Shut Up And Drive escrita por Emanuelle Damasceno


Capítulo 1
Procurando Demo


Notas iniciais do capítulo

Eis o primeiro carregamento de farofa fresquinha chegando para vocês. Enjoy!



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Noite tranquila e pacata na cidade de Boston, onde os som das corujas ecoavam noite adentro como uma canção fúnebre, macabra e noturna. Maura Isles, mais conhecida em sua comunidade como Maurinha Aleluia, seguidora de Jesus, jovem fiel, pura e ex-revendedora dos Produtos Ivone, havia saído do culto, que tinha terminado tarde naquele dia, pelo fato de o pregador da noite ser o prolongadíssimo Silas Malafaia, caminhava sem um rumo certo, com sua amiga Jane Rizzoli, que havia sido convidada por Maura para prestigiar o culto do círculo de oração. Falavam sobre os assuntos mais aleatórios e diversificados possíveis: política, horóscopo, queda da bolsa de valores, amor, boquete, gonorreia, alta do dólar e do barril de petróleo, desafio Activia 15 dias e muitas outras coisas. Ainda com seu hímen intacto e com selo aprovado pelo inmetro, garantindo assim a veracidade de sua virgindade, Maurinha foi questionada pela amiga sobre quando iria se deixar ser molestada por uma morena volumosa e descomunal do tipo Jane Rizzoli way of life, bem como a sua cinta-pau da marca Kel, vermelha, com 22 centímetros (consultar a fic “Wish You Were Here”, da Carolina Françoso, para mais detalhes). Meiga, ingênua e com seus olhinhos de noite serena, respondeu:

– Aiiiiii, Jane, você sabe que não estou pronta ainda para ato sexual. Eu acredito que o ato carnal amoroso entre dois seres humanos só deve ser realizado quando houver uma paixão firme, sólida e estável, assim como o sinal wi-fi 3g da TimWeb.

Procurando por algum entretenimento, as ninfetas Maura e Jane logo pararam em um banheiro público com o intuito de fazerem a brincadeira da loira do banheiro. Com as mãos dadas e de frente para um vaso sanitário todo sujo, todo borrado pelas beiradas, as duas soltaram um grito sincronizado, em uníssono, num alto e bom tom:

– BLOOD BLONDE, BLOOD BLONDE, BLOOD BLONDE!

Não demorou nem o tempo de um piscar de olhos para o banheiro praticamente se transformar em um cabaré gay, com jogo de iluminação de fazer inveja em Usher no clipe Yeah!, com muito glitter e luzes de neon, o vaso sanitário começou a fazer barulho e, repentinamente, um enorme cabeção loiro começou a emergir de dentro dele, girando freneticamente ao som de Womanizer. Maurinha, que não era boba, logo gritou:

– AI MEU DEUS DO CEU, MEU BOM JESUS DE IGUAPE, CRIADOR DO CÉU E DA TERRA, SALVE SALVE MARIA MÃE DE CRISTO, SALVE SALVA NAVE LOUCA DO BBB... CORRE JANE... JANE? JANEEEEE?

Quando caiu em si e se deu conta, Maurinha já estava sozinha no recinto há muito tempo, desnecessariamente, perdendo tempo com seus gritos frenéticos. Jane já estava na rua, gritando desesperadamente e, ao mesmo tempo, rindo do seu ato totalmente traíra. No breu da noite, Jane tropeçou em um objeto enorme, o que a fez cair, deslocar o osso da coxa e, consequentemente, clamar por socorro. Maurinha, que desde sempre prezou pela amizade verdadeira e, também, temendo pela preservação da sua pureza, pois o ser cabeçudo já estava pronto para penetrá-la com o cabo roliço e viçoso de um desentupidor que estava ao lado do vaso sanitário, correu para fora do banheiro para ajudar a sua amiga, bem como indagar o porquê de um Juicer Philips Wallita estar jogado no chão no meio da rua deserta.

Percebendo que precisavam sair dali o mais rápido possível, antes que o mau sapecasse o rabo das duas, elas lembraram de dois anéis ricos em poderes sobrenaturais cabalísticos fora da toda e qualquer compreensão humana, aneis estes que elas encontraram debaixo do pé de araçá no quintal de Maurinha, que vieram à Terra pegando carona na chuva de meteoros do primeiro episódio de Smallville. Logo, elas, que já estavam bravamente confiantes, sem se esquecerem de que toda magia tem seu preço, se posicionaram uma de frente para a outra e bateram os punhos, unindo seus aneis e gritando juntas:

– SUPER CLITÓRIS ATIVAR!

Maurinha então designa:

– Forma de uma ninja exorcista equipada com um Nokia n95 com GPS ativo.

Em meio raios e trovões, Maurinha foi prontamente se transformando em uma astuta ninja com poderes transcendentais.

Por conseguinte, Jane proclama:

– Forma de uma amiga traíra, disposta a tudo para salvar o próprio rabo, sem se importar com a melhor amiga, desde que o próprio bem estar seja prioridade! – e gargalhou sorrateiramente.

