Vidas Em Guerra - O Falcão e o Lobo escrita por A Granger


Capítulo 17
Difícil missão


Notas iniciais do capítulo

Antes de me odiarem ou qualquer coisa....Por favor...Leiam o que vou deixar ao final desse cap e no começo do que vou postar daqui alguns minutos....Eu imploro que façam isso.



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POV Sarah

A pura verdade: eu não acreditava realmente quer voltaria. Lembro-me de uma vez, conversando com Dalton e Phillip, Dalton havia me dito que animais selvagens sabiam quando a morte se aproximava deles e por isso se afastavam do grupo. Phillip riu achando graça daquilo e uma discussão sobre os prós e contras daquela teoria se instaurou sobre os dois enquanto eu calmamente assistia. A verdade é que nenhum deles conseguiu chegar a uma conclusão que convencesse ao outro. No entanto, naquela hora, enquanto eu me afastava do castelo real e dos meus filhos, essa conversa voltou-me a mente. Nos anos em que eu viajei caçar era, muitas vezes, a única forma de conseguir comida quando as cidades possuíam muitos dias de viagem entre uma e outra. Por diversas vezes eu vi grupos de corsas e veados, por várias vezes também notei que os mais fortes agiam como protetores, mas, quando as minhas flechas voavam na direção deles, não eram esses mais fortes que acabavam sendo acertados. Eram os mais fracos e velhos que se mantinham em seus lugares nessas horas enquanto os outros fugiam.

Dalton no fim talvez tivesse a razão naquela discussão. Animais selvagens sabem quando a sua hora chega, mas eles não desistem sem luta. Eu sentia que voltar não estava entre as possibilidades, mas eu iria lutar contra isso. Mas no fundo, cavalgar sem olhar para trás naquele dia foi duro; nunca tive tanta vontade de dar uma ultima olhada para o que estava deixando quanto naquele dia, mas se eu iria lutar então faria como sempre faço. Eu não olhei.

A cavalgada foi longa, cansativa e solitária como não era a muito tempo. A mensagem com as ordens de Elizabeth ia em meu bolso e a memória das minhas ultimas palavras à ela na minha mente. Ainda não sabia se havia sido uma boa escolha, mas meu instinto dizia que sim. Se eu não retornasse; Aria só receberia aquela carta depois de algum tempo. Depois que Elizabeth sentisse que ela estava pronta para as minhas ultimas palavras à ela. Sabendo o que sabia sobre a Cigana eu duvidava que minha amiga errasse a hora de entregar aquilo. Mas eu tentava evitar pensar em como minha filha reagiria; até porque as possibilidades eram imensas. Aria nunca foi uma criança previsível.

Pouco mais de 10 dias depois de partir eu finalmente cheguei ao acampamento do batalhão de Clinfort. Foi o próprio quem me recebeu logo depois de um soldado segurar as rédeas da minha égua e leva-la para um estábulo improvisado depois de eu descer. Fui conduzida até a tenda central onde Clinfot estava com os outros comandantes. A captura de John parecia ter deixado tudo uma bagunça, mas o pior era o medo que eles sentiam. John acabava por ser sempre o comandante de todos os homens de Clinfort, o que resultava no fato dele conhecer detalhadamente cada formação e informação sobre grande parte do exército do Reino o que estava deixando muitos deles em pânico com a possibilidade de que a tortura dos captores pudesse retirar de John aquelas informações.

Me mostraram mapas, relatórios e todas as informações que acharam necessárias. Três quartos delas eram inúteis pra mim, mas eu deixei que o fizessem enquanto pensava em um plano. O lugar onde John estava sendo mantido não era realmente distante, era na verdade muito próximo da linha de batalha. O que poderia ser uma boa estratégia por permitir que as torturas acontecessem próximas aos que queriam e usariam as informações, mas também poderia ser uma péssima ideia no caso de algum ataque. Eu pretendia fazer com que aquilo tivesse sido uma péssima ideia.

O lugar era cercado por um campo aberto para evitar aproximações despercebidas. Cavalos poderiam ser uma boa ideia como também uma péssima já que eu não sabia o quão atentos os vigias seriam, então optei por uma aproximação à pé. O grupo pra isso teria de ser incrivelmente reduzido o que aumentaria consideravelmente as chances de não conseguirmos invadir. Entretanto, depois de entrar no complexo deles as coisas seriam incrivelmente simples, ao menos para mim. Sair é que seria o problema. A proximidade com o exército inimigo fazia a facilidade de reforços deles aparecerem ser muito grande.

