A Seleção-Interativa escrita por Alice Zahyr


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Oi oi gente! Aqui vai o capítulo 30, estou meio receosa porque muitas leitoras deixaram de comentar, então, Nath, Babi, Livre, Marilandia, morreram?!Beijos para vocês >



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PS: Este capítulo será narrado por Jason.

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Eu não queria que America soubesse.

Quando entramos no quarto de Samantha, eu percebi que havia algo de muito errado. America provavelmente teve de se segurar para não iniciar uma possível briga com ela, mas eu já sabia do que poderia se tratar, apenas torcia para que eu estivesse errado. Isso porque todas as vezes que Samantha bebia demais e ficava deprimida era porque, ou terminou um relacionamento, ou havia uma guerra vindo.

Flashback ~ Dois anos atrás

Eu tinha dezessete anos na época, e Samantha a mesma idade. Naquele fim de ano, muitas coisas aconteceram: o conflito entre os sulistas e nortistas finalmente acabou, Magda perdeu um bebê, o planejamento da Seleção era anunciado, Clarkson teve um problema com algum grupo rebelde (que só mais tarde descobri que eram os Mercenários - longa história) e Samantha terminou com Alec.

Sim, eles já foram namorados. Sei exatamente o quanto isso soa ridiculamente estranho, mas é verdade. Naquela época Alec era apenas um cara de dezoito anos tentando se esquivar de sua obrigação militar, mas acabou se "apaixonando" por Samantha e forçado a entrar para o recrutamento.

Durante o conflito entre os sulistas e os nortistas, Samantha descobriu que Alec era um traidor. Ele estava dando informações nossas para os nortistas.

Isso quase lhe causou a vida, não fosse por seu pai, um capitão antigo da Base. Ele acabou descobrindo antes de Samantha - pelo menos foi o que ele pensou. Mas por trás de tudo isso há uma grande confusão: Alec havia conhecido uma garota que dizia saber sobre a verdadeira família de Samantha, e eles meio que ficaram amigos. Isso tudo foi antes de Samantha saber que uma guerra aconteceria em breve. Alec não sabia, porém, que essa garota era uma nortista que queria se infiltrar na nossa Base. Alec e Samantha namoravam, então ele infelizmente teve acesso á uma informação de estratégia que Samantha havia bolado e acabou entregando isso á tal garota - em troca de respostas sobre a família de Samantha.

Não vou mentir, sei porque Alec encanou com esse papo de família da Samantha - ela simplesmente se parecia muito com a Rainha e não tinha nenhum traço de Ronan ou Magda - então achou que estivesse sendo esperto ao trocar de informações com uma garota que mal lhe dissera seu nome. Depois que Samantha percebeu que sua estratégia para a batalha havia dado errado, o que nunca, nunca mesmo, acontece, foi que percebeu o que estava acontecendo. Imediatamente ela foi falar com Alec, que entregou os pontos - aquele cara não tem sangue sulista, é um covarde burro e brigão que mal sabe guardar segredos - sobre a garota. Samantha terminou com ele logo depois, mas eu sei que não foi só por isso. Alec estava escondendo um pecado mortal dela - estava traindo Samantha com essa garota. Depois que Alec soube que Samantha sabia sobre essa traição, tentou se redimir, mas só piorou tudo quando entregou a aparência da garota e Samantha descobriu que era uma nortista.

Foi um ano difícil para Samantha, vencida por sua humanidade. Ela ficou umas duas semanas bebendo e deprimida, até que eu decidi que era hora de voltar á cena a estrategista durona, bela e inteligente que Samantha era. Eu a ajudei a voltar á forma, e desde então somos muito amigos. Mas o que Alec fez custou muito caro - nossa Base quase que foi destruída por completa, e a partir daí a nossa rixa não tem trégua. Samantha e eu não queríamos que ele virasse recruta, mas seu pai acabou interferindo, e é por isso que Alec é o que é, um verdadeiro idiota, que vive ás custas do papai.

O que aconteceu nesse período me fez aprender duas coisas muito concretas sobre Samantha: se ela baixa a guarda, ou é por causa de um namorado estúpido (não que ela caia por qualquer homem, ela é bem forte, mas sempre tem alguém determinado a ser o "cara que fez a estrategista chorar") ou é por causa de uma guerra. Se tem algo que a faz ficar mal é uma estratégia que dá errado. E é exatamente por isso que, no momento em que pisei no seu quarto e senti o cheiro de uísque, eu já sabia que o caos se aproximava.

Flashback off ~

Entrei no quarto com America me fazendo de bobo, mas já ensaiando as falas. Samantha não estava com ninguém, então me restou a última e mais perigosa opção. America foi experimentar o vestido, e eu liguei o botão do "Senhor Jason Charmoso e Compreensível".

– O que houve? - perguntei, exalando solidariedade. Samantha me olhou com ironia e encheu o copo com mais uísque.

– Aceita? - ela perguntou, meio bêbada. Levantou o copo como que brindando, mas eu tomei dela e a fiz ficar quieta.