Após nada ter acontecido e no decorrer de alguns segundos do mais absoluto silêncio, Jane começou a esboçar um riso de canto de boca, meio arrependido e sem graça, por ter visto que não poderia mudar o que ela já havia desejado. Logo, ambas se viram encobertas por uma peculiar e suave nuvem de purpurina com glitter das mais variadas cores e nuances. De repente, ouviram passos fortes de uma bota tocando o chão. Pelo som, parecia ser uma bota modelo até a coxa, brega, de couro sintético. E... um enorme cabeção loiro começou a aparecer por entre as nuvens, ainda que meio tonta devido aos giros que tal cabeça havia dado no banheiro público mais cedo e intoxicada devido a tanta química na composição do artefato produtor da nuvem. Maurinha gritou:

– PARÁ TRAS, AMANTE DE SATANÁS. RENDA SE AGORA, CRIATURA DAS TREVAS!!!1!11!onze!!1

As duas amigas ficaram horrorizadas e confusas com tal pessoa. Ninguém menos que Joelma da banda Calypso. Então Maurinha, nervosa gritou:

– Da onde é que tu saístes, coisa maligna? Cadê a poderosa e influente Xuxa MenegHELL?

Totalmente sem qualquer experiência no ramo e tossindo compulsivamente por ter engasgado com tanto glitter, Joelma se explicou:

– Xuxosa, rainha mor das trevas negativas, soberana máxima do apocalipse, encontra-se neste exato momento lanchando alguns tomates à la Angie Harmon em formato de genitália feminina, ali no Habbibs, na esquina de baixo. Pediu para que eu vos anunciasse que ela irá se atrasar.

Após toda a explicação, Joelma tentou uma fuga dinâmica e cinematográfica, querendo se igualar aos filmes de Jackie Chan, tentando se desmaterializar em plena nuvem de glitter e manter assim o clima de mistério, mas foi pega em cheio por uma Kombi branca da Igreja Universal do Reino de Deus. Toda a sua juba capilar prendeu nas rodas, e seguiu sendo arrastada por alguns bons metros.

A porta da Kombi finalmente se abriu e uma morena peculiar desceu. Mara Maravilha, em uma aparição mais do que surpreendente, após anos esquecida pela mídia e com um único desejo: propagar sua vingança contra Xuxa por ter roubado a sua audiência anos atrás. Em um momento de flashback totalmente desnecessário, Mara se aproximou de Maura e Jane, explicando tudo com a voz alterada, em seguida, embargada:

– Isso acaba hoje! Ela me tirou tudo. TUDO. Minha audiência, meu emprego, meu orgulho, meu dinheiro e, na época, uma faca Guinsu 2000 da Polishop.

Não demorou muito para o asfalto literalmente pegar fogo e, das sombras da noite, um Tempra 4 portas surgir cantando pneu ao som de She Bangs, do Ricky Martin. O carro parou, as duas portas se abriram, e uma voz furiosa gritou:

– MAS QUE CARALHO, MARLENE! EU JÁ TE FALEI, SE NÃO SABE CONTROLAR A EMBREAGEM, NÃO DIRIGE! OLHA AÍ EMBAIXO DO TEMPRA, DE NOVO, VC PEGOU UM MENDIGO!

Feliz da vida, risonha e límpida como sempre, Marlene respondeu:

– AHAHAHAHA Ai, querida, não tem problema! Como você pegou o meu sapo que estava lá na boleia do meu caminhão Scania, que eu estava guardando para colocar o nome da Ivete e costurar a boca dele em um ritual vodu africano, esse indigente vai servir.

Mara Maravilha, muito rapidamente, gritou o nome de Xuxa. Logo, a batalha do bem contra o mal havia começado. De um lado, Mara com um pijama laranja de malha com bordas de crochê, segurando uma espada Hattori Hanzo autografada pela estrela de Kill Bill, Uma Thurman. Do outro lado, Xuxa, com um tapa olho da Hello Kitty no olho direito, devido uma conjuntivite muito forte e contagiosa, segurando um sabre de luz do filme Star Wars na mão direita e um luxuoso e famoso copo de café com leite quentinho da Starbucks na mão esquerda. Porém, o lugar escolhido para a batalha era um gueto em que confrontos entre PMs e traficantes eram frequentes. Segundos depois, só o que se via era bala perdida rasgando o ambiente. Maurinha levou um tiro certeiro na região genital, atingindo seu hímen e rompendo-o, o que a fez chorar copiosamente. Jane adquiriu gangrena de uma hora para outra, mas passa bem. Toda descabelada e mal vestida, Mara foi confundida com uma traficante famosa do subúrbio de Boston e espancada pelos policiais. Xuxosa e Marlene correram ate um orelhão da OI, onde discaram asterisco + 666 + jogo da velha, e foram sugadas pelo gancho do telefone, gargalhando e descaradamente plagiando Matrix. Há quem diga que houve linha cruzada, e as duas caíram no Brasil, em cima de um palco onde estava acontecendo um show da Maria Gadú.


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Notas finais do capítulo

E aí? Já posso ser apedrejada em praça pública? Peguem suas pedras que os jogos comecem...