A saga de V - Immortalis escrita por Adriana Macedo


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Obrigado pelos acompanhamentos. Eu sei que havia muitos capítulos, mas decidi posta-los aos poucos. Desculpem os erros, eu não costumo revisar.



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Capítulo IV

Quando a campainha soou todos se levantaram e rapidamente colocaram os livros e os cadernos dentro de suas mochilas, apressados para sua segunda aula do dia. Porém nem eu, nem Dante, muito menos Robert movemos um musculo. Eu fui a primeira a levantar seguida por Dante.

Coloquei minhas coisas na bolsa e sai da sala, respirando de novo. Dante ao meu lado, como ele havia pegado o lugar de Wing, todas suas aulas seriam comigo. Que ótimo.

Não falamos nada por muito tempo. Ele parecia tenso e pensativo, e eu segui suas instruções de não perturbá-lo a não ser que fosse importante. Algo nele me dizia que não era certo falar com ele agora. Seus olhos negros diziam “PERIGO, AFASTE-SE”.

Na hora do almoço sentamos juntos, ele não largava do meu pé nem por um segundo. E o mais incrível era que ninguém se incomodava em olhar para nós. Era um dia normal com a Wing, só que sem a Wing. Então ele finalmente falou.

- Você pensa com frequência na sua antiga anja da guarda. – ele disse.

- Queria saber o que aconteceu com ela. – disse ignorando o fato de ele poder ler meus pensamentos. – Ela também podia ler meus pensamentos? – perguntei mordendo minha maçã.

- Sim, é um dom de anjo. – ele mordeu a sua maçã também.

- E por que só eu sei que tenho um anjo da guarda? – perguntei. Se anjos existiam então todo mundo tinha um, mas eu nunca ouvi alguém falar que seu anjo da guarda estava sempre no seu pé.

- Você é um caso especial Victoria. - ele riu com certeza lendo meus pensamentos.

- Vinny. – corrigi.

- Tanto faz. – ele falou. – E além do mais – ele mordeu a maçã e falou de boca cheia. – Quando se está prestes a morrer algumas coisas são esclarecidas. – ele sorriu.

-Então bem que você poderia me responder sobre a Wing. – disse ignorando os comentários dele de novo.

-Hm. – ele pensou e então falou. – Por que não? – ele sorriu, seus dentes brancos faiscaram. – Antes de partir sua amiga sofreu uma transformação, sei que você percebeu. Ela passou de anjo da guarda comum a Arcanjo, ela ficou mais madura para a nova promoção. Mas ao que parece os Arcanjos ao recebê-la viram que ela se envolveria mais em sua historia do que é permitido a um anjo e quase a mataram, mas ela era esperta, conseguiu uma ultima noite com você, para se despedir antes de perder a memoria e voltar para sua origem. – ele refletiu por um momento e então soube o que se passava em minha mente. – E você fugiu.

- Eu estava assustada. – respondi.

- Ela lhe daria as respostas. – ele mordeu a maça de novo. – E muito mais.

- Como assim? – perguntei.

- Não sei. – ele parecia sincero e então riu. – Ainda vai comer sua maçã? – olhei para a maça em minha mão com apenas uma mordida, eu havia perdido a fome.

-Não, pode ficar. – e então dei a ele.

- Isso é muito bom não é? – ele me olhava sorrindo.

- O que? – perguntei.

- Comida humana. – ele mordeu o ultimo pedaço da maça e a campainha soou de novo. – Vamos? – ele levantou.

- Fazer o que? – mas ele percebeu que era uma pergunta retorica e não respondeu.

Na volta para casa ele fez questão de me acompanhar, pelo o que disse ele não podia ler muito bem os pensamentos de Robert por que, ao contrario de mim, ele havia aprendido a controlar os pensamentos. Então para não correr o risco de que ele me pegasse de surpresa ele me deixaria em casa.

- Você não pode ficar na minha casa. – disse com um pouco de felicidade, eu realmente queria me livrar do meu anjo da guarda.

-Bem, eu dou um jeito. – ele sorriu. – E não fique pensando muito sobre meu passado, nem eu mesmo lembro muito dele. – ele olhou para frente e continuou caminhando.

- Não se lembra do seu passado? – perguntei depois de um tempo.

- Hm. – ele pensou. – não. – respondeu por fim.

- Bem, agora sabe como me sinto. – suspirei. Era difícil não saber quem você é ou foi.

-Não sei não. – ele riu. – não sinto do mesmo jeito que você. – ele falou.

-Como assim? – perguntei.

- Você é cheia de perguntas não é? – ele me olhou com cara feia.

- Hmpf. – suspirei, mas não insisti.

- Chegamos. – ele falou.

E era verdade, minha casa estava a poucos metros e ele ainda continuava a me acompanhar.

- Não pode entrar em casa. – falei.

