(...) e é por isso que escrevo essa carta, com os fins de você finalmente entender o que eu sinto por você.

Com todo amor desse mundo. Haruno Sakura

Estava feito.

Pensei seriamente em mudar algumas coisas, mas não era hora de pensar em deixar a carta bonita, esteticamente falando, Temari mesmo disse que o irmão mais novo não curtia meninas frescas e mimadinhas.

Okay, escrever uma carta não é a melhor forma de mostrar que eu não era assim, mas era a única que eu havia encontrado.

Porque eu sabia que se tentasse falar olhando em seus olhos, eu perderia toda a coragem, que eu já não possuía em excesso.

...

Estacionei meu Smart numa vaga próxima à entrada da faculdade. Encarei Ino e Hinata, minhas melhores amigas, vindo em minha direção.

- Hey rosada! – Hinata cumprimentou, de uns tempos pra cá, eu acho que ela tinha mudado um pouco, soltando-se mais.

- E ai testuda! Como foi o fim de semana? Escreveu a carta? – Ino quis saber.

- Escrevi! – disse eu tirando o envelope vermelho da bolsa.

- Que lindo! – Hinata exclamou.

Ouvimos um grito agudo e depois risadas.

Era o grupo nojento da faculdade. Às vezes parecia que estávamos no colegial de novo, alguns simplesmente não cresciam, não dá pra mudar as pessoas, afinal.

- Aqueles infantis! – Ino exclamou cruzando os braços em reprovação. Recostando-se no meu carro depois.

- Não sei como não foram expulsos da faculdade ainda! – Hinata completou. Recostando-se ao lado de Ino.

- Eu sei! No meio deles está o “príncipe” Uchiha! O pai dele é sócio da faculdade – eu disse ao outro lado de Ino. – não sei como tia Mikoto e tio Fugaku podem ter um filho tão inútil como o Sasuke! – eu falei quase cuspindo o nome dele.

- Tinha me esquecido desse fato! – Ino pronunciou.

O sinal foi ouvido e começamos a caminhar na direção do laboratório, hoje a primeira aula seria anatomia humana.

- Não sei como vai trabalhar com isso se tem nojo Ino! – Hinata dizia enquanto subíamos as escadas da faculdade, a sula seria no terceiro andar e ainda estávamos no primeiro lance de escadas.

- Gente, eu não tenho nojo, é só que em plena segunda e eu não tomei café! – a loira reclamou conosco.

- E ai meninas! – disse Neji, primo de Hinata, chegando ao nosso lado e passando as mãos no ombro de Ino. Eles estavam saindo por esses dias.

Neji pertencia ao grupo do Sasuke, mas ele era legal com a gente, mas por causa da Hinata e agora, da Ino.

- Meninas, eu vou estudar na biblioteca com o Neji! – Ino sorriu maliciosa para o “ficante” e eu ri.

- Anatomia, desconfio! – Hinata brincou.

- Em alto relevo! – eu completei soltando uma risada, junto com minhas amigas e Neji.

Entrei na sala com Hinata, sentamo-nos na primeira fila, sobrava o lugar de Ino, damos a desculpa que ela tinha uns trabalhos atrasados.

...

Na hora do intervalo eu resolvi que tinha que encontrar Gaara e entregar a carta pra ele. Hinata me encorajou e fui ao encontro do ruivo, que estava com o irmão mais velho perto da piscina olímpica da universidade.

- Oi Sakura! – Kankuro cumprimentou-me e Gaara me encarou depois.

- Hey meninos, Gaara posso falar com você? – inquiri um pouco envergonhada e ele veio até mim e me puxou pra um canto sem ninguém.

- Pode dizer! – gentilmente ele me sorriu.

- Queria te entregar uma coisa... – eu disse abrindo minha bolsa e procurando o envelope vermelho. Que eu não estava encontrando.

- O que é? – ele inquiriu curioso.

Eu procurava feito doida na minha bolsa, abaixei e joguei tudo no chão e nada, a carta não estava ali.

Então num plano de fuga estranho, peguei um convite pra festa da Ino que estava na minha agenda e entreguei pra ele.

- Vai ser nesse Sábado e espero que você vá, será na casa da Ino, pode me ligar se precisar de ajuda pra ir até lá!

- Só se eu precisar de ajuda pra descer pelo elevador. Moramos no mesmo prédio! – ele disse e eu fiquei mais uma vez envergonhada.

- Desculpe, me esqueci! – eu disse sorrindo. Mas, eu queria mesmo chorar! E encontrar a carta, claro.

- Nos vemos lá. – ele disse e saiu de perto.

Abaixei de novo, mas dessa vez pra colocar as coisas dentro da bolsa. Hinata veio até mim.

- E ai, como foi? – ela inquiriu me ajudando a colocar as coisas na bolsa.

- Péssimo! – disse eu com as teimosas lágrimas inundando meus olhos. – eu não sei onde coloquei a carta!

- Não está no carro? – Hinata levantou.

- Não, eu me lembro de ter colocado no caderno, no fim da aula e... – eu limpei os olhos com as costas das mãos. – Hina, perdi a carta em algum lugar da faculdade!

A encarei assustada e comecei a refazer meus passos antes de estar ali.

Nada.

Naquele momento eu percebi que estava completamente perdida.

...

As outras aulas passaram como se fosse um nada. Hinata ficara de me passar as matérias depois, por que nem mesmo copiei o que os professores passavam.

Quando caminhava para o estacionamento vi ao longe alguém encostado no meu carro.

O que é isso?! Meu carro agora virou poste? Pensava enquanto caminhava a passos pesados pra lá.

Ao me aproximar mias vi que era Sasuke encostado no meu carro. Ora essa! O que esse marginal delinquente fazia ali?

- O que você quer aqui? – inquiri já sem paciência.

- Calminha priminha! – ele sorriu travesso. – só quero conversar com você!

- Primeiro, nós mão somos primos! Segundo, pra existir uma conversa é preciso que duas pessoas troquem palavras, argumentos, como não quero fazer isso com você, então nada feito! – eu disse vendo ele cruzar os braços tranquilamente depois. – agora, se me der licença... – eu disse tentando fazer com que ele se tocasse e saísse da frente da porta do meu carro.

- Nós vamos conversar sim, bonitinha! – ele pegou meu braço e segurou firme.

Tirou um envelope do bolso e quando eu notei o que era meus olhos dobraram de tamanho.

- Isso é meu! – exclamei tentando pegar, mas ele apertou mais meu pulso.

- Eu sei bonitinha e eu li! – Lee me olhou friamente. O que me deu um pouco de medo.

- E o que vai fazer? – indaguei receosa.

- Ultimamente eu tenho pensado em ter uma criada sabe... E você se encaixa muito bem nesse papel! – ele dizia maldoso.

Soltou-me e começou a me rodear como se eu fosse uma peça rara no meio de uma exposição.

- E por que você acha que vou me submeter à isso? – inquiri juntando o pouco de coragem que eu tinha.

Uchiha Sasuke, era lindo, tenho que colocar, mas dava medo.

- Eu tenho sua cartinha romântica e há não ser que você queira que caia nas mãos do Gaara acho melhor você fazer o que eu mando!

Ele me encarou maliciosamente e passou meus cabelos soltos pro outro lado do meu pescoço.

- Tem até amanhã pra decidir, Sakura. – ele disse e sorriu falsamente pra mim. Guardou a carta no bolso do sobretudo e saiu a passos largos ali.

Maldita hora que eu fui “me declarar” pra Sabaku no Gaara.