Parents Again escrita por Carol Dantas


Capítulo 1
Cap. 1 - Playful, Family, Fainting and Hospital


Notas iniciais do capítulo

Oi meus lindos,
Então, eu estou super nervosa com essa nova fic e eu espero do fundo do meu coração que vocês gostem.

Aiiii, eu tô muito nervosa mesmo, não sei como vai ser a recepção de vocês... Tô roendo minha unhas...

Vou parar de falar.
Vejo vocês lá em baixo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/427451/chapter/1

Sinto a cama balançar, mas balançar muito, despertando-me de meu sono, e receber como um jato, a luz do sol no rosto. O que comprova que mais uma vez eu esqueci a droga da cortina aberta.

– Papai, mamãe! – Escuto uma vozinha ao longe. Meu corpo relutante a me levar para a escuridão de meu sono, novamente.

Sinto os braços de Peeta deslizarem por minha cintura, trazendo-me brutalmente ao mundo real. Ele disse que nunca me deixaria. Abro os olhos lentamente e encaro os cinzas de Nathan, me olhando curiosamente, como se eu fosse um brinquedo novo, acabado de ser descoberto. Pulando na cama mais uma vez né?!

– Bom dia, meu neném... –Falo manhosa, recebendo um sorriso tímido em forma de resposta.

– Oi, mamãe! – diz.

Ele está deitado de barriga para baixo, entre o meu corpo e o de Peeta, suas perninhas levantadas, balançam dando mais um leve tremor a cama; seus cotovelos sustentam seu corpo e suas mãos em punhos, abaixo de suas bochechas. O cabelo negro está bagunçado, dando a impressão de que acaba de acordar. O que é um fato.

– Mamãe, o papai não acordou ainda... – Avisa Nathan.

Tiro os olhos de meu pequeno, e trago a atenção para Peeta, que está com o corpo virado para porta, de costas para mim, lindo como sempre.

          - Tive uma idéia! –Anunciei.

        Levanto da cama com cuidado, trazendo Nat para meu colo. Calço os chinelos, e saio do quarto de forma silenciosa, deixando a porta aberta propositadamente.

       - O que a gente vai fazer mamãe? –Perguntou-me Nat, enquanto me seguia.

– Vamos dar um susto no seu papai, que tal? –Sussurrei em resposta.

          Vejo seu sorriso sapeca e sei que ele super-concorda com meu plano.

       Já no pé da escada, coloco meu príncipe no chão, e ponho o dedo indicador em frente aos meus lábios, pedindo silêncio. Ele logo enrola as mãos uma na outra, indicando que vai aprontar. Que nós vamos aprontar.

          - PEETA, O NATHAN CAIU DA ESCADA! -Grito.

– NATHAN! - Grita de volta, e seus passos rápidos ecoando por toda a casa.

– Cadê meu filho? – Pergunta ofegante já na sala.

Seguro meu riso ao ver sua expressão de desespero tornando-se confusa.

– Vocês me enganaram? – Pergunta pra si mesmo, e eu, junto com meu pequeno, caímos na gargalhada. – De quem foi a ideia?

Em seguida eu aponto para o Nat, que aponta pra mim. Fazendo parecer duas crianças incriminando uma a outra depois de fazer besteira. O que não deixa de ser uma verdade.

Seu olhar percorre entre mim e Nathan, como se decidisse o culpado. Peeta dá um passo para frente e nós recuamos, até estarmos com as costas na parede, sem ter pra onde correr.

– AHH! – Grito ao cairmos no chão com Peeta por cima, fazendo cócegas em minha barriga e na de Nat.

– Pa-a-ra papai – Grita meu bebê, e meu marido, para nos olhando com um belo sorriso no rosto.

– Isso é pra vocês aprenderem a parar de me assustar! – Avisa.

– Desculpa, papai.

– Desculpa, amor.

Pedimos desculpa ainda deitados, e ele, nada disse, apenas nos ajudou a levantar e cruzou os braços.

– Só desculpo se vocês disserem que me amam.

Arqueei as sobrancelhas como se dissesse: Jura? E ele fingiu que não viu e eu soube que ele queria mesmo ouvir aquilo pela 937.856.214.031ª vez na semana.

Peguei Nat no colo, apoiando seu peso em minha cintura. Olhei bem nos olhos de meu marido carente, e disse pausadamente:

– Peeta Mellark, eu sua mulher há seis anos, noiva há sete, namorada há onze e amiga desde minha existência, te amo – Falei, e o vi abrir um sorriso. O meu sorriso.

