#### 1 ano depois. ###

— Bom Dia vovó! Disse Carlos Daniel sentando-se a mesa de café.

— Bom dia meu neto! Disse dona piedade olhando o neto com pesar. Aquele ali em sua frente não era nem a sobra do que seu amado neto foi um dia. – vai a fabrica hoje? Perguntou dona piedade mesmo já sabendo a resposta.

— Não... vou ao hospital, vovó! Disse secamente olhando seu prato enquanto mexia na comida de forma distraída.

— ir ao hospital não te faz bem, meu neto! Disse dona piedade cheia de preocupação. – A 1 ano você todos os dias passa horas ali e sempre volta arrasado! Completou.

— ele vai acordar vovó! Disse Carlos Daniel a olhando pela primeira vez. – e quando isso acontecer vai me dizer para onde Douglas a levou! Disse a olhando de forma firme enquanto tentava inutilmente segurar as lagrimas que se acumulavam em seus olhos. – ele precisa acordar! Completou mais para si mesmo.

— já faz tanto tempo que a policia não consegue uma pista do paradeiro deles! Argumentou dona piedade tentando conter as lagrimas. – talvez... talvez a paulina esteja... morta! Disse cheia de pesar enquanto as lagrimas escorriam por seu rosto cansado. Carlos Daniel ouvia tudo em completou silencio. – você precisa seguir em frente meu neto... precisa... dizia dona piedade com a voz embargada, mas Carlos Daniel a interrompeu.

—NÃO... ELA NÃO MORREU, E NUNCA MAIS DIGA O CONTRARIO VOVÓ! Pediu a gritos desesperados enquanto se colocava de pé e saia a passos largos.

Carlos Daniel seguiu direto ate seu carro passando por Lalinha e Cacilda feito furação. Saiu cantando pinéus enquanto tentava apagar de sua mente imagens de sua paulina morta em algum lugar...  chegou ao hospital e nem precisou identificar-se já que era um visitante freqüente.

— você precisa acordar, Michel! Pediu Carlos Daniel aproximando-se do leito de Michel. – precisa acordar logo! Pediu o olhando em busca de algum sinal de compreensão do amigo.

— por favor, acorde! Pediu inutilmente, mas foi interrompido por seu celular que começou a tocar.

Carlos Daniel sentiu seu coração falhar uma batida quando viu no visor de seu celular que se tratava de uma chamada de Edmundo, ele ligava todos os dias sem nenhuma noticia e Carlos Daniel rezava para que ele tivesse uma noticia do paradeiro de Paulina quando o chamava.

— Edmundo! Disse Carlos Daniel em tom ansioso, podia ouvir as batidas de seu coração em sua cabeça.

— Olá Carlos Daniel... bom eu... estive falando com dona piedade! Disse Edmundo em tom preocupado.

— ah... é isso, não precisa se preocupar, sabe como a vovó é! Disse sentindo a tristeza tomar conta novamente. – você...você tem alguma novidade? Perguntou, como sempre tem feito nesses 12 longos meses.  Não sabia mais quantas vezes poderia se decepcionar com uma negativa do amigo.

— Não... ainda não temos noticias! Disse seriamente. – mas estamos procurando!

— certo... então depois nos falamos! Disse desligando antes mesmo que Edmundo pudesse se despedir.

Carlos Daniel sentou-se numa cadeira próxima a cama onde Michel permanecia em sono profundo ligado as maquinas que o mantinham vivo. Olhar Michel naquele estado era o que mantinha sua mente sã. Enquanto aquelas maquinas ficasse apitando significava que sua paulina talvez também estivesse lutando para viver.

— isso é loucura! Disse a si mesmo enquanto olhava os monitores cardíacos de seu amigo. – talvez tenha chegado a hora de você finalmente descansar, Michel! Disse o olhando enquanto sentia seu olhos se encherem de lagrimas. – juro que não vou ficar com raiva de você ir sem me dizer onde paulina pode estar! Completou tristemente. – se é que você sabe onde ela pode estar! Disse olhando o amigo.

— talvez vovó tenha razão... já se passou tanto tempo!  Disse mais para si mesmo. – talvez tenha chagado a hora de você partir e eu desistir de procurá-la... se ela estivesse viva já teríamos a encontrado. Completou pensativo. – uma pessoa não desaparece assim...

Carlos Daniel permaneceu mais um tempo ali em silencio olhando o nada... mas não poderia ficar ali para sempre, precisava ir para casa precisava seguir em frente como sua avó lhe disse essa manhã. Paulina gostaria que fosse assim, Carlos Daniel tinha certeza disso.

Carlos Daniel saiu do quarto sem olhar para trás, não era necessário uma despedida, seu amigo nem ao menos poderia ouvi-lo. Como fazia todos os dias Carlos Daniel saiu sem olhar ou falar com ninguém. e ninguém ousava cumprimentá-lo, não tiveram um bom histórico de convivência desses meses que Carlos Daniel freqüentava aquele hospital.

Do lado de fora sol brilhava forte, era uma manhã bonita, para quem não estava com a alma tão sombria quanto a de Carlos Daniel que caminhou a passos lentos ate seu carro estacionado a apenas alguns metros dali.

Carlos Daniel sentou-se a frente do volante olhando aquele objeto como se não soubesse como usá-lo. Tinha chegado a hora de deixar tudo para trás, sabia disso, não poderia viver assim para sempre.

Antes mesmo que pudesse ligar o carro seu celular mais uma vez tocou... era vovó piedade e depois das discussões que tiveram essa manhã pesou em não atende-la, mas mesmo querendo negar tinha que entender que vovó só queria seu bem acima de tudo.

— Alô! Disse rendendo-se a preocupação de sua avó.

— meu neto! Disse uma dona piedade em prantos do outro lado da linha.

— vovó... a senhora esta bem? Perguntou preocupado.

— ela esta aqui meu neto! Disse uma dona piedade totalmente fora de si. – ela esta aqui...

— quem vovó... quem esta ai? Perguntou Carlos Daniel sem poder entender o que sua avó dizia e sua preocupação aumentando cada vez mais pelo estado emocional de sua avó que estava visivelmente conturbado.

— venha para casa, Carlos Daniel, por favor, venha logo... ela esta aqui! Disse dona piedade.

— QUEM ESTA AI VOVÓ? Perguntou alterando-se. – quem esta... dizia, mas a ligação foi cortada antes mesmo que pudesse concluir sua pergunta. – DROGA! Disse dando a partida rapidamente e colocando seu carro em movimento.

#### Mansão Bracho #####