Cheguei à residência de sobreviventes com os olhos lacrimejados, saber que finalmente eu e meu tio estávamos em paz era algo novo, surpreendente.

Eu sempre vi em filmes zumbis e achava aquilo só uma fantasia e quando os personagens morriam, era só mais um em falta, mas na vida real não é só mais um em falta, é como se pedaços do seu coração tivessem sumido. Na minha vida, a única coisa que me fez querer viver foi meu tio, Owen, o resto, tudo morto ou desaparecido. Meu pai e minha mãe, Natasha, Sarah, Sam, Gabriel, Bryan, Fernanda, todos morreram, todos que faziam parte da minha vida sumiram.

Fomos primeiramente testados antes de entrar realmente no grupo, tinha tudo seguro lá, das armadilhas para zumbis até a patrulha de seguranças fortes e bem armados.

Se passaram cinco meses e eu comecei a criar grandes amizades, meu tio foi convidado para entrar no grupo de patrulha, já que ele era muito bom de mira e tinha ótimos reflexos, eu fiquei no nada, tinha até uma escola lá, parecia uma vida bem normal, tirando algumas surpresas que apareciam.

Criei minhas melhores amigas, Fabiana e Nataly, elas sempre me apoiam. A única pessoa que tinha se restado para Nataly era seu irmão de dois anos, quando entrou na residência, estava prestes a morrer, mas foi logo encontrada. Fabiana tem o pai e a mãe, que fazem parte da patrulha.

Agora o tempo está nublado e possivelmente vai chover, estava andando na rua quando alguém me parou.

- Não vai me dar bom dia? - perguntou Owen.

Ele estava com a aparência de mais velho, seus cabelos já tinham mechas grisalhas, mas eu nem ligava para isso.

- Bom dia, Owen - respondi.

Percebi que ele estava com uma expressão estranha, como se estivesse com problemas.

- O que houve? - perguntei.

Ele hesitou, como se temesse minha pergunta, mas suspirou e respondeu.

- Não conta para ninguém, mas está com falta de alimentos aqui na residência, não temos muitos para sair e pegar algo, ainda mais, agora tem muitos zumbis próximos daqui, parece que sabem que tem gente aqui dentro.

- Eu poderia ir, não poderia? - perguntei - minha professora falou que não sou tão ruim de mira e que poderia muito bem entrar na patrulha.

Owen sorriu, mas demonstrou que foi a coisa mais estúpida que falei.

- Até que poderia... Mas não tem a minha autorização.

- O que? Mas quem sairia, os seguranças são proibidos de saírem daqui, as crianças treinadas até que podem.

Ficamos conversando por um tempo, até que Carl, o dono da residência de sobreviventes, nos chamou e disse que estava em estado de urgência. Havia pouquíssimo alimento, alguém precisava sair e buscar, e, possivelmente, ele estava me colocando para ir junto.