A saga de V - Immortalis escrita por Adriana Macedo


Capítulo 22
Capitulo 20


Notas iniciais do capítulo

Aqui o ultimo capitulo. Deixo dedicado as minhas amigas que tanto me apoiaram nesse história. Se estou aqui hoje, devo a vocês.
Tamara, Letícia, Sylmara e Vitória. Eu amo vocês.



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Capitulo XX

Olho minha face no espelho e enxugo a lágrima que escapa de meus olhos, ajeito o borrado que a gota de água deixou em minha maquiagem preta e fúnebre. Ajeito a saia de cos alto e a blusa de cetim de mangas compridas abotoando-as nas pontas. Estou com uma roupa toda preta e com um salto agulha preto e também de cetim, afinal um funeral é uma data formal e eu participaria de três.

Os últimos ajustes na saia para que não tocasse muito em minha costela onde minha tatuagem que fiz em homenagem a Robert, nela estava escrito IMMORTAL assim como a dele e ainda cicatrizava um mês depois. Apertei os grampos que fixavam o coque no alto dos meus cabelos agora lisos, ajeitei o chapéu com um pequeno véu que cobria até a ponta do meu nariz de renda preta e então ouvi três toques leves na porta.

– Você está pronta? – Dante pergunta. Olho e vejo que ele também está todo de preto.

– O terno lhe caiu muito bem. – falo sem muito animo.

– E você está linda como sempre. – ele limpa minha bochecha onde uma teimosa lagrima caiu e me da um beijo na testa. Ele estende seu braço e eu o pego colocando todas minhas forças físicas e mentais ali.

Duas horas se passaram, apenas nós ali diante de três caixões lacrados, em uma sala fria e cheia de flores, onde um velho disse algumas poucas palavras e depois foi atender as outras salas onde havia mais gente para ouvir e chorar pelos seus entes queridos.

Analiso cada caixão, evito até piscar com medo de que possa começar a chorar de novo. Cho, Ivan e Robert. Depois de um longo mês finalmente conseguimos um lugar onde poderíamos enterrar caixões sem nada dentro.

Depois que acordei naquele dia eu estava em uma cama de hospital. E Dante segurava minha mão, pois sabia a minha reação assim que acordasse. Porém eu apenas assenti com a cabeça logo após que ele confirmou a morte de Cho e disse que o corpo desapareceu misteriosamente.

Contei para ele tudo que aconteceu na casa de Robert, a história do meu sonho, do meu filho e a de Robert. Ele me disse não se lembra de nada, e que aquilo não fazia sentido uma vez que ele era um anjo. Pensaríamos nisso depois.

Assim que ele pode foi até a casa de Robert e não havia nada além de cinzas e assim estamos diante de três caixões vazios.

Dante perdeu as asas e – nem ele sabe como – sobreviveu. Ainda não sabemos quem o atacou, mas temos quase absoluta certeza que foi a mesma pessoa que matou Robert, ou seja, a bruxa.

Algumas coisas ficaram sem sentido. Como essa tal bruxa tinha uma arma angelical? O meu primeiro palpite foi que ela tivesse roubado a arma de Dante, mas ele sorriu e disse:

– Não há como.

– Por que não? – falo apoiando-me nos cotovelos na cama do hospital. Minha perna ainda doía muito da queimadura. – Ela é uma bruxa! Poderia muito bem descobrir onde está sua arma.

– Mas minha arma ficou com você o tempo todo. – ele diz olhando em meus olhos. Sentado na cadeira do acompanhante.

– Não ficou não. – discordo. Ele pega minha mão e beija o anel que me deu em meu aniversario.

– Ficou sim. – e então ele aponta minha mão para mim mesma.

– Sua arma angelical? – falo pasma, apontando para o anel.

– Sim. – ele sorri.

E assim descartamos essa possibilidade. E depois dessa nenhuma foi plausível o suficiente.

Logo depois dessa conversa Dante me contou que acordou com muita dor não muito depois de eu ter desmaiado naquele dia. Ele então me trouxe para o hospital, e agora possuía uma enorme cicatriz em forma de V em suas costas que ainda estavam em fase de cicatrização.

– Em que está pensando? – Dante fala olhando para mim. Ele perdeu totalmente seu dom de ler pensamentos e coloca-los também. Apenas fiz o sinal negativo com a cabeça.

O rapaz de terno que cuidava do tempo do velório entrou na sala e avisou que o tempo havia esgotado e que agora nós seguiríamos para o cemitério. Como havia três e havíamos escolhido enterrá-los de uma só vez, teríamos que esperar até que todos estivessem lá e depois poderiam partir.

– Prefiro esperar os três chegarem um por um no cemitério. – falei cansada daquele cheiro.

– Podemos? – Dante pergunta ajudando-me a levantar e segurando-me em seus braços.

– Bem, acho que sim. – o rapaz de terno respondeu.

Entramos juntos no banco de trás do carro fúnebre. Dante me apertava junto ao seu peito com toda a força que podia e eu agradecida me enroscava em seu abraço, não podia retribuir o abraço por sua cicatriz nas costas.

Escolhi o mesmo cemitério onde Robert morava, e assim que chegamos me arrependi amargamente. Só agora percebi o quanto aquele lugar me trazia náuseas.

Havia uma tenda armada e debaixo dela duas cadeiras nos esperavam na frente de duas lápides de mármore cinza e uma de mármore branco, a cor que escolhi para a lapide de meu filho.

