Beijo. Meu primeiro beijo. Meu segundo beijo quando eu o encontrei de novo e comemos alguma coisa vendo um filme na televisão, meu terceiro beijo e outros tantos durante o filme e depois. Eu amava beijar ele e amava a forma como as coisas estavam indo. Edward fazia isso maravilhosamente bem.

– Você está muito distraída. Você está realmente bem?

A voz preocupada de Alice junto com sua expressão me fez acordar dos diversos beijos que tive com Edward nesses últimos dias.

– Estou bem Alie, só um pouco... dispersa.

– Bella o acidente não mexeu nem um pouco com você? Está tudo bem com vocês depois disso? – eu já tinha contato o que aconteceu comigo e Edward milhares de vezes, mas Alice ainda não estava completamente convencida. Eu estava dispersa, mas pelos beijos e pela expectativa. Eu alguma hora iria para cama com ele e eu nunca fiz isso. Eu era a única virgem nessa idade em algum raio de mil quilômetros.

– Edward me beijou mais intensamente. – disparei e ela demorou a entender. Quando ela o fez sorriu maliciosa e sentou mais perto como se fôssemos duas meninas trocando segredos baixo e longe dos pais. Sorri para ela.

– E então... aconteceu alguma coisa?

– Não. – eu queria que acontecesse. De certa forma eu queria que acontecesse antes que o mundo desabasse em nossas cabeças. Jasper ligou e queria um encontro conosco. Isso só poderia significar que ele e Alice haviam encontrado mais alguma coisa e eu queria um relacionamento longe de Kate e aquele acidente, mas precisávamos da verdade. Eu olhei um pouco determinada para Alice. – Você já transou com Jasper não?

– Claro! – ela disse feliz.

– E como é?

– Bom... quer saber como é transar com ele ou como é fazer isso? – ela perguntou divertida. Tudo bem, eu não soube escolher as palavras.

– Sabe o que é mais engraçado Isabella? Você é quase a primeira médica no país em emergência médica e está me perguntando sobre sexo. – eu revirei meus olhos para ela e ela gargalhou.

– Alice, teoria e prática são coisa diferentes. Eu nunca havia beijado ninguém, eu realmente não sou experiente nisso.

– Tudo bem, vamos lá. Você quer fazer mais quando ele te beija. – Não precisei pensar para responder.

– Muito mais.

– Fica decepcionada quando param?

– Sim.

– Você sente vontade de tocar ele inteiro ou... beijar?

– Sim.

– Então feche os olhos e deixe, seu corpo sabe exatamente o que fazer e tudo que fizer vai agradar. Homens são realmente menos complicados. E tenho certeza que ele tem experiência suficiente para conduzir a situação. Ele sabe não é... que...

– Não sei, nunca conversamos sobre isso.

– Você precisa falar sabe, ele não é mágico e nem adivinha as coisas.

– Alice como eu...

Meu page tocou e eu sabia que precisava ir. O resto do meu plantão foi calmo na medida do possível, o hospital estava longe de um acidente em uma interestadual e por isso não recebemos mais que dois feridos que poderiam aguardar a viagem sem correr o risco de morrer. Enquanto me trocava eu pensava em como foi bom conversar com Alice, era uma conversa normal de duas amigas e não fazíamos isso a um tempo. George me esperava no estacionamento e eu fiquei triste por não ser Edward.

– O senhor Cullen ficou preso em uma reunião. Ele pede desculpas.

Quando sentei havia um cartão com um botão de rosa branca. Cheirei a flor e li o cartão.

“ Estou com saudades. Desculpa, mas aconteceu algo de última hora. Já estarei chegando.”

Era o meu primeiro plantão em um horário normal. O último da semana em que sairia no mesmo horário que ele. Victória estava sendo escalada para os plantões noturnos e eu junto com ela. Verifiquei meu celular e descobri que Esme tinha me ligado, mas eu queria dar atenção a ela e eu deixei isso de lado por alguns minutos. Quando abri meus olhos já estava em casa e George gentilmente dizia que Sue tinha feito um jantar especial.

– Obrigada.

Agradeci recolhendo a maleta e minha bolsa. Entrei e reparei no cheiro de Kate. Fechei meus olhos sentindo aquela sensação de não estar sozinha, quase podia sentir ela do meu lado me protegendo.

