– Saia daqui agora! Eu te odeio seu cachorro medroso! – Armin abaixou-se antes de ser atingido pelo tanque de gás de Annie, que se chocou contra a parede fazendo um baque alto antes de cair no chão. Àquela altura já deviam ter acordado metade dos soldados do quartel, mas ela não parecia muito preocupada com isso.

– Mas, Annie, eu...

– Tomara que o meu filho não seja mal dotado que nem você, sua menina! – ele engoliu em seco, correndo para a porta e abrindo-a rapidamente para sair antes que ela levantasse daquela cama com uma das lâminas nas mãos ou algo do gênero. – Não volte, entendeu bem? – ouviu-a ao longe conforme disparava pelo corredor, afastando-se do quarto.

Como ele poderia imaginar que as garotas se irritassem tão facilmente quando estavam grávidas? Gemeu baixinho, sentindo os cabelos bagunçarem com o vento conforme virava alguns corredores, almejando o cômodo mais distante possível daquele quarto, que no caso era o refeitório.

Quando abriu a porta, viu-se surpreso ao perceber que não era o único lá. Parando a conversa ávida, Reiner, Eren e Bertholdt levantaram o olhar para ele. O loiro mais alto soltou uma risada ao ver os cabelos desgrenhados de Armin e logo bateu no banco a seu lado, chamando-o.

– E aê, parece estar tendo uma noite difícil – riu-se quando o soldado acomodou-se a seu lado, botando os braços sobre a mesa e apoiando a cabeça sobre eles, a expressão frustrada.

– E como – resmungou.

– O que aconteceu? – a voz de Eren chamou sua atenção e ele levantou o olhar para o moreno do lado oposto da pequena vela, sua única fonte de luz. – Teve pesadelos?

– Não, mas foi parecido com eles – gemeu baixinho, estreitando levemente os olhos assustados. Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, a porta de madeira rangeu ao ser aberta e por ela passaram Erwin e Rivaille, seguidos de um Jean um pouco acuado.

Não demorou muito para que percebessem porque o moreno parecia temeroso. O olhar de poucos amigos do cabo fez todos da mesa estremecerem, em especial Eren, e Armin podia imaginar quantas surras já havia tomado daquele homem pequeno.

– Tá legal, quem é que tava gritando feito louco agora há pouco? – o olhar de Rivaille passou pelos quatro, seus orbes estreitando levemente conforme percebia o medo nos olhos de seus subordinados. Antes que alguém pudesse dizer algo, para a felicidade deles, Erwin passou um braço pelos ombros de seu amigo moreno e deu um de seus sorrisos brilhantes.

– Vamos, acalme-se, Rivaille. Às vezes essas coisas acontecem – riu-se, dedicando um olhar acolhedor para os soldados, que não relaxaram até que o cabo suspirasse e fechasse os olhos, derrotado. – Então, o que aconteceu?

Sentou-se ao lado de Eren e Jean acomodou-se entre Armin e Reiner. Rivaille esperou um minuto antes de sentar-se do outro lado do louro alto parecendo levemente irritado conforme seguia o olhar de todos para Armin.

– É, bem... – começou ele, um pouco surpreso de que tantas pessoas quisessem ouvir sua história. Engoliu em seco, procurando as palavras certas para explicar-se. – Annie e eu brigamos...

– Ah – Reiner riu-se, seu sorriso largo conforme o observava. – Já estava na hora, né.

– Na... Hora? – ele sentou-se reto, tirando os braços da mesa e observou a todos confuso.

– Oh, sim – Jean, parecendo um pouco mais calmo, suspirou, a expressão não muito chocada. – Todo mundo briga quando a esposa tá grávida, Armin, é bem comum, elas ficam super temperamentais.

– Sério? – ele franziu a testa. – Por que vocês não me contaram isso antes? Talvez tivesse me poupado de uns gritos...

– Ah, não, não ia, acredite – Eren riu-se também, observando seu amigo louro com aqueles brilhantes orbes verdes, os mesmos de seu filho pequeno. – Eu briguei com a Mikasa também e foi bem estranho. Deve depender das pessoas envolvidas.

