Do or Die escrita por LadyThyssa, Dr Hannibal Lecter


Capítulo 22
Capítulo 22 - O Dia em que Eu Destruo o Ultimo Satelite!


Notas iniciais do capítulo

Fic esta no finalzinho e em breve teremos o fim. Enfim esse capítulo foi difícil de fazer (o final) e espero que vocês gostem. Boa Leitura :)



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As vezes eu penso, o que se passa na mente dos criadores deste jogo? Será que eles se divertem vendo a gente morrer e matar uns aos outros? Será que isto tem um objetivo? Ou é só um joguinho de tabuleiro de psicopatas? Pois bem, acho que neste joguinho eu não sou nada, além de um simples peão. Estes últimos dias tem sido sofridos, tem sido doloridos e estão ficando cada vez pior...

Eu estava em um salão em pé, ao meu lado Theo chorava desesperadamente, Layla estava boquiaberta, Alaric olhava para o chão sem expressão nenhuma, Pan consolava Theo, Nicolle derramava algumas poucas lágrimas, o menino gordinho apenas assistia os outros, enquanto o corpo de Maysa estava no centro. Foi neste momento que a realidade desabou em minhas costas e eu percebi o que tinha acontecido. Corri em direção ao corpo ensanguentado de Maysa, seus olhos ainda estavam abertos e seu peito tinha uma faca cravada.

– Voraz? - Ela disse suavemente, enquanto olhava para cima. Um olhar vago, um olhar em direção ao nada.

– Sou eu sim - Eu disse calmamente, enquanto tirava o cabelo de seu rosto. Eu poderia tentar convencer ela que poderíamos conseguir achar uma cura ou algo assim, mas eu sabia que era mentira. No caso dela a única saída era a morte.

– Eu consigo ver ele Voraz! - Ela começou a sorrir e lagrimas escorriam lentamente de seus olhos - Eu consigo ver Thiago, ele esta me chamando para ir com ele! Ele esta em um lugar claro, eu acho que vou para lá - A garota chorava muito - Thiago esta me chamando Voraz, ele esta pedindo para eu ir com ele - Choramos juntos, enquanto a garota abandonava a vida - O outro lado é lindo! - A garota deu um longo e expeço sorriso, uma ultima lagrima correu pelo seu rosto. Até seu olhar perder o sentido, até sua respiração parar e seu coração não bater mais. Maysa estava morta! Fechei suas pálpebras lentamente, peguei seu corpo em meus braços e me dirigi em direção ao jardim. Onde a deitei cuidadosamente sobre algumas flores. Alaric tinha uma pá em meio a suas coisas, peguei sem pedir permissão ou coisa assim. Fui até o jardim e comecei a cavar a cova, tirando terra por terra. Até que consegui um buraco profundo e extenso , coloquei o corpo de Maysa lá dentro.

– Descanse em paz! - Joguei três margaridas em cima de seu corpo sem vida e comecei a tapar. Colocando toda a terra de volta, devolvendo ela ao seu lugar e devolvendo Maysa ao pó. Chorando muito e sofrendo muito. A garota tinha partido, a garota tinha morrido. Colocava cada vez mais terra perdendo a visão de seu corpo, perdendo a visão de seu ser. Cada terra colocada, era como se tirasse de meu peito. Eu não poderia acreditar naquilo, eu não conseguia. Quanto mais eu enterrava a garota dos jeans surrados, eu conseguia ver seus sonhos não concretizados sendo tapados juntos. "Eu consigo ver Thiago" Seu antigo namorado que morreu, parece que ela conseguiu reencontrar com ele. A ultima camada de terra foi colocada, Maysa finalmente escaparia daquela vida de tormenta.

– Durma minha princesinha - Eu sussurrava lentamente - Durma na paz... - Fui em direção ao salão onde todos estavam brigando, apontando o dedo um para os outros. Tentando achar o culpado e o traidor, tentando achar o assassino. O único que chorava era Theo - Maysa morreu! - Eu gritei, todos pararam de discutir e me encararam - Maysa morreu! - Gritei mais alto e comecei a chorar novamente - Maysa morreu! - Urrei do profundo de meu peito, desabei de joelhos no chão. Theo veio correndo em minha direção, ele me levantou e me apoiou em seu ombro. Minhas pernas estavam fracas e eu não estava conseguindo parar em pé - Maysa morreu... - Eu sussurrei no ouvido de Theo e então tudo escureceu.

