava refletida na vitrine da padaria ao seu lado. Negou-se a olha-la. Num suspiro rendido ela retornou ao seu caminho. – Venha, eu te levo.

- Não estou perdido! – Reagiu defensivamente. – Eu consigo me virar sozinho. – Sua voz tremeu. Encontrou as madeixas claras passando por si no embalo do vento, uma terrível perdição de toca-lo lhe assombrou. Estava ficando louco.

- Mesmo? – A garota que começava a se distanciar deu de ombros. – Ótimo! Eu preciso estudar, assim não perco tempo.

Seu coração acelerou. Não perderia a oportunidade de passar alguns minutos em seu lado, porém, sabia que era uma doença incurável se o fizesse. Já beirava a insalubridade. Mas seu peito gritava para alcança-la.

- Mizutani! – Chamou-a desesperadamente sentindo suas bochechas arderem por tal ato. Arrependeu-se. Fitou os orbes castanhos em sua frente que passavam tanta determinação e, estupidamente, desviou seu olhar. Era muito para apenas um dia. – E-eu... Estou perdido!

- Sim, eu sei. – O suspiro que escapou dos lábios tão sedutores a sua frente lhe instigou a criar coragem mais uma vez, então, a olhou. Aliviou-se ao ver que ela já havia retornado seu corpo para frente e começara a caminhar lenta e calmamente. Sorriu rápido passando a segui-la. Estava cavando sua própria sepultura.

O silencio entre eles lhe acalmava – antigamente –, mas naquela hora sufocava. Queria escutar a voz que acalentava seus ouvidos com apenas uma vogal, queria sentir o tom apático que muitas vezes o atormentava. Apenas queria. Segurou firme na alça de sua mochila. Iria conter-se a somente achar o caminho e, após, tentaria esquecê-la.

Sua voz nunca a alcançaria;

- Como veio parar aqui? – O leve tremor que irrompeu seus pensamentos, por causa da voz carregada pelo vento da garota ao seu lado, o assustou. Estava se apaixonando. Deixou morrer a esperança de que ela também não estava gostando do silencio, afinal, essa mesma pergunta sempre acompanhava os repertórios de suas conversas.

- A mesma coisa de sempre... – Respondeu aborrecido, sustentando a mesma expressão de todas as outras vezes. Queria fugir.

- Isso eu sei, mas o que fazia antes? Já que veio parar perto da minha escola hoje. – Inconscientemente. Tudo o que fazia se direcionava a Shizuku. As coisas começavam a irrita-lo e, todos os dias, se perguntava por que aquele fato ocorria? Pequenos objetos que eram – de certa forma – estranhos lhe lembravam da garota ao seu lado. Porque Shizuku era estranha, ao seu modo, mas era. Porém, estava se apaixonando por aquela estranheza cativante.

- Estava... – Respirou fundo. Se retomasse o caminho ia ver que onde estava era exatamente do outro lado da cidade, nunca o confirmaria. Além de ser altamente vergonhoso, era uma prova acusatória. – Procurando algumas coisas por esse lado.

Não soube dizer que expressão ela obtinha, mas imaginava ser a mesma de sempre. Indiferença. Então a olhou de soslaio notando que ainda vestia o uniforme. Estranho. Olhou em volta a procura de quem deveria estar lá.

- Haru não está. – Ela o alertou. Assustou-se novamente. Franziu o cenho em dúvida, o que não fora notado pela sua companhia.

- Como?

- Haru teve que ir para casa mais cedo. – O suspiro desgostoso lhe acertou o coração com um machado. Novamente. Compreendia os sentimentos dela, os sentimentos dele e os seus próprios. Mas era covarde demais para admiti-lo.

- Aprontou de novo? – Perguntou fingindo curiosidade, mas queria falar outra coisa. Ele queria... Há muito tempo que ele queria confessar! Mas sabia que isso traria a pior das tragédias em sua vida, na dela e, principalmente, na de seu amigo;

- Sim, com os do terceiro ano. – E, finalmente, decidiu olha-la no rosto. O canto de sua boca estava cortado e com um leve inchado decorrido da pancada. Haru a tinha acertado.

- Ele... – Engoliu em seco, controlando sua raiva. Ebulição. Percebeu a dor, que estava sendo exercida nas palmas de suas mãos, graças à contração das mesmas com as curtas unhas cravadas na epiderme. Raiva. – Te bateu?

