PERCY (Point of View)

Eu tinha certeza de que aquela seria uma das melhores noites da minha vida. Quando Quíron avisou sobre o 'capture a bandeira' de amanhã, todos nós comemoramos, e em seguida saímos do templo de Dionísio, eu ainda estava um pouco irritado pelo fato do deus do vinho ter o primeiro templo do Acampamento Meio-Sangue, porém ele ajudou a mim e a Samara nos dando pérolas de Perséfone para que pudessemos encontrar Annabeth, então eu não estava tão irritado quanto estaria se o fato ocorresse em outras circunstâncias.

– Bom, vou encontrar Juniper! Até mais, amigos. - falou Grover, e saiu em direção ao bosque para se encontrar com sua namorada ninfa.

– Bom, somos só você e eu agora. - falei e Annabeth assentiu - Acho melhor assim. - ela sorriu.

– Você já sabe de algum local onde nós possamos assistir a queima dos fogos? - Annabeth perguntou. Eu balancei a cabeça, dizendo que não. - Muito bem. Conheço um lugar. Vamos indo.

Quando chegamos na praia, pegamos uma toalha que estava sobre uma mesa onde tinha uma placa que dizia "PEGUE SUA TOALHA GRÁTIS AQUI!". Todas eram rosa, com um aroma de morango e pinturas de corações, não a pintura de um verdadeiro coração, mas daqueles que as meninas costumam desenhar para indicar o amor, pois os casais que iriam assistir à queima de fogos juntos geralmente eram namorados.

– Isso deve ser coisa do chalé de Afrodite. - falei, olhando para toalha - Eles pensam em tudo! - Annabeth riu.

– É mesmo. Vem, antes que alguém pegue o nosso lugar... - ela falou, e me puxou para um local um pouco deserto, distante dos outros semideuses, mas que tinha uma ótima visão para o mar, e para os fogos. Estendemos a toalha, a colocamos sobre a areia e sentamos um do lado outro, bem próximos. Enfim, nós teríamos privacidade. Coisa que era difícil de ter no Acampamento Meio-Sangue.

– Eu sempre vinha aqui antes quando me sentia sozinha - ela falou - Sentava na areia e olhava para o mar.

– Por que você não vem mais? - perguntei.

– Por que agora eu tenho você, Cabeça de Alga! - ela falou me dando um beijo - A menos que você queira que...

– Não. Claro que não. Eu quero ficar junto com você, pra sempre. – falei, e dessa vez eu que a beijei. Pude notar que ela corou um pouco.

Eram aproximadamente umas 21h, todos os semideuses do Acampamento Meio-Sangue estavam presentes. Annabeth e eu conseguimos achar alguns casais conhecidos, como por exemplo, Silena e Beckendorf, mais ao sul, e também vimos Grover e Juniper, mais ao leste. Então, os fogos começaram a queimar. Uma mistura de tons, verde e amarelo, azul e vermelho, além de várias outras cores.

– Eu te amo sabidinha. - falei, olhando para Annabeth enquanto os fogos criaram um coração no ar.

– Eu também te amo, Cabeça de Alga. - ela respondeu, e então nos beijamos.

A queima de fogos durou aproximadamente de quinze a vinte minutos. Quando terminou, vários casais deixaram a praia, e se despediram, indo em direção a seus chalés.

– Bom, acho melhor irmos também. - Annabeth falou - Como eu não consegui completar minha missão de exploração em Manhattan por conta 'daquele' imprevisto, acho que Quíron pode me dar outra chance.

– Você já escolheu seu parceiro? - perguntei, olhando para o mar.

– Sim, há muito tempo. - ela respondeu, divertidamente.

– Bem, então é melhor irmos. - falei, levantando e dando a mão para que ela levantasse também.

Fiquei um pouco... Qual a palavra correta? Irritado? Não, acho que é enciumado. Annabeth já escolheu um outro campista uma vez, e ele se transformou em um monstro que a sequestrou. Será que ela iria escolher outro semideus, mesmo sendo minha namorada? Do jeito que ela falou, parecia que já tinha até acertado tudo com seu 'parceiro'. Seguimos em silêncio até o chalé de Atena, pois decidi levá-la até lá. Quando chegamos na entrada do chalé, ela me abraçou e me deu um beijo de boa noite.

– Eu já escolhi. - ela me disse.

– O que? - perguntei.

– O meu parceiro. - ela falou.

– Ah. - falei, olhando distante.

– É você, Cabeça de Alga! - ela disse abrindo um lindo sorriso. - Você sabe que eu não escolheria mais ninguém além de você...

Nesse momento eu me senti meio idiota, sentindo ciúmes de mim mesmo.

– Só um lestrigão. - murmurei baixinho. Ela ainda ouviu.