Olhei para as flores em minhas mãos. As minhas rosas azuis. Fiz questão de trazê-las. Dante fez três guirlandas com as mesmas rosas e as segurava. Os coveiros vieram até nós com uma cara amarrada e um carrinho de mão onde havia grama e uma pá.

Depois que eles jogaram a ultima pá com terra e colocou a grama por cima do caixãozinho de madeira branca foram embora - não sem antes levar a tenda e as cadeiras – e então eu me ajoelhei em frente às pessoas que foram tão importantes para mim. Divido meu buque em três e coloco uma parte em cada cova. E fico ali, chorando em silencio, agarrada a três pessoas que eu não pude proteger.

Já estava quase anoitecendo, não havia mais o que fazer. Olhei em volta e fechei os olhos esperando que um dia eu pudesse conviver com aquela dor.

– Vamos embora. – Dante fala segurando-me em seus braços. Equilibro-me e começo a caminhar.

– Estou tão cansada de funerais. – choramingo. – Prometa-me que eu não comparecerei em mais nenhum.

– Eu prometo. – ele diz beijando-me em meio à pequena estradinha de pedras que levava a entrada do cemitério. Pelo menos isso eu terei. Dante.

– Eu te amo. – falo.

– Eu te amo. – ele me abraça forte.

Caminhamos de mãos dadas até o carro que nos esperava lá fora. O meu carro, que agora estava livre das manchas de sangue que deixei. Agradecemos ao motorista que teve a bondade de trazê-lo até aqui.

Dante assume o volante, não quero dirigir tão cedo. E então seguimos para o cartório onde o testamento de Dona Cho espera para ser aberto.

– Pode repetir, por favor? – Dante pergunta mais uma vez. Estou boquiaberta.

– A casa em meu nome fica para Dante. E toda minha herança fica para Dante e Vinny Louis. – o senhor diz apenas a parte importante.

– E de quanto é essa herança? – peço para que ele repita.

– Algo em torno de um milhão de euros. – ele repete mais uma vez.

– Isso está certo? – Dante pergunta.

– Quer olhar você mesmo? – o homem se exalta um pouco.

– Não, tudo bem. – Dante recua.

– E então, irão passar tudo para seus nomes? – ele diz mostrando o papel onde assinamos nossos nomes. – Muito bem, agora são oficialmente milionários. – ele sorri apertando minha mão e a de Dante.

– Posso pedir uma ultima coisa antes de deixar realmente todo meu passado para trás? – pergunto mordendo os lábios.

– Claro. Qualquer coisa. – Dante afirma.

– Podemos passar na frente da minha antiga casa?

– Sim. – ele confirma mudando o carro em direção contraria.

Paramos do lado oposto da rua. E para minha alegria e surpresa meu pai e minha irmã estão brincando na grama da frente de minha antiga casa.

Ela sorri enquanto meu pai faz cosquinha em sua barriga. Logo depois minha mãe aparece com uma bandeja de sucos e alguns biscoitos. E vejo uma pequena barriga saliente em seu vestido.

– Família Comercial de Margarina. – Dante murmura.

– Ele está tendo mais tempo com ela, isso é muito bom. – falo suspirando.

– Sua mãe também parece feliz.

– Acho que o que os atrapalhava mesmo era eu. – digo dando um meio sorriso.

– Não é verdade. – Dante discorda.

– Tudo bem. – falo encerrando o assunto. – Que bom que Anita terá outro irmão. – falo assim que vejo meu pai beijando a barriga de minha mãe.

– Estão todos felizes e é isso que importa. – ele diz ligando o carro. – E a partir de agora construiremos nossa própria família. – sorrio em resposta.

Estacionamos o carro e olhamos um para o outro. Dante segura minha mão e a beija.

– Ficaremos bem? – ele diz, mas soa como uma pergunta.

– Ficaremos bem e juntos. – confirmo, mesmo sabemos que tenho a culpa em minhas costas.

– Eu já disse que te amo? – ele pergunta tirando meu chapéu. E olhando no fundo dos meus olhos.

– Já. – sussurro encostada aos seus lábios.

– Então serei chato e direi de novo. – ele sorri. – Eu te amo.

– Eu também. – sussurro de volta e o beijo.

Mesmo sabendo que ainda a muito a descobrir nesta história me permito a esquecer por um momento de tudo. Dante sai do carro, me pega no colo e me leva para dentro.

– Viveremos aqui. – ele diz me deixando no sofá e retirando meus sapatos e depois sentando ao meu lado.

– Ainda bem que já estamos de férias da escola. – falo enquanto me aconchego em seu abraço. – Não aguentaria um minuto naquela escola.

– Acho que teremos que mudar de escola. – ele diz.

– É. – concordo. E então ele pega meu rosto nas mãos.

– Esqueceremos isso por hoje. - e então ele me beija.

– Posso suportar se for desse jeito. – digo sorrindo.

– Então tenho que dar mais. – e ele me beija de novo.

Não sei o que será de nós hoje, muito menos amanhã. Um anjo caído e uma reencarnação. Será correto? Ainda temos muitas coisas a descobrir e eu não vou desistir até achar o responsável por tudo que houve.

Mas naquele momento eu me sentia feliz. Abracei Dante e fechei os olhos. Agora era apenas esperar o amanha.


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Notas finais do capítulo

NÃO PERCA A CONTINUAÇÃO DE A SAGA DE V - CECIDIT



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