– Você e a Mikasa brigaram? Como assim? – Bertholdt o olhou um pouco surpreso com a revelação. Até onde sabia, Eren sempre encontrava motivos para se zangar com a asiática, mas ela costumava ignorar suas reclamações. – O que aconteceu?

– Oh, bem... – o moreno suspirou e deixou que a expressão ficasse séria. – Vou contar, então... – todos o observaram intrigados, exceto Rivaille, que mantinha uma sobrancelha levantada desafiadoramente.

*

Ele tinha voltado de uma reunião com Erwin e Hanji e já estava bem tarde. Achou que Mikasa já estaria dormindo, ela tinha o costume de dormir cedo, ele achava que por causa do toque de recolher de quando estavam na academia. Mas não era o caso.

Quando ela o viu entrar pela porta, Eren teve a impressão de ver seus olhos bonitos brilhando mais do que o normal. Ela estava deitada de lado na cama que dividiam, sua barriga de quatro meses de gravidez proeminente sob o vestido branco que usava.

Eren já estava voltando a se acostumar a vê-la sem o uniforme do exército, seria estranho quando ela voltasse a usá-lo. Ela sorriu-lhe, um sorriso anormal, diferente dos que ela costumava dar e ele a retribuiu, sabendo que talvez os hormônios já a estivessem afetando. Ele definitivamente não queria irritá-la.

Mikasa levantou-se manhosa conforme ele seguia até o armário, tirando dele um pijama confortável e apoiando-o numa cadeira para despir-se propriamente. Ela se aproximou, ajudando-o a tirar o pequeno casaco com o símbolo das tropas. Antes que ele pudesse começar a desfazer as amarras que seguravam seu equipamento, porém, ela parou frente a ele e colocou o dedo sob aquela que subia de suas calças até os ombros, puxando-a delicadamente.

Ele olhou-a confuso e ela apenas o encarou, lambendo os lábios lentamente. Eren arregalou os olhos, imaginando o que diabos estava acontecendo com ela. Seria melhor não irritá-la, pensou, então apenas deu um sorriso nervoso, afastando sua mão delicadamente e começando a soltar as amarras. Ela rapidamente ocupou-se em ajudá-lo, agachando-se e deslizando os dedos pelas fitas em suas pernas para encontrar os fechos.

– Obrigado – foi tudo o que ele sussurrou, continuando a despir-se até sentir a mão dela passar por lugares inapropriados. Arregalou os olhos, dando um pulo e olhando-a confuso. Ela apenas o encarou de volta, os olhos com o mesmo brilho de antes, nublados por algo que ele conhecia muito bem.

Desejo.

– M-mikasa... – sussurrou, dando um passo para trás para afastar-se dela. A asiática ergueu-se e um sorriso brotou novamente em seus lábios rosados, fazendo-o estremecer. – O-o que está fazendo?

– Nee, Eren... – ela sussurrou, acompanhando seu passo para manterem a mesma distância. Ele deu mais um para trás, as mãos trêmulas. Por que estava com medo de sua esposa bonita? – Eu estou com... Com vontade.

Seus lábios tremeram e ele deu outra passada para trás. Ela continuou a acompanhá-lo até que ele sentisse a parede em suas costas. Sua pele se arrepiou ao chocar-se com a pedra e ele viu o sorriso deixar os lábios dela. Manteve os olhos sobre eles, vendo como eram doces e refletiam a luz da vela sobre a escrivaninha do outro lado do quarto.

Ela aproximou-se, colocando as mãos na ponta da camisa masculina, agora sem os suspensórios e amarras, e brincou com o tecido com os dedos pequenos, esperando para ver a reação dele.

Eren fechou os olhos, tentando ignorar quão bonita ela estava. Queria se matar ao constatar que era verdade aquele boato de que uma mulher se torna mais atraente uma vez que esteja grávida. A pequena barriga dela bateu contra seu tronco quando ela se aproximou, aproveitando seus olhos fechados para plantar um beijo em seus lábios.

