Acordei com muita preguiça de levantar, mas agora eu era uma rainha e tinha muitas coisas pra fazer, então eu tinha que levantar.

– Bom dia minha rainha! – falou Ed no meu ouvido me fazendo rir.

– Bom dia meu amor! – falei sem abrir os olhos.

– Nós temos que levantar! – eu enfiei minha cabeça no travesseiro.

– Mas eu não quero! – falei quase inaudível por causa do travesseiro e Ed me beijou na nuca.

– Vamos Angie!

– É assim que você quer me fazer levantar? Jura? – falei e ele riu.

– Sinto muito, não faço mais! – falou ele e eu me virei para encará-lo.

– Eu não disse isso! – falei e ele riu.

– Então levante se não eu vou ter que te tirar da cama! – falou ele, mas eu apenas me afundei mais nela. Ed suspirou e me pegou pela cintura, me colocando no chão.

– Ah, você não precisava fazer isso! – falei andando até o banheiro.

– Eu acho que sim! – falou ele entrando no banheiro comigo!

– O que vamos fazer agora? – perguntei entrando no banho enquanto Ed escovava os dentes.

– Depois do café da manhã, eu tenho um encontro com os ministros a respeito de algumas leis pendentes. E você tem que ir até a Universidade de Oxford conversar com a direção sobre a nova grade de horário de alguns cursos junto com o Ministro da Educação. – eu suspirei de exaustão antes de começar, enquanto a água quente caia no meu corpo.

– E como eu vou resolver isso? – falei e Ed sorriu.

– Até você chegar a Oxford converse com o Ministro e leia alguns livros.

– Você disse “alguns”? No plural? – perguntei pegando a toalha.

– Sim, eu disse. – eu franzi o nariz e fechei os olhos, mas Edward me abraçou. – Eu acredito em você Angie, você sempre pode contar comigo!

– Eu sei, obrigada por isso! – falei e saímos do banheiro em direção ao closet.

– De nada. – falou pegando o terno.

– Que roupa eu vou vestir Ed? – perguntei encarando um closet inteiro de opções.

– Está muito frio, então não precisa vestir as roupas que você tanto reclama. – falou parando ao meu lado.

– Posso vestir as roupas quentes e modernas parecidas com as que eu usava em Paris? – perguntei ansiosa e ele sorriu.

– Pode claro! Quer que eu te espere para o café da manhã? – perguntou já sabendo a minha resposta, pois sentou na poltrona.

– Sim, eu adoraria! – falei encarando as minhas roupas de frio.

Resolvi colocar uma meia calça xadrez de vermelho e preto, blusa branca comprida lisa, sobretudo cinza com botões dourados, cachecol nude, luvas da mesma cor, bolsa bege e botas pretas.

– Que tal estou? – perguntei e Ed sorriu.

– Está linda!

– Muito obrigada! Eu estou quase pronta, vou pentear o cabelo. – eu resolvi deixar o cabelo solto e totalmente liso.

– Está pronta? – perguntou ele saindo do closet.

– Estou, vamos querido? – perguntei oferecendo a minha mão e ele riu a pegando.

– Claro querida! – falou fechando a porta do quarto.

Andamos em silêncio presos nos próprios pensamentos, e encontramos todos já sentados na mesa do café da manhã.

– Bom dia! – falei sorrindo e sentando ao lado de Ed.

– Bom dia, Vossa Majestade! – falou Lucas me fazendo rir, mas Ed só acenou a cabeça.

– Podem servir o café da manhã! – falou Ed sério.

Rapidamente várias pessoas surgiram trazendo o café da manhã achei até estranho todos esperarem Edward chegar pra comer, mas agora ele era o rei ali. Consequentemente eu era a rainha, esquisito.

O café da manhã seguiu em silêncio como sempre, mas diferente. Alguma coisa estava acontecendo entre Lucas e Ana, eles se entreolharam o tempo todo e estavam inquietos. Mas eu não conseguia identificar qual era o problema.

O rei e a rainha, quer dizer, os pais de Ed se levantaram e finalmente a conversa começou.

– Vocês vão fazer o que agora? – perguntou Ana.

– Eu vou me encontrar com os ministros, menos o da educação que vai estar com a Angie. – falou Ed e eu suspirei.

– Eu vou junto com o ministro na Universidade de Oxford. – falei e Lucas levantou a cabeça.

– Dizem que a Salão Principal de Hogwarts foi baseado no Refeitório de Oxford. – falou ele com os olhos brilhando me fazendo sorrir.