– Te amo papai – Disse Nat apenas, esticando os braços, pedindo silenciosamente, o colo do pai, que logo o segurou.

– Também amo vocês. – Respondeu e nos abraçou, recebendo um beijo meu, e de nosso filho.

Em seguida, Peeta entrelaçou seus dedos aos meus e nos guiou para a cozinha.

– O que vocês querem comer nesta bela manhã? – Perguntou, brincalhão.

– Que tal... – Comecei pensativa.

– Waffles com Nutella! - Gritou Nathan, animado, pondo os braços para cima. Ri de sua ingenuidade.

– Seu pedido é uma ordem Sr. Nathan – Disse Peeta, pondo dois dedos na testa, batendo continência, sendo seguido de meu príncipe e por mim.

~*~

– Peeta, eu tô com fome! – Resmunguei.

– Como é?! – Perguntou incrédulo.

–Eu.Estou.Com.Fome – Repeti pausadamente.

– Você tomou café não tem nem duas horas. Como você pode estar com fome?

– Estando ué! – Falei e ele balançou a cabeça negativamente.

– Onde você vai parar assim?

– Tá me chamando de gorda, Mellark? – Bradei, frustrada.

– Que isso meu amor? Vou fazer um suco pra você, ok?

Saiu deixando-me sozinha no sofá, tendo uma visão privilegiada de meu pequeno assistindo Bob Esponja com muito orgulho, no tapete de sala. Entre suas perninhas jazia uma almofada, e ele usava uma roupa confortável. De aparência, Nat era a minha cara, cabelo negro e olhos cinza, mas de gene, igual ao Peeta.

É verdade que eu tenho comido mais que o normal, a fome tem aumentado, e o peso também. Dias atrás, quando eu estava me vestindo para o trabalho, a calça do uniforme não fechou. Tive que ir com uma leging preta e encomendar uma calça mais larga.

Meus pés têm estado um pouco mais inchados, e eu já não uso mais salto alto. O sono nem se fala, o cansaço tem me vencido com tanta freqüência, que eu já não estou mais acordada para por meu filho na cama.

– Pronto. Seja feliz com seu suco. – Falou Peeta, entregando-me um copo cheio de um líquido rosa. Goiaba. É um dos meus preferidos, mas ao sentir o cheiro, nem pego de sua mão, apenas corro para o banheiro mais próximo, colocando todo o café-da-manhã para fora.

– Kat? – Perguntou.

Não respondi. Parecia que eu vomitava o jantar da semana passada. Senti apenas Peeta erguer meu cabelo e passar a mão por minhas costas, delicadamente.

Ergui a cabeça, dei descarga e escovei os dentes, tentando ao máximo, tirar aquele terrível gosto da minha boca. Fechei a torneira e me apoiei na pia com os cotovelos. Dei uma rápida olhada no espelho, tendo tempo o suficiente para ver o olhar preocupado de meu marido. Pus o rosto entre minhas mãos trêmulas e senti o suor frio escorrer por minha testa.

– Você está bem amor? – Perguntou, e eu apenas assenti, mesmo sabendo que era mentira. Eu não estava bem - Vamos pro quarto. Precisa dormir um pouco.

Apenas me virei pra ele, esperando que ele me carregasse como se eu fosse uma criança de dois anos manhosa. Com seus dedos, ele retirou alguns fios colados da minha testa e murmurou:

          - Você esta pálida...

Não dei ouvidos e apenas deixei que ele me erguesse. Enlacei minhas pernas em sua cintura e encostei minha cabeça em seu ombro, fechando os olhos. Agradeci a Deus, por Peeta ter forças o suficiente para me levar para o quarto. Eu não teria condições de subir toda aquela escadaria.

– Mamãe está bem? – Perguntou meu pequeno ao longe.

– Esta sim, filho. Ela só está um pouco cansada –Peeta respondeu-lhe baixinho.

Pelo silêncio que se seguiu, conclui que a atenção de Nat voltou-se para a televisão.

Peeta subiu as escadas de madeira com calma e logo eu estava deitada na cama, com um travesseiro entre as pernas e Peeta me fazendo cafuné. Deixei a fraqueza de meu corpo, levar-me a outra dimensão.

