Um Homem Sob Medida escrita por Gilraen Ancalímon
Notas iniciais do capítulo
Bem meninas, posto mais amanhã, obrigada por ficarem até agora, bjs
Aquele beijo detonou uma verdadeira explosão de desejo.
Os lábios de Vinícius só abandonaram os de Kíria para depositarem beijos igualmente ardentes em seu pescoço e colo. Ela mal percebeu quando, com dedos trêmulos, ele lhe desabotoou a blusa. Ao tirá-la, Vinícius interrompeu suas carícias por um momento, a fim de deleitar os olhos com a visão dos seios fartos. Em seguida, pôs-se a acariciá-los com as mãos e, depois, com a boca, arrancando de Kíria gemidos de prazer.
Ansiosa para oferecer a ele o mesmo que recebia, ela o imitou e, em questão de segundos, livrou-o da camisa, para então acariciá-lo com a mesma intensidade e ardor.
Embriagados pela paixão deixaram-se cair na grama macia, suas carícias se tornando cada vez mais urgentes. Seus gemidos e sussurros se misturaram ao canto das águas nas rochas, mas nada se comparava à emoção que os unia.
Em poucos minutos, estavam ambos nus, conscientes apenas do contato entre seus corpos. Quando Vinícius finalmente a penetrou, a certeza de Kíria tornou-se ainda maior: aquele era o seu lugar, de onde ele jamais deveria ter se afastado. Assim, foi de maneira quase automática que seu corpo acompanhou o ritmo do dele, entregando-se ao prazer crescente, até que ambos explodiram em êxtase arrebatador.
Uma paz imensa tomou conta daquele pedaço de paraíso. Aconchegada nos braços de Vinícius, recuperando aos poucos a respiração regular, Kíria se perguntou o que viria a seguir. Teriam aqueles momentos de paixão significado que Vinícius estava disposto a deixar o passado para trás e recomeçar sua vida com ela? Ou teria sido apenas o resultado do desejo reprimido e, agora, ele se arrependeria por ter cedido aos seus instintos?
Vinícius se elevou nos cotovelos e fitou-a por um breve momento, antes de dizer:
― Devo estar pesado.
Com isso, rolou para o lado, deixando Kíria à mercê de uma profunda sensação de vazio.
Embora ele a houvesse fitado por pouco tempo, fora o bastante para Kíria reconhecer o arrependimento nos olhos cinzentos. Foi naquele momento que a esperança morreu dentro dela. Se o ato de amor não fora capaz de atravessar a couraça que ele construíra em torno do coração, nada mais seria.
Deu-se conta de que estivera se enganando, todo aquele tempo. Agora, era forçada a abrir os olhos para a verdade dura e cruel: sua mentira matara o amor que Vinícius tinha por ela. Tudo o que restara fora o sexo, que jamais substituiria o sentimento sublime que haviam partilhado. Especialmente sabendo que Vinícius detestava e desprezava o desejo que ainda sentia por ela.
Sentindo-se nauseada, Kíria se sentou, apanhou as roupas e começou a se vestir, apressada.
― Precisamos voltar ― murmurou, lutando com os botões da blusa.
― Deixe-me ajudá-la ― Vinícius se ofereceu, notando a dificuldade de seus dedos trêmulos.
Porém, quando as mãos dele a tocaram, Kíria afastou-se de um pulo.
― Não!
― Por quê? O que houve? ― ele inquiriu confuso.
― Nada. Simplesmente, não quero que me toque.
A expressão de Vinícius endureceu.
― Não quer que eu a toque, mas diz que não houve nada? Pois, para mim, algo está muito errado! ― ele protestou, pondo-se de pé.
Kíria também se levantou.
― Por que fez amor comigo, Vinícius? ― perguntou a queima-roupa.
― Por que você acha que fiz amor com você? ― ele lhe devolveu a pergunta, visivelmente desconsertado.
― Porque não foi capaz de se controlar.
Em vez de negar a acusação, como Kíria esperava que ele fizesse, Vinícius se afastou alguns passos, antes de confirmar:
― Não fui capaz. A verdade é que nunca fui.
Embora desejasse odiá-lo ou, ao menos, ignorá-lo, Kíria não podia, pois seu amor a impedia.
― E, agora, está arrependido ― afirmou.
― Tenho tanto do que me arrepender, que nem sei por onde começar. Kíria, não podemos continuar assim.
Quando Vinícius voltou a encará-la, Kíria reconheceu a profunda tristeza nos olhos dele. O que trouxe lágrimas aos dela, também.
― Não se preocupe. Não será preciso ― declarou com voz trêmula, antes de dar meia-volta e começar acorrer.
― Kíria, não!
Ignorando o chamado urgente, Kíria continuou correndo. Não queria ouvir mais nada. Só queria voltar para casa, onde poderia lamber suas feridas e pensar no que fazer. Enquanto corria, as lágrimas a impediam de reconhecer o caminho que haviam percorrido em sentido contrário.
Quando ouviu Vinícius chamá-la de novo e percebeu que ele a seguia, acelerou ainda mais os passos. Não viu a raiz exposta à sua frente e tropeçou, voando pelo ar. Ficou deitada por um momento, mas ao ouvir os passos apressados de Vinícius se aproximando, pôs-se de pé e prosseguiu com sua fuga.
― Kíria, pare! Não é esse o caminho! ― Vinícius gritou bem atrás dela, assustando-a.
Kíria girou nos calcanhares e perdeu o equilíbrio. Na tentativa de recuperá-lo, recuou dois passos e, no terceiro, descobriu horrorizada, que não havia nada debaixo de seu pé. Seus olhos encontraram os de Vinícius e reconheceram neles o mais puro terror, enquanto ele se adiantava para ela. Mas era tarde demais, pois Kíria já caía no vazio.
― Não!
Ouviu o grito desesperado de Vinícius, enquanto seu corpo rolava e batia pelo barranco que a vegetação escondera. Só sentiu a dor quando seu corpo aterrissou em algo duro e plano.
Segundos depois, Vinícius apareceu a seu lado, muito pálido, o peito ainda nu coberto de arranhões. Kíria viu a mão trêmula estender-se na sua direção e, então, imobilizar-se no ar, como se ele temesse tocá-la, no caso de ela possuir algum ferimento grave.
― Senhor! ― ele exclamou com voz estrangulada. ― O que você fez? Acha que tem alguma fratura? Onde dói?
Embora seu corpo inteiro doesse, Kíria não acreditava ter sofrido nenhuma fratura.
― Minha cabeça dói ― conseguiu dizer.
― Vou examiná-la. Diga se sentir dor ― Vinícius anunciou e, com gestos cuidadosos, pôs-se a apalpá-la. ― Aparentemente, não houve fraturas, mas temos de levá-la a um hospital, depressa. Não gostaria de deixá-la sozinha, mas o rádio ficou perto da cachoeira.
― Tudo bem ― Kíria murmurou com esforço. ― Prometo não fugir ― tentou brincar.
Vinícius sorriu para encorajá-la.
― Prometo voltar logo.
― Confio em você ― Kíria declarou e Vinícius tornou-se ainda mais pálido.
Abriu a boca para dizer algo, mas desistiu.
― Comece a contar, querida. Estarei de volta antes que chegue ao cem ― declarou e começou a subir o barranco.
Kíria chegava ao sessenta, quando uma dor lancinante percorreu seu corpo. Com um espasmo, ela bateu a cabeça já ferida e, desta vez, a consciência não resistiu e ela mergulhou na escuridão.
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