Eren

Hoje era sábado, ou seja, dia de faxina. De novo. Tínhamos que fazer faxina um dia sim e outro não... Caramba. Isso era tão irritante. Levi seria uma pessoa melhor se não fosse tão viciado nisso. Se bem que isso não faria tanta diferença, eu continuaria o admirando cada vez mais.

Suspirei terminando de recolher as roupas do Cabo. Pelo menos dessa vez eu só tinha que recolher roupas, dobra-las e levar aos quartos de seus respectivos donos.

Bem, era uma tarefa incrivelmente chata, mas era melhor do que esfregar banheiros de escovinha ou tirar pó das instantes de livros mais altas da biblioteca.

Arrumar as roupas de Levi provavelmente seria minha ultima tarefa do dia, mas mesmo assim isso continuava sendo uma coisa difícil, afinal ele sempre implica com tudo que eu faço em relação à limpeza. Não importa o quão bem eu faça, ele sempre diz que fica ruim ou tem uma macha, então nem perdia mais tanto tempo tentando agrada-lo e fazer tudo perfeito; já que não importa que tarefa fosse, ele iria dizer que ficou um lixo e me ensinaria a fazer mais uma vez. Me confortava o fato de eu não ser o único com quem ele implicava.

Dobrei calmamente as peças, sorrindo aliviado ao terminar o serviço.

Sempre quando me colocam para cuidar das roupas eu fico encarregado de cuidar das de Levi. Diziam que se eu fizesse errado eu seria o que menos iria me importar, já que eu era o mais estava acostumado com a personalidade dele e que não me importava muito pela sua violência, então falavam que eu era o melhor a fazer isso. Ou era eu ou Petra, mas se ela lavasse ela ficaria abraçando e cheirando as roupas do superior. Isso era muito estranho.

Sai da lavanderia e fui andando pelos corredores em direção ao quarto do meu superior. Cumprimentei algumas pessoas que estavam fazendo limpeza, eles pareciam bastante irritados, como se estivesse fazendo aquilo pela 4° vez — o que era uma coisa bem provável.

Cheguei em frente ao quarto de Levi, dando leves batidas na porta. Como ninguém respondeu, bati com um pouco mais de força. Silêncio novamente,

Isso foi estranho, eu tinha certeza que Levi tinha entrado no quarto uma hora antes e ainda não havia saído. Perguntei para algumas pessoas que estavam limpando o corredor ou passavam por ali sobre o paradeiro de Levi e todas me diziam que não tinham o visto circular, só tinham o visto no quarto.

Revirei os olhos enquanto decidia que iria entrar e largar as coisas ali. Sim, eu sabia que ele iria me xingar por estar violando a privacidade dele e essas coisas, mas não estava afim de ficar para lá e para cá com as roupas dele na mão. Provavelmente iria sujar de novo e eu não queria lavar mais outra vez.

Girei a maçaneta abrindo a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível. Quando adentrei totalmente o quarto a fechei , procurando Levi com os olho. Até que o vi dormindo na cama. Ele estava numa posição engraçada, parecia que estava se levantando da cama e caiu no sono. Ele estava tão bonitinho daquele jeito que achei melhor não acorda-lo.

Deixei as roupas em cima de uma mesinha que estava numa das pontas do quarto.

Quando estava prestes a sair, comecei a observa-lo com o canto do olho. Quando ele estava dormindo ele parecia até um anjinho, não lembrava em nada a pessoa estressada e irritadiça que geralmente era.

Comecei a me aproximar dele cada vez mais e mais, sentando na ponta da cama. De perto ele ainda era mais amável. Senti meu rosto arder. O que eu estava pensando? Ele era meu superior e éramos homens! Sem chances ficar tendo esse tipo de pensamentos sobre achar um homem amável.

Quando estava prestes a me levantar, notei que ele soltou um murmúrio irritado. Deveria estar desconfortável naquela posição. Calmamente, peguei suas pernas e as coloquei em cima da cama, cobrindo-o com o lençol. Foi então que eu notei o quão confortável a cama de Levi era comparado a minha. Dei uma rebolada, ela parecia ser como uma nuvem. Isso foi uma comparação besta, mas de qualquer forma, eu não consegui resistir; era quase uma obrigação me deitar nela.

Céus, aquilo era com o paraíso. Só de me deitar ali senti sono, sem falar que eu relaxei ali quase automaticamente.

