A Lua escrita por Kellin Masayuki


Capítulo 1
A Lua


Notas iniciais do capítulo

Não tinha a categoria "To The Moon" então coloquei Corpse Party, já que o Blog que baixei o nome, é inspirado no jogo... -eu acho hehe

Escrevi essa fanfiction para uma Poliantologia de uma escola!

PLÁGIO É CRIME!



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A lua

Não tinha dúvidas... Estava chegando a hora de partir.

Fazia um mês que não saia da cama. Sentia-se fraco e doente. Não havia esperança e nem vontade de se libertar daquilo. Seus anos de vida acabaram. O dinheiro tinha diminuído do mesmo jeito que suas batidas do coração. Estava falido, velho, sozinho e triste.

Naqueles poucos minutos de lucidez, pensou em sua vida. Já tinha seus 85 anos, não constituíra família. Sua mulher morrera de uma doença desconhecida à alguns anos. Imaginava que tipo de fracassado ele era, por nunca ter tido sorte na vida.

- Maria, Maria – chamava a enfermeira, gemendo de dor. Não queria lembrar-se daquilo. O feria pensar que nunca realizou se quer seu sonho de criança.

Maria se aproximou de sua cama. O quarto gelado de morte, mal iluminado, estava sombrio como a noite lá fora. A mulher colocou a mão na testa enrugada do homem deitado ali, que estava delirando em febre.

- Faça-me esquecer, Maria! – falou o velho! – Faça-me esquecer de que nunca consegui realizar o seu sonho.

Maria sabia que não era do sonho dela que o senhor estava mencionando e sim de sua falecida esposa. Sentou-se ao seu lado, após o cobrir com um novo cobertor. Ficou curiosa em saber que tipo de sonho era esse que o pobre homem tanto mencionava com tristeza. Não precisou pedir para que ele começasse a contar.

- Quando ainda era um menino, aos oito anos de idade, fui com meu irmão e minha querida mãe a um festival de verão. Naquela época, era comum festividade nessa região. Lembro-me de ter discutido com meu irmão, por um prêmio que ganhamos num dos jogos que tinha lá. – O velho estava com a respiração ofegante, fazendo a enfermeira sempre se levantar e arrumar seus travesseiros, preocupada. – Perto de irmos embora, consegui fazer com que minha mãe se distraísse com meu irmão e saí correndo. Fugi para uma área mais longe da festividade. Era um morro, a noite estava estrelada e uma lua gigante iluminava o local. No ponto mais alto daquele morro, sentei-me num tronco e ali fiquei. Admirei o quanto aquele céu estava lindo.

Não conseguia tirar os olhos das quantidades de estrelas que lá tinha. Era realmente fantástico! Estava tão entusiasmado com a paisagem, que nem a vi chegar. Foi somente tomando um susto que percebi sua presença atrás de mim.”

“- Este é meu lugar! – disse a voz fina e feminina perto de onde eu estava. – Você roubou meu lugar.”

“Virei-me em sua direção e corei. Ela tinha, mais ou menos, a minha idade. Cabelos castanhos claros que caiam sobre o rosto e carregava um saco de doces na mão.”

“- Er... desculpe! – falei desconsertado. - Você pode sentar do meu lado? Eu achei isso incrível!”

“Diferente do que imaginei de como ela reagiria, ela sorriu. Sentou rapidamente em seu lugar e animada, apontou para as estrelas. Percebi que estava realmente feliz por ter encontrado alguém com interesse nas estrelas e universo. Conversamos durante horas, foi então que ouvi minha mãe gritar meu nome.”

“- Jonny, onde está você, moleque?!”

“- Ah, eu preciso ir. – falei sorrindo para ela. – É a minha mãe.”

“- Tudo bem.”

“- Eu vou te ver de novo?”

“Foi então que um forte vento bateu em nossos rostos. Ela sorriu apontando para a lua. E com alegria transmitida em seus pequenos lábios, me disse: “Na lua... Prometa que vamos nos reencontrar na lua!””

O senhor fechou seus olhos como se estivesse vivenciando tudo aquilo novamente em sua mente. Sorria o tempo todo, antes de virar-se para a enfermeira com a continuação de sua história.