- E um gato pode? – ele sorriu. Pensei por um momento.

-Acho que sim... - e quando olhei para o lado um gato com o pelo tão preto que cintilava estava me acompanhando. – Eu sabia! – suspirei. – É talvez você dê um bom gatinho de estimação. – e ri. O gato ao meu lado revirou os olhos. Ele ainda me entendia.

Entrei em casa com Dante no colo. Era estranho ter aquele enorme anjo agora em meus braços como um gatinho – literalmente –, torci para que aprovassem a chegada dele em casa. Mas eu não queria conflitos logo que chegasse em casa, então fui direto para o quarto e tranquei a porta.

Olhei para o gato, que agora lambia as patas em cima de minha cama, e dei um suspiro. Será que ele ainda podia ler meus pensamentos? Parecia tão inocente e calmo agora, talvez ele não pudesse ver o que eu estava pensando.

Fui ao banheiro trocar de roupa e tomar banho, quando voltei o gatinho preto já não ocupava a cama, agora um homem alto e moreno estava somente de calça de corda branca e tinha os braços atrás da cabeça, muito confortável.

- Prefiro sua versão de gato. – suspirei.

- É eu percebi – ele riu. – e respondendo a sua pergunta, sim eu ainda posso ler seus pensamentos.

- Eu suspeitava. – desviei a atenção de seu corpo moreno e esculpido. – Não devia ficar nessa forma, minha mãe está em casa.

- Na verdade não. – ele falou levantando e revirando minha prateleira de livros. – Sua mãe e sua irmã saíram.

- Melhor. – voltei a enxugar meu cabelo.

Ele pegou um livro qualquer e começou a ler, eu o fiquei observando pela primeira vez realmente, esquecendo que ele era um anjo. Ele tinha os cabelos da mesma cor dos olhos, negros, e a cor de sua pele não era branca e nem morena, era um pardo excitante. Os cabelos eram penteados para cima, seu corpo ela totalmente esculpido, perfeito e sem exageros. Era forte, mas também passava leveza.

- Está me deixando encabulado Victoria. – ele riu por trás do livro que lia. Olhei para seu rosto e ele realmente estava vermelho.

- Desculpe-me, eu esqueço que você pode ler meus pensamentos às vezes. – desviei o olhar.

-Qualquer dia eu te ensine a bloqueá-los. – ele riu. – Ou não, é divertido pegar você no flagra.

-Se não me ensinar, eu acabo aprendendo sozinha. – murmurei vermelha como meus cabelos pensando em que coisas loucas ele podia me pegar pensando, era constrangedor. Ele se limitou a rir.

Fiquei remexendo o meu guarda-roupa tentando arrumar o imaculado. Mas era apenas um pretexto, não queria pensar em nada com Dante ali. Então ele se mexeu, deixando o livro no criado mudo.

- Minha barriga está fazendo barulho. – ele colocou a mão sobre a barriga. Então eu soltei uma gargalhada. – Do que está rindo?

- Isto se chama fome Dante. – e continuei a rir.

- Ah. – ele suspirou constrangido, era bem obvio o amadorismo dele com reações humanas.

- Vem, vamos até a cozinha pegar alguma ração pra você. – e destranquei a porta. Quando virei para chama-lo um gato passou serpenteando por minhas pernas, senti um calafrio, eu estava de saia. Bloqueei o pensamento e desci as escadas após ele.

Ele pulou na bancada e fitou com os grandes olhos negros, totalmente parado, apenas o rabo balançando, então eu recordei do gato em minha janela. Era ele, só não sabia o que ele estava fazendo lá.

- O que você estava fazendo em minha janela há alguns dias atrás? – perguntei tirando o leite da geladeira e colocando-o em uma tigela. Ele virou a cabeça, deixando-a pendurada de lado. Estava claro o que ele sentia mesmo sem falar: “eu?” – sim, você! – falei e deixei a tigela a sua frente. Ele miou em agradecimento não pude deixar de sorrir. – quando voltar ao normal vai me explicar o que estava fazendo me olhando dormir. – e então o deixei bebericar seu leite.

Que estranho, olhando bem eu estava falando com um gato que era meu anjo por que eu estava ameaçada de morte por ter um amor com um imortal. Eu arfei, eu não queria morrer. Não podia.

Senti uma vontade desesperada de recuperar minha memoria, não sabia explicar, mas sentia que elas eram fundamentais. Dante terminou o leite e lambeu os beiços. Eu sorri.

- Você pode mudar de forma. Não tem ninguém em casa, a barra está limpa. – falei e me virei para pegar algo para comer na geladeira.

- Isso é torta? – ele perguntou ao meu ouvindo me fazendo quase derrubar a jarra com suco.

- Quer parar de fazer isso?! – falei exasperada. – Sim, torta de chocolate. – falei

- Posso provar? – ele tinha os olhos suplicantes.

