Lembro do dia em que o vi pela primeira vez, o ar existente no planeta parecia não ser suficiente, seu sorriso era tão lindo e gentil. Uma pena, pois aquele sorriso não era pra mim.

Foi a primeira vez que desejei ser especial para alguém, isso era um sentimento novo, para mim, alguém solitário, sem muitos amigos, porém junto com esse sentimento estranho que nasceu no meu coração, surgiu a inveja e o ciúmes daquela garota que rolava abraçada com ele na grama do parque.

Já fazia semanas que eu os observava ir ao mesmo parque, todo domingo, perto da mesma árvore de cereijeira. No segundo dia eu não esperava encontrá-lo lá, porém novamente seu sorriso iluminou meu dia, assim como todos os domingos que seguiram.

Hoje, dia dos namorados, eles ficaram até o pôr-do-sol, fiquei a observá-los, até sentir meu ombro seu tocado de leve, virei meu rosto em direção ao ser posicionado ao meu lado, Takashima Kouyou ou simplismente Uruha, meu melhor amigo, como sempre acompanhado de seu namorado Aoi.

Aquele parque estava lotado de casais apaixonados observando o sol, que tocava as águas do lago, eu era o único idiota sozinho naquele lugar, sem ninguém para amar, muito menos alguém que me amasse, forcei um sorriso para o Kou, sem obter sucesso algum.

Uruha notou o desanimo de minha parte e sentou-se ao meu lado, puxando seu namorado para sentar entre suas pernas, aninhando-o.

Todos ali já haviam encontrado seu par, a felicidade de poder sorrir e receber um sorriso em troca, porém eu estava apaixonado por um homem que nem mesmo sei o nome.

- É ele? – Kou perguntou após ter seguido meu olhar e encontrar o rapaz abraçando a namorada.

Uruha já sabia de toda história sobre minha paixão platônica, afinal ele era o único ao qual eu confiava todos meus segredos.

Somente balancei a cabeça afirmando.

Não demorou muito para que Kou fosse embora com seu namorado, afinal eles tinham mais coisas a fazer do que acompanhar um idiota como eu.

As estrelas começavam a se fazer presente, os casais já estavam deixando o parque. Ele continuava lá sentado no gramado com a garota nos braços, eu me encontrava sozinho outra vez somente observando.

Os dois se levantaram riram juntos e trocaram beijos apaixonados, então se foram, sorri triste e me levantei também me direcionando à minha casa.

O próximo domingo demorou a chegar e quando ele, finalmente, chegou fui até o parque na esperança de ver seu sorriso novamente, porém eu cheguei cedo então sentei no banco próximo ao local onde ele sempre estava.

O tempo passava e ele ainda não estava lá, eu olhava para cada pessoa no parque procurando seu sorriso, seu olhar, mas não o encontrei. Senti meu peito apertar, aquela pessoa começou a fazer falta e me desesperei, talvez nunca mais o visse, ou estava fazendo drama demais por ele ter deixado de ir ao parque uma vez?!

Pensei em desistir de esperá-lo quando o sol já se punha no horizonte, porém para meu espanto ele chegou, solitário e sentou-se na grama. Eu estava surpreso por ele estar sozinho e fiquei até preocupado pela expressão estampada em sua face, não era dor, nem tristeza, mas sua felicidade havia sumido. Então minha coragem para conversar com ele surgiu.

Aproximei-me e sentei ao seu lado. Fitou-me confuso em silêncio.

- Olá?! – Falou receoso.

- Desculpe aparecer assim tão derrepente,... - Falei fitando o lago sem coragem para olhar em seus olhos. - mas notei que você esta triste, resolvi vir conversar. Estou atrapalhando?! – A possibilidade de estar o incomodado fez meu coração doer.

- Imagine. – Falou, agora, sorrindo para meu espanto. – Fico até impressionado que um desconhecido se preocupe comigo. – Corei ao imaginar o que ele diria se eu confessasse que o observo sempre que vem ao parque.

- Se quiser desabafar... sinta-se a vontade. - Sorri de leve finalmente fitando seu rosto, me perdendo em sua beleza encantadora enquanto seus orbes se prendiam em algum lugar distante.

- Sabe quando você faz de tudo para fazer uma pessoa muito feliz, dá a ela tudo o que ela precisa... tudo o que ela quer?! Todo seu amor ser dela, amá-la incondicionalmente acima de tudo... e mesmo assim... tudo que você oferece acaba não sendo... o suficiente?! – Ele ainda não demonstrava tristeza, mas falava pausadamente como se analisasse todos os fatores, e já não parecia estar mais falando comigo e sim refletindo consigo mesmo. – É errado desejar a felicidade dos outros?! É o que mais desejo para ela, a felicidade, então não estou triste ou desapontado por tudo ter terminado, se é longe de mim que ela será feliz... é melhor assim. – Ele terminou sorrindo e me fitou, porém sua expressão mudou quando avistou meu rosto. – Po... por que esta chorando? - Passou a mão em minha face limpando as lágriams que teimavam em cair e que eu só percebera quando ele as mencionou.

- Eu sinto muito por você. - Disse baixinho.

- Eu estou bem, vou viver. - Riu ao terminar a frase. – É tarde vou ter que ir, espero poder conversar com você novamente (concordo plenamente! o/). - Disse se levantando – Garoto, qual seu nome? – Perguntou.

- Matsumoto Takanori, mas me chame de Ruki e não de garoto... me faz lembrar que sou desfavorecido na altura. – Disse emburrado fazendo biquinho, ele riu. – E o seu?

- Suzuki Akira, me chame de Reita. – Disse antes de começar a andar e sair do local.

Suzuki Akira este nome eu o guardaria para sempre, o homem que roubou meu coração sem aviso prévio e que estava prestes a entrar e modificar meu destino.