- Uhum, mas não me importo muito. Ele é assim! – ‘Ele é assim. ’ As palavras socaram seu estomago fortemente. Então, quer dizer, que ela o aceitaria se fosse parecido com Haru? Afrouxou o aperto em suas mãos. Estava desamparado. Sabia que a cuidaria muito melhor que seu amigo, entendia isso perfeitamente. Só que era mais um de seus egoístas desejos, porque, na realidade, nunca conseguiria dar nem metade do amor que o Yoshida dava.

- Você sempre o perdoará, não é, Mizutani? – Murmurou deixando a frase se afogar no caroço em sua garganta. Chutou uma pedrinha que mirava sua frente, viu-a ricochetear cinco vezes antes de cair no bueiro. Igual a ele.

- Hum? – Fez menção de respondê-la, mas fechou os lábios. Estava agoniado. Seus pulmões ofereciam uma péssima qualidade de oxigenação. Seria o tempo? Clima abafado, camisa quente, suor escorrendo, previsão de chuva.

- Esquece. – Avistou um de seus amigos atravessando a rua. Precisava fugir. E antes de ser questionado sobre o que realmente falara se despediu. – Obrigado pela ajuda, posso me virar sozinho agora.

Apressou alguns passos, mas diminuiu ao sentir o vento lhe acariciar a face novamente. Sentiu uma vontade em seu peito de encara-la, de observar a brisa brincando com seus fios de forma intima. Foi o que fez. Olhou sobre o ombro tendo a imagem do que realmente imaginara, só que ainda mais perfeito. Arrependeu-se. Seu corpo trepidou com a vista e, estupendamente, a viu ajeitar alguns fios atrás da orelha.

- Tão bela... – Sussurrou encantado. Nada no jeito da garota em sua frente a fazia menos do que era. Inteligente, linda, encantadora, sexy, misteriosa, angelical, estimulante, viciante. Perdeu-se naquela imensidão de par castanhos, deixou-se ficar boquiaberto. Humilhante. Deixou que seus sentimentos transparecessem em apenas um deslize.

Arregalou os olhos e virou-se como num furacão. Jamais permitira ser descoberto. Não se importou de se perder novamente, sabia que ela o encontraria de qualquer forma. Mas não poderia ficar – não naquele momento. Teve certeza de que, atrás da garota por quem tinha os mais puros sentimentos, encontrava-se o retentor dos sentimentos dela.

Aonde vamos assim?

Aquele olhar fulminante que o massacrava apenas com um pensamento o seguiam. Estava com medo. Os fios negros bagunçados o alertavam. O cenho franzido lhe dava a certeza de que o sussurro lançado ao vento tinha alcançado a audição canina. O medo aconchegando-se em suas veias lhe provava que, sim, Haru descobrira.

E queria somente ter ficado;

[...]

A cama servia de abrigo para seu corpo recém-acordado. Estava irritado. A irritação matinal, com a qual convivia desde que conhecera a dona de tamanha determinação para os estudos, tornava-se pior a cada dia passado.

Queria fundir-se ao lençol de seda branco para aquietar o bater turbulento de seu coração. Queria.

- Mais um dia... – A voz rouca, devido à retenção dela enquanto dormia, ecoou pelo quarto escuro graças ao blecaute instalado em frente à janela. – Entediante.

Espreguiçou-se. Grunhiu ao sentir suas articulações estralarem com tal ato, parecia que explodiria. Rodeou a cama e saiu do quarto. Embalado numa típica musica lenta. Já fazia uma semana que não fazia outra coisa a não ser ir da cama para a cozinha, da cozinha para a cama. Uma viciante rotina. Sua mãe desistira de força-lo a ir para a escola ou para o cursinho. Complicado demais.

- Yo, Yamaken! – Na rotina, e no desligamento por ter acabado de acordar, respondeu ao cumprimento. Naturalmente. Abriu a geladeira e retirou o leite desnatado como toda a manhã. Sentou-se na cadeira majestosamente e, então, encarou o moreno possuidor de olhos marcantes e expressão selvagem sentado, como se fosse um macaco, na batente da janela da cozinha. Como se fosse um ‘tic’ armado de uma bomba jogou-se para trás assustado. Aquela não era uma manhã rotineira e, o embalo de sua canção, fora trocado por um mais turbulento dos filmes de missão impossível.

- Que merda! – Grunhiu quando o leite atingiu sua camisa, logo mais se apoderando de sua pele. Grudento. – Haru! O que faz aqui?

