O vento açoitava seus cabelos e o frio arrepiava sua pele, a rua barulhenta e agitada que tanto amava, estava silenciosamente encantadora, a pouca iluminação dava aos canteiros de flores ainda mais serenidade. Chegou a frente da casa do namorado, a luz da sala acesa denunciava a presença dele. Ela respirou fundo, era muito orgulhosa precisou vencer uma barreira para está ali, mas no entanto algo maior que o orgulho a acometia naquele momento, algo que ela simplesmente não sabia explicar.

Passou pelo portão. Percebeu que a porta não estava trancada então simplesmente girou a maçaneta e entrou. Esquadrinhou a sala e não o encontrou, mas ouviu o barulho do chuveiro ligado, trancou a porta murmurando um “irresponsável”, apagou a luz da sala e sentou-se no sofá mais uma vez esperando.

Fabinho saiu do banho indo diretamente para o seu quarto, claro que ele sentiu a presença dela, mas ignorou talvez por achar que era mais um devaneio de sua mente agoniada, trocou de roupa e atirou-se na cama, agora também esperando pelo que, ele não sabia ao certo.

Após uns cinco minutos, quando tudo voltara a se aquietar Giane saiu da posição que estava desde que sentou-se naquele sofá. Levantou calmamente, fechou as janelas da sala pela qual o vento ainda açoitava as cortinas e se dirigiu ao quarto dele, a pouca luz do abajur só o deixava ainda mais fascinante.

Com o corpo estendido e esparramado de bruços no colchão, os cabelos molhados, as costas nuas que demonstrava a respiração serena, nada seria mais atraente aos olhos de Giane, se aproximou calmamente se ajoelhando ao lado da cama, ergueu a mão para toca-lo, mas contentou-se apenas em delinear os músculos de suas costas com a ponta dos dedos. O cheiro dele a inebriando, o arfar do resono, o amor que sentia. Sem resistir mais embrenhou os dedos delicadamente por entre os cabelos dele e o sentiu respirar fundo. Sabia que ele estava acordado.

– O que está fazendo aqui? – o ouviu perguntar, ainda de olhos fechados.

– Tava te esperando. – respondeu com a voz rouca, talvez pelas horas que passara chorando, ou talvez não.

– Pra que? – perguntou novamente, sem se mover. Enquanto ela ainda acarinhava os cabelos dele.

– Pra te mostrar o que eu sinto.

– Pensei que estivesse confusa.

– Olha pra mim – pediu. E ele atendeu, virando-se encontrou os olhos dela brilhando como nunca vira antes. Ela segurou-lhe as mãos, entrelaçando os dedos nos dele. – Nunca tive tanta certeza de algo em toda minha vida.

– Do que tem tanta certeza? – perguntou um tempo depois, com a voz tão mansa quanto pode.

– De que você me ama...- ele sorriu, ela sorriu junto e continuou. – E de que eu não consigo mais viver sem você.

Ele não esperou nem mais um segundo, puxou-a pela nuca a beijando com tamanha intensidade que Giane sentiu-se flutuar. Caiu por cima dele correspondendo ferozmente a um beijo que nunca fora tão esperado. Quando o ar se fez muito necessário se separaram ofegantes, um olhando nos olhos do outro, o que pareceu uma eternidade, toda certeza, todas as mudanças, todo amor bem ali visível, quase palpável. Giane estendeu o braço até o interruptor do abajur e o desligou, a luz da lua companheira era suficiente para ambos.

– Deixa eu te mostrar o quanto eu te amo – disse o olhando profundamente, afastou-se um pouco para conseguir ficar de joelhos na cama e despiu-se timidamente na frente dele, despiu-se de suas roupas, de seu orgulho, de suas duvidas e incertezas, e por aquele momento despiu-se do amor por ela própria, demonstrando assim o quanto estava entregue a ele e só a ele. Arfando fundo, paralisou enquanto esperava sua reação.

Fabinho estava maravilhado não só com a beleza daquela mulher, mas com a surpresa de uma entrega tão intensa. A última coisa que ele esperava era voltar pra casa e encontrar Giane o esperando de uma maneira tão singela. Admirou-a por mais um tempo até que não resistiu e a puxou para ele, a jogando na cama, beijando-a com paixão intensa e desenfreada, beijou-lhe todo o corpo, enquanto se deleitava com os múrmuros dela que só refletiam o límpido sentimento da entrega total a um amor.

Giane nunca se sentiu tão mulher em sua vida, nunca se sentiu mais completa e realizada. Estava num estado de topor maior, e sabia que só se encontraria desse jeito ali nos braços daquele homem que tanto odiava - por lhe fazer tão desarmada - mas também que tanto amara e amaria até o fim de sua vida.

E amaram-se loucamente perpetuando assim aquele sentimento. E naquela mesma noite o primeiro fruto daquele amor começara a se aconchegar lentamente no ventre de Giane.

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