Devil Days escrita por Breno Gimenez


Capítulo 7
Atlanta, here we go! (tuts tuts tuts)




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A saída épica do velho teria sido mais épica se ele não soltasse uma leva de peidos logo em seguida. Os três sobreviventes caminharam pelo quarteirão e logo encontraram uma caminhonete com cabine dupla, o que os surpreendeu por finalmente poderem viajar com um pouco mais de conforto para cada um deles. Pela primeira vez, o velho se ofereceu para dirigir, seus olhos estavam mais pesados do que o normal e o rosto pálido, algo realmente estranho deve ter acontecido naquela mercearia, mas nenhum deles queria perguntar.

Entraram no carro, com Alex no banco da frente ao lado do velho e Dilan se deitou nos bancos de trás, por mais que ele tentasse esconder, ele estava destruído pelo cansaço e precisava dormir. O velho por sua vez, fez uma ligação direta no carro e engatou a primeira marcha. Alex continuava encarando o velho discretamente, sempre que tinha a oportunidade, a situação em que ele se encontrava realmente a preocupou, não por ele, mas por ela.

O veículo passou por toda a cidade, saindo do centro e chegando na sua região mais periférica, mas algumas vezes mudando seu curso, sempre que avistavam algum grupo grande demais pelo qual eles não pudessem esmagar com a parte frontal bem protegida do carro. Dilan já tinha se deitado no banco traseiro, e pego no sono. Dormia que nem um bezerro. Poucos minutos depois, alcançaram a auto-estrada.

Duff não tirava seus olhos da estrada. Isso era realmente assustador, sua respiração começara a fazer alguns barulhos que eles nunca ouviram antes e suas mãos começaram a ter crises de tremedeiras. Por sorte, todas as pistas estavam vazias, pois caso contrário, já teriam batido alguns milhares de vezes. Alex continuava o observando.

A garota já esperava pelo pior. Começou a estudar as reações do velho, sua mudança quase que instantânea, e a garota já era vivida. Já tinha visto isso com vários de seus amigos no passado, não esperava ter de passar por isso novamente.

– Precisamos parar... Eu preciso ir ao banheiro.

O velho falou pela primeira vez com clareza, desde que se conheceram. Ele não tocava mais em nenhuma garrafa de cerveja, o que foi mais estranho do que suas reações.

– Ali – Disse Alex – Uma lanchonete, com certeza deve ter algum banheiro.

O velho não pensou duas vezes e reduziu a velocidade. Dilan acabou acordando quando quase caiu do banco e logo se recompôs. O velho estacionou o carro em frente à porta de entrada e os três desceram.

Dilan entrou com suas mãos nos bolsos, mas não para demonstrar descontração, mas sim, pois não queria tirar as mãos das suas armas. Alex, por sua vez, revirou algumas prateleiras até que achou algumas barras de cereal. Ela já estava acostumada a viver daquilo e além do mais, não tinha nada melhor. Ela comeu uma ou duas e continuou perambulando pelo ambiente.

O velho continuava assustado. Ele foi direto para o banheiro e se trancou.

– Eu não acredito nisso...

Disse ele levantando a manga de seu braço esquerdo, onde estavam as marcas dos dentes. O sangue já tinha parado de circular naquela região, e por isso a quantidade de sangue que saia era quase nula. Ele tentou conter mais uma crise de tremedeira e manter sua respiração estabilizada, mas era realmente difícil. O sangue em suas veias estava esfriando e seu coração cada vez mais acelerado, as mudanças se tornaram cada vez mais intensas e pior do que isso, visíveis.

Dilan continuava com aparência zumbi (entendeu, tendeu?). Seu sono ainda era incontrolável, então voltou para o carro e trancou as portas traseiras. Dentro do estabelecimento, o velho tinha acabado de sair do banheiro e andou até os congeladores, já que a cerveja do carro tinha acabado nas últimas vinte milhas.

Logo que chegou até as geladeiras, Alex se aproximou do velho.

– Ei, ahm... Duff Né? Você está bem?

– Sim garotinha, estou ótimo. – Ele falou com um sorriso pesado no rosto, com se a alma estivesse saindo de seu corpo.

– Aham... E essa marca no seu braço surgiu magicamente.

Puta que pariu, ele se esqueceu de puxar a manga. Agora não tinha mais volta, ela sabia. Não tinha o que falar, nem o que fazer, então o velho tomou a decisão mais sábia. Pegou uma garrafa de cerveja, tirou a tampa e a levou até a boca, matando em um gole só.

A garota puxou a arma do cinto, com a mão tremendo. Ela não era fã das atitudes do velho, mas não queria que isso acontecesse, não dessa forma pelo menos. Ela ergueu o revolver de calibre .38 e mirou na cabeça do velho. Ele deu um último gole na garrafa e a segurou na ponta dos dedos.

– Pew...

Essas foram as últimas palavras do velho. A garota puxou o gatilho e nada mais se ouviu, além de corvos ao lado de fora do restaurante. O corpo do velho ficou estendido no chão, e sua garrafa estilhaçada ao seu lado.

Alex guardou sua arma e saiu da lanchonete poucos segundos depois entrou no carro, no banco do motorista. Dilan acordou com o barulho da porta se fechando.

– O que aconteceu? – Perguntou Dilan com a voz abafada, por estar com a cara amassada em um dos bancos –

– Nada Dilan, nada...

Ela tentou esconder a reação do melhor jeito possível, o garoto ainda estava cheio de sono, então não insistiu na pergunta e logo dormiu. Alex assumiu o volante e seguiu com a viagem. O tempo não iria parar até ela resolver que tinha tirado aquela imagem da cabeça. E o carro seguiu, com um membro a menos, em direção à Atlanta, como se nada tivesse acontecido, mas ela sabia que o garoto acordaria com a questão em mente.


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