Visões De Sangue escrita por Tai chan


Capítulo 1
Capítulo 1: O garoto da praia.


Notas iniciais do capítulo

Agradeço aos meus caros leitores. Espero que gostem da historia tanto quanto eu gostei de escreve-la. Obrigada!



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“Meu nome é Lara Kamichi, sou branca de cabelos escuros e olhos claros e tenho 17 anos. Morava em Nova Orleans, mas mudei-me com meu pai Marcos Kamichi para uma cidade pequena e isolada chamada Harbour City. Não é muito interessante viver por aqui. Moro numa pequena casa de frente para a praia. Minha mãe morreu quatro semanas antes de nos mudarmos para cá, motivo... desconhecido. Não gosto daqui, por mais alegre que seja não consigo me instalar. Quero voltar para casa, mas meu pai se mudou por completo e se instalou, não temos mais nada em Nova Orleans. Ainda me visto de preto e pretendo ficar assim até que voltemos para nossa antiga casa. Será minha forma de protesto.” – Isso foi o que escrevi na minha primeira redação escolar.

Dia 19 de Março de 2019, Minha mãe está morta.

Hoje faltando duas semanas para meu aniversario de 17 anos, minha mãe Taiuya Kamichi foi internada. Não sei o motivo... Ninguém me contou, muito menos ela.

Agora no dia do meu aniversario tive de ir a um velório. Minha mãe faleceu. Ela me fez jurar que não choraria em seu enterro e eu não chorei. Estou parada ao lado de meu pai forçando-me a não derramar uma lagrima sequer. Papai segura minha mão tão forte que chega a doer, ele também jurou não chorar.

O enterro acabou. Estamos voltando para casa. Está chovendo muito, sinto frio e me encolho no canto da porta do carro. Meu pai me olha pelo retrovisor.

- Lara! – ele me chama.

- Sim pai, oque foi? – eu respondo.

- Tenho um presente de aniversario para você.

- Não quero presentes.

- Você não tem querer. Vai aceita-lo de qualquer jeito.

- O que é?

- Vamos nos mudar.

- Oque!? Como pode decidir isso sozinho!?

- É melhor para nós. Entenda.

- Não quero ir. Quero ficar com a mamãe.

- Sua mãe está morta! Você não tem querer, vai se mudar comigo e pronto!

- Eu te odeio!

Nesse momento chegamos em casa. Desci do carro ainda em movimento e corri para dentro. Meu pai me chama, mas continuo correndo. Tranco-me no quarto e me jogo na cama abraçando o meu travesseiro.

Papai bate na porta, diz que quer conversar. Eu não respondo. Ele bate de novo e pede para que eu abra a porta. Eu respondo:

- Não! Vai embora, não quero falar com você!

Então ele desiste e me deixa só. Duas semanas depois o caminhão de mudanças chegou e levou as coisas embora. Na outra semana nos mudamos para Harbour City, a pior cidade que meu pai poderia escolher. Fui obrigada a deixar para trás meus amigos, minha escola e os restos de minha mãe.

Nos chegamos em cinco dias, tudo já estava dentro de casa só precisávamos arrumar. A instalação foi rápida, logo fui para a escola. Sentia-me tão estranha naquele lugar que mal me apresentei. Todos me olhavam como se tivesse algo amedrontador atrás de mim.

Tive que mudar todo meu jeito. Ninguém se parecia comigo todos eram alegres e tinha as vidas perfeitas. Algumas garotas tentaram conversar comigo, mas eu as rejeitei.

Em casa meu pai quase sempre estava trabalhando, quando tinha tempo para mim não tinha assunto que não fosse do trabalho. Sua única pergunta era:

- E então... Como foi a escola?

Somente respondia:

- Bem, nada de especial.

E essa era a nossa conversa.

A praia fica logo em frente, mas ainda não fui lá. Não tenho motivos para ir à praia. Sem falar que não tenho animo para me vestir de outra cor se não preto.

Meu único pedido era que voltássemos para casa. Mas não seria atendido, pelo menos não se dependesse de meu pai.