~*~

– Mamãe? – Chama meu pequeno

Senti uns beijos estalados e babados por todo meu rosto. Beijos tranqüilos, típicos do meu príncipe. Nathan, apesar de só ter quatro anos, é muito inteligente e compreensivo. Já fala todas as palavras sem nenhuma dificuldade e é bem meloso e carinhoso quando quer. Igualzinho ao pai.

Ele é um dos bebês mais bonitos que eu já vi. Apesar de ser a mãe, sou suspeita a falar, mas ele realmente é lindo. Minha cópia. Não que eu me ache bonita, mas quando eu soube que estava grávida, Peeta queria porque queria que fosse igual a mim. Dito e feito.

Apesar de ser mais apegado a mãe, ele puxou todo o lado convencido do pai. A mania de mexer no cabelo toda hora, de falar rápido quando está nervoso, de balançar as mãos... tudo obra do pai. Mas a mania mais fofa, que ele puxou da mãe claro, é morder o lábio inferior. É a cena mais cute que eu já vi.

Outra mania chata, que deixa Peeta e eu, loucos: Ninguém pode encostar em seu cabelo, ninguém pode pentear ou sequer falar dele. Nat quer sempre o cabelo do jeito dele e ponto. É ele que passa o gel, ele que escolhe como quer o corte... Tudo ele quem faz.

Meu bebê é muito perfeito e segundo o pai, ele tem que ser o mais pegador da escola. Já eu, digo que não. Que ele tem que ser ele mesmo. Conservado, um bom partido, gentil e carinhoso com as meninas da mesma maneira que ele é comigo. Nathan vai dar muito trabalho.

– Mamããããe! – Chamou mais uma vez, balançando meu corpo e só então percebo que fiquei tempos divagando na perfeição do meu príncipe de quatro anos.

– Oi meu bebê. O que houve? – Perguntei e ajeitei-me na cama ao perceber sua carinha chorosa.

– Você vai ser minha mamãe pra sempre, não vai? – Perguntou dando-me um abraço, colocando seu rostinho em meu ombro.

– Claro que vou, meu amor. Porque essa pergunta? – Falei enquanto fazia carinho em seus cabelos. Ele se afastou para olhar em meus olhos, iguais aos seus.

– Porque o papai colocou um filme na televisão, que o menino com o nome igual ao meu, descobre que o cara mau, matou a mamãe dele... – Diz choroso.

– Meu neném, a mamãe vai estar com você pra sempre aqui no seu coração, tá bom? – Perguntei e ele assentiu, me dando mais um abraço apertado. Cochilando tempos depois em meus braços.

Deitei meu pequeno na cama, pus um travesseiro em suas costas e outro em sua cabeça. Tirei seus chinelos e o cobri com uma manta, liguei o ventilador e encostei a porta, deixando-o tirar um cochilo até a hora do jantar, que já devia estar bem próximo.

Desci as escadas batendo o pé. Como o Peeta deixou meu filho ver um filme desses?

– Oi meu amor. Onde está o Nathan?

– Onde está o Nathan? – Repeti incrédula pondo as mãos na cintura e encarando-o nos olhos. – Você sabe o que o seu filho me perguntou? Ele chegou no meu quarto, quase chorando, e me perguntou se eu iria ser a mãe dele pra sempre! – Esbravejei.

– De onde ele tirou isso? – Perguntou num misto de incredulidade, desafio e brincadeira.

– De você, seu babaca! –Apontei com o dedo indicador, para ele.

– De mim?! Katniss, eu não falei nada.

– Mas você colocou a droga do filme pra ele ver. Ou era pra você, e ele acabou vendo também. Não importa quem ia ver, o que vale, é que o Nathan é sensível e você sabe disso!

– Kat... – Chamou vindo em minha direção.

– ... A carinha dele, Peeta, ele achou que eu ia deixar de ser mãe dele em algum momento. Ele estava tão triste... –Continuei.

– Kat... – Chamou novamente, tocando meu ombro.

– ... E a culpa é toda sua! Qual a dificuldade de perceber que ele levou a sério? Você é um idiota. –Ignorei.

– KATNISS! –Gritou.

– PARA DE GRITAR, VOCÊ VAI ACORDAR MEU FI... – Gritei também, mas não consegui terminar. Fui interrompida pelos lábios de Peeta sendo colados aos meus.