– Não faz isso, Samantha. Me conta, vai? - pedi, olhando-a nos olhos. Felizmente a fiz baixar a guarda novamente. E começava a terapia...

– Deu errado, Jason. - ela disse, olhando para o nada. Ficamos alguns segundos esperando que um falasse algo para o outro.

O que deu errado? – eu perguntei, tentando soar o mais ingênuo possível. Áquela altura eu já sabia o que dera errado, e tentei esconder o máximo o terror que se alastrava dentro de mim com a ideia de uma guerra se aproximando - mas não uma guerra qualquer. Guerra de verdade. Não apenas conflitos de rebeldes.

– Deixa pra lá, Jason. - Samantha disse e eu me surpreendi. Então ela ainda estava forte o bastante para fingir. Nada bom. Mas decidi deixar aquela conversa pra depois, America tinha voltado e estava com o vestido. - America já se vestiu. Podemos ser apenas adolescentes preocupados com roupa pra festa por um dia, tudo bem?

Eu assenti, vencido por sua sinceridade. Mesmo sabendo que nada daquilo ia dar certo - essas ilusões de ser normal não funcionam quando você é membro vitalício de um grupo de rebeldes destinado á lutar até a morte. Ou sulistas,como prefiro chamar.

America estava estonteante. Eu estava um idiota, babando sem nem esconder. Mas pulemos essa parte, porque isso já é óbvio.

Quando chegamos ao salão, America começou as perguntas. "O que tá acontecendo?" e "O que houve com Samantha?" era boa parte delas. Eu só queria fingir, por um segundo, que nada daquilo aconteceria, e dançar com ela. Felizmente ela me cedeu uma valsa, e ficamos assim por um tempo considerável, o que me é estranho, já que sempre que estamos juntos algo dá errado. Até que as pessoas do salão se agitaram - com razão, claro, nós podíamos sentir o cheiro da guerra. As armas, o furor, os homens se embrenhando na mata para matar sem dó qualquer um que aparecesse e que não fosse só um esquilo. America logo percebeu, e eu tive de, mais uma vez, dar um de idiota para salvar sua vida. Alec vinha nos observando há tempo, como um predador rondando a caça. Só o que ele não sabia era que eu já estava quase pronto para fugir dali, e America só tinha de fazer meu plano dar certo: fugir dele, e depois me encontrar. Bem estilo donzela em perigo.

Foi aí que eu encenei o momento de "o iluminado" descobrindo sobre tudo e corri atrás de Samantha. Quando a encontrei, porém, ela havia feito o plano sair um pouco dos eixos.

– Jason, - ela disse arfando - tem que fugir daqui, rápido!

– Como é?

– A bandeira branca foi recusada por eles. - ela falou.

Droga.

Voltei correndo, esperando que America estivesse na porta da Casa Helena para... ser salva por mim. Felizmente ela estava lá, e eu tive de explicar a verdade antes que ela me enlouquecesse. Samantha apareceu com uma mala, mas só então me disse que ficaria na Base. Eu enlouqueci com a ideia suicida dela, mas tive de fugir antes que os soldados invadissem e matassem todo mundo - não facilmente, claro. Talvez eles pensassem bem por suas vidas e decidissem voltar. Esperança: nunca morre.

Subi na moto e America ficou atrás, eu podia captar toda a eletricidade dela. Estávamos em êxtase - preocupados mas enérgicos. Corri na maior velocidade que pude, sabendo que logo logo algum ser estúpido e malvado viria atrás da gente. Pra matar, eu creio.

E eu estava certo. Eu só não imaginei que esse ser estúpido e malvado quisesse apontar uma metralhadora para America - e isso me encheu de ódio até a última gota. Mas felizmente não tive de me dar o trabalho, já que em milissegundos dois caras em motos estouraram a cabeça do ser estúpido e malvado.

Você quer o nome real?

Mercenários.

Parei a moto no mesmo instante, mas America se encarregou de saber quem eram os dois viajantes heróis. Eu me certifiquei de que o mercenário estava morto pra valer, enquanto ela descobria quem eram os caras das motos.

Ops. O que eu jamais imaginei que pudesse acontecer, aconteceu.

Me levantei bruscamente incomodado pelo silêncio dos três e me aproximei um pouco dos dois caras da motos. Jaqueta preta, calça preta, capacete preto, blábláblá. Umas armas bem legais, devo dizer, que até me lembraram o arsenal do castelo de Illéa.

Ai.

– Aspen? Maxon? - America perguntou, completamente surpresa. Mas eu estremeci quando ela disse o segundo nome.

– America? - Aspen perguntou.

– Maxon? - eu perguntei.

– Jason? - Maxon retribuiu.

E ali nós nos encontrávamos. Maxon e eu, cara a cara.

Aquilo não daria certo.

Primeiro porque ele gostava da mesma garota que eu. Segundo porque eu e Maxon já havíamos nos encontrado uma vez.

No próprio castelo.


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Notas finais do capítulo

MELDELS. O MAXON VOLTOU, NEGADA O MAXON!!!!!!!!!!!!!!