POV Bill

Helena partirá. E a chuva chegará.

Chovia fraco. Seguimos correndo para o hotel, seguindo uma pequena estrada onde poucos carros passavam naquela hora.

A única coisa que queria era não ter sido o culpado de tudo aquilo.

Chegando à fachada do hotel, nos empurramos na maravilhosa porta do saguão. Entramos pingando água e lama. Uma das atendentes nos olhará com. uhn? Desprezo?Não sei a palavra certa para descrever.

Elas se entreolharam quando entramos.

Seguimos para o elevador, visualizei meu reflexo moribundo no espelho.

Meus cabelos antes normais estavam agora grudados. Escorria água da chuva da minha testa.

Os caçadores se mantinham quietos. O som de clique do elevador sendo aberto retornou minha atenção.

–Vamos indo- Drew chamou os outros caçadores.

O número 214 antes gravado em letras de ouro, agora tomava um tom colorido. Como se algum encrenqueiro de colégio o tivesse pintado com tinta spray cor arco-íris. O nome da suíte Elisius, estava na mesma coloração do numero.

–Mas o que é isso?- perguntei engasgando.

– Sei lá. Talvez uma das recepcionistas tenha vindo limpar com removedores de ouro,e passado produtos de limpeza da cor do arco-íris.-Lucian disse tentando quebrar o clima de enterro. O que não funcionou muito bem. Lavínia apenas tinha forçado um sorriso. Drew e eu nem nos demos à vontade de esboçar um sorriso.

Entramos na suíte. A iluminação havia mudado. Parecia um caleidoscópio, as cores se alteravam. Entre azul, amarelo, verde e até mesmo lilás.

A Tv estava ligada. Jurava que havíamos desligado ela antes de sairmos.

–Finalmente!

Uma voz veio do sofá.

– Vocês acham que tenho mais quantos séculos de vida? Acham que se Urano renascer eu continuarei a ajudá-los?- a voz ela doce e rígida.

Girei o anel no dedo. Em poucos segundos empunhava uma espada de ouro brilhante. Os caçadores estavam com os arcos em prontidão.

–Sem armas! Por favor! Vocês não querem que eu corte a conexão de vocês!- disse ela começando a se levantar.

Ela estava em foco. Cabelos castanhos claros, as maças do rosto rosadas. Um sorriso de desaprovação estampava o rosto lindo da garota. Os olhos eram da mesma coloração que as luzes. Caleidoscópios. Brilhavam em todas as cores do arco-íris.

–Íris?!- perguntei estupefato.

–A deusa do arco-íris?- Drew perguntou espantado.

–Não. Sou Éris, a deusa da discórdia. -Disse a deusa sarcasticamente. Pelo jeito ela não gostava de perguntas.

Ela revirou os olhos.

–Definitivamente. Por que estou ajudando vocês mesmo? Ah é! Por que meu trabalho a mais ou menos séculos, é entregar mensagens.

–Hermes não tinha um trabalho igual?- Lucian sussurrou para Lavínia, que apenas deu de ombros.

– Pois vamos lá, - a deusa moveu a mão, e um pequeno arco-íris se formou. - Uma mensagem e um presente! Aposto que Hermes está se roendo por não poder sair do Olimpo. - Íris deu um risinho.

– Senhorita Íris, o que quis dizer com “Hermes está se roendo por não poder sair do Olimpo”?- Drew perguntou com duvidas.

– Ah, isso depois rapazinho. Primeiro o importante. A mensagem, claro. – ela moveu a mão e o arco-íris “trocou de canal” se assim pode-se dizer.

A figura de um homem, com uma elevada quantidade de pelos faciais surgiu. Usava um terno risca de giz, azul marinho. Seu olhar era severo e penetrante. Como se nos obrigasse a ouvi-lo, caso contraria nos transformaria em petiscos para Cães Infernais.

Eu reconheci a figura. Aquele era ninguém menos que “O Poderoso” do Olimpo. Ou quem sabe melhor chamá-lo de papai. Era Zeus.

A voz que saiu do arco-íris era grosa e distorcida.

“Willian! Filho, sua missão está chegando ao fim. Sinto não poder ajudá-los. Os doze grandes, e até meu irmão Hades estão trancados no Olimpo, e no Mundo Inferior. Até a ameaça passar. Vocês não contaram com muitas ajudas...”

Um som de explosão fez a imagem tremer. E a transmissão fora cortada.

– Iih. Nada bom nada bom. – Íris fez uma careta. - Agora o presente!

Ela retirou do nada, um bracelete de ouro. As bordas deste eram marcadas de um laranja intenso. Desenhos de ramos seguiam até um sol que surgia no centro. Ele brilhava.

–Este é para você- disse estendendo o bracelete recém adquirido para Drew,que o recolheu.

–Isto aqui é?- disse com indiferença.

– Deuses garoto. Como acha que Hélios, ou Sol. Tanto faz. Refletia seu calor para o sol?

–Ahn... Sei lá. Não somos próximos. - Drew fechará a cara quando respondeu a deusa.

A deusa forçou o bracelete com força no braço do caçador e deslizou o indicador no centro.

O bracelete se expandiu. Até se transformar em um escudo. O escudo era de prata e ouro. As bordas laranja aumentaram e tomaram uma tonalidade laranja-fogo. No centro havia uma figura de um Sol em relevo.

–Uou. - as únicas palavras que eu consegui dizer dês da mensagem de Zeus.

–Meu pai... Mandou isso para mim?

–Sim. - Íris respondeu apresada- agora posso ir, não?

–NÃO!- sem perceber gritei com ela- conte-nos sobre o motivo dos deuses não estarem saindo do Olimpo.

–Rapazinho... - disse ela calmamente, como se cada palavra fosse uma flecha sendo colocada em meu peito. – Não grite comigo. E o motivo é Urano. Ele está querendo destruir os deuses maiores. Bem genérico não? Primeiro com o filho, Cronos, depois a mãe Gaia e agora o pai Urano. - disse ela contando à dedo- Somente os deuses menores estão livres para circularem no seu mundinho.

Ela deu-nos as costas e caminhou até a porta da varanda. Um arco-íris surgiu, um portal. - Que os deuses estejam com vocês.

E entrou no portal.

Ela desaparecera e nos deixara com uma suíte piscando em cores de discoteca, um escudo flamejante e uma péssima noticia.