- Eu nunca consegui realizar nosso sonho, Maria. Minha Alicia e eu nunca realizamos nossa promessa de ir à lua. O que acabou virando somente um sonho impossível.

O tempo passou. Foi somente na escola que reencontrei com minha amiga da promessa daquela noite. Porém, eu fui o único a esquecer daquela promessa. Ah como eu me arrependo disso. Tínhamos nossos 15 anos, e coincidentemente eu fiquei interessado naquela garota que vivia lendo nas escadas dos corredores.

Alicia não tinha muitos amigos, não gostava de se misturar. Ela era impopular, e tinha problemas com as outras garotas. Então, como eu, um garoto “normal” poderia se aproximar dessa garota?

Um dia, tive coragem e a convidei para o nosso primeiro encontro. Fomos ao cinema.

- Titanic realmente era muito chato! – o velho riu depois de tossir diversas vezes. – Mas era um filme que ela queria muito assistir.

O tempo passou e Alicia e eu nos apaixonávamos cada vez mais. Namoramos por um bom tempo antes de nos casarmos. Alicia me contou que o sonho dela, era ir para a Lua. Então, esse sonho passou a ser o meu também.

Minha mãe estava na cerimônia do nosso casamento. Ela nunca mais foi à mesma desde que meu irmão morreu atropelado por ela mesma. Um descuido que foi fatal para a sua mente.

O que não foi diferente com Alicia, já que ela ficou traumatizada ao atropelarmos um coelho branco, um dos seus animais preferidos. Foi a partir desse trauma, que começou nossos problemas.

Assim como a minha mãe, Alicia passou a ter problemas sérios com sua sanidade. Ela, às vezes, perdia a concentração em nossas conversas, tinha sintomas de depressão e ficava o dia todo fazendo Origamis de Coelhos. O que convenhamos, era um pouco assustador com a nossa casa lotada de coelhos por todos os lados.

Estávamos montando essa casa quando ela morreu. O problema dela não seria tão grave, se tivéssemos dinheiro o suficiente para pagar seu tratamento. Estávamos pobres por gastarmos tudo na casa que hoje é meu teto. Foi tudo tão rápido.

- Então, Maria... – murmurou o senhor para a enfermeira, que continha lágrimas nos olhos - Eu fiz tudo errado, fiz escolhas que não eram certas. Perdi minha Alicia, muito antes, de ela morrer. Fui-me lembrar de nossa promessa, somente agora. Por favor, Maria, apague minhas memórias, me faça esquecer que nunca fiz essa promessa.

Maria pegou na mão gélida e já fraca do senhor pálido e moribundo na cama. Com a palma da mão viva, limpou as lágrimas que escorria em seu próprio rosto, antes de sussurrar aquelas palavras.

- Jonny, você não fez nada de errado. Sua esposa e você podem não ter ainda realizado seu sonho de ir à lua. Mas ainda dá tempo, vá ao seu encontro! Você fez o melhor que pode.

O velho, com os olhos fechados, murmurou o nome de sua falecida esposa.

- Ela está lá, Jonny. Sei que está, está esperando por você. Alicia te amou ao ponto de sempre esperar você lembrar-se do sonho que construíram juntos.

E como se fosse seu último suspiro, o velho senhor sorriu enquanto chorava. Seu coração parou de bater. Maria chorou pela morte daquele senhor. Nunca se esqueceria da dor que presenciava em suas palavras. Nunca saberia se aliviou sua consciência durante seus últimos suspiros. Mas sabia que Jonny estava com sua esposa, em algum lugar da lua.

Jonny nunca alcançou seu objetivo que era ir à lua, ao lado da esposa. Nunca teve grandes sucessos financeiros na vida. Porém, Maria sabia dizer, que ele alcançou algo que nem mesmo percebeu; a felicidade plena ao lado da esposa. Mesmo com tantos problemas, ambos foram felizes, se amaram até seus últimos dias. Jonny teve sucesso. Sucesso no amor.

Um sonho todos nós temos. Mas o sucesso de alcançá-lo não depende do nosso destino e, sim, de corrermos atrás dele.


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Notas finais do capítulo


História inspirada no jogo To the Moon de Kan Reives Gao