"Mais uma vez", pensou, "mais um ano sem está ao seu lado meu amor. Que ironia, eu aqui de joelhos nesta terra negra, prostrada bem em sua frente chamando-te de amor... Logo eu, que nem ao menos tive coragem de dizer que sempre te amei, mesmo agora. Sei que durante a vida perdemos algumas pessoas, temos que dizer adeus... Logo eu que nunca te tive... Mas mesmo assim, por que perdi você? Que sempre lutou por todos, e muitas vezes se esquecia de lutar por si próprio... Você, que nunca pediu nada em troca, nada além da paz do seu espírito inquieto"

"É verdade... Me casei, tenho uma família, mas isso não quer dizer que deixei de te amar, ou que te esqueci... O meu amor por você ainda brota de cada poro do meu corpo, me inebriando... Faz-me desejar voltar no tempo e quem sabe...
Era e ainda é um grande amor... Amor que você nem sabia existir... Talvez se soubesse não teria correspondido... Ou quem sabe, teríamos vivido uma linda história juntos... Quem sabe os meus filhos não seriam os seus... E a sua felicidade a minha.
Mas agora não adianta pensar no "e se"... E se fosse diferente... E se a vida tivesse me dado só mais uma chance, só mais uma vez, para te encontrar e quem sabe... Agora, estamos separados, não por idade ou status, mas o destino se incumbiu de nos deixarem mundos opostos."

O Vento fazia a copa das arvores balançarem, formando uma dança quase nostálgica, o lago negro refletindo os sentimentos da jovem...

"Me lembro... Como se o tempo não tivesse passado... Como era horrível te ver, e pior anda não te ver... Que era péssimo te ouvir, principalmente quando falava impropérios contra mim... Mas era uma clausura ainda maior ficar sem ouvir tua voz aveludada e letal, sempre dotada do sarcasmo tão habitual.

Não sou corajosa... Não tanto o quanto pensei... Tenho medo das coisas que poderia ter feito e não fiz, medo da minha omissão... Atitudes estas, que poderiam ter me feito mais feliz... Ou quem sabe... Tertefeito mais feliz...

A jovem olhou para o céu... O horizonte borrado de laranja... o crepúsculo refletido de forma angulosa no mármore negro.

"Mais um ano sem você... Mais um ano sem escutar tuas risadas inexistentes...Mais um ano sem te ouvir falar palavras doces que nunca sequer foram pronunciadas... Mais um ano te amando... Não sofro mais... Não há mais lágrimas, à muito deixaram de conseguir expressar minha dor... Simplesmente há um vazio dentro de mim... um vazio tão grande, que nunca ninguém, nem o amor por meus filho irá conseguir preencher.
Quem diria... Eu... Hermione Granger, agora Sra. Weasley ... Apaixonada por você "

Hermione se levantou calmamente, retirando a terra dos joelhos, a roupa empoeirada, lábios secos, rosto molhado... Mas nada disso importava.
Virou-se, sentindo um aperto no coração, teria que dizer adeus, e voltar para sua casa... Sua família. Caminhou lentamente para os portões de Hogwarts, deixando para trás um túmulo em mármore negro, onde estava gravado em letras pratas, as seguintes palavras:

"Aqui jaz Severo Snape... um verdadeiro herói".