Samanta Corin - Ponto de Vista

Segunda, 2/3/2013 - 06:45 am.

Era uma segunda-feira fria em Nova York. Os carros passavam pelas ruas asfaltadas com pressa e pedestres já tumultuavam as calçadas. É uma típica manhã nesta cidade grande.

Acordei com o barulho de meu despertador, me alertando que eu deveria acordar antes de minha mãe. Eu, com sono e preguiça, tateei a mão até o despertador e apertei o pino para desligá-lo, porém este não calou-se. Arranjei uma solução prática para acabar com o som perturbador: taquei-o numa das paredes de meu quarto, fazendo o mesmo se despedaçar em diversos pedaços pequenos.

– Samanta Marie Montoya Corin, o quê a Srta. destruiu desta vez?! - Escutei a voz de minha mãe berrando do outro cômodo e em seguida, a ouvi andando em direção ao meu quarto. Droga.

Cobri-me novamente e fiquei esperando minha mãe gritar em meus ouvidos uma frase que eu odiava desde meu nascimento: Feliz Aniversário.

– Acorde Sam, hoje é um grande dia. - Minha mãe retirou meu cobertor de cima de mim e grunhi. - Sem grunhidos Sam. Até parece que é uma selvagem.

Ri um pouco e abri os olhos. Os cabelos loiros de minha mãe roçavam meu rosto e seus olhos verdes me encaravam com grande excitação. Ela me deu Feliz Aniversário e disse para eu descer em alguns minutos. Faríamos compras hoje para a festa que ela planejara para mim.

Levantei-me da cama, deixando meus pés minúsculos e delicados encostarem o chão gélido. Arrastei-me no modo zumbi até o banheiro, onde fiz minhas higienes matinais.

Após isso, fui olhar minha situação no banheiro. Jesus Pai! Olhei espantada para a criatura espelhada no espelho e quase não me reconheci: meu cabelo castanho estava todo embaraçado e parecia um fuá na minha cabeça. Meus olhos castanhos estavam remelentos e semi-cerrados por causa do sono. Minha cara estava amassada e babada.

– Esse é o resultado de ir numa festa com amigos loucos. - Disse para mim mesma.

Lavei meu rosto com o sabonete apropriado, o sequei com uma toalha e escovei meus dentes brancos. Penteei minha cabeleira negra durante 5 minutos. É, o negócio tava feio.

Entrei no closet após a missão "resgatar o cabelo ninho-de-gato", e escolhi uma roupa: um shorts, uma camiseta Jack Daniels branca, um sneaker preto fosco e algumas jóias. Coloco minha touca preta e meus óculos de grau. Passo um pouco de maquiagem para tirar o efeito zumbi de mim.

Desci as escadas, ouvindo música no meu Iphone branco com a capinha da cerveja do Homer. Cantarolava a música Burn da Ellie Goulding e minha governanta, Sra. Fields, aparece rindo.

– Céus, Sam, já disse para virar cantora. - Ela me abraçou e eu retribuí. Há anos ela vivia me dizendo para virar cantora, pois eu tenho uma voz bonita, porém a timidez me impede de cantar na frente dos outros.

– O.K, quando Amy Winehouse retornar a vida, talvez eu vire cantora e faço uma dupla com ela. - Disse sarcástica. - Por favor né, tia Dora, eu sou muito tímida, não dá pra ter carreira assim. - Ela deu de ombros e se sentou na cadeira oposta da qual eu iria sentar.

Comi os ovos com bacon que Jessie, nossa cozinheira, fez para mim, juntamente de um chocolate quente. Despedi de Jessie e de Dora e saí de casa, me encontrando com minha mãe encostada no seu Porsche preto.

– Até que enfim! - Entramos no carro e liguei o rádio. Tocava uma música legal, uma tal de 93 Million Miles do Jason Mraz. Cantarolei ela o caminho todo.

Minha mãe parou no encostamento da calçada da Times Square e entramos em uma loja que sempre visitávamos. A dona, Stacy Mitchel, melhor amiga de minha mãe nos abraçou e começou a tagarelar.

– Camille, quantas saudades. Quando foi a última vez que nos vimos? - Perguntou Stacy, oferecendo uma cadeira à mim e à minha mãe.

– Foi no casamento de Britney com o Vlad. Lembra? Você foi com aquele vestido bege h-o-r-r-í-v-e-l. - Elas riram, enquanto eu só sorria e balançava a cabeça.

– E o seu vestido, Cami? Ele era pink e cheio de babados. Você chamou mais atenção do que a Brit com o vestido acima do joelho. - Stacy disse. - Cami, chegou uma nova coleção de saias e calças da Levi's. Gostaria de ver?

– Quando é que eu recuso, Stacy? - Minha mãe segui minha 'tia' e eu fiquei olhando as revistas que tinha lá, concentrada em descobrir o porquê de Lady Gaga usar uma máscara e um bigode para divulgar seu mais novo CD, ARTPOP. Até sentir um cheiro que me enjoava. Olhei na direção do cheiro e um garoto me encarava.

Ele era musculoso, com uma regata deixando transparecer seus músculos ganhos, provavelmente, na Academia, pois nenhum garoto da sua idade conseguiria aquilo sem praticar Academia. A não ser que ele tome anabolizantes... Seu cabelo negro estava bagunçado e ele possuía olheiras grandes debaixo de seus olhos castanho-escuro. Ele tinha uma tatuagem estranha, para qual humano, mas não para mim. Ela um simbolo quileute e eu sabia exatamente o quê isso significava, quando esse simbolo era uma tatuagem no braço direito de um garoto quileute.

E infelizmente sabia o quê aquele garoto estranho era. A pessoa que eu deveria evitar até o último dia da minha vida. A pessoa que até meu último segundo de vida seria meu inimigo. Alguém que eu não deveria me relacionar, olhar e pensar. E lá estava ele, olhando para mim, com tamanho ódio por eu ser o quê eu sou. Uma vampira. E qual seria o inimigo mortal dos vampiros?

Lobisomens. E é isso o quê este garoto é. Um lobisomem.