Ele apertou-os cerrados com mais força, sentindo-a ocupar uma mão em procurar o botão de sua calça, e gemeu baixinho quando ela achou-o. O que estava acontecendo com ela? Nunca fora tão ousada antes, ele tampouco. Não sabia nem como haviam terminado se casando.

Quando ela se afastou, seus olhos ainda brilhavam fortemente. Ele a observou e permitiu que uma mão fosse até a barriga dela, acariciando-a por sobre o vestido. Mikasa pareceu surpresa com sua atitude e seu rosto ficou corado quando ele timidamente inclinou-se, beijando o local onde seu filho encontrava-se.

Sentiu o próprio rosto esquentar ao afastar-se um pouco, vendo-a observá-lo chocada. Havia dado certo, no fim das contas, e a fizera conter o desejo. Seus lábios tremeram ao colocar uma mexa do cabelo tão bonito dela atrás de sua pequena orelha vermelha e beijá-la devagar.

Ela lentamente derreteu-se contra ele, apoiando as mãos sobre o peito masculino e gemendo sob seus lábios. Ele não estava sendo ousado, mas ela parecia especialmente sensível, pensou, afastando-a delicadamente.

Encostou suas testas vagarosamente e a encarou nos olhos. Ela tomava grandes lufadas de ar, mantendo o olhar dele com confiança e ele ficou um pouco envergonhado ao sentir as mãos dela na ponta de sua camisa outra vez, puxando-a rapidamente para cima.

Afastou-se um pouco, permitindo-a fazer o que queria, e ela parecia feliz ao jogar a peça de roupa em algum canto do quarto, admirando o corpo bonito de seu marido. Lambeu os lábios mais uma vez e ele sentiu como se nunca na vida tivesse ficado tão vermelho.

– Sabe, eu não sei o que está acontecendo, mas você nunca foi tão atraente antes, Eren – ela sussurrou, apoiando o rosto na curva do pescoço dele e depositando lá um beijo leve que o fez estremecer. Sorriu contra a pele quente ao senti-lo tenso sob seu toque. – Acho que o seu filho está fazendo coisas estranhas comigo...

– Mas, M-mikasa... – sussurrou ele, a voz morrendo quando ela beijou-o do outro lado do pescoço. Fechou os olhos, pensando no que havia se metido. – Nós... Isso, nós...

– Ssh... Vai ficar tudo bem... – sussurrou Mikasa, e começou a deslizar as calças dele para baixo antes de...

*

– Espere! – Jean o encarava, o rosto corado, parando a história do moreno. – Você está me dizendo que a gravidez tornou Mikasa ninfomaníaca?

– O que é isso? – Eren perguntou, a expressão inocente.

Todos ficaram em silêncio por um minuto.

– Argh! – o Kirchstein bufou frustrado, enterrando o rosto nas mãos. Bertholdt, Reiner e Armin estavam muito ocupados encarando o garoto de olhos verdes com seus rostos vermelhos. Durante a narrativa, de acordo com ele, parecera bastante envergonhado, mas não tinha nenhum pudor em contá-los o que havia acontecido. Se Jean não o tivesse parado, ele provavelmente teria continuado descaradamente.

– Enfim, hm, Mikasa ficou estranha, e essa foi a nossa briga – Eren deu de ombros.

– Você chama isso de briga? – Rivaille rodou os olhos, parecendo tão irritadiço quanto normalmente. – Para mim parece que você deu é sorte. O que é que um pirralho que nem você tem, viu...

– O que você quer dizer? – perguntou timidamente Bertholdt. – Você e a senhorita Hanji brigaram muito, senhor?

– Hm, eles já brigam bastante normalmente, certo? – Erwin sorriu, o único que não parecia ter sido afetado pela história de Eren, o qual, assim como os outros jovens, observava o cabo com grandes e brilhantes olhos curiosos.

Rivaille bufou ao ver tanto orbes intrigados sobre sua figura. Aquelas crianças realmente não aprendiam, pensou. Como podiam todos ser pais? Bem, exceto por Bertholdt, que ainda não havia conseguido engravidar a namorada, e Arlert, cuja esposa loura o cabo já imaginava porque o havia rejeitado.

Suspirou para si mesmo.

– Certo, teve uma vez em que...