Os dias foram passando e eu fui me acostumando a ficar sozinha no meu canto. Agora ficar sem a presença de meu pai não me incomodava mais. A vista da praia era minha única amiga, com ela sempre podia contar.

Dia 21 de abril, Feriado de Tiradentes.

É feriado e eu não tenho o que fazer, meu pai continua trabalhando e estou sozinha em casa. Está calor e estou pensando seriamente em ir para a praia. Me levanto rapidamente da cama e resolvo sair de casa. A areia está quente, mas não importa. Tem algo muito bom no ar, e me sinto feliz.

Estou andando na água quando avisto um grupo de meninos. Eu os observava todos os dias da minha janela, eles se acham os reis da praia. Já tive confusão com eles na escola, não quero briga hoje. Dei meia volta e corri.

Já não avisto mais minha casa nem o porto, acho que estou no final da praia. Continuo a caminhar, agora na areia. Já era de tarde, umas quatro horas da tarde. Caminho lentamente pensando em Nova Orleans. De repente uma forte dor de cabeça me atinge, eu grito e me ajoelho na areia quente. Não sei por que, mas coisas estranhas que nunca tinha ouvido falar vem á minha cabeça.

Um laboratório de azulejos brancos cobertos por muito sangue, alguém está gritando, mas não posso ver quem é, para onde olho, vejo meninos de mais ou menos minha idade acorrentados e jogados no chão. Escuto uma voz masculina gritar por socorro. Um grito aterrorizante atravessa o local.

Eu grito mais uma vez dizendo:

- Não...! Eu não quero mais ver...! Pare!

E de repente a dor passa. Eu me levanto devagar ainda segurando minha cabeça. Ao longo da praia vejo uma silhueta, tem alguém deitado. Vou chegando mais perto e percebo que essa pessoa precisa de ajuda. Corro. É um menino, corro mais rápido ainda. Ao chegar ao menino escorrego na areia e me viro para ele.

- Ei...! Menino acorde! Ei...!

Mesmo eu o sacodindo o garoto não acorda de jeito nenhum. Chamo por ele, mas nada o faz abrir os olhos. Viro-o pra poder olhar seu rosto, observando-o da cabeça aos pés encontro restos de correntes enroladas em suas mãos e pés. Em seu pulso esquerdo está tatuado algo, mas minha vista está um pouco embaçada e não consigo ler.

Um arrepio sobe por todo meu corpo e algo me diz que devo leva-lo dali. Mas como o tiraria de lá sem que ninguém soubesse? Respirei fundo e dei um jeito de passar o corpo dele por cima das minhas costas. Ele estava leve o suficiente para que o pudesse carrega-lo.

Cheguei em casa mais ou menos seis horas da tarde, meu pai ainda não havia chegado do trabalho. Levo o garoto para meu quarto e deito-o em minha cama. Suas roupas que estavam encharcadas com a água do mar molharam as minhas. Pela primeira vez depois que me mudei estive usando roupas coloridas.

Estava pensando em como esconderia o menino de meu pai, quando escuto a porta abrir e fechar. Saio do quarto e escuto meu pai dizer:

- Lara, coloque sua melhor roupa vamos jantar com meu chefe e colegas de trabalho. Meu chefe quer conhece-la.

Vou até ele e respondo:

- Pai, desculpe, mas não posso ir.

- Por que não?

- Tenho muito dever de casa, sem falar que estou com muita dor.

- Dor? Você se machucou? – meu pai apalpou meus braços e me virou de um lado para o outro. Eu me afasto.

- Não pai, não me machuquei nem nada do tipo.

- Então por que sente dor?

- Ai pai...! É cólica só isso!

- Ah tá! Então pode ficar.

- Obrigada!

- Pode mesmo se cuidar sozinha né?

- Sim pai, não sou mais uma criancinha.

- Está bem. Já vou indo então.

- Tá bem.

- Tchau minha princesinha!

- Tchau pai.

