O pacto de sangue.

Noite 3.

 Eu estava deitada em minha antiga cama, apenas pensando na vida, meu pai estava na cozinha preparando algo delicioso para o jantar e Zero estava tomando banho.

 Levantei da cama e fui a passos leves até a cozinha. Estava um cheiro tão bom. Cheguei à cozinha e meu pai estava radiante. Um sorriso de orelha a orelha e cantando uma musica que por sua felicidade não consegui entender qual era.

- Papai?

 Ele se virou e sorrio gentilmente para mim e veio pulando para me abraçar. Foi tão carinhoso aquele abraço, sentia falta de meu pai e seus carinhos.

- Ai ai Yuuki... Você me faz tão feliz! Estava quase morrendo de saudade.

 Dei leves tapas em suas costas.

- Menos papai e mal sai e voltei.

- Não devia nem ter saído!

 Começamos a rir, mas eu não estava totalmente feliz. Eu estava preocupada com Kaname e mesmo brava por ele me tratar como presente, ele era meu irmão e isso ninguém podia mudar.

 Sentei à mesa e meu pai trouxe um prato de galinha ao molho, com rabanetes, arroz com bastante molho e um pouco de massa.

- Pai isso é pro Zero não é? Isso tudo é muito pra mim... Só se tivesse outra Yuuki.

- Não! É pra você bobinha. Vai comer não quero você fraquinha.

- Papai então eu vou ter que ti morder para não ficar fraca.

 Vi meu pai congelar e arrepiar todos os pelos de seu braço. Dei uma grande risada e comecei a rir sem agüentar a cara de meu pai.

 Foi então que notei Zero parado na porta escorado, com a toalha secando os cabelos e sorrindo.

- Fazia tempo que não te via rir assim Yuuki...

 Olhei seu rosto e notei que ele também não sorria assim. Zero precisava de mim e eu estaria do seu lado pra sempre.

- Eu digo o mesmo.

 Ele se sentou a minha frente e ao pegar minha mão a beijou. Ao sentir seus lábios em minha mão senti um pequeno arrepio.

 Abri um sorriso sem notar e Zero retribuiu ao mesmo tempo.

 Comemos bastante, conversamos, rimos e foi uma noite mágica para mim. Sentia falta daquele tempo, e tinha medo de nunca mais poder vivê-lo.

- Bem paixões... Eu vou indo. Se ficar mais um pouco aqui o pai vai descarrega a geladeira no meu prato.

- Está com sono filha?

- Vampiros não dormem pai...

 Zero levantou também, veio até mim e pegou minha mão.

- Vamos então ver a lua lá na fonte.

 Assenti com um sorriso e de mãos dadas fomos até a fonte aonde toquei seus lábios pela primeira vez.

 Sentamos na beira da fonte e ele soltou minha mão.

- O que foi Yuuki?

 Notei que estava com a cabeça em outro lugar e me senti totalmente sem jeito.

- Ah... Desculpa Zero. Não foi nada não.

 Vi em seus olhos a confusão que ele estava tendo e notei que com certeza ele pensava que tinha algo com o Kaname.

 Segurei sua mão e olhei em seus olhos.

- Eu te amo Yuuki.

 Quando ele disso essas palavras, lembrei de Kaname gritando da janela enquanto deixava-o para trás.

- Yuuki?

- Desculpe Zero... Eu estava pensando só.

­- Não tem nada para me dizer em troca?

 Eu queria gritar para todo o mundo que o amava demais, mas uma bola trancou minha garganta e não consegui dizer nada. Zero ficou magoado e se levantou ficando de costas para mim.

- Se quiser pode voltar para o Kaname...

- Zero eu fugi por sua causa!

- Então por que não para de pensar nele?!

 Senti uma fincada no coração, Zero tinha razão, mas eu não me entendia. Levantei e o abracei forte, mas Zero se distanciou.

- Eu vou pro meu quarto...

 Ao dar as costas e sumir em meio as arvores, Zero me fez cair de joelhos chorando. Eu o amava tanto... Porque não consegui dizer aquelas simples palavras?

- É por ele que você fugiu? Para ser magoada? Para chorar?

 Olhei para as arvores e vi a silhueta de Kaname entre as arvores se aproximando de mim. Levantei-me e fiquei esperando ver seu rosto para poder assim encara-lo.

 Quando ele apareceu á luz da lua, notei uma lagrima descendo pelo seu rosto.

- Kaname...

