PERCY (Point of View)

Acordei deitado na grama. Não me lembro de quase nada do que aconteceu ontem à noite. Só lembro que algo nos atacou, e Blackjack foi forçado a pousar... E aqui estamos nós. Ainda é cedo, mas o sol já está levantando sobre algumas colinas a centenas de metros de distância... Sentei-me sob a grama, e... ESPERA! ONDE ESTÁ ANNABETH!?

– Você está bem, Cabeça de Alga? - Annabeth me perguntou. Olhei para todos os lados, procurando a dona daquela voz, e parei quando vi minha namorada à dois metros de distância, na minha frente. - Você parece assustado.

– Não, estou bem. Só minha cabeça que dói um pouco... - falei, colocando a mão na cabeça. - E você?

– Estou bem. - ela falou, e se aproximou de mim, passando a mão direita sobre meu rosto. - Você precisa de um pouco de ambrosia, para que esses cortes desapareçam.

Só então me dei conta de que estava todo machucado. Meus braços tinham grandes arranhões, como as minhas pernas. Eu não sei o que aconteceu, mas estava querendo descobrir.

– O que aconteceu ontem? - perguntei à Annabeth.

– Estavámos seguindo viagem, quando um bando de monstros voadores nos atacou com bolas de fogo. Não sei dizer o que eram, pois estava muito escuro e não deu tempo para olhar para trás, já que Blackjack instantaneamente começou à plainar, e depois pousou. - explicou Annabeth, enquanto tirava da mochila uma vasilha com vários pedaços de ambrosia. - Depois, só lembro de ver você caído, e quando tentei ajudar, também desmaiei.

Eu assenti. Ela me deu um pedaço, e comi. Rapidamente, me senti melhor.

– Você não se machucou? - perguntei.

– Um pouco... Mas comi um pedaço de ambrosia antes de você acordar, e já estou bem. - ela falou.

– Hum...

– Acho que você vai precisar de um casaco novo... - ela falou, apontando para uma pilha de cinzas que estava próxima de nós. - Uma das bolas de fogo bateu nele, e acho que não tem conserto. - Eu sorri.

Olhei em volta, tentando encontrar algo que não fossem árvores, no meio daquela densa floresta. Era um pouco difícil.

– Ah, quase esqueci! Também colhi algumas amoras... - ela disse, pegando uma vasilha que também estava dentro da mochila. - Coma algumas.

Eu peguei algumas, e comi. Estavam doces e um pouco ácidas, deliciosas. Peguei mais algumas e coloquei na boca rapidamente, e Annabeth riu. De repente, o sorriso no rosto dela desapareceu, e ela estava com o olhar distante.

– O que foi? - eu perguntei, assustado, colocando a mão no bolso, pronto para pegar Contracorrente.

– Não é nada. Só me lembrei... - ela hesitou. Parecia estar em dúvida em me contar ou não sobre aquilo que ela tinha lembrado. - Ontem à noite, eu sonhei que haviam dois semideuses, um garoto e uma garota, caminhando, próximos da praia, e depois o sonho mudou, e vi que eles estavam fugindo de um grupo de lestrigões...

– Nós vamos conseguir salvá-los, Annabeth. Tenho certeza. - falei, depois de levantar, e dei um abraço apertado na minha namorada.

– Ah Percy... Eu tenho medo. Já falhei em uma dessas missões antes... Se falhar novamente... - ela dizia, quando eu a interrompi. Não queria vê-la triste, lembrando da vez que foi em uma missão, e acabou sendo sequestrada por um monstro...

– Você não vai falhar. Nós não vamos falhar. - eu disse, passando a mão pelos longos cabelos de Annabeth, que nesta manhã estavam soltos, caindo por seus ombros.

Os longos cabelos de Annabeth estavam sendo iluminados pela luz do sol, que fazia eles parecerem mais loiros. Mesmo depois de ser atacada e ter um vôo turbulento até cair no meio de uma floresta, Annabeth estava linda. Fiquei em transe por alguns minutos, quando ouvi uma explosão à leste.

– Você ouviu isso? - perguntei, puxando Contracorrente do bolso da calça.

– Sim... Devem ser os montros, eles não nos encontraram ontem à noite, e estão nos procurando agora! - ela disse, e eu assenti.

Assobiei, e torci para que Blackjack chegasse o mais rápido possível. Poucos instantes depois, o meu amigo pégaso estava ao meu lado, e Annabeth e eu subimos.

– Para onde, chefe?

– À toda velocidade, para São Francisco! - falei, e o pégaso logo estava voando, deixando a floresta à centenas de pés abaixo de nós.

– Essa foi por pouco! - disse Annabeth. Eu assenti, concordando.

– Ah chefe, fomos atacados ontem à noite!

– Você se machucou, Blackjack!? - perguntei, assustado.

– Não... Mas aceito donuts. - Eu suspirei, e Annabeth riu, como se ela soubesse a resposta de Blackjack.

– Ele pediu donuts, certo? - ela me perguntou.

– Sim. - falei, e ela riu de novo.

Minutos depois, a floresta já estava à milhares de metros. Já podíamos ver algumas montanhas da Califórnia, e também o Monte Tamalpais, onde alguns anos atrás nós vencemos um gigante, e eu perdi uma boa amiga.

– Estamos a minutos de São Francisco! - Annabeth falou, feliz.

Eu não respondi, e ela percebeu que meu olhar estava desviado em direção ao Monte Tamalpais.

– Nós vencemos o titã Atlas lá, apontei para o Monte Tamalpais. - falei, e Annabeth deve ter assentido, não vi, pois estava com os olhos direcionados no Monte.

– Sim... - ela falou. - Tem algo errado, Percy?

– Enquanto procurava você, me juntei à Thalia, Grover e... Uma filha do próprio titã Atlas, Zoë... - falei. - Inicialmente, não fui muito com a cara da Zoë... Mas depois fui vendo que ela era uma boa amiga... E então, ela morreu, lutando contra seu próprio pai.

– E você gostava dessa tal Zoë... - falou Annabeth, como se estivesse afirmando.

– Ah Annabeth, não começa hein! A Zoë era uma Caçadora de Ártemis. - disse.

– Bom... Mas se não fosse, você gostaria de... - ela dizia.

– Chega! Nós erámos só amigos. - disse, e não falei mais nada, encerrando aquela conversa ali mesmo.

– Tudo bem, tudo bem! Eu não falei nada! - ela falou.

– Ela é ciumenta, chefe! - Assenti, mas não falei nada, para não causar curiosidade em Annabeth.

Minutos depois, já estávamos sobrevoando algumas montanhas na Califórnia, em direção à São Francisco. Agora só nos resta encontrar os semideuses, e voltarmos para o Acampamento.