Meu pai me deu um beijo na testa e saiu. No momento em que escuto a porta se fechar volto correndo para meu quarto. Ao entrar percebo que o menino que dormia em minha cama havia acordado. Fecho a porta devagar, mas ele me escuta e me olha com medo.

- Quem é você? – perguntei eu.

- Fasso a mesma pergunta a você! – ele me responde.

Eu acendo a luz para que posamos nos olhar melhor. Ele então me olha como se visse um fantasma. Volto a perguntar:

- Quem é você?

- Fiz a mesma pergunta a você e anda não me respondeu! – disse ele virando a cabeça ao olhar para mim.

- Claro, já que fiz a pergunta primeiro acho que você deveria me responder primeiro também.

- Não posso dizer quem sou sem antes saber quem você é.

- Está bem. Meu nome é Lara kamichi, tenho dezessete anos. Agora me diga quem é você.

- Eu não tenho nome, mas pode me chamar de Allan e acho que tenho a mesma idade que você.

- Allan? Acho que já ouvi esse nome em algum lugar antes.

- Sim. Uma amiga me deu esse nome.

Allan é branco de cabelos louros e repicados com olhos castanhos. Ele me olha de um jeito que faz meu coração bater mais rápido. Não sei por que, mas acho que já o conheço de algum lugar. Ele abre a janela do meu quarto.

- Obrigado por me ajudar, mas não posso ficar mais aqui. – diz ele forçando o corpo para fora.

Mas acaba não conseguindo sair, algo o havia parado. Vou ate Allan e vejo feições de dor em seu rosto.

- Você está bem? – pergunto eu.

- Sim. Não se preocupe comigo. – ele me responde.

Allan se força novamente para fora do quarto, vejo que ele sente dor em alguma parte do corpo. Eu o puxo pela camisa para dentro jogando-o na minha cama de novo. Fecho a janela.

- Você não vai a lugar nenhum! – disse eu segurando a janela.

- Quem é você para dizer o que eu devo fazer? – ele me pergunta.

- Sou a pessoa que salvou sua vida na praia e que está se preocupando com você!

- Já disse que não posso ficar aqui. Você não entende?

- Não, eu não entendo. Você está ferido, tem que se curar antes de tentar fazer qualquer coisa. Mesmo que não possa ficar aqui não te deixarei ir embora!

Allan fica me olhando e depois vira o rosto como se aceitasse ficar em minha casa. Eu respiro fundo e dou um sorriso. Então lembro-me que ele tem suas roupas molhadas.

- Você tem que tirar essas roupas molhadas o quanto antes. – disse eu.

- Ham...? Não preciso disso. – ele me diz.

- Sim você precisa se não quiser pegar uma pneumonia.

- Hmm...

- Vou pegar roupas limpas e secas para você, vai tirando essas.

- Tá...!

Fui até o quarto de meu pai e peguei uma calça e uma camisa de manga velha que nem mais serviam nele. Voltei ao quarto. Assim que abro a porta vejo Allan seminu, somete de calça. Ele está de costas, vira a cabeça para traz olhando para mim. Fecho a porta. Vou me aproximando dele, vejo muitas cicatrizes em suas costas. Allan joga a camisa molhada em cima da cama e se vira para pegar as roupas que eu trazia. Percebo então o motivo de sua dor, um ferimento em sua vesícula não fora curado completamente.

- Aqui. Não tenho nada melhor que isso, mas deve servir. – disse eu entregando as roupas para ele.

Assim que ele estica as mãos para pega-las vejo rapidamente uma tatuagem em seu pulso esquerdo: “EX.856”, era o que estava escrito. Ele pega as roupas, me agradece e se vira.

- Você está com fome? – pergunto eu me achando uma idiota.

- O que? – ele se vira para mim.

- Vou preparar algo para nós. Venha para a cozinha quando terminar.

Saio do quarto e fecho a porta.


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Notas finais do capítulo

Pra quem ja tava lendo: Ocorreu um probleminha e eu tive que apagar toda a fic. Por favor não dixem de lê-la. Obrigada!



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