- Nunca comeu? – perguntei quase com dó.

- Se eu comi, não lembro. – ele sorriu. Ele realmente havia perdido a memoria. – Não totalmente. – ele pegou o pedaço de torta que servi para ele. – Deixaram o que era essencial. – ele comeu e arfou. – Bem, isso é melhor que maçã.

Comi um pedaço com ele e depois voltamos para o quarto. Não demorou muito para minha família voltar. Dante voltou à forma de gato e continuamos no quarto, eu realmente não queria ver minha mãe. Eu a evitava a todo custo desde que descobri que em minha primeira vida ela foi responsável pela minha morte. Sei que não foi ela em si, mas eu sentia que ela não hesitaria se acontecesse de novo. Alguém bateu a porta.

- Quem é? – perguntei hesitante

- Eu. – minha mãe falou. Meu coração deu um salto. Olhei para Dante que estava bem ocupado lambendo certas partes do seu corpo de gato. Destranquei a porta.

- Oi mãe. – falei.

- Não falo com você há dias. – ela olhou para o quarto provavelmente procurando algo de errado e achou. – Anda trazendo gatos imundos para dentro de casa? Essa coisa deve ter milhares de doenças! – ela gritou.

- Ele não tem doenças. – revidei e me arrependi na mesma hora. Nunca havia respondido para minha mãe, e pela sua expressão ela também percebeu isso.

- Como ousa me desrespeitar? – ela vinha em minha direção. Os olhos brilhavam de fúria. – Mal saiu das fraldas e vive sobre meu teto! Deve-me respeito! – então ela levantou a mão e acertou em cheio meu rosto.

Cai sobre a cama e coloquei a mão sobre o rosto ao mesmo tempo em que sentia as lagrimas escorrem sobre meu rosto. Eu estava desarmada, minha coragem se foi com a mesma rapidez que apareceu. Apenas sussurrei desculpas e esperei pelo resto, eu já estava acostumada. Então Dante que apenas observava há minutos atrás deu um pulo em direção a minha mãe, que estava pronta para me acertar de novo.

Ela gritou enquanto o gato preto cravava suas unhas em seu corpo roliço. Bem, se eu não estivesse acabado de levar uma tapa e se as lagrimas do meu rosto levassem toda a força que havia em mim eu com certeza estaria rindo daquela cena. Era difícil dizer quem gritava mais, se era minha mãe ou o gato preto.

Ela finalmente conseguiu tirar o gato dela jogando-o em cima da cômoda. O gato por sua vez caiu cambaleando quase inconsciente. Eu tremi. Ela me olhou nos olhos com uma raiva de titãs e saiu do quarto batendo a porta atrás dela. Tranquei a porta e corri em direção a Dante que gemia.

- Não devia ter feito isso. – sussurrei pegando-o do chão e colocando-o sobre a cama. – Eu sei me cuidar muito bem. – ele miou fraquinho em resposta, quase podia ouvir “não, não sabe”. Eu revirei os olhos. – Vou buscar um pouco de leite pra você. – então sai do quarto silenciosamente.

Podia ouvir os gritos no quarto dos meus pais, como sempre depois que ela me batia ia discutir com meu pai sobre os belos colégios internos da Suíça. Ele como sempre não concordava. Então sempre havia brigas. Passei pelo quarto de Anita e a vi encolhida com suas bonecas no cantinho do quarto, alheia a tudo aquilo. Ela era a favorita.

No corredor havia um espelho no qual eu avistei meu rosto, estava bem vermelho no lado direito. Parei para observar, as lagrimas haviam deixado meus olhos vermelhos também. Eu ri de mim mesma, parecia que eu estava pegando fogo.

Voltei para o quarto com o copo com leite de Dante. Nem sinal dele. Milhões de possibilidades passaram pela minha cabeça, mas a mais provável era a de que minha mãe havia entrado no quarto e o jogado pela janela. Não queria nem pensar nisso. Até que Dante saiu do banheiro sorrindo.

- E aí Vi – ele sorriu.

- Pensei que estava machucado. – olhei com uma pontada de ressentimento na voz.

- E estava – ele parou e então completou – na forma de gato – ele falou e sentou na beirada da cama junto comigo.

- Ah, faz sentido. – suspirei. Ele era um anjo e devia se curar rápido.

- Vinny. – ele me olhou sério. – Posso te fazer um convite? – ele me olhou nos olhos.

- Acho que sim. – falei hesitante, o rosto ainda ardia um pouco.

- Na verdade é quase uma ordem. – ele sorriu.

- Está me deixando curiosa. Fale logo. – levantei da cama e o encarei.

- Você vem morar comigo. – ele falou.


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Notas finais do capítulo

Obrigado e reviews são bem vindos.



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