Passei o resto daquele dia recrutando soldados. Testava-os, fazia perguntas, interrogava os comandantes. Foi um trabalho chato, mas eu precisava escolher e saber quem estaria levando comigo. Por sorte parecia que a minha fama de boa guerreira também existia por aqui o que me garantia, no mínimo, respeito. No fim do dia reuni os 10 homens que viriam comigo, um grupo com a metade do tamanho que o que John usou para resgatar Clinfort e os outros comandantes o que gerou sérias dúvidas.

O dia seguinte foi de planejamento. Mandei homens para todo o entorno do lugar vigiar durante a noite e o começo da manhã e ao meio dia eles já estavam de volta com as informações que eu poderia usar. Juntei todo o grupo e, em volta de um mapa esquematizado que eu fiz com as informações que consegui naquela manhã eu expliquei a eles como iriamos agir. Depois os dispensei para descansarem porque partiríamos ao anoitecer para chegarmos ao lugar onde deixaríamos os cavalos à maia noite; numa noite de lua nova o que me ajudaria muito.

Naquele meio tempo eu fiz algo que deveria ter feito quando ainda estava na Capital do Reino. Escrevi mensagens para certas pessoas. Eu sempre tive muitos contatos que me enviavam mensagens com informações sobe todos os cantos do Reino. Ter feito tantas missões pela Academia me ajudou com isso e ter Phillip e Dalton por perto ajudava muito a manter a confiança desses contatos. Escrevi a eles dizendo para continuarem a enviar informações para a Capital do Reino dessa vez e procurarem por meu filho mais velho para entrega-las. Tommy conhecia a grande maioria deles mesmo, não haveria problemas para ele receber as mensagens.

Enviei também outras três cartas. Para Phillip, Dalton e Nathan que, pelo que eu sabia dos três, estavam comandando diferentes batalhões. O resto dos integrantes do meu batalhão da Academia tinham paradeiros menos específicos. Sabia que a maioria deles estava sob o comando de um desses três, mas um ou outro eu não sabia o que haviam feito da vida. Nas cartas eu escrevia a eles pedindo que me encontrassem em três semanas na Capital do Reino junto com todos os que haviam feito parte do Esquadrão Rapina, se fosse possível é claro. Esse era um tempo razoável para que eles conseguissem as permissões e pudessem viajar até a Capital.

Se eu voltasse viva, eu queria eles lá para apresenta-los à Aria e à Tommy e pediria permissão à Elizabeth para designar todos eles para ficarem sob meu comando para que eu voltasse ao campo de batalha para fazer algo definitivo nessa guerra. Se eu não voltasse......bom, eles conheceriam Aria e poderiam se despedir de mim. Fora que tenho certeza de que iriam tentar guiar e ajudar a minha filha. Sei que eles fariam bem à ela. Quando terminei e as enviei por mensageiros me permiti descansar. A noite seria muito longa.

–--------X------------

Tudo aconteceu muito rápido como tinha que ser, infelizmente o imprevisto também seguiu a mesma velocidade. Eu e mais dois nos aproximamos dos muros de madeira feitos em volta do complexo que eram apenas 4 casas mal construídas. A noite sem lua nos ajudou a mantermo-nos escondidos no mato alto. Surpreendemos os vigias da entrada e meu grupo de 10 conseguiu entrar com relativa facilidade. Dois seguiram comigo enquanto o resto tinha que achar e incapacitar todos os inimigos ali dentro, nenhuma palavra foi dita lá, eles já tinham suas ordens desde que saímos do acampamento. Não eram tão bem treinados quanto meu antigo esquadrão havia sido, mas foram bem o bastante para cumprir o que eu precisava que cumprissem.

Os primeiros gritos de alarme foram dados quando eu já estava dentro do lugar onde estavam os prisioneiros. Aparentemente John não era o único. Fiz os mais inteiros ajudarem os mais fracos junto com os soldados que vieram comigo enquanto eu procurava John. O encontrei numa cela mais ao fundo, sozinho e completamente destruído. Eram tantos cortes nas roupas dele que elas estavam mais parecendo retalhos do que roupas propriamente ditas. Havia sangue seco em praticamente cada pedaço de pano, exceto naquelas partes onde as roupas haviam sido chamuscadas e queimadas junto com a pele dele. John estava com a cabeça abaixada o que me fez pensar se ele estava ou não consciente. Quebrei o cadeado que prendia a corrente presa ao teto que estava em volta das mãos dele e o corpo de John caiu para o lado.