Por um momento, senti inveja do Cabo por ter uma cama tão boa, enquanto a minha era um colchão velho (mas limpo, porque né) que acabava com as minhas costas.

Enquanto devaneava sobre como meu colchãozinho era uma droga, senti uma movimentação ao meu lado. Na hora eu gelei.

Merda, merda, merda!

Se Levi acordasse e me visse ali provavelmente me bateria como nunca bateu antes... Não sabia o que fazer, bem, sabia que deveria dar o fora dali, mas se ele me visse...

Por fim, decidi que om melhor era ficar completamente parado, observando-o com o canto dos olhos.

No fim, ele só se virou para mim e relaxou novamente, murmurando alguma coisa enquanto dava um mini sorriso.

Estava tão entretido relaxando e suspirando aliviadamente que quasenem notei que estava com minha mão em cima da de Levi, será que era por isso que ele tinha se virado e sorrido? Provavelmente não, o que era uma pena pra m...

Opa. Chega de pensamentos estranhos.

Pensei se deveria afastar minha mão da sua, mas quando vi seus dedos longos e finos se mexerem, minha vontade foi exatamente a contrária.

Sem perceber, comecei a acariciar a sua mão, entrelaçando nossos dedos. Aquilo me deu uma sensação tão boa...

Estava sentindo o sono me invadir, mesmo sabendo que deveria sair dali, já que se o Cabo me visse dormindo e ainda por cima de mãos dadas com ele, provavelmente me mataria.

Mas por um momento, mandei um super foda-se para os meus pensamentos e resolvi me entregar ao sono.

Se ele acordasse, nos visse de mãos dadas e ficasse furioso, será que se eu falasse algo parecido com "nada de viadagens" para ele minha situação melhoraria?

Levi

Abri os olhos lentamente, sentindo vontade de fecha-los e voltar a dormir. Eu sabia que não deveria, foi um erro eu dormir assim do nada, principalmente em dia de limpeza. Mas não tive escolha, estava tão cansado por causa dessa noite...

Odeio Hanji e suas perguntas escrotas que não me deixavam dormir. Sem falar que ela falava coisas sem sentindo, ela falava que provavelmente eu estava me apaixonando pelo Jaeger... Levando em conta meus sonhos, isso não era tão impossível.

Mas isso não muda o fato de que ela deveria ficar na dela.

Me sentei na cama sonolento, sentindo algo apertar meus dedos. Olhei para o lado, logo notando um Eren deitado ao meu lado, esparramado na cama, provavelmente babando meus lençóis e de mãos dadas comigo.

Ok, que porra é essa?

Arqueei as sobrancelhas.

Qual era o tipo de problema que o moleque tinha por fazer algo ridículo assim?

Eu estava com uma puta vontade de soca-lo até sua cara ficar azul... Isso dever ser culpa da Hanji! Aquela quatro olhos irritantes, juro que a mato da próxima vez que a ver...

Olhei novamente para o moleque, pronto para acorda-lo e dar para ele o pior castigo de todos os tempos. Mas, ele parecia tão bonitinho daquela forma... Duvido que eu teria coragem.

Tenho que admitir, por mais que Eren seja um pirralho tapado e irritante ele não era de todo feio e eu no fundo (mas bem no fundo, obrigado) apreciava sua companhia, ele falava tanto que me descontraia, mas era algo diferente de Hanji... Ele não era tão irritante.

Fiquei o observado por alguns segundos, até que sem notar fixei meu olhar em seus lábios, engolindo em seco. Eles estavam rosados e entreabertos, tão convidativos. Mas eu não faria aquilo... Faria? Ah, quem se importa? O pirralho pegou em minhas mãos sem minha permissão, sem falar que ele tem sono forte, nem perceberia.

Me debrucei sobre ele, inicialmente rocando nossos lábios, mas logo aprofundei o contato. Ah, os lábios dele eram tão macios e quentes... Melhores do que eu imaginava. Eu realmente poderia ficar daquele jeito por bastante tempo.

Notei que ele estava se mexendo, então me separei rapidamente, voltando a me deitar na cama, virando de costas para Eren.

– Bem, que mal tem se eu dormir pelo resto do dia? – Murmurei para mim mesmo, virando-me para ele. Notei que ele estava dando um sorrisinho. Revirei os olhos, sentindo ele enlaçar minha cintura e me puxar para mais perto dele. Moleque maldito.