– Edward não veio com você?

Abri os olhos assustada com a voz de Carlilse. Ele estava em seu terno. Engoli seco e o cheiro ficou mais forte e eu quis gritar e perguntar para Kate o que ela sabia que eu não sabia.

– Não, ele estava... bom, eu não sei onde... ele teve algo.

Sue apareceu e ficou encarando nós dois.

– O senhor não disse que estava com pressa senhor Cullen?

Ele olhou com total desprezo para Sue, mas ela pareceu não se importar.

– Estava de saída quando Isabella chegou. Pensei que estivem juntos.

– Ele avisou que ainda vai demorar. – ela sorriu para mim e veio me abraçar. – Como foi seu dia? Deve estar muito cansada, chegaram uns livros. Foi você ou Edward que encomendaram?

Sorri gentilmente.

– Fui eu. Pensei que fossem demorar a chegar.

– Venha querida, espere Edward na sala. – ela olhou com o mesmo olhar para Carlisle. – Boa noite senhor Cullen.

– Na verdade, acho que vou fazer companhia para a esposa de Edward.

– Ela deve estar cansada.

– Acho que a dona da casa pode responder por ela mesma não? – apesar de estar falando com Sue seus olhos não se voltaram para ela.

– Vou receber o senhor Cullen Sue. Pode colocar minhas coisas no quarto por favor.

– Claro... – ela não queria que isso acontecesse. Tinha um medo e uma incerteza do que fazer nos olhos dela.

– Está tudo bem. Quer jantar senhor Cullen?

– Não.

Entreguei minhas coisas para Sue e fomos para a sala. Ele sentou e então tirou do bolso um cigarro e logo em seguida um isqueiro. Fiquei olhando ele acender se ao menos perguntar se eu me importava com aquilo.

– Não gosto disso em minha casa senhor Cullen.

Ele levantou a sobrancelha, deu uma tragada e depois apagou no cinzeiro mais próximo a ele. Que no caso ficava numa mesa baixa em frente ao sofá dele.

– Então finalmente podemos conversar e nos conhecer melhor não Isabella?

– Acho que sim.

Meu pai sempre falou que diante de um perigo devemos fazer nosso melhor para não demonstrarmos o que estamos sentindo. Eu tinha um medo dele, Kate parecia não querer ele ali e eu me achava uma louca por acreditar nisso. Não deixei de olhar ele nos olhos e pensar que estava fazendo o que meu pai me ensinou.

– Sua empresa está cada dia mais rica.

– Não posso dizer isso, Edward que cuida disso pessoalmente.

– Pessoalmente... palavra muito interessante. Ele anda tão longe e disperso que acredito que colocará tudo a perder facilmente.

– Meu marido é um homem brilhante e tenho certeza que faz o melhor em qualquer situação.

– Oh... não estou falando que ele não é querida. Estou falando que por conta de seus novos interesses ele está simplesmente longe demais para ver o que importa.

O tom dele era tão frio. Não parecia que estava falando do próprio filho.

– Foi assim com Kate também. – eu queria arregalar meus olhos, mas mantive a postura – Ele ficou deslumbrado com ela. Uma mulher realmente muito calma e tranquila em todas as situações. Esme a adorava.

Aquelas palavras não poderiam ser mais horríveis. O que ele queria falando aquilo?

– Tenho certeza que ela foi muito amada. O senhor também deveria estar orgulhoso da escolha. – sorri e ele não mudou a expressão fria.

– Ela era uma ótima pessoa. Uma pena tudo que aconteceu.

E isso me acertou em cheio. Uma pena que eu a matei isso estava nas entrelinhas.

– Pare com isso agora.

Virei na direção da voz e vi Edward e Jasper. Alice estava logo atrás e veio para meu lado.

– Não sei o que está fazendo aqui, mas estamos hoje muito ocupados e eu gostaria que mantivesse o que combinamos.

O que eles haviam combinado? O cheiro de Kate se foi e eu olhei para os lados procurando por ela. Louca.

– Amanhã temos um compromisso não esqueça disso.

Ele saiu ignorando o restante de nós e Edward veio e ficou do meu lado.