– Desistam, não vou falar – ele sussurrou como se houvesse acordado.

– Que bom, agora porque não tenta cooperar comigo e me ajudar a te tirar daqui?? – perguntei erguendo um dos braços dele por sobre meus ombros e o erguendo do chão; estava mais magro do que me lembrava.

– Sarah? – ele perguntou num sussurro como se não acreditasse que fosse realmente eu.

– Sim, John – respondi calmamente enquanto ele se firmava sobre os próprios pés de forma desajeitada – Você me fez ter de vir até aqui para te buscar. Isso esta sendo irritante se quer mesmo saber, eu estava ocupada sabe.

– É, é mesmo você – ele sorriu, seu sorriso ainda era o de sempre, mesmo com um olho inchado e o nariz parecendo estar quebrado.

Ao menos ele conseguia caminhar, não por falta de ferimentos, mas por pura força de vontade mesmo. Quase não haviam sobrado inimigos dentro do complexo e por isso sair não foi assim tão complicado. O problema foi eu, logo depois de passarmos pelos portões e chegarmos à metade do caminho pelo campo aberto que nos levaria à floresta onde estariam os cavalos a nossa espera eu escutei o som de cavalos. Meu peito apertou e eu soube que estaríamos perdidos quando meus instintos me disseram que eram no mínimo 5 cavaleiros.

Puxei um dos soldados e passei John pra ele enquanto puxava minha espada e tentava pensar. Todos pararam para me encarar.

– O que está havendo?? Sarah?? – perguntou John me encarando preocupado.

– Estão esperando o que para continuarem?? – eu disse num tom irritado – Cinco comigo, o resto levem todos para os cavalos – eles me encararam assustados, principalmente os prisioneiros resgatados – O que estão esperando!! – falei mais alto e eles ouviram o som dos cavalos – Corram por suas vidas seus idiotas!!

– Sarah eu... – John tentou dizer, mas eu o cortei e segurei a frente da sua camisa em farrapos.

– Me obedeça ao menos uma única vez na sua vida e vai com eles – eu falei com uma expressão de raiva e vi nos olhos dele quando aceitou minha ordem, mas antes dele se virar eu o beijei de leve e então o soldado o puxou começando todos a correr.

Os cavaleiros eram 6 e fizeram uma curva entrando em campo aberto e pararam subitamente ao verem nosso grupo se afastando com os cavalos a virar inconformados com o súbito comando. Encararam-nos por segundos antes de entenderem o que acontecia; tempo o bastante para me permitir pensar numa estratégia, não uma animadora, mas algo a fazer ao invés de esperar a morte pelas espadas que eles começaram a desembainhar; por sorte não haviam arcos nem lanças.

– Em Fila Atrás de Mim!! – comandei e eles logo responderam formando uma fila em linha reta comigo à frente encarando diretamente os cavaleiros.

Eles dispararam em nossa direção com toda a velocidade que os cavalos permitiam vindo de encontro a nós numa linha um ao lado do outro.

– Agachar em 3....2...AGORA! – gritei e todos se abaixaram junto comigo no instante em que as espadas de dois deles passavam à altura de onde estiveram nossos pescoços – DE PÉ!! – gritei levantando e virando – LUTEM POR SUAS VIDAS RAPAZES!!!

E então começou. Com os cavalos derrapando na grama úmida por causa do orvalho para fazer a curva eu e os outros cinco avançamos correndo na direção deles. Espadas colidindo, sangue espirrando, um dos cavalos foi atingido pela espada de seu próprio cavaleiro e caiu levando o inimigo ao chão junto, os outros desmontaram ou foram derrubados, exceto um que conseguiu fazer a curva e voltou. Acertei um chute no que lutava comigo jogando-o para o meio dos outros que lutavam e entrei no caminho do ultimo cavaleiro montado. A espada dele veio em direção à minha cabeça e foi desviada pela minha, o impacto forçou meu pulso transmitindo uma onda intensa de dor por todo o meu braço.

Ele montava bem e seu cavalo era bem treinado porque quando ele vez a curva outra vez o animal não derrapou nem falhou a passada ao voltar na minha direção. Tive pena do cavalo, mas, exatamente por ele ser um bom animal, eu teria que incapacita-lo para forçar o inimigo a desmontar. Quando ele se aproximou de novo eu me joguei para frente e para o lado deixando minha espada bater contra as patas do cavalo. O animal e o inimigo foram ao chão no mesmo instante em que eu ouvi o grito de um dos meus homens. Desviei o olhar do cavaleiro tentando se levantar para ver um dos meus soldados cair logo depois de um dos inimigos retirar a espada do peito dele, estava morto antes de atingir o chão.