Um beijo lento e calmo, como os que ele sempre me dá. Com ele, não se tinha pressa, era tudo no seu tempo. Ele gostava de aproveitar cada segundo como se fosse o último, e a cada beijo, tinha um significado e uma função e esse tinha o poder de me trazer de volta ao meu estado natural.

– Amor, ele só viu um filme. Porque você está tão brava? – Sussurrou, olhando em meus olhos e deixando nossas testas coladas.

– Eu não sei... –Murmurei.

– Essa é só uma maneira de mostrar que ele se importa com você... – Acalmou-me.

– Eu acho que é só o instinto materno dando sinal de vida. -Falei e ele me deu um abraço, e logo depois dando um beijo em meus cabelos. Eu pude sentir seu cheiro; o meu preferido.

– Você está com fome? –Perguntou-me.

– Por que? – Disse desconfiada.

– Porque você perdeu o almoço de novo. – Brincou. Não era a primeira vez que isso acontecia. Ou eu estava sem fome, enjoada ou dormindo.

– Eu estou com fome, mas eu quero brigadeiro!

– Isso é hora de comer brigadeiro? –Arqueou as sobrancelhas.

– Tem hora por acaso? -

– Mas você tem que comer co-mi-da. –Disse.

– Peeta, por favor... – Supliquei.

– Não. -Contestou.

– Então eu vou fazer. Só não reclama se a sua querida cozinha explodir – Falei dando as costas, e ele logo veio atrás de mim.

– DEIXA QUE EU FAÇO! –Gritou.

– Porque esse fogo com o brigadeiro? – Perguntou abaixando o corpo para pegar a panela.

–Sei lá. Só estou com vontade. -Falei e ele levantou rápido me encarando com uma sobrancelha arqueada e eu apenas dei de ombros, fazendo-o voltar sua atenção para o meu brigadeiro.

Por fora, eu estava as mil e umas maravilhas, mas por dentro, minha cabeça trabalhava a todo vapor. Tentando juntar as peças do quebra-cabeça e descobrir o que estava acontecendo.

Eu estava cansada, com desejos, aumento de peso, enjoada e vomitando. Eu podia ser cardiologista de 28 anos, mas eu já tinha ideia do que estava acontecendo. Na segunda, eu iria ao consultório da Annie.

– Quer o resto do leite condensado? – Perguntou Peeta puxando-me de volta a Terra.

– Por favor. – Pedi e sentei-me no balcão da pia.

Peeta pegou uma colher de café na gaveta e passou na lata de metal, retirando uma ótima quantidade. Se eu fosse diabética, daria adeus ao mundo agora mesmo.

Ao ter aquele maravilhoso gosto na boca, fecho os olhos em puro prazer. Mal tenho tempo de assimilar, e a boca de Peeta se cola a minha.

Solto um gruído devido a surpresa e percebo-o sorrir, não deixo de retribuir aquele contato e abro as pernas, deixando que ele se encaixe ali. Minha mão passeia por seus cabelos no momento em que seus beijos dessem por meu pescoço.

Entrelaço minhas pernas em sua cintura e passo com delicadeza a unha recém-feita em seu pescoço. Sinto sua pele se arrepiar e rio um pouco em seu ouvido.

– O brigadeiro vai queimar – Avisa brincalhão.

– Então não deixe queimar...

– Depende de você... –Ponderou, sorrindo.

– O Nathan já vai acordar Peeta.

– Tá bom. Já entendi. – Fala saindo de meu alcance e mexendo a panela com uma colher de pau.

Fiquei observando-o. Era ótimo ter Peeta como marido. Ele é todo carinhoso, fofo. Lá vou eu dando mais um milhão de adjetivos para o amor da minha vida.

– Sabe, esse foi o beijo mais saboroso que você já meu deu. – Observou pensativo e malicioso.

– Peeta... – Resmunguei sentindo minhas bochechas queimarem.

– O que foi? Não acredito que depois de tantos anos juntos, você ainda fica corada!

– Isso é coisa que se diga?! – Perguntei cruzando os braços.

– Você é minha esposa, então sim!

Ri de nossa infantilidade no momento que ele coloca a panela na geladeira.

– Te amo, seu bobo.

– Também te amo, minha linda.

Assim se seguiu o final da tarde...

Peeta me contou que enquanto eu dormia, ele levou o Nat ao parquinho a umas quadras daqui. Isso explica o fato do meu baby estar dormindo a essa hora, ele devia estar muito cansado.

