– Nee, líder~

– Calado, idiota inútil!

As vozes dos dois ecoavam abafadas entre aquelas quatro paredes vazias do quarto de alguém. O que faziam ali, sozinhos sob lençóis amarrotados, partilhando a mesma cama de solteiro, dispensava explicações. Entre as vozes, a do rapaz loiro dotado com inexplicável lábia se sobressaia ante os gemidos murmurados da garota de cabelos esverdeados.

– O que você quer que eu diga agora, Kido? - Ele sussurrou, mantendo a expressão felina em seu rosto. Divertia-se com o rosto corado da garota abaixo de si e com os dedos finos dela tentando perfurar os braços magros que a cercavam num espasmo doloroso.

– Quero que se cale - Ela disse entre dentes. - Quero que não diga mais nada!

– Resposta errada. - Assim que o disse, livrou-se delicadamente um dos braços que ela apertava e levou a mão dali ao rosto corado e ofegante, afastando a franja esverdeada em seguida; queria ver o rosto dela por completo. Por fim, aproximou seu rosto quase gerando um toque de narizes. - Você quer que eu diga "eu te amo", certo?

O tom de voz dele era desprezível e enojador, e cada movimento seu provocava latejos e reflexos indesejados ao corpo dela, sobretudo aquele toque em sua face sensível que a arrepiou por completo.

– Eu te amo, Kido. - Suas palavras... Por mais que ela soubesse que eram falsas, eram, de alguma forma, cativantes. O coração dela disparava ao ouvi-las.

– Não posso acreditar em você... - Disse num fio de voz, tornando a virar o rosto. O loiro apenas riu como de costume.

– Isso mesmo, você não pode acreditar em mim. Nunca. - Falou, e então foi ao ouvido que ela lhe expunha e passou a sussurrar - Mas ainda sim, você quer acreditar. Você quer que estas palavras sejam verdadeiras, certo, Kido?

– Calado! Idiota! Mentiroso! - Debateu-se, e ele de alguma forma, a conteve quieta e passiva novamente.

– Você pode acreditar no que quiser, Kido. Em fadas, em fantasmas, em aliens... Em tudo, menos em minhas palavras.

Ela trincou os dentes. Ele era tão detestável, vezes e vezes Kido se perguntava como sempre acabava nos braços do mentiroso, ou porquê ainda esperava que ele dissesse alguma verdade.

– Odeio você... Kh!

– É inacreditável como convive comigo há tanto tempo e ainda não aprendeu a mentir. - Para os outros você é só "invisível", mas para mim, você é totalmente transparente, Tsubomi. – Posso lhe dar umas aulinhas se quiser - Piscou.

Kano jogou-se para frente uma última vez, interrompendo a resposta dela. A voz não saiu como ela queria, e terminou por buscar mais ar do que palavras naquele momento. Sentiu-o afastar-se brevemente e então ceder o corpo sobre o dela.

– Heh... - Ele ofegou - Você é uma gracinha quando está assim, líder. - E acariciou-lhe o rosto quente e pulsante.

Ele pôde ouvi-la o amaldiçoar e xingar mais algumas vezes, divertindo-se com seu tom antes de calá-la com a própria boca até que Kido se acalmasse e desfalecesse-se.