Bruxas Também Amam, Ou Quase. escrita por Débora S


Capítulo 1
Boneca de voodoo




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– Eu pedi 10 pedaços de frango. Aqui só tem nove. - O sujeito rechonchudo e baixinho resmungava bravo.

– Eu mesma preparei essa cesta. E coloquei exatos 10 pedaços. Não tente dar uma de espertinho comigo! – Respondeu a mulher, limpando as mãos encharcadas de gordura no avental branco.

– Então contou errado, preta! – Gritou por fim, atraindo a atenção de todos á seu redor. – Me dê logo um pedaço a mais. – Continuou.

– Não. Seu porco nojento, você comeu o pedaço e agora quer que eu te dê um a mais? Não me venha com essa. – Abanou as mãos no ar, exaltada.

– Escute aqui vadia! – Se apoiou no balcão da lanchonete, sem se importar com os olhares curiosos dos outros clientes.

A mulher suspirou fundo e começou a andar para os fundos da lanchonete em passos rápidos, retirou o avental da cintura e se apossou da primeira faca que ali encontrou. Deslizou os dedos suavemente pela estrutura do objeto, analisando quão afiada ela estava, em seguida, perfurou seu próprio estômago, soltando um leve gritinho de... Prazer. Seus olhos se apertaram e um sorriso cínico de formou em seu rosto, enquanto gritava algo como ''Morra desgraçado''.

Do outro lado do recinto, ainda apoiando seu corpo no pequeno balcão da lanchonete, o homem gritava desesperadamente, enquanto uma poça de sangue se formava abaixo de seus pés. Ele abaixou a cabeça e viu em seu abdômen uma grande perfuração, o sangue jorrava de um jeito que não havia visto antes, lágrimas deslizaram pela sua face, e poucos segundos depois os gritos cessaram.

Tudo aconteceu muito rápido.

O pobre homem caiu em seus joelhos e sua face aos poucos perdia a cor. Uma multidão se formava á seu redor, atordoados, já haviam chamado a ambulância, mas em vão. Ele já estava morto, e ninguém entendia como isso havia acontecido. Ninguém além dos cozinheiros, que ao ver a mulher retirando a faca de seu próprio estômago com facilidade, começaram a gritar.

– Bruxa! Bruxa! Prendam-na, essa mulher pratica bruxaria!

Pouco tempo depois, Jana Martin se aproximava de um grande casarão antigo. Seus pés doíam e por um momento desejou não ter vindo com as botas de salto que acabara de comprar. Um desperdício ter de usá-las em um lugar esburacado como esse. Seus cabelos escuros estavam presos em um rabo de cavalo, e trajava um vestido longo, preto. Sua pele era negra e possuía lábios fartos. Agarrou com força a mochila pesada, e continuou a caminhada, logo parando na entrada do lugar. Suspirou fundo, havia seguido fielmente as instruções daquela estranha mulher que havia conhecido pouco tempo antes. Ela lhe dera esse endereço e pediu que a garota não se atrasasse.

Era exatamente 19h00min quando algumas pessoas se reuniram em frente a casa, e Jana percebeu que havia se tornado o centro das atenções, rolou os olhos e fitou outras garotas, que aparentavam ter a mesma idade que ela, todas vestindo preto. Maravilha, estou na porra de uma festa a fantasia. Pensou descontente.

– Meninas, essa é Jana. Nossa nova aluna. – A loira alta quebrou o silêncio de repente, e todos se voltaram para ela. – Jana, essa é sua nova família, tudo o que você conhecia até hoje era mentira. Você viverá de verdade agora. – Disse por fim, sorrindo

– Fiquei sabendo o que você fez com aquele cara na lanchonete. Você fodeu ele! – Disse uma garota magra e alta, enquanto se aproximava, seus cabelos loiros estavam divididos ao meio, e sua orelha estava repleta de piercings. Usava maquiagem escura, e um batom vermelho forte nos lábios finos.

– Eu só dei o que ele merecia. – Jana respondeu, cruzando os braços, incomodada.

– Você é bravinha em, já vi que vamos nos divertir muito. – A garota chacoalhou os braços, em seguida o esticou para cumprimentar a novata.

Jana apenas deu de ombros, não tinha interesse algum em fazer amigos ali, na verdade, não tinha interesse algum em estar ali. Foi dispersa de seus pensamentos por uma força incontrolável, e viu seus braços descruzando e se esticando para frente. Involuntários. Tentou se controlar, mas nunca havia visto nada assim antes, era como se estivesse havendo uma briga em seu interior, e ela já estava exausta de tentar resistir. Por fim deixou que a força a levasse, e cumprimentou firmemente a garota a sua frente. Notando um sorriso malicioso em seus lábios.

– Da próxima vez, não me faça ter que fazer isso. Não era necessário, não é mesmo? – Sussurrou baixinho, então se virou e sumiu por entre a multidão de pessoas estranhas e vestidas de preto que ali estavam. Jana respirou fundo e subiu a pequena escada da varanda, entrando por fim no casarão.


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