- Conversar... – O semblante do outro em sua frente lhe arrepiava, no pior dos sentidos. Levantou-se. Calmamente, da mesma forma quando tinha acordado, o fitou. Sentou na cadeira não se importando com o leite que escorria, agora, por suas pernas. Queria tomar banho.

- Sobre? – Instigou-o a continuar. Algo dentro de si o informava sobre o que seria, mas não queria ir direto ao ponto. Não queria entregar a bandeira da vitória e deixar escapar sem relutar.

- Shizuku. Duro. Firme. Direto! Às vezes desejava ter aquela coragem e determinação que via nos olhos de seu amigo e que também via nos olhos de sua amada. O único problema é que... Estava encurralado.

- Haru... Você...

- Eu só consigo me controlar porque eu tenho a Shizuku ao meu lado. – O sorriso que nunca vira ser dado pelo moreno estava ali, de um jeito intimidante... Pois sabia que nunca poderia competir com aquilo... Nunca poderia competir com o sorriso mais sincero e apaixonado de Haru. – Só por isso! – Engoliu seu orgulho. Estraçalhado. Não tinha o direito; Mas sua alma entendeu o motivo, sabia que apenas um deslize seria o suficiente para ser morto pelas mãos do outro;

- Está me falando isso por... – Choque. Seu corpo, inesperadamente, fora prensado contra o gelado mármore da mesa.

- Fique longe da Shizuku! – As palavras ditas demoradamente e com um sutil tom de ameaça o congelou até a espinha de sua coluna. Estava tremendo. E tinha certeza que o moreno em cima de si possuía esse conhecimento. Haru farejava o medo.

- Não seja estúpido. – Ralhou o empurrando e forçando a coluna a ficar ereta. Novamente. Firmou-se na cadeira e o encarou no seu habitual mau humor de sempre. – Vá embora.

- Me confirme! – O local parecia se tornar pequeno demais para a presença do outro, as paredes lhe davam a sensação de estar se fechando contra si. Cruzou os braços. Pudera ele se ainda estivesse deitado na cama.

- O que?

- Que você não gosta da Shizuku! – O olhar marcado pelo ciúme e pelo desejo de monopolizar lhe transformava em um covarde.

- Sente-se ameaçado, Haru? – Aquela confiança que o moreno possuía nela lhe esmagava. O fato de que, possivelmente, não conseguiria nem bater uma carreira com o Haru pelo coração da Shizuku o trucidava. Nunca teria uma batalha justa. Nunca seria correspondido;

- Não. Eu sei que ela não te escolheria. Mas... – Ele levantou o dedo e tornou o semblante carregado de fúria. – Me sinto irritado.

Afastou-se por instinto. Já havia presenciado muitas coisas que aconteceram após ele ter se irritado, já vira muitos massacres e ossos partidos ao meio com apenas um encostar. Renunciou.

- Não tem motivos para isso. – O fitou seriamente. Rezava para que pudesse engana-lo. – Olhe bem se eu iria gostar dela. Não tenho tanto mau gosto como você, Haru! – olhou gradativamente o rosto do moreno se iluminar. Doloroso. Ele sorria de orelha a orelha, mostrando todos os dentes com tal ato.

- Sério? – O tom notavelmente infantil o irritou. Talvez porque felicidade o irritasse. – Fico feliz com isso, Yamaken.

- Dá para notar. – Murmurou revirando os olhos. Girou sobre seus calcanhares, rumando para seu quarto novamente. Desmoronando. Caindo aos poucos. Sentia-se acovardado em um canto, como um rato fugindo de um gato. E novamente estava desistindo.

Compreendeu que por ser assim nunca a conseguiria. Shizuku merecia alguém melhor e que, talvez, não fosse tão covarde quanto ele. E que, possivelmente, não desistisse no primeiro obstáculo. Mas, ironicamente, seus sentimentos não haviam desistido. Ia rodar – rodar – rodar, até que se encontrasse com ela novamente. O mundo girava, as coisas fluíam e ele... Bom, ele continuava perdido;


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Notas finais do capítulo

Entãooo...
O que acharam?
Dedico esta fic para a EllenKyoran *0* Sua linda! Espero que não tenha te decepcionado.
Bom, qualquer coisa.. Posso pensar em continua-la ! *--* Se vocês quiserem um romance kkkkkkkkkkk
Reviews? *0*