– Eu vou ver e te digo. – falei e ele assentiu.

– Nós temos que falar com vocês! – falou Ana e olhou pra Lucas que de repente achou seu prato muito interessante.

– Sobre? – perguntei a encarando.

– Que horas vocês estão disponíveis? – perguntou ela ignorando a minha pergunta.

– Acho que depois do almoço. – falou Ed sério.

– Ótimo! – falou ela levantando da mesa seguida por Lucas.

– Ed, o que está acontecendo? – perguntei o encarando séria e preocupada.

– Eu acho que tenho uma ideia. – falou ele me encarando de volta.

– O que você acha? – perguntei

– Angie, nós viramos o rei e a rainha. Estamos casados, e onde eles entram nessa história? – perguntou e eu não respondi.

– Você acha que eles vão fazer escândalo ou sei lá. – falei e ele deu de ombros.

– Quem sabe?

Eu suspirei e não consegui comer mais, eu confesso que sentia mais pela Ana. Até porque ela é minha melhor amiga, minha irmã, minha confidente.

– Eu tenho que ir! – falou Ed me trazendo de volta.

– Eu também! – falei levantando junto com ele.

Edward foi comigo até a porta e depois seguiu para o salão de reuniões. O Ministro da Educação já me esperava no carro e assim que eu entrei me entregou alguns papéis e dois livros que eu fui lendo tentando focar a minha mente a prestar atenção.

– Chegamos! – anunciou o motorista.

– Obrigada! – falei e sai do carro, dois seguranças me esperavam e entraram comigo pela faculdade. Um tempo atrás eu sonhava em andar pelos corredores como uma aluna e agora eu andava seguida por dois seguranças como a rainha da Inglaterra.

– Bom dia! – anunciei assim que entrei na sala da diretora que me esperava ansiosa.

– Bom dia, Majestade! – falou fazendo uma pequena reverência.

Eu sentei na ponta da mesa e rapidamente trouxeram uma caneca com cappuccino e creme, minha bebida quente preferida.

– Obrigada! – falei um pouco nervosa, eu não sabia como fazer isso.

>>o Ponto de vista: Ed

– Majestade, Majestade. – chamou um dos ministros fazendo minha atenção se voltar para o que tava acontecendo.

– Desculpe, o que dizia? – falei educadamente, a intimação da Ana me deu o que pensar.

– Majestade, aqui está à proposta da criação do novo orfanato em Londres. – falou o ministro me entregando um papel que eu peguei prontamente.

– Obrigado! – falei e comecei a ler, mas eu não conseguia me concentrar no que estava lendo. Minha mente viajava pelas páginas pensando na Ana e no que ela queria me dizer hoje á tarde. Na verdade eu já sabia (mais ou menos) o que me esperava, mas isso não quer dizer que eu estava pronto pra ouvir o que ela ia me dizer. Se ela disser o que eu estou pensando o que eu vou fazer?

>>o Ponto de vista: Ana

Eu não sabia se estava pronta pra dizer adeus a tudo aquilo, principalmente a Ed. Ele era um cara incrível no qual as responsabilidades o fizeram tomar escolhas que ele não estava pronto. Quando eu via filmes a respeito da realeza, eu não sabia o quão complicado ela era e o quão as suas leis me magoariam. Eu já estava olhando pro nada há mais de duas horas.

– Toc, Toc. – falou Lucas batendo na porta.

– Pode entrar! – falei deitada na cama abraçada com uma almofada.

Não tive coragem de ir à faculdade e Lucas também não, minha cabeça estava muito cheia.

– Eu sabia que você estaria aqui deitada na sua cama com seus bichinhos. – falou ele sorrindo tirando o sapato e deitando ao meu lado.

– Você me conhece! – falei e suspirei.

– Está preocupada?

– Com certeza! Eu sei que isso é o certo a se fazer, mas ainda dói o meu coração deixar tudo! – falei apertando mais ainda o meu ursinho.

– Tem razão, o meu quarto no Brasil não é do Harry Potter. – falou ele me fazendo rir.

– Como você consegue levar tudo na brincadeira? – perguntei e ele deu de ombros.

– Acho que é um dom! – falou olhando pro teto.

– Obrigada por estar aqui comigo. Você é um amigo incrível! – falei e ele me encarou.

– De nada, foi um prazer. Eu adorei estar aqui nesse tempo, mesmo que eu tenha arrumado uma namorada casada. – falou e eu sorri.

– Desculpe por isso! – falei olhando pro teto.