As coisas complicaram depois disso. Os próximos dois a caírem foram dois inimigos, mas antes de irem ao chão eles fizeram meus quatro soldados restantes valerem por apenas dois devido aos ferimentos que haviam recebido. Eu não estava em situação melhor. A dor no meu pulso direito me dizia que ele poderia estar quebrado; os cortes nos meus braços ardiam e incomodavam muito, um corte na minha barriga também era profundo, mas suportável graças ao peitoral de couro que eu usava, que agora tinha um belo corte também. Mas os inimigos que enfrentávamos ainda não estavam em condições semelhantes, estavam muito mais inteiros do que eu e meus quatro soldados.

Meus soldados foram caindo um a um, dois morreram, até que sobrou a mim em pé contra dois inimigos. Tinha de admitir que eles não eram soldados comuns, tinha técnica e pareciam conhecer lutas de muito tempo. E minhas forças já estavam no fim, mas então lembrei da minha promessa feita à Aria: “Prometa que isso não vai ser um adeus, mamãe” ela havia me pedido, me chamando da forma como não me chamava à anos; “Juro que vou vê-la de novo” foi o que eu respondi.

Foi com essa lembrança que eu consegui me manter firme e, quando eles novamente atacaram, minha espada bloqueou o golpe à minha perna e a minha mão esquerda foi em direção à empunhadura da espada que tentava acertar meu rosto agarrando parte da lâmina junto enquanto eu puxava o soldado inimigo e lhe acertava a espada na barriga ao mesmo tempo em que sentia a espada do outro inimigo rasgar minhas costas com o couro do peitoral e tudo o mais atingindo até os ossos da minha coluna na altura do final das costas. Perdi toda a força das pernas, mas antes de cair girei o corpo levando a ponta da minha espada até a base da barriga do ultimo inimigo que caiu logo após a mim enquanto segurava com ambas as mãos o lugar do corte.

Depois disso tudo virou um borrão devido à dor. Os soldados que estavam comigo me carregaram até a floresta onde a voz de John chegou até mim.

– Faça com que me levem até nossos filhos. Porque eu prometi que os veria de novo – foi a ultima frase que eu consegui dizer à ele antes de desmaiar de dor.

–--------X---------

Enquanto isso, naquela mesma noite, Aria se levantou e saiu de seu quarto indo até o quarto ao lado que pertencia ao irmão. Isso porque ela havia acordado com um sentimento ruim. Os dois dormiram abraçados naquela noite com Tommy cuidando da pequena irmã e rezando para que a mãe deles voltasse logo.


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Notas finais do capítulo

Escrever esse cap foi uma das coisas mais difíceis que já fiz........pior do que isso só foi a screver o seguinte. Eu sei que vocês todos a amam....Eu passei a amar Sarah Hawkey como não achei que pudesse. Por isso a dificuldade que sinto em escrever essas cenas.
...
Mas eu fiz uma temporada inteira cheia de detalhes....tantos detalhes que acho que fizeram com que essa personagem se tornasse algo incrível à todos vocês e à mim também. Eu sempre fui amante de detalhes.....mas estava a ponto de resumir certas coisas por não me achar capaz de narrá-las.
Então certa pessoa (é vc mesmo Eric) me disse coisas que me mostraram o quão injusta eu seria com a Sarah se resumisse um acontecimento sequer.
Eu tratei a vida inteira dela com detalhes....Eh mais do que justo que, agora, com a morte dela, eu faça o mesmo. Porque assim como a vida dela foi a de uma guerreira.....a morte dela acontece da mesma forma. Sarah nunca perdeu nem vai perder sua força.....ela sempre vai ser uma heroína......Pra mim....Pra vocês......Pra Aria.....Eu só queira que vocês compreendessem que apesar de tudo certas coisas o escritor (q no caso sou eu) não pode fazer........
Eu peço de novo, não esqueçam de ler as notas do cap que eu vou postar daqui a pouco.
PS: Eu não consegui revisar esse capítulo porque......porque simplesmente começaria a chorar e eu consegui escrever esse (ao menos esse) sem isso então eu preferi deixar as lágrimas para o seguinte.



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