Salve Minha Mente, Proteja Minha Alma. escrita por Norns


Capítulo 4
Capítulo Quatro.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo reescrito, pela última vez. ;) Boa leitura!



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08 anos atrás.

.

Uma garota cuja puberdade estava prestes a atingir brincava embaixo de uma arvore, na tentativa de esconder-se do sol escaldante do verão.

Nela não havia nada especial; seu corpo ainda em desenvolvimento; mente infantil; personalidade fraca; a terrível mania de rir alto – algo que a acompanharia pelo resto da sua vida. Ela tinha 11 anos na época.

Do outro lado da rua um rapaz mais velho sentado na calçada conversava com os amigos, um deles era um garoto que Annie considerava seu primo. Alguém que costumava confiar.

A presença de ambos era insignificante para Annabel, entretanto, a de Annie não.

Desde os primórdios até os dias de hoje o ser humano nunca está satisfeito, seja sexual, filosófica ou socialmente, sempre que alcançam suas prioridades eles voltam para o inicio. Alguns, quando não podem ter aquilo que desejam, usam o medo:

– Se contar para alguém, farei o mesmo com sua irmãzinha... – Murmurou, enquanto mantinha os olhos negros sob os castanhos-avelã, tocando novamente a pele do seu rosto com a ponta dos dedos que logo se intrometeram dentre suas vestes. Havia mais dois amigos ao lado dele, certificando-se que ninguém a escutaria, que Annabel não fugiria.

– Não. – Mesmo com toda sua inocência, sabia o que aconteceria dali por diante, os olhos do mais velho não negavam a dor que estava por vir. – Eu só quero ir pra casa. – As lágrimas dificultaram sua visão.

Mas não importava se mal conseguia ver ou falar.

O choro não importou.

Queria sua inocência de volta.

Certificou-se de chorar durante o caminho para casa, e de que não havia nenhum machucado visível, - nesse ponto ele havia sido cuidadoso, não havia arranhões, nem hematomas em sua pele -, não queria que ninguém soubesse.

Aprendeu a mentir cedo, e o soube fazê-lo por algum tempo; Continuou indo às aulas pelo menos por mais alguns anos, frequentou festas, namorou, cresceu, enlouqueceu.

E agora, com 20 anos, Annie estava enfim permitindo-se sentir a dor que escondeu e encobriu por todos esses anos.

Consentiu ser Annabel novamente, permitira a si mesma chorar como nunca mais havia chorado.

Em seu apartamento, estava sentada no sofá, a televisão ligada num canal de luta, ela adorava lutas, a adrenalina que percorria suas veias somente poderia ser entendida por outro apreciador de artes marciais, talvez fosse à violência gratuita e a sensação primitiva de retornar ao coliseu, talvez fosse algo mais depravado como a fantasia de dois homens seminus roçando um no outro, ou talvez fosse algo mais simples: gostava por gostar, gostava porque era o que costumava assistir com Trevor e James. Em cima da mesa, havia comprimidos que o médico receitou na época que fazia tratamento psiquiátrico e, ao lado, uma garrafa de vodka, que devido à sua má qualidade provocou uma enxaqueca na garota. Transpirava. Tornou-se difícil respirar. Não sabia se aquilo era uma overdose, nunca tivera uma, nem se aquilo era um dos piores mal estar. Os cômodos da casa vagarosamente giravam em torno da sua cabeça, que logo se perderam na súbita escuridão que repousou diante de seus olhos. Não era mais capaz de ver nada na sala, exceto uma borboleta carmesim. Carmesim era sua cor favorita.

A enxaqueca sumiu e, de repente, respirar não era mais doloroso.

Cada minuto era valioso, isto era o que James mantinha em mente enquanto corria em direção à casa de Annie – ela morava a quatro quarteirões da casa de sua mãe, portanto, graças a seu desempenho físico acreditara que chegaria mais depressa a pé do que de ônibus, mas esse pensamento fugia-lhe conforme os minutos passavam, e o arrependimento de não ter parado no ponto de táxi próximo a casa de sua mãe abateu sob ele. Sentia que os minutos eram valiosos, porém não sabia quantos ainda lhe restavam.

Não soube ao certo quanto tempo levou para finalmente chegar ao prédio que a amiga morava, subiu as escadas ouvindo dentro de si aquela voz falha ao telefone, torcendo que ela estivesse consciente. Sua mão trêmula pelo nervosismo mal conseguia pegar as chaves do apartamento no bolso da calça, “eu preciso ficar calmo”, pensou consigo, respirando fundo para, finalmente, abrir a porta.

A aflição em seu peito foi tamanha que sentiu vontade de arrancar o coração com as próprias unhas na crença de que aquilo pararia, “eu sabia”, devia ter se apressado mais, pego um táxi, ligado para a emergência, qualquer coisa útil.

A visão diante de si era de uma Annie inconsciente, deitada no sofá, seu longo cabelo negro sob seus pálidos lábios. Moveu-se abruptamente até ela, caindo de joelhos em frente aquele corpo.

– Annie! – Chamou por ela quase aos gritos. – Annabel!


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Deixem reviews. ~



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