Pov. Austin

O que fazer para recompensá-la ?

Quer dizer, ela precisaria me perdoar primeiro. Eu estava parecendo rídiculo agora, com um sorriso sacana no rosto e um buquê de flores em uma das mãos. O segurei desajeitadamente durante todo o caminho. Ally não era do tipo de garotas que esperava receber flores e eu sabia que ela não dava a mínima pra isso, se ela não estivesse tão zangada, gargalharia na minha cara.

Talvez por isso que eu estivesse fazendo isso, o sonho de algumas garotas mas que obviamente não era o da minha. Porque ela não era comum e sempre me surpreendia com alguma de suas frases inteligentes que me faziam sentir um grande nada.

Mesmo assim, ela fazia eu me sentir especial em tantas outras coisas que o fato dela ser muito mais inteligente do que eu não parecia grande coisa, ela me fazia sentir especial apenas por tê-la.

O que eu tinha feito de tão ruim ? Pergunta interessante. Bom, já estávamos na faculdade a dois anos, nossas vidas tinham mudado mas isso nunca interferiu em nosso relacionamento. Ally era minha e eu era dela. Simples assim e nós dois sabíamos e víviamos muito bem desse jeito. Eu nunca esperei que pudesse amar alguém tanto assim.

No último ano, eu tinha formado uma banda. Entrado, na verdade. No início era só uma grande brincadeira e nenhum de nós imaginava seguir como algo sério. Até os últimos meses, quando começamos tocar em bares aqui em Nova York. Foi quando todos percebemos que podia mesmo dar certo.

O que me dava mais trabalho por causa da faculdade, é claro, o que me levou a passar menos tempo com ela, faltar alguns compromissos e desmarcar nossos planos. Não sei exatamente quando isso começou mas já fazia algumas semanas. E bem, fazia oito dias e pouco mais de 10 horas que ela não retornava minhas ligações, nem ao menos as atendia. A ideia de a deixar se acalmar parecia uma boa, se não tivéssemos brigado justamente por causa disso a nove dias atrás.

Então eu estava aqui, parado em frente a porta do apartamento em que Ally estava dividindo com outra garota que conheceu na faculdade, tentando pensar no que dizer quando eu tivesse coragem para bater na porta.

Apertei o buquê em uma das mãos, torcendo para que o pior já tivesse passado e que ela simplesmente me aceitasse de volta como sempre fazia.

Bati três vezes.

Pouco tempo depois, Ally abriu a porta. Eu contei apenas quatro segundos desde o momento em que ela me olhou, fez uma expressão totalmente desinteressada e tentou fechar a porta de novo, mas eu tinha segurado com o pé.

– Qual é, princesa - falei, sorrindo. - Por que não quer que eu entre ?

Ela parou de tentar empurrar a porta e assumiu sua expressão zangada. Considerando o shorts que ela estava usando e a blusa branca um pouco transparente, isso a deixava sexy. Mas eu definitivamente levaria um tapa se a dissesse isso agora.

– O que está fazendo aqui ? - Perguntou, parecendo totalmente cansada apenas com a minha presença. Tentei não me sentir tão honrado por isso mas a tentativa foi falha. A morena virou as costas, caminhando para dentro do apartamento deixando a porta aberta pra mim, o que já era um grande passo. Entrei rápido antes que ela me expulsasse. - Flores ? Sério ? - Questionou com uma cara de deboche.

– Você pode dar de presente para Megan - falei, dando de ombros, as deixando em cima do balcão.

– Ouvi meu nome! - Megan exclamou, saindo de seu quarto, fazendo uma careta quando viu nossas expressões. - Uh, drama - cantarolou. - Acho que tenho que ... Dar uma saída. - Falou desajeitada enquanto colocava seu casaco.

– Não precisa sair, Meg - Ally disse. - Mas você precisa - apontou para mim.

Eu ri, praticamente me jogando no sofá.

– Tente me tirar daqui.

A garota me fuzilou com os olhos enquanto Megan ria discretamente.

– Boa sorte, Alls - falou antes de abrir a porta, e me abanar com uma cara de pânico falsa.

– Bom te ver, Meg! - Falei, suspirando assim que a porta foi fechada novamente e voltei a olhar para Ally, a mesma agora estava com os braços cruzados e a expressão fechada. - Imagino que ainda esteja brava.

– Você acha ?