Eu tive que acordar o coitadinho. Se eu o deixasse dormir mais, ele iria ficar sem jantar e acordaria de madrugada sem sono algum. Não dei banho nele, nem troquei sua roupa, apenas tirei sua blusa devido o calor e fui fazer seu jantar, enquanto ele esperava com seu pai na mesa.

Seu rostinho de anjo estava muito engraçado e ao mesmo tempo fofo, toda amassado e marcado pelo travesseiro. Seu sono era tanto, que às vezes, seu rostinho escorregava do apoio que eram suas mãozinhas, sua cabeça pendia para frente e duas vezes sua testa bateu no vidro gelado.

Eu prendia o riso, Peeta gargalhava passando a mão entre os fios bagunçados do cabelo do filho e Nat suspirava de frustração e dor. Terminei de colocar nosso jantar e pus na mesa, pegando um dos sucos preferidos de Nat, uva, e pondo em um copo de acrílico.

O jantar se seguiu calmo e logo coloquei Nathan para tomar banho. Claro, a mãe sempre faz tudo, enquanto eu tive que arrumar a cama do Nat, pegar pijama, fazer comida, arrumar casa, Peeta vai assistir um filme que ele já viu umas cinquenta vezes. Vida de mãe não é fácil mesmo.

Ajudei Nathan a tomar banho, porque ele ainda estava sonolento, sequei seu corpinho e coloquei seu pijama do Super Man. Puxei o banquinho de madeira de baixo do armário da pia e o coloquei em cima, para que conseguisse escovar os dentes. Digamos que Nat não é uma criança muito alta.

– Mãe, arruma meu cabelo? – Pede e eu arregalo os olhos. O sono faz o Nat ser outra pessoa.

– Claro!

Levo-o para seu quarto e ele senta em sua cama, colocando o cobertor na altura dos joelhos. Cheguei perto de seu armário para pegar seu pente, mas parei o percurso para me apoiar no móvel ao lado. Senti uma forte tontura, as pontas dos meus dedos ficaram brancas, devido a força que usei para não ir ao chão.

– Mamãe, você tá bem? – Perguntou num fio de voz, talvez pelo sono, talvez pela preocupação.

sim, meu amor – Avisei, já que na mesma velocidade que veio, a tontura se foi. Deixando-me seguir meu caminho para o armário.

Nathan é mais sensitivo do que eu pensei, é como se ele percebesse que algo de diferente está acontecendo. Ele vai ficar de olho em mim até ter total certeza de que está tudo bem.

Desembaracei o cabelo de Nat e deixei-o bagunçado mesmo. Não adiantaria nada arrumar se ele iria dormir agora. Guardei seu pente e o ajeitei na cama. Dei um beijo em sua testa e murmurei um “Eu te amo”. Acendi a luz de seu abajur e desliguei a luz geral. Saí do quarto e deixei a porta encostada.

~*~

– Mamãe! – Gritou meu filho, correndo até mim, com os pés descalços na grama molhada.

– Oi, meu amor! – Gritei novamente, abrindo os braços para poder acomodá-lo melhor no momento que ele pulasse.

Essa cena não me era estranha, já havia acontecido. Era uma lembrança, de um ano e meio atrás. Mais ou menos. Quando estávamos no sítio da tia avó do Peeta, Mags, mas de repente não se parecia mais uma lembrança.

Nathan parecia ter o dobro da idade que tem agora. Seu semblante não era feliz como eu me recordava. Ele estava chorando e minha feição logo se tornou preocupada.

– O que houve Nat? – Perguntei e forcei-o para que seus olhos encontrassem os meus.

– O papai...

– O que tem seu pai? – Perguntei e ele nada disse. – NATHAN!

– O papai morreu...

A cena mudou antes que eu pudesse processar o que Nat havia dito.

Fui parar em um cemitério, o mesmo que minha avó Melissa havia sido enterrada quatro anos atrás. Eu estava segurando uma Primrose vermelha, as gotas da fina garoa já haviam me deixado encharcada.

Ao olhar para frente não vi o nome de minha avó na lápide.

Constava:

‘’ Nathan Everdeen Mellark

2009 – 2019’’

Como meu filho havia morrido? Peeta também tinha morrido? Como? Quando?

Porque minha mente pegava lembranças e transformava-as em pesadelos? O que estava acontecendo?

– Kat... –Chamou Peeta.