Eu desmaiei e em meu sonho encontrei Maysa novamente, dentro do avião. Onde eu a vi pela primeira vez, ela ainda tinha aquele pássaro de metal no ombro e uma beleza encantadora. Até que as luzes se apagaram, eu consegui ouvir seu grito novamente e ver ela estendida no chão com a faca no peito. Tudo sumiu e desta vez eu estava com uma faca na mão, minha mãe me olhou com um sofrimento visível e logo depois vi uma faca em seu peito. Não poderia criticar quem matou Maysa, eu tinha feito a mesma coisa com minha mãe. Meu peito foi sufocado. Eu forçava minha mente para lembrar mais de algo, eu não poderia ter matado ela sem motivos. Eu não poderia ser um monstro, algo aconteceu no curto tempo em que eu pego a faca e ela é cravada no peito de minha mãe. No fundo de meu ser, eu sabia que queria apenas alguma desculpa para esconder que eu sou um assassino. O jeito como eu matei Cold, como ele gritava por perdão e eu ignorava...

Finalmente acordei, meu corpo doía ainda e o céu marcava 12h pro final da fase. Eu estava sozinho e não consegui achar ninguém por perto, andei vagamente por um corredor. Nada de Theo por perto, nada de Nicolle ou Pan. Andei por perto de onde eu enterrei Maysa, meu peito doeu um pouco e continuei avançando. Até que ouvi algumas vozes, ao longe que pareciam sussurros. Layla e Alaric estavam dentro de uma sala, sozinhos, conversando.

– Eu sei que você gosta muito do Voraz, mas isso é preciso! - Era a voz de Alaric, achei melhor não abrir a porta e apenas ficar escutando a conversa - Nós temos que matar ele - Neste momento meu corpo gelou inteiro e eu parecia não ter mais chão.

– Não! - Layla parecia estar irritada - Deve ter outro jeito...

– Você quer esperar a morte de mais pessoas, por causa deste maldito moleque? - Alaric cuspia as palavras

– Deve ter um jeito de desarmar o satélite, só precisamos esperar e ter calma - Eu estava totalmente confuso.

– Esperar? A cada hora nisto pessoas morrem, você não entende? Isto é uma carnificina, tempo é algo que nós não temos! - O garoto só faltava rosnar.

– Sair matando os outros por ai, parece uma grande contribuição com a carnificina. Pense bem, é isso que os criadores querem. Eles querem que nós matamos uns aos outros - Layla argumentava cada vez mais e Alaric estava irredutível.

– Tem um traidor entre nós! Viu como Maysa foi morta? O próximo pode ser eu ou você - Alaric ficava andando de um lado para o outro na sala.

– Até o fim do dia eu arrumo uma solução, se eu não conseguir nós vamos pensar sobre essa hipótese - Layla tentava a todo custo acalmar o rapaz.

– Se até o fim do dia você não descobrir nada, eu faço o serviço sozinho! - Ele abriu a porta com força e saiu pisando duro.

– Alaric espere! - Layla quase trombou comigo perto da porta, a garota ficou pálida - Voraz? Você já acordou? - Ela estava com um sorriso tonto e então começou a ajeitar o cabelo, tentando esconder o nervosismo.

– Eu ouvi a conversa - Falei seriamente enquanto olhava em seus olhos cor de âmbar - Eu exijo explicações! - A garota olhava para todos os cantos, nervosa - Porque você e Alaric estavam decidindo se deveriam me matar ou não?

– N-Nós só esta-a-vamos brincan-can-do - Ela gaguejava e eu olhei no profundo de seus olhos, ela suspirou firme - Eu não vou esconder isso de você. Voraz esta letra "V" em seu pulso não é só uma marca como qualquer outra - Ela parecia estar escolhendo as próximas palavras - Esta letra em seu pulso, marca que você é o quinto, e ultimo, satélite - "Na quinta hora ao cheiro de sepulcro e com um corpo oco teremos a morte para a contemplação da vida" A morte que o enigma mencionava, na verdade era a minha morte! Meu mundo pareceu destruir em minha frente, meus sonhos derreteram perante meu olhar e meus objetivos simplesmente se quebraram - Não precisa ficar aflito, eu vou arrumar um jeito de resolver tudo! Eu prometo...

– Desculpe Layla, mas você não pode fazer nada - Então fiz algo inesperado, cheguei perto de Layla. Encostei meus lábios nos dela, então a beijei. Foi um beijo caloroso, algo tão doce quanto um caramelo e tão suave quanto um algodão. Nos encaramos assustados por um momento, ela não recuou ou reclamou - Adeus Layla! - Fitei ela por um breve momento, notando os detalhes de suas características e segui meu caminho. Conforme andava, o rosto da garota dos olhos cor de âmbar foi se perdendo com a distancia. Eu ainda poderia sentir seus lábios nos meus, ainda conseguia sentir seu beijo ressoando.

Fui caminhando em direção ao abismo, Theo gostava de ficar sentado la. Precisava me despedir dele também, devia isso a ele. Teria de tomar uma dura decisão, eu precisaria tomar aquela decisão. O abismo era onde simplesmente o chão sumia, a terra seca simplesmente parava, era um enorme buraco. Theo estava sentado a sua beira, de mãos dadas com Pan. Pigarreei e os dois me encararam.

