Neste mesmo momento, minha visão ficou turva e eu desmaiei. Acordei no chão de um lugar escuro e úmido, com um cheiro muito ruim, para ajudar eu estava com os braços presos por cordas. Tentei me levantar, mas estava sentindo como se minhas pernas estivessem presas a pedras enormes, não conseguia aguentar de tanta dor, muito menos sair daquele lugar.

Eu ouvia barulhos altos vindos da rua, não sabia ao certo o que era. Estava tentando recordar de como fui parar ali, mas só me lembro da minha mãe sentada na cama olhando para o chão, quando cheguei perto, seus olhos azuis ficaram negros e daí em diante é como se um borrão estivesse em minha mente. O que diabos aconteceu comigo?

Ouvi passos e uma porta se abriu ao alto, então vi aquele mesmo homem alto que invadiu minha casa. Ele estava descendo pelas escadas... O medo tomou conta de mim, aquele odor de podridão que exalava dele era péssimo, uma mistura de nicotina com álcool. Sabia que havia algo errado, senti tanto pavor, não queria estar ali, mas também não demonstrei, mostrei-me imponente como se nada me incomodasse.

Eu esperava que aquilo fosse um grande pesadelo onde eu acordaria em minha cama assustada, mas logo o medo passaria, eu levantaria beberia um copo de água, iria me deitar novamente e voltaria a dormi, mas não, aquilo tudo era real.

– Olá minha linda filha, até que enfim você acordou, ficou apagada por um bom tempo... Fiquei um pouco preocupado com você – Ele olhou para o chão e ficou em silêncio por segundos – mentira, eu nunca me preocuparia com você, eu nem ligo, apenas quero minha vingança contra o clã de Sebastian.

– Primeiro: você não é, e também nunca será meu pai, você não passa de um babaca bêbado. Segundo: você nunca fará mal algum à Sebastian.

– E quem vai me impedir você?

–Cala a boca, acha que esta onde? Em Hogwarts? Essa coisa de magia não existe.

–Não existe, é? – Ele se abaixou e olhou no fundo dos meus olhos, então se levantou rapidamente e minha calça começou a pegar fogo, o desespero tomou conta de mim, queria que aquilo apagasse de vez. – Então magia não existe... Não é mesmo?

–Que merda você fez? Apaga isso. –O fogo se apagou, não pode ser possível... Magia? Não, eu só posso estar ficando louca.

–Bom, como eu ia dizendo antes de você me atrapalhar, quero minha vingança contra o Clã de Sebastian e contra ele também.

–Você não irá conseguir fazer nada contra ele.

–Claro que vou e ainda usarei você. A propósito pode gritar bastante, ninguém vai te ouvir. Ainda bem que seu namoradinho não conseguiu ensinar nenhum feitiço a você. E sabe de uma coisa, você puxou a bruxaria do meu lado da família.

–Eu não sou bruxa, se fosse eu saberia e também não sou parte da sua família.

–Você é minha filha sim, infelizmente é. Preferia ter uma lesma como filha a você. –Naquele instante ele se aproximou novamente de mim, eu sentia raiva e muito nojo de estar perto dele. –Você sabe que é minha filha. No fundo desta coisa que chama de coração sabe que é, somos iguais, buscamos sempre o mesmo propósito, vejo isso em seus olhos.

–Eu nunca serei igual a você, nunca terei os mesmos propósitos que os seus. E o que fez com a minha mãe?

–Não se preocupe, ela esta em casa a salvo. Ainda não sabe o que aconteceu.

–Por que você não me solta? Vá atrás de Sebastian, eu não tenho nada a ver com a rixa de vocês dois.

–Eu já disse o porquê não vou te soltar, você é surda ou burra? Com toda a certeza puxou isso da família da sua mãe... Eu quero minha vingança e você fará parte do plano.

–Mas por quê? O que eles fizeram de tão ruim a você? E eu não farei parte de plano algum.

–Você fará parte do plano sim. E eu vou te contar como tudo aconteceu... Então, quando você era muito pequena, eu e sua mãe vivíamos de forma plena e amorosa, até a família de Sebastian se mudar para casa ao lado da nossa. Eu descobri que eles são descendentes de Veníka uma bruxa muito forte, que se entregou a magia negra por um amor não correspondido logo ao completar 19 anos. Pensei: “bom eles devem ser diferentes, tudo é diferente agora”. Foi em um belo dia que cheguei depois do trabalho na frente do portão e percebi que a energia astral estava negativa em torno da casa, não me preocupei, eu havia dado muitas aulas de história naquele dia, achava que era coisa da minha cabeça. Quando entrei porta à dentro, vi sua mãe jogada ao chão quase sem vida, o desespero tomou conta de mim. Corri para o quarto ver se você estava lá e não te encontrei. Naquela época eu era um bobo por gostar de vocês... Mas voltando a história, desci as escadas e vi o pai de Sebastian ao lado de sua mãe com você no colo. A raiva veio à tona, quando parti pra cima dele fui apunhalado pelas costas, a mãe de seu namoradinho Suzane literalmente enfiou uma faca em mim. Eu caí ao chão perto de minha esposa e vi que ela estava morta. Então eles drenaram mais ou menos 70% dos meus poderes e se foram deixando você no meio de nós dois... Usei o pouco que tinha dos meus poderes para salvar sua mãe e apagar a memória dela. Desde então vivo caçando-os em busca do meu poder, entreguei minha alma por cede de vingança e o que eu devo fazer para terminar o meu ritual é sacrificar alguém da mesma linhagem sanguínea enquanto dreno seus poderes... E adivinha quem vou matar? te darei um bolinho se acertar.

Não pode ser. Ele vai me matar... Meu próprio pai vai me matar?