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Não houve estrondo nem batida. O carro simplesmente parou na estrada escura, os faróis acesos apontados para a floresta densa que cercava o caminho e a cabeça do rapaz pressionava a buzina, fazendo um grande barulho cortar o silencio da noite.

Não demorou muito até um dos carros que passavam notar algo de estranho. As luzes da ambulância alternando entre vermelho e azul tonalizavam o local poucos minutos depois. O homem e sua esposa que haviam parado para ajudar, aguardaram ansiosos o desenrolar da história. O homem desfalecido foi tirado do carro com cuidado pela equipe, a maca já ao chão aguardava para ser carregada até dentro do automóvel.

Desligaram o carro, que ainda tocava suavemente o CD do Bon Jovi, as luzes se apagaram, e a única coisa que iluminava o local era o telefone, caído no banco traseiro, vibrando com várias chamadas não atendidas.

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Thalia andava de um lado para o outro no grande salão, enquanto tentava ligar para o primo. Todos já estavam na festa, e Perseu decidira simplesmente não aparecer. Pegou uma taça com alguma bebida que passava na sua frente e virou de uma vez.

— Conseguiu falar com ele? - Nico chegou colocando uma mão no ombro da prima

— Não. Tio Poseidon já confirmou que ele não deu as caras por lá depois da pequena discussão deles. - ela desistiu da ultima ligação que caiu na mesma mensagem de sempre.

— O que Annie falou?

Thalia atravessou o salão para pegar um ar, seguida de Nico. A fachada do local era um arquitetura antiga, criando um aspecto muito elegante para a festa. Annabeth aparentava estar gostando, apesar de Thalia perceber algo de estranho nela.

— Que ele não parecia estar legal. Só deixou o endereço e saiu. Tenho certeza que tem dedo do Castellan por aí. - A morena escorou no parapeito - Ele sempre aparece nos momentos mais oportunos.

Nico riu sem graça. Odiava aquele menino desde sempre, principalmente quando descobriu que ele havia traído a prima com uma qualquer. Só não foi tirar satisfações com eles porque não deixaram ele pegar as chaves do carro. Se aproximou mais da garota, tentando passar confiança.

— Não se preocupe. Grover deve saber onde ele está. - o moreno pegou seu próprio telefone para ligar para o colega.

Thalia continuou ali ao lado, ouvindo a festa lá dentro acontecer como planejado. Nico se afastou para conseguir ouvir melhor o que o ruivo falava. Depois de um tempo ele voltou, visivelmente assustado. Ele desligou o telefone, despedindo de Grover, dizendo estar lá em breve.

— Disse que ligaram para ele. Encontraram o celular dele em um carro na saída da cidade. - ele guardou o celular - A pessoa ligou para ele por ser o número de emergência, ao que parece Percy não está bem. Grover não soube explicar, só que estão esperando ele na saída, com o carro ao lado.

A garota começou a sentir o desespero subir pela garganta. Não deveria ter deixado o primo sozinho, sabia que ia dar merda uma hora ou outra. Entrou novamente no salão, buscando a bolsa com as chaves do carro. As mão de Nico em seu ombro fizeram com que ela desacelerasse o passo.

— Thalia, espere. Eu dirijo, você não parece em condições. Seria até melhor se você ficasse aqui.

— Qual seu problema? Tente me segurar aqui que você não terá descendentes. - ela alcançou a bolsa, ignorando as pessoas que cumprimentavam-a.

Nico deu de ombros, mas insistiu na ideia de dirigir. Chegaram ao local pouco depois de Grover. Ele parecia conversar com um casal de meia idade, ao lado do carro de Percy. Mal Nico parou o carro e Thalia já pulou, se juntando ao pessoal.

— Então, onde está ele? - ela perguntou a Grover, que já segurava as chaves do conversível.

— Pelo que o Sr. e a Sra. Thompson falaram, ele foi levado a um hospital daquela cidade que fica aqui no entorno. - ele parecia mais nervoso do que o normal.

— Deus. - Thalia colocou a mão na cabeça - Precisamos ir para lá. Sabe chegar?