– Quero falar com o Theo - Pan continuou sentada ao seu lado - Sozinho - A garota levantou e foi se afastando, relutante.

– O que foi Voraz? - Encarei seus cabelos cacheados, seu olhar inocente de criança, a ultima vez que eu o veria.

– Eu sou o quinto satélite Theo - Eu esperava uma reação de surpresa ou espanto em seu rosto, mas ele permaneceu calmo.

– Eu já sabia - Tentei balbuciar algo, mas não consegui. Até Theo sabia disto? - Eu sou o único que pode te desarmar Voraz, sem precisar te matar - Uma alegria simplesmente brotou em mim, eu finalmente conseguiria sair! - Mas não posso fazer isso. - Sua voz era triste e ele começou a chorar.

– Porque? - Ele só poderia estar brincando, ele deveria estar brincando. Porque Theo não me salvaria?

– Nada contra você Voraz, eu simplesmente não posso deixar vocês saírem do jogo. Eu não devo fazer isso... - Sua tristeza era evidente, minha tristeza era evidente. O ar era gélido, sentei ao lado de Theo. Nós choramos juntos por um breve momento, como grandes amigos. O céu cinza e nublado marcava minha despedida, marcava meu ultimo momento com ele.

– Sei que você deve ter bons motivos Theo, tenho certeza disso. Mas eu não poderia ser egoísta, não posso deixar centenas sofrer por minha causa. Eu preciso fazer isso, eu preciso. - Parei de costas para o abismo e me joguei.

– VORAZ NÃO! - O desespero na voz de Theo era evidente e sua face de sofrimento sumia enquanto eu caia no abismo.

Eu pairava no ar, meu corpo flutuava em uma brisa gélida e aos poucos eu sentia minha vida se esvaindo. Meus objetivos e tudo o que eu tinha, escorrendo pelos vãos de minha mão. Olhei brevemente a letra v em meu pulso, o sinal que marcava minha morte, o sinal que marcaria meu ato...

Minha vida passou sobre minha mente como um filme, Theo fugindo comigo no hospício, a lona desabando em minhas costas no circo, o avião desabando, a misteriosa voz falando em minha mente, eu mergulhando no riacho no extremo frio, a morte de Cold, o enterro de Maysa e os lábios de Layla compactuados com o meu. Tudo aquilo se acabaria, tudo aquilo estava terminando enquanto eu pairava pelo ar. Naquele momento consegui sentir que a ceifadora de almas sorrindo, enquanto pegava meu corpo em seus braços. Enquanto eu abandonava a vida aos poucos... Minha morte não foi dolorida ou coisa assim, eu simplesmente sentia meus sentidos parando, tudo parando, eu sentia meu corpo se desligando.

Em breve eu seria apenas uma lembrança, apenas uma saudades no coração de alguns. Em breve meu corpo viraria apenas pó, meu eu se esvairia em fumaça e seria mais um morto. Mais um corpo frio e oco, mais uma pilha de ossos e tudo estaria terminado. As aguas da vida tinham me inundado e eu morri em meio a sua embriaguez. Os fôlegos de vida cessariam e eu morreria em meio ao sufoco. Minha hora tinha chegado e eu não conseguiria fugir. Como fugi de muitas coisas, como esvairei dos perigos e dos problemas. A realidade atormentadora me tomou e a certeza do fim estava concreto em meu peito. Assim como todos, eu nasci para morrer.

"Na quinta hora ao cheiro de sepulcro e com um corpo oco teremos a morte para a contemplação da vida" A profecia tinha se cumprido, o enigma tinha sido resolvido. O ultimo satélite tinha sido destruído, enquanto meus olhos pesavam. Enquanto a vida se acabava, olhei o longínquo céu e vi ele se quebrando. O jogo tinha sido destruído, todos tinham saído. Inclusive eu. Sobre as ultimas palavras de Maysa: "O outro lado é lindo!" Agora eu posso afirmar, que o outro lado realmente é lindo. Meus lábios sorriram, eu finalmente tinha certeza que o sofrimento tinha acabado. Os dias de tortura e aflição tinham chegado ao fim.

No meio da noite, quando os anjos gritam. Não quero viver uma mentira que eu acredito, é hora de fazer ou morrer - It's time to Do or Die...

Assim então a brisa parou de correr pelo meu corpo, o céu sumiu de minha vista, a sensação de meu corpo pairando pelo ar parou, finalmente fechei meus olhos para todo o sempre.


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Notas finais do capítulo

Bem galera, esse foi o ultimo capítulo narrado por Voraz. Espero que tenham curtido (e por favor não me matem por isso). Comentários, criticas, elogios e opiniões são ótimas todo instante. Agora o final fica por conta de Layla, mas eu ainda vou narrar uma coisinha. Por isso se vemos em breve, obrigado galera. Até a próxima!



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