Ergui a varinha.

– Quem.. – esforcei me para manter a voz firme. – é você?

Ele rosnou.
– Seu inimigo.

Assenti. O lugar estava carregado. O ar era puro medo.
– Com toda certeza. Parece nítido.

– Admiro sua inteligência. – ele me rodeava. Eu estava pronta para o ataque.

– Obrigada. – falei ironicamente.

– Ela não se compara a de ninguém. – ele rosnou de novo. Apareceram mais vultos. Eu tinha uma ideia de qual feitiço usar nessas ocasiões.

– Obrigada novamente. – falei.

– Sinto dizer, mas ela não será útil aqui.

Então ele e sua tropa de vultos negros atacaram. Ergui a varinha e deixei a lembrança me invadir.
O dia que conheci Malfoy, e ele sorriu para mim, crianças inocentes que não sabiam nada sobre diferenças, que não as levavam em conta, simplesmente queriam se conhecer.
– EXPECTO PATRONO!

Um escudo de energia positiva os empurrou para longe de mim. Corri. Espero que Gina esteja se virando bem. A minha direita, um pouco mais a frente eu vi a luz do patrono dela.

Gina, sempre esperta.

Fiquei feliz, provavelmente agora ela também estava correndo em direção a saída.

Corri mais rápido. Olhei para trás, foi um erro grave. Avistei os fantasmas ao longe mas tropecei em um papel. Peguei o papel e levantei-me, nessa fração de segundo quase me alcançaram.

Alcancei o hall de entrada e Gina veio logo depois.
Varinhas em punho, de costas uma para outra. Posição de ataque. Para sair tínhamos que conseguir subir as escadas sem eles no nosso encalço.

O papel ainda estava colado na minha mão.

Por algum motivo eu não queria solta-lo.

++++

– Ninguém leva nada daqui sem autorização Lux pythonissam.

Sorri, serei a primeira.
– ESTUPEFAÇA! – eu e Gina gritamos juntas.

Foi automático. Corremos para as escadas.

Quando fechamos o alçapão estávamos suadas e arfando.

– Nunca subi escadas tão rápido. – declarou Gina com a respiração pesada.

Concordei com a cabeça.
– O que eram aquelas coisas?—perguntei.

– Não sei, apareceram quando a gente gritou.

Ela olhou para minha mão. Franziu o cenho.
– O que é esse papel?

Olhei para minha mão.
– Tropecei nele.

Ela estendeu a mão, entreguei o papel a ela. Gina abriu e começou a ler.
– Está em latim.

– Como você reconhece latim?

– Meu pai xingava em latim quando minha mãe chateava ele.

– Que maneira linda de ensinar latim para a filha.

Ela riu me entregando o papel.
– Claro.

Li:

In una dierum, et prophetia,
paenituit tenebrae
Pugnam redire ad lucem gentium
Oblitus operam exposcunt pages
Oblivisci somnium nocte et die, et dedit
Ducta est dilectus hostem
Sed in memoria non delebo
Et vindictam succedere
Finalis dabo tenebras
Et lumen ejus.

Olhei para Gina.
– Sabe onde encontrar um dicionário de latim?

– Eu tenho um. Vamos para o dormitório.

O texto acabou assim:

Um dia dado à profecia
Trevas arrependidas
Unidas à luz prestes a voltar ao campo de batalha
Páginas esquecidas clamam por atenção
O dia dado à noite e os sonhos esquecerão
O amado o inimigo tirará
Mas as memórias nunca apagará
E vingança sucederá
Luz as trevas um final dará
Ou a luz apagará.

– Onde você achou? – perguntou Gina.

– No chão, tropecei nele.

Ela me olhou.
– Não foi uma coincidência.

Olhei-a.
– Nunca é.

– É Hermione, acho que essa é a sua profecia.

Engoli a seco.
Nada na minha vida era por acaso, afinal. Agora eu só teria que desvendá-la.