 Nunca havia visto Kaname chorando, nunca ninguém viu! Me senti a pior pessoa do mundo e queria morrer naquele exato momento. Talvez fosse melhor para os dois.

- Yuuki... Eu nunca havia chorando. Nem quando nossos pais morreram, mas ver você assim doeu não em meu coração, mas sim na minha alma.

 Não agüentei ver aquelas lagrimas rolarem pelo o seu lindo rosto e corri ao seu abraço com medo de parar no chão ao errar. Mas Kaname me abraçou forte e não se desviou de mim.

- Não chora... Por favor... Eu estou com vontade de morrer.

- Não fale isso Yuuki. Se você morrer eu terei que morrer junto. Afinal eu só vivo por que você está no mundo.

 Aquelas palavras fizeram eu me sentir mais mal ainda. Olhei seus olhos e ele começou.

- Não se preocupe... Não vim te levar de volta. Eu vim por que vou passar um tempo aqui do seu lado. Quero ver qual escolha você fará.

 Assenti e o abracei forte. Em um minuto suas lagrimas haviam cessado. Voltamos para o colégio e Zero arregalou os olhos ao ver Kaname entrando ao meu lado.

- Kaname... – Disse meu pai.

- O que você faz aqui? – completou Zero.

- Vim passar um tempo. Quero ver se Yuuki irá escolher você ou a mim.

 Zero apertou sua mão com ódio, Kaname apenas o olhava e meu pai começou a se agitar com aquela atmosfera.

 Passamos cada um em um quarto e quando amanheceu ao abrir minha porta dei de cara com Kaname e Zero.

- Quer café da manha? Eu faço! – disse os dois em coro.

- Ah... Tudo bem eu faço... – eu disse com uma grande gota na cabeça.

 Enquanto eu fazia meu café os dois ficaram envolta, quando não estavam me passando ingredientes, era perguntando como eu estava, ou então o que queria fazer hoje.

- Rapazes... Desculpa mas eu vou até a cidade matar a saudade da minha melhor amiga.

- Quer que eu vá com você? – de novo os dois em coro.

- NÃO EU VOU SOZINHA! – Berrei e bati a porta saindo.

 Zero e Kaname ficaram se encarando. Quando voltei estava os dois ainda se encarando na mesma posição. – Aff... Eu demorei duas horas ou mais. –

- Eu trouxe bolo.

- Eu quero. – disse Zero.

- Teria um chá para acompanhar?

 Olhei a cara do Zero para o Kaname e segurei Zero para ele não pular em seu pescoço.

- Desculpa não tem chá. Mas o pai foi no mercado e com certeza traz.

 Sentei na mesa e uma gigante atmosfera densa pairava em minha cabeça, Zero e Kaname se encarando devorando o bolo. Não vi nenhum mastigar.

- Yuuki eu posso falar com você? – Disse Zero levantando.

- Claro...

 Quando estávamos passando pela porta Zero se virou com uma enorme veia saltando da testa.

- Você não!

 Kaname deu meia volta e sentou-se a mesa de novo.

 Sentamos em um dos bancos da escola e Zero nem esperou um suspiro meu e começou.

- O que ele faz aqui?

- Ele já explico... Mas tudo bem eu repito...

- Não! Eu quero saber por que você deixou... Você não tinha fugido dele?

- Sim...

- Se quiser eu entro lá e mato ele.

- Zero não! Ele é meu irmão!

 Zero levantou e saiu andando com as mãos no bolso pra dentro da casa de novo me deixando sozinha.

- Ai meu deus o que eu faço?

- Converse com os dois Yuuki.

 Olhei pro lado e meu pai estava falando por um papel enrolado.

- Pai!

 Eu e meu pai entramos para casa e só estava Kaname na sala, nem um vestígio de Zero.

- Cadê o Zero?

- Ele passou por mim e não sei aonde foi.

 Ouvi a campainha tocar e larguei as compras de meu pai que estavam em meus braços. Ao abri a porta tive uma surpresa.

- Ruka?!

- Oi Yuuki. Eu vim passar uns tempos aqui. E soube que Kaname-senpai também estava aqui.

- Então você veio por ele...

- Eu vim ti ajudar... Como você está entre dois, se o Kaname se apaixonar por mim... Nós duas seremos felizes.

 Me deu um pouco de pena de Ruka, afinal ela amava demais Kaname, mas como eu amava ele como irmão ou não. – estou confusa. – Quem sabe não sai dois casais dessa historia?

- Claro pode entrar Ruka.

 Espero que dê tudo mais certo apartir de agora.