— Ainda não. - Grover falou, vendo Nico se juntar e pelo que sentia do clima, não estava nada bem - Mas o Sr. Thompson ia me explicar agora mesmo.

Thalia agradeceu mentalmente pelo casal estar ajudando. Aproximou do carro, vendo o celular do primo no capuz. O guardou para caso recebesse alguma ligação. Nico parecia ouvir as coordenadas para chegar até o local atentamente, e Grover dando mini-ataques de nervo, fingia entender algo também.

— Certo. Muito obrigado, não sei como posso agradecer o que vocês fizeram por nós e por nosso primo. - estendeu a mão para cumprimentá-los - Muito obrigado mesmo.

Thalia e Grover fizeram o mesmo. O casal assentiu agradavelmente, insistindo que anotassem o telefone para entrar em contato assim que tivessem boas notícias. Depois, seguiram para os carros, Thalia agora no de Percy, pois não poderiam deixá-lo lá. Não foi difícil encontrar o hospital, Nico foi na frente para guiá-los e pouco menos de meia hora já estavam na recepção, aguardando a senhora atendê-los.

— Um minuto! - ela disse, olhando a agenda no balcão por cima dos óculos de luinhas.

— Jesus, mulher. Esse hospital ainda guarda dados no papel! - Thalia comentou, ácida - Desculpe, sem pressão.

Ela confirmou, sem tirar os olhos quase fechados das anotações.

— Tem entrada sim. Um rapaz, pouco mais de uma hora atrás, chamarei o Dr. Humbert. Aguardem um instante, queridos. - dito isso se afastou.

Os três se jogaram em um conjunto de cadeiras na recepção, enquanto esperavam alguma notícia.

— Puta que pariu, temos que avisar tio Poseidon. - Nico disse, quebrando o silêncio.

— Droga. - Grover estava com a cabeça em meio as pernas, segurando ao máximo o desespero - Espere pelo menos termos notícias de como ele está. Poseidon vai ficar desesperado se dissermos que aconteceu algo sem saber a situação atual.

Thalia assentiu, concordando com o ruivo. O celular na bolsa tocava sem parar, alguém que havia notado sua falta na festa. Mandou uma mensagem rápida para Annie que estava resolvendo um problema de ultima hora. Não iria a preocupar em plena festa.

— São parentes do jovem Jackson? - um homem de jaleco branco apareceu do corredor, com uma plaqueta em mãos. Quando assentiram ele começou a falar - Tenho certeza que já são cientes da doença do Sr. Jackson. Ele teve uma crise, aparentemente não muito comum em situações cotidianas. Ele está estabilizado já, mas não posso liberar ele. Preciso que fique sobre observação durante a noite. Ele teve muita sorte por estar dirigindo, mas isso pode não se repetir. Creio que já tenham um médico particular, fiquem a vontade para chamá-lo. Recomendo que conversem com ele sobre algumas restrições para o Sr. Jackson. Não é fácil ouvir isso, mas seu estágio é avançado, todo cuidado é pouco.

Ele conversou mais um pouco com Nico, que parecia ser o mais equilibrado no momento. Thalia se afastou para esfriar a cabeça, tudo passava muito rápido em sua mente, e ela tentava acompanhar. Grover também parecia perdido em devaneios, até que Nico conseguiu chamar a atenção dos dois.

— Já liguei para Dr. Quíron, ele está vindo para cá o mais rápido possível. Por sorte ele está na cidade para um congresso. Tio Poseidon também está vindo, ele não pareceu nada bem, a gente precisa segurar as pontas por aqui.

O medico se aproximou novamente do grupo, avisando que poderiam visitar Percy no quarto dali a quinze minutos. Thalia assentiu e se ofereceu para ser a primeira. Entrou rapidamente, pelo primo estar desacordado e saiu, deixando que Grover entrasse. Depois de uns dez minutos, ouviram um barulho na recepção. Poseidon havia chegado. Os olhos inchados indicavam que andou chorando, ele ia em direção à mesma senhora, mas quando notou Thalia e Nico, veio em direção a eles.

Ele abraçou os dois, como não faziam a muito tempo, e ali mesmo desabaram.

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