– É bem provável já que você está me ignorando a dias. Princesa, não é a primeira e com certeza não vai ser a última vez que isso acontece, mas eu sinto sua falta e você também sente a minha, será que podemos só pular para a parte em que você me perdoa e a gente acaba fazendo sexo ?

Essa era a parte em que ela explodia ou revirava os olhos e pedia para que eu fosse embora, falava que precisava ficar sozinha e que eu estava a pressionando. Dessa vez, não teve nenhuma explosão então ou ela estava muito cansada ou já tinha se acostumado com o meu jeito de pedir desculpas. Ela optou por revirar os olhos, primeiro.

Quando ela terminou de falar o que geralmente dizia, continuei:

– Mas eu não posso te deixar sozinha - me levantei do sofá, ficando em sua frente. - Estamos juntos, não posso te deixar sozinha. Somos eu e você contra o mundo, lembra ?

Ally suspirou, trocando o peso de uma perna para a outra, aparentemente frustrada e confusa.

– Eu ainda estou brava com você, Austin.

– E mesmo assim você continua usando o anel - eu disse, o tocando com a ponta dos dedos, nervoso em pensar que ela poderia me afastar. Eu tinha lhe dado aquele anel no nosso aniversário de um ano de namoro, era como um pequeno símbolo do nosso compromisso e ela o usava todos os dias desde então. Era prateado e pouco fino, discreto como ela, eu estava acostumado em o ver em seu dedo anelar da mão direita e Ally não tinha o tirado mesmo depois da briga. De algum jeito, isso me fazia sentir muito mais seguro e confiante.

– Você quer que eu o tire ? - Murmurei um "não" baixo, quase apavorado com essa ideia. Ela passou a mão em que ficava o anel nos cabelos, um ato tão típico dela, então suspirou e me disse algo que nunca havia falado em nenhuma das outras brigas. - Você me magoou.

Não tinha como tentar ser engraçado agora e apenas levar no meu jeito divertido. Talvez tivesse mesmo sido mais sério dessa vez, e ela ter me dito aquilo realmente comprovou isso. E de repente, me senti como um nada, não porque mais uma vez ela tinha sido mais inteligente do que eu mas porque eu tinha a magoado de verdade. Porque eu tinha sido um grande idiota.

– Ally - sussurrei seu nome, incerto do que dizer. - Me desculpa, me desculpa - falei, colando nossas testas e implorando para mim mesmo que ela não se afastasse. - Droga, eu nunca quis fazer isso com você, me desculpa.

Ela não disse nada por alguns instantes, mas só o fato de que não tinha se afastado já me deixava mais esperançoso. Ally colocou uma das mãos sobre o meu peito e era difícil saber qual das nossas respirações estava mais acelerada.

– Tudo bem - sussurrou de volta.

– Não, não está - balancei a cabeça mas sem desgrudar nossas testas. - Sinto muito por ter ficado tão obcecado com o lance da banda e acabar sendo um babaca com você.

– Ei - falou -, estou muito orgulhosa de você. Tenho certeza que a banda vai dar certo e eu vou sempre te apoiar, ok ? - Assenti, não evitando sorrir com suas palavras.

– Podemos organizar isso. - Falei. - Sempre damos um jeito.

Ally assentiu, sorrindo.

– É, sempre damos um jeito.

Agarrei sua cintura a puxando para mim. Praticamente devorei seus lábios, com saudade de como aquilo era, de como era bom tê-la em meus braços. Ela continuou com uma das mãos em meu peito e a outra subiu até a minha nuca. O beijo continou rápido até que o ar se fez necessário. A melhor parte de uma briga sempre era quando fazíamos as pazes.

Distribuí beijos por todo o seu pescoço enquanto a mesma suspirava ainda puxando meus cabelos. Eu estava praticamente morrendo de vontade dela, isso soava tão doentio mas com certeza não tinha outro modo de descrever.

– Podemos ter nossa típica reconciliação agora ? - Perguntei, com o meu melhor sorriso safado assim que minha respiração voltou ao normal. Ally riu e revirou os olhos antes de voltar a me beijar.

– Eu te odeio - ela murmurou entre o beijo, só me fazendo querê-la ainda mais. Ergui suas pernas a fazendo envolvê-las na minha cintura e caímos juntos no sofá, rindo, nos beijando, tentando tirar as nossas roupas desajeitadamente mas o mais rápido que podíamos.

– Eu também te amo.