Eu estava tendo o pior dos piores pesadelos, mas eu não consegui acordar. Algo me mantinha presa aquele lugar.

– Amor, é só um sonho... – Chamou novamente, balançando meu corpo e eu sobressaltei na cama.

Me sentei assustada, com as mãos espalmadas atrás de meu corpo, à procura de sustento. Desatei a chorar e senti Peeta, dar-me um abraço. Coloquei minha cabeça em seu ombro e apertei-o mais ao sentir seus lábios em meu cabelo. Me dando um leve conforto.

Minutos/horas deviam ter se passado até que eu parasse de chorar, e conseguisse abrir um singelo sorriso ao olhar para Peeta, que fazia de tudo para me acalmar.

Pesadelos assim, me perseguiam desde crianças, Peeta teve que aprender a lidar com eles ao decorrer dos anos. Pensei que eu tivesse conseguido controla-los, mas não. De uns tempos pra cá, eles cessaram por completo.

E agora, eles voltaram com força, e bem piores. A morte de Peeta e Nathan. Eu desistiria da minha vida se eles se fossem. Eu morreria apenas para viver na paz ao lado dos homens da minha vida.

– Você está melhor? – Perguntou, acariciando minha bochecha.

Assenti e olhei em volta a procura do despertador, descobrindo segundos depois que não passava das 8:27 da manhã.

– Vou tomar um banho. – Falei me levantando e vendo Peeta relaxar sobre a cama.

Senti mais uma vez a tontura surgir. Ainda mais forte e depressa do que na noite anterior. Me apoiei na parede a procura de sustento.

– Peeta... – Sussurrei alto o suficiente para que ele ouvisse.

– Katniss? – Perguntou preocupado.

Não tive forças para responder, e muito menos para me segurar. Ouvi apenas um baque alto, no chão, de meu corpo e o grito de Peeta ao me chamar.

Apenas isso, antes de deixar a escuridão, agora tão familiar, me levar como se eu fosse dormir, apesar de saber que não era o sono que me domava.

§§§§

– Katniss! – Gritei. Levantei as pressas tentando segurá-la, sabendo que seria inútil. Ela caíra muito antes de eu conseguir raciocinar.

Me joguei no chão, passei a mão por sua testa e a chamei mais uma vez. Nada.

Tudo aconteceu muito rápido. Numa ora eu ligava para Annie, outra para os pais das Kat, para Gale, o irmão dela, que já estava vindo às pressas para me ajudar a leva-la ao hospital, e por fim Clove, a madrinha do Nathan. Alguém tinha que ficar com ele aqui. Não quero que ele fique num lugar como o hospital.

– Ei! Meu amor, fala comigo, vai... – Sussurrei, passando os dedos por sua testa.

Logo em seguida, Gale chegou seguido de Clove que ajudava a trocar a roupa da Kat, enquanto eu ia falar com meu filho que já estava acordado, sentado na cama, brincando com uns bonecos de super-heróis. Alheio ao que acontecia no quarto da frente.

– Oi papai. – Disse sorrindo.

– Filho, o papai vai para o hospital, tá? –Disse cuidadoso.

– Eu vou ficar com a mamãe, então.. – Ponderou se animando.

Como falar isso para uma criança de 4 anos?

– Não filho, a mamãe também vai para o hospital.

– O que vocês vão fazer lá? – Perguntou curioso.

– A mamãe tá...

Não tive tempo de responder, seus olhos brilharam, mas não era de alegria. Olhei para trás no momento em que Gale passava correndo com a Katniss nos braços. Clove veio atrás entrando no quarto, esperando que eu saísse.

– Papai... por que minha...?

– Filho... – Ele começou a chorar. – Shh, a mamãe está bem. Ela só vai fazer uns exames.

– E-ee-eu que-ee-ro mi-minha mãe... – Choramingou.

– Eu também quero, mas ela tem que ir agora, e eu prometo que assim que ela acabar os exames, ela vai te ligar. Tá bom? – Perguntei, abraçando-o.

Ele assentiu e se jogou no colo da Clove. Murmurei algo como “Qualquer coisa eu ligo” e saí de casa correndo.

Logo, eu estava no banco de trás do carro, com a cabeça da Kat em meu colo e tudo que eu conseguia pensar era: Ela tem que estar bem!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E AÍ????

Gostaram ou não??

Deixem comentários e recomendações. Beijoss