Cheguei na escola atrasada. Isso foi de propósito, por não querer ver Santana logo cedo. Na verdade eu queria ver, claro. Mas não naquele momento, que eu sentia raiva dela. Abri meu armário e peguei o livro da próxima aula.

Ouvi o sinal tocar, corri para a próxima aula, que por sorte seria junto com Britt, entrei na sala e vi Santana sentada em uma das mesas no final, coloquei meu material em uma das mesas na frente, mesmo eu odiando sentar na frente, Santana se levantou olhando para mim e eu sai da sala, com a desculpa de que iria ao banheiro. Quando voltei, deduzi que a sala já estaria cheia, vi Britt sentada em uma mesa atrás da Santana, uma menina estava sentada ao seu lado, e a cadeira ao lado da Santana estava vazia. Olhei para a mesa onde coloquei meu material, ao lado dela estava um garoto que eu não conversava muito, mesmo assim me sentei ao lado dele.

O professor entrou na sala, já mandando abrirmos o livro, assim fizemos. Abri meu caderno e vi um papel rosa, logo soube que era da Santana.

“Precisamos conversar.”

Olhei para trás, Santana olhava para mim, voltei a olhar para o professor que explicava algo, peguei minha caneta e olhei para o papel.

“Não temos nada para conversar.”

Passei o papel para trás, que rapidamente chegou em Santana. O garoto ao meu lado começou a bater com a caneta na mesa, eu o olhei irritada, mas logo sorri.

– Você é Finn, certo? – perguntei, ele olhou para mim e sorriu.

– Sou sim. Você é...

– Rachel. Estudamos juntos desde o primeiro ano.

– Ah, sim! A garota quieta.

– Garota quieta? É assim que me chamam?

– Sim. Por você sempre sentar lá trás e não dizer nada.

Eu sorri, o professor olhou para nós dois, nos fazendo ficar calados, em seguida se virou para o quadro e começou a escrever algo, a garota atrás cutucou meu ombro, chamando minha atenção, vi o papel em sua mão e o peguei.

“O que eu te fiz?”

– Recado da Santana? – Finn perguntou em sussurro.

– O que? Como...

– Todos conhecem seus papeis rosas.

Sorri novamente, olhei para trás e Santana ainda olhava para mim.

“Nada.”

Passei o papel novamente, Finn pegou um papel de seu caderno e escreveu algo, em seguida me entregando.

“O que vai fazer hoje, depois da escola?”

Olhei para ele, um sorriso permanecia em seu rosto e eu sorri.

“Talvez passar a tarde com um garoto.”

Ele pegou o papel, o leu e olhou para mim confuso.

– Você. – sussurrei, o fazendo sorrir novamente.

Novamente o papel da Santana chegou até mim.

“Me diga, assim conversaremos sobre o assunto. Britt perguntou se... Você é amiga do Finn?”

Ela havia rabiscado algo sobre Britt. Olhei para o professor, ele ainda estava de costas, olhei para trás e Santana fez sinal com a cabeça, para que eu respondesse, me virei para frente e peguei a caneta.

“Você quer mesmo saber o que aconteceu? Eu disse que te amo, e você simplesmente agradeceu. Que idiota em sã consciência agradece a um eu te amo? Você é muito idiota mesmo, Santana! Eu sou amiga do Finn, na verdade tenho algo a mais com ele!”

Novamente passei o papel, mas quando ele já estava no caminho, me arrependi de ter escrito aquilo. Olhei para trás e a vi pegar o papel, minhas mãos começaram a suar frio. De repente ela olhou para frente, o professor caminhou até ela e esticou o braço, Santana revirou os olhos e lhe entregou o papel, suspirei de alivio e o vi jogar o papel no lixo. Quando o sinal tocou, Finn olhou para mim e sorriu.

– Te vejo no ônibus?

– Sim.

– Guardarei um lugar para você. Depois podemos ir ao cinema.

– Eu adoraria. – respondi sorrindo.

Ele se levantou e saiu junto com os outros, arrumei meu material e, antes de levantar, ouvi passos atrás de mim, parando ao meu lado. Santana colocou meu celular em cima da mesa.

– Você o esqueceu em minha casa ontem.

Continuei olhado para o celular quando ela saiu. Fechei meus olhos e respirei fundo, sentindo seu cheiro.

***

Ao chegar no ônibus, vi a fila grande, revirei os olhos e olhei em volta. Vi Santana com a cabeça encostada na janela olhando para mim, abaixei a cabeça e entrei no ônibus. Britt estava ao lado de Santana no final do ônibus, Finn estava mais à frente, sorrindo para mim. Me aproximei dele, Britt acenou para mim sorrindo, acenei de volta, mas me sentei ao lado do Finn.

– Sabe qual filme quer ver? – Finn perguntou, assim que o ônibus saiu da garagem.

– Não. Você pode escolher, se quiser.

– Está bem.

Olhei pela janela, eu sabia que Santana também fazia o mesmo, fechei meus olhos e pensei nela, em quando nos beijamos pela primeira vez, e também em como ela agradeceu por eu ter lhe dito que a amava. Senti Finn tocar em meu braço, olhei para ele confusa.

– Está se sentindo bem?

– Estou sim.

O ônibus parou, olhei para fora, era onde Santana descia, a vi passar por nós com Britt.

– Gosta dela, não gosta? – ouvi Finn perguntar.

– O que? Não! Eu...

– Dá para ver, Rachel.

A vi olhar para mim, voltei a olhar para Finn, que tinha um sorriso no rosto.

– Quer fazer ciúmes nela?

– Ciúmes? Santana nem ao menos gosta de mim.

– Acredite, ela gosta sim. Acha que, se ela não gostasse, te olharia como fez ainda pouco?

– Tem certeza?

– Claro!

Abaixei minha cabeça e sorri, Finn tocou em meu ombro, me fazendo encará-lo.

– Quer fazer ciúmes na Santana?

– Você faria isso?

– Claro. Ainda mais quando vejo um verdadeiro amor separado.

– Amor... – murmurei para mim mesma.

O ônibus parou no meu ponto, olhei para o Finn e sorri.

– Nos vemos amanhã? – ele perguntou.

– Sim.

Sai do ônibus, senti meu celular vibrar e o peguei.

“Você e Finn? Quero saber dessa história, senhorita Berry. – B”

Eu sorri, entrei em casa, coloquei minha mochila no chão e fui para o meu quarto.

“Está com a Santana? – R”

“Estou sim, por quê? – B”

“Então depois conversamos. – R”

“Por que depois? – B”

“Rachel, me responda. – B”

“É assim? Ok! – B”