– Sim, mas ali foi... Foi diferente! - ela disse dando uma tapinha no meu ombro - E além do mais, você não podia ir pois tinha que supervisionar as lavouras de morango.

– Eu sei, eu sei.

– E então? - ela me perguntou.

– O que?

– Ah, meus deuses! - ela parecia irritada - Você vai ou não comigo, Perseus Jackson!?

– Deixe-me pensar... - coçei o queixo, querendo parecer pensativo - Já que insiste, eu vou com você sim.

– Cabeça de Alga!

Eu a puxei, e dei um longo beijo.

– Claro que vou com você. Eu te amo. Estava só brincando - falei, sorrindo. Quando nos separamos, me despedi. - Boa noite.

– Boa noite.

Fui até o chalé de Poseidon, estava deserto. Claro, apenas eu morava naquele lugar. Às vezes eu achava legal ter todo o chalé só para mim. Às vezes eu achava entediante. Ao entrar, tomei um rápido banho, escovei os dentes e cai na cama. Estava tão cansado que nem precisei pensar muito. De repente, eu já estava sonhando. Aquele não foi um sonho tão ruim quanto os outros que nós, semideuses, costumamos ter. A primeira imagem mostrava minha mãe, na sala de seu apartamento, conversando com Paul.

– Você acha que ele está bem, Paul? - ela perguntou, meio que chorando.

Nesse instante eu lembrei que havia deixado o Acampamento Meio-Sangue como fugitivo, e voltei no mesmo dia, porém minha mãe só sabia que eu havia fugido. Ninguém, nem mesmo Quíron, lembrou de avisá-la de que eu já havia chegado ao Acampamento. Me senti um completo idiota.

– Claro que está, Sally. Você sabe como são os semideuses e suas missões. Talvez ele volte ainda esta noite para o Acampamento, talvez volte na próxima semana. Tenho certeza de que Percy está bem. - disse Paul, abraçando minha mãe.

– Você... Tem razão. - disse minha mãe.

– Agora vamos falar sobre esportes. Há uma semana o Brasil sagrou-se campeão da Copa das Confederações 2013, ao vencer a Espanha por 3x0 no Maracanã. Dan, você acha que... – A televisão estava ligada. E aquele era provavelmente um telejornal.

– Amanhã tentaremos fazer contato com o Acampamento Meio-Sangue em busca de novas informações sobre o Percy. Agora vamos dormir. Já está tarde. - falou Paul.

– Sim. - disse minha mãe, levantando.

De repente, o sonho mudou. Agora eu via Tyson no fundo do mar, literalmente. Ele estava no palácio do nosso pai, Poseidon. Quando chegou lá, era primeiramente um ciclope que trabalhava nas forjas, fazendo espadas e outras ferramentas bélicas. Agora foi promovido à um general. Eu fiquei feliz ao ver meu grande irmão falando com alguns subordinados. Ele realmente era um líder importante. De repente, eu acordo com batidas na porta.

– Percy? Você está acordado?

– Agora, sim. - falei, sentando na cama.

– Posso entrar? - perguntou a mesma voz, e agora eu percebi que era Annabeth.

– Ah, claro. A porta está aberta. - falei, ela abriu a porta e entrou. - Que horas são?

– Quatro da manhã. - ela falou, sorrindo.

– Ótimo. Eu sempre acordo às quatro da manhã, sabe?

Ela riu.

– Bom, desculpe-me. Eu acordei e não consegui mais dormir. Pensei em dar uma caminhada. - ela falou.

– Em plena madrugada? Com harpias devoradoras de semideuses que não estão dormindo andando por aí? - perguntei, levantando da cama. - Ótimo, quero ir com você.

Fui até o banheiro, escovei os dentes e lavei o rosto. Em poucos minutos estava caminhando pelo Acampamento com Annabeth. Pelos deuses, eu gosto MUITO dessa garota. Se Quíron nos pegasse, estariamos com problemas. Mas isso não importava.

– Então... O que deu em você para querer caminhar às quatro da manhã? - perguntei, olhando para Annabeth.

– Nada, eu só acordei com saudades de você, Cabeça de Alga. - ela falou sorridente. Pelo menos ela estava feliz. Ruim seria se ela estivesse irritada. Eu acho que ser pego caminhando com minha namorada de madrugada e ser expulso do Acampamento não seria tão ruim do que lidar com Annabeth irritada. Deuses! Pode parecer besteira, mas eu CONHEÇO a minha namorada.

Fomos até a praia, onde estávamos juntos na noite anterior. Conversamos um pouco, e alguns instantes mais tarde o sol já estava nascendo.

– Bom... É melhor voltarmos aos nossos dormitórios. - falei - Antes dos outros campistas acordarem.

– É, tem razão. - Annabeth respondeu, e sorriu - Vamos indo.