– Você ouviu...

– Só o final. Mas não se incomode. Carlisle só consegue magoar.

– Ele me culpa pelo acidente... – falei baixo como se fosse só para mim. Edward me abraçou e Jasper e Alice tinham algo nas mãos. Cada um segurava uma pasta.

– O acidente é passado, esqueça isso.

Eu ia falar que era mentira.

– Bella eu descobri duas coisas importantes e acho que isso vai mudar sua perspectiva de olhar as coisas. – Jasper disse em quando olhei para Edward ele deu os ombros, seja lá o que fosse íamos descobrir isso juntos. Ele e Alice sentaram onde há poucos segundos Carlisle estava e colocaram as pastas na mesa em que o cinzeiro estava.

– O que é isso Jasper?

Edward perguntou.

– Podem não acreditar, mas achei isso com muita dificuldade. Isso são os exames que Isabella fez no hospital. – eu gelei com essa informação. – Me tire uma dúvida antes de verem isso, o que você bebeu?

– Um copo de água, eu estava com muita sede.

– Então não lembra de mais nada? -Foi Alice que perguntou dessa vez.

– Não, eu já falei isso mais de mil vezes e de tantas maneiras diferentes...

– Calma... onde querem chegar com isso? – Edward parecia não estar gostando nem um pouco do rumo da conversa.

– Fácil, na mão de Alice está o prontuário que diz claramente que ela estava tendo um coma alcoólico quando chegou ao hospital. – Alice apontou para a pasta e aquilo parecia simplesmente irreal. – Esse prontuário foi feito às três da manhã segundo a primeira assinatura e registro. Olhem.

Edward pegou e nossos olhos foram direto para as partes marcadas, os exames eram claros.

– Isabella deu entrada no hospital junto com Kate. – Edward falou. – E ela deu entrada meia noite e quinze. Eu cheguei no hospital uma hora da manhã.

Jasper sorriu como se parabenizasse ele por alguma descoberta.

– Nesse mesmo relatório diz que ela teve vários sintomas bem incomuns. Você teve duas convulsões na ambulância. – eu não sabia disso. E isso definitivamente não era sintoma de coma alcoólico. Edward folheou o prontuário, e como eu, não achou essa informação. – Agora deem uma olhada nesse prontuário que achei.

Ele entregou a pasta e mais uma vez tinha partes marcadas. Era assombroso e eu não consegui acreditar no que lia.

– O que isso quer dizer.... o que... – tinha mais termos técnicos do que ele estaria acostumado, mas eu entendi. Levantei nervosa demais. Edward largou aquilo e veio até mim sem saber se me consolava ou tentava entender. – Bella...

– Sifrol...

– O que é isso meu amor? Me explica...

Olhei nos olhos dele. Confusa e com medo. Muito medo.

– Sifról é dicloridrato de pramipexol, remédio usado no tratamento de doenças como Mal de Parkinson e seu efeito mais leve é amnésia, convulsões, alucinações e tontura. – Edward ouviu Alice olhando nos meus olhos. Não desviou um segundo.

– Isso quer dizer que tudo que Isabella fez naquele dia ela com certeza não lembraria de mais um segundo depois que a droga fizesse efeito. Ela não tem a doença por isso fica ainda mais vulnerável aos efeitos colaterais.

Ele pareceu agora despertar de algum transe, encarou Jasper assustado. Tinha chegado a mesma conclusão que eu.

– Está me dizendo que alguém naquele bar a drogou e depois alterou o prontuário?

– Exato. Isso foi manipulado. No prontuário que foi feito na ambulância ela quase morreu, teve duas paradas cardíacas antes de chegar ao hospital.

– Onde descobriu isso?

– O prontuário verdadeiro estava nos arquivos, mas bem camuflado e demorei a chegar a verdade. O outro estava ainda na delegacia como prova.

Alguém tentou quase me matar naquele dia e como consequência eu matei Kate.

– Quem poderia querer seu mal desse jeito? – Edward perguntou angustiado e totalmente abalado com as informações. Me abraçou como se aquilo pudesse me proteger do mundo. Eu precisava desse abraço.

"Todas as verdades são fáceis de perceber depois de terem sido descobertas; o problemas é descobri-las."- Galileu.