— Marvel... – Sento ao seu lado, desde a morte de Glimmer ele está calado, quando o rosto dela refletiu no céu ontem a noite, vi lagrimas caírem. Juro que me deu pena de Marvel, uma pena daquelas de cortar o coração, mas por outro lado fiquei feliz, o rosto de Peeta não apareceu, apenas o da garota do distrito quatro.

— O que? – Ele pergunta em voz baixa.

— Eu sei que eu não gostava da Glimmer, mas... Não fique assim, aposto que ela não queria te ver assim.

— Ela sabia que eu gostava dela, mesmo assim ela preferiu o Cato.

— Ela foi idiota em fazer isso, você é melhor que ele.

— Não acho. Ele tem mais chances de sobreviver.

— Não diga isso Marvel, todos temos chances iguais.

— Você sabe que não. - Fico em silencio, sei que é verdade, afinal só um sai vivo, mas não quero falar abertamente sobre. A final está cada vez mais próxima, sinto a tensão começando a se espalhar. 

No meio da noite, o garoto do distrito três nos procurou, nos oferecendo ajuda para guardar os suprimentos. Desenterramos as minas que ficavam ativas nas plataformas no inicio dos jogos, e a recolocamos ao redor da pilha de suprimentos. Quem quer que chegasse perto, acabaria explodido.

No outro dia estávamos sentados em nosso acampamento, ainda nos recuperando das picadas das teleguiadas, quando avistamos fumaça.

Corremos ate lá deixando o garoto do três como guardião de nosso acampamento, porém não tinha ninguém.

Mais adiante, mais fumaça. 

Estava prestes a abrir a boca para falar que tinha algo errado, quando ouvimos uma explosão.

— Droga! - Cato grita e começa a voltar.

Quando chegamos ao acampamento, está tudo explodido. Os suprimentos estão em chamas e carbonizados. Me sinto tonta. Perdemos tudo. Não vejo direito quando Cato mata o garoto, mas se alguém acionou a armadilha, foi explodido junto.  Começo a revirar os destroços, mas não a muita coisa que se possa ser salva.

Marvel avisa que irá atrás de quem fez isso.

Horas se passam, a noite vem e vai e no céu o único rosto refletido é o do garoto do distrito três, então sabemos que quem quer que arruinou nossos suprimentos está vivo. Eu e Cato salvamos o que deu, o que no geral não é muito e então escutamos o canhão soar. Me sobressalto, ficando em pé pegando minha faca. Porém tudo continua em silencio, me sento e não da dois minutos até que outro canhão soa.

— Quem será que morreu? – Cato me pergunta.

— Não sei... – Sussurro de volta, mas as lagrimas que querem rolar de meus olhos denunciam que parte de mim já sabe a resposta.

A noite cai e então minha teoria se confirma: Vejo o rosto de Marvel refletido no céu e um nó se forma em minha garganta, enquanto lagrimas silenciosas se aproximam. Não quero chorar, quero ser forte, mas não consigo, depois da primeira lagrima cair, muitas mais caem junto.

Eu não consegui me despedir dele, nem um simples adeus e ele se foi.

Cato me abraça, enquanto observo o pequeno rosto da garota do distrito onze desaparecer lentamente, soluços tentam me invadir e eu os sufoco.

— Vai ficar tudo bem. - Cato diz, mas me desfaço de seu abraço e saio caminhar, queria que Peeta estivesse aqui, ele saberia o que falar, espero que ele sobreviva.

P.O.V Ethan

O garoto do distrito um morreu, e a garota do doze o matou, estou ficando preocupado com essa garota, ela é um perigo.

— Ela vai sobreviver Ethan. – Enobaria diz sentando ao meu lado.

— Eu sei. Só não sei até que ponto ela irá aguentar. Ela vai ver como Marvel morreu, ela vai ver o que Cato fez com Peeta e provavelmente vera a morte de Cato, sem falar na do próprio Peeta. Isso vai ser um choque, você sabe.

— Sim eu sei, mas temos que nos concentrar em manter ela viva.

— E nós vamos. Muitos patrocinadores já apareceram, então...

— Escuta. - Enobaria diz ríspida e escuta algo atentamente na televisão. Eles acabam de anunciar que dois podem ser decretados vencedores, desde que sejam do mesmo distrito.

Olho para Enobaria atônito. Isso significa um conflito direto com o distrito doze. Por essa eu não esperaria nem em mil jogos vorazes.

P.O.V Clove

Quando escuto que dois podem ser decretados campeões, volto ao acampamento e Cato está com um grande sorriso no rosto.

— Nós podemos ganhar! – Ele diz sorrindo.

— Nós vamos ganhar! - Digo o abraçando.

— Sem dúvidas!

— Atenção tributos, atenção! - O anúncio seguinte é o do ágape. 

— Nós vamos não é? – Pergunto.

— Claro! – Cato diz sorrindo.

— Amanha será o fim da garota em chamas.

Sorrimos que nem bobos um para o outro, comemos carne seca que sobrou em nossas mochilas e também algumas frutas que achei na floresta. Amanha começará o fim dessa arena, o fim da garota em chamas.