– Não precisa se desculpar só aconteceu. – falou encarando o teto ao meu lado.

Estar ali com o Lucas era reconfortante, ele tinha se tornado um amigo maravilhoso pra todas as horas. Eu não sabia o que faria sem ele aqui do meu lado, me apoiando e me dando um ombro amigo. Ali olhando pro teto, eu tive uma ideia surtada e uma vontade louca.

– Lucas? – chamei e ele me encarou.

– Desculpa por isso! – falei e me aproximei dele. Lucas estava impassível, mas ainda me encarava. Meu corpo estava elétrico, acho que não estava acostumada a fazer coisas impulsivas.

E então o beijei. Eu já tinha beijado o Lucas antes, mas foi rápido e por pura vingança, mas dessa vez foi diferente. Depois que passou a surpresa, ele percebeu o que estava acontecendo e resolveu agir.

Lucas colocou sua mão na minha cintura e me puxou para mais perto, e eu enrolei os meus dedos em seu cabelo. Meu corpo estava estranhando um sentimento novo, mas eu não estava reclamando. Eu entendi o que Angie queria dizer quando falou que beijá-lo era deitar na areia em um dia de sol: quente e prazeroso.

>>o Ponto de vista: Angie

– Então estamos decididos? – perguntei por fim. Não aguentava mais discutir a educação de jovens da minha idade.

– Sim, Majestade! Foi um prazer conhecê-la pessoalmente. – falou a diretora oferecendo sua mão que eu apertei rapidamente.

– Igualmente! – falei levantando e saindo junto com o ministro e os seguranças.

Finalmente depois daquela conversa exausta, eu consegui voltar a pensar no meu problema maior no momento que era no que Lucas e Ana queriam falar com a gente.

– Majestade? – chamou o motorista com a porta aberta esperando que eu entrasse no carro.

– Ah, obrigada! – falei e entrei com o coração apertado a mente a mil.

Olhava pra janela e pensava no Ed, e no que eu sentia por ele. Passar aquele tempo em Paris foi incrível e nós somos tão diferentes que isso faz com que eu me interesse por ele. E eu me apaixonei por ele, naturalmente e sem pressão, e acho que Cecília esperava por isso quando me fez casar com ele, na verdade eu tenho quase certeza! Oh, mulher esperta!

>>o Ponto de vista: Ed

– Ótimo! Conversaremos mais tarde! – falei levantando da mesa e todos os ministros foram saindo aos poucos.

– Aconteceu alguma coisa? Você estava desperto na hora da reunião. – falou meu pai assim que todos saíram.

– Problemas com Angie e Ana! – falei sinceramente e respirei fundo.

– Filho, qual mulher você ama? – perguntou ele assim na lata.

– Como assim? – perguntei surpreso.

– Quero que me responda qual mulher você não queria perder de jeito nenhum?! Qual mulher faz você querer mudar sua personalidade e o mundo?

Eu pensei por um tempo e não soube responder de início, até porque Ana era a garota que fez com que eu quisesse desistir de tudo, que me fez querer ser diferente. Mas a Angie é a mulher que me fez diferente.

– Angie! – falei decidido, mas a resposta não agradou muito a mim mesmo, até porque eu me importava com a Ana. Só que o meu pai sorriu.

– Muito bem, agora já sabe o que fazer. – falou saindo da sala e me deixando sozinho com meus pensamentos.

– Saber eu sei, mas não sei como. – falei pra mim mesmo!

>>o Ponto de vista: Ana

– Lucas, eu... – falei empurrando ele de leve.

– Desculpa! – falou ele meio sem jeito.

– Não se desculpe, eu que te beijei. – falei e sorri.

– O que foi? – perguntou ele rindo da expressão que se formou no meu rosto.

– Você me faz ser impulsiva! – falei e ele sorriu.

– Isso é ruim? – perguntou.

– Ainda não sei! – falei levantando e indo em direção ao espelho pra ajeitar o meu cabelo.

– Quando descobrir me avise!

– Será o primeiro, a saber! – falei o encarando.

– Vamos almoçar agora? – perguntou surpreso.

– Sim, você já chegou ao meu quarto tarde! – falei sorrindo.

– Que pena! Se eu soubesse que a gente teria uma conversa tão agradável teria chegado ao seu quarto mais cedo. – falou me fazendo rir.

– Engraçadinho! Agora, vamos! – falei e saímos junto do quarto.

Eu não sabia o que ia acontecer depois do almoço, como eles iam reagir. Mas eu estava explodindo de ansiedade.