Um Homem Sob Medida escrita por Gilraen Ancalímon


Capítulo 27
Capítulo 27 - Acidente


Notas iniciais do capítulo

Bem meninas, posto mais amanhã, obrigada por ficarem até agora, bjs



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Aquele beijo detonou uma verdadeira explosão de desejo.

Os lábios de Vinícius só abandonaram os de Kíria para depositarem beijos igualmente ardentes em seu pescoço e colo. Ela mal percebeu quando, com dedos trêmulos, ele lhe desabotoou a blusa. Ao tirá-la, Vinícius interrompeu suas carícias por um momento, a fim de deleitar os olhos com a visão dos seios fartos. Em seguida, pôs-se a acariciá-los com as mãos e, depois, com a boca, arrancando de Kíria gemidos de prazer.

Ansiosa para oferecer a ele o mesmo que recebia, ela o imitou e, em questão de segundos, livrou-o da camisa, para então acariciá-lo com a mesma intensidade e ardor.

Embriagados pela paixão deixaram-se cair na grama macia, suas carícias se tornando cada vez mais urgentes. Seus gemidos e sussurros se misturaram ao canto das águas nas rochas, mas nada se comparava à emoção que os unia.

Em poucos minutos, estavam ambos nus, conscientes apenas do contato entre seus corpos. Quando Vinícius finalmente a penetrou, a certeza de Kíria tornou-se ainda maior: aquele era o seu lugar, de onde ele jamais deveria ter se afastado. Assim, foi de maneira quase automática que seu corpo acompanhou o ritmo do dele, entregando-se ao prazer crescente, até que ambos explodiram em êxtase arrebatador.

Uma paz imensa tomou conta daquele pedaço de paraíso. Aconchegada nos braços de Vinícius, recuperando aos poucos a respiração regular, Kíria se perguntou o que viria a seguir. Teriam aqueles momentos de paixão significado que Vinícius estava disposto a deixar o passado para trás e recomeçar sua vida com ela? Ou teria sido apenas o resultado do desejo reprimido e, agora, ele se arrependeria por ter cedido aos seus instintos?

Vinícius se elevou nos cotovelos e fitou-a por um breve momento, antes de dizer:

― Devo estar pesado.

Com isso, rolou para o lado, deixando Kíria à mercê de uma profunda sensação de vazio.

Embora ele a houvesse fitado por pouco tempo, fora o bastante para Kíria reconhecer o arrependimento nos olhos cinzentos. Foi naquele momento que a esperança morreu dentro dela. Se o ato de amor não fora capaz de atravessar a couraça que ele construíra em torno do coração, nada mais seria.

Deu-se conta de que estivera se enganando, todo aquele tempo. Agora, era forçada a abrir os olhos para a verdade dura e cruel: sua mentira matara o amor que Vinícius tinha por ela. Tudo o que restara fora o sexo, que jamais substituiria o sentimento sublime que haviam partilhado. Especialmente sabendo que Vinícius detestava e desprezava o desejo que ainda sentia por ela.

Sentindo-se nauseada, Kíria se sentou, apanhou as roupas e começou a se vestir, apressada.

― Precisamos voltar ― murmurou, lutando com os botões da blusa.

― Deixe-me ajudá-la ― Vinícius se ofereceu, notando a dificuldade de seus dedos trêmulos.

Porém, quando as mãos dele a tocaram, Kíria afastou-se de um pulo.

― Não!

― Por quê? O que houve? ― ele inquiriu confuso.

― Nada. Simplesmente, não quero que me toque.

A expressão de Vinícius endureceu.

― Não quer que eu a toque, mas diz que não houve nada? Pois, para mim, algo está muito errado! ― ele protestou, pondo-se de pé.

Kíria também se levantou.

― Por que fez amor comigo, Vinícius? ― perguntou a queima-roupa.

― Por que você acha que fiz amor com você? ― ele lhe devolveu a pergunta, visivelmente desconsertado.

― Porque não foi capaz de se controlar.

Em vez de negar a acusação, como Kíria esperava que ele fizesse, Vinícius se afastou alguns passos, antes de confirmar:

― Não fui capaz. A verdade é que nunca fui.

Embora desejasse odiá-lo ou, ao menos, ignorá-lo, Kíria não podia, pois seu amor a impedia.

― E, agora, está arrependido ― afirmou.

― Tenho tanto do que me arrepender, que nem sei por onde começar. Kíria, não podemos continuar assim.

Quando Vinícius voltou a encará-la, Kíria reconheceu a profunda tristeza nos olhos dele. O que trouxe lágrimas aos dela, também.

― Não se preocupe. Não será preciso ― declarou com voz trêmula, antes de dar meia-volta e começar acorrer.

― Kíria, não!

Ignorando o chamado urgente, Kíria continuou correndo. Não queria ouvir mais nada. Só queria voltar para casa, onde poderia lamber suas feridas e pensar no que fazer. Enquanto corria, as lágrimas a impediam de reconhecer o caminho que haviam percorrido em sentido contrário.

Quando ouviu Vinícius chamá-la de novo e percebeu que ele a seguia, acelerou ainda mais os passos. Não viu a raiz exposta à sua frente e tropeçou, voando pelo ar. Ficou deitada por um momento, mas ao ouvir os passos apressados de Vinícius se aproximando, pôs-se de pé e prosseguiu com sua fuga.

― Kíria, pare! Não é esse o caminho! ― Vinícius gritou bem atrás dela, assustando-a.

Kíria girou nos calcanhares e perdeu o equilíbrio. Na tentativa de recuperá-lo, recuou dois passos e, no terceiro, descobriu horrorizada, que não havia nada debaixo de seu pé. Seus olhos encontraram os de Vinícius e reconheceram neles o mais puro terror, enquanto ele se adiantava para ela. Mas era tarde demais, pois Kíria já caía no vazio.

― Não!

Ouviu o grito desesperado de Vinícius, enquanto seu corpo rolava e batia pelo barranco que a vegetação escondera. Só sentiu a dor quando seu corpo aterrissou em algo duro e plano.

Segundos depois, Vinícius apareceu a seu lado, muito pálido, o peito ainda nu coberto de arranhões. Kíria viu a mão trêmula estender-se na sua direção e, então, imobilizar-se no ar, como se ele temesse tocá-la, no caso de ela possuir algum ferimento grave.

― Senhor! ― ele exclamou com voz estrangulada. ― O que você fez? Acha que tem alguma fratura? Onde dói?

Embora seu corpo inteiro doesse, Kíria não acreditava ter sofrido nenhuma fratura.

― Minha cabeça dói ― conseguiu dizer.

― Vou examiná-la. Diga se sentir dor ― Vinícius anunciou e, com gestos cuidadosos, pôs-se a apalpá-la. ― Aparentemente, não houve fraturas, mas temos de levá-la a um hospital, depressa. Não gostaria de deixá-la sozinha, mas o rádio ficou perto da cachoeira.

― Tudo bem ― Kíria murmurou com esforço. ― Prometo não fugir ― tentou brincar.

Vinícius sorriu para encorajá-la.

― Prometo voltar logo.

― Confio em você ― Kíria declarou e Vinícius tornou-se ainda mais pálido.

Abriu a boca para dizer algo, mas desistiu.

― Comece a contar, querida. Estarei de volta antes que chegue ao cem ― declarou e começou a subir o barranco.

Kíria chegava ao sessenta, quando uma dor lancinante percorreu seu corpo. Com um espasmo, ela bateu a cabeça já ferida e, desta vez, a consciência não resistiu e ela mergulhou na escuridão.


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