Incompleta escrita por Celestia


Capítulo 1
Incompleta




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A boneca erguia-se do chão, as enormes asas negras que saíam de suas costas sustentavam seu pequeno corpo no ar. Os cabelos prateados farfalhavam ao vento frio que fazia naquela hora da madrugada. Mas Suigintou estava muito agitada para manter-se quieta.

Não poderia se tornar Alice, afinal. Mesmo depois de tentar tanto, de se esforçar tanto, era apenas inútil. Sempre seria a boneca quebrada, aquela deixada de lado, aquela inacabada, aquela que ninguém deseja. Ninguém, exceto Megu. Talvez por Megu ser tão quebrada e solitária quanto ela.

Crispou os lábios ao lembrar-se de Megu, fechando a expressão e batendo as asas com mais força contra o vento inquieto. Queria nublar sua mente para não pensar mais em nenhuma daquelas coisas que tinham a capacidade sobre-humana de machucá-la.

E a única coisa que podia fazer era voar contra o vento cortante e senti-lo lutar contra ela. Meimei apenas a acompanhava, quieta, sem ousar interrompê-la em sua catarse. Choraria se fosse possível para uma boneca, embora preferisse morrer a admitir que chorar seria eficaz para sanar sua dor.

Não havia ninguém além dela e Meimei. Estavam sozinhas, como sempre fora depois que Rozen as criara e as deixara de lado. Nenhuma das outras Rozen Maiden reconhecia Suigintou. Especialmente Shinku, que lhe despreza com todas as suas forças. Nunca admitiria, mas o desprezo de Shinku lhe machucava, feria seus mais nobres sentimentos.

Suigintou não sabia o que era ser amada até conhecer Megu. A mania irritante que sua mestra tinha de chamá-la de anjo negro a irritava certas vezes, mas Megu conseguia lhe fazer sentir tão completa em um modo distorcido e estranho que Suigintou relevava. Mas agora Megu não estava mais ao seu lado.

Continuou a voar, voou o mais alto que pôde. E então observou a lua e as estrelas que cantavam para ela e compartilhavam de sua solidão. Fechou os olhos e apreciou a melodia daquela noite triste. Meimei pousou em seu ombro, sem nunca fazer qualquer barulho, na intenção de lhe confortar.

- Boa noite, Megu. – Murmurou Suigintou, abraçando seu próprio corpo incompleto.


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