Como tudo começou...

Beep... Beep... Beep...

Um barulhinho chato tomava conta do meu quarto. Cara eu tinha certeza que estava sonhando com a ponte do arco- íris... Acredite, esse era apenas o primeiro relógio pra me fazer levantar... Eu não saía da cama tão facilmente, já tinham me identificado com depressão, mas era preguiça mesmo...

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiim... Triiiim...

– Ai que saco!!– Resmunguei desiludida e totalmente estressada, escola, segunda e blá, blá, blá...

– DESLIGA ESSAS MERDAS DE RELÓGIO AURORA! - Ah e essa... Bem é minha mãe Felícia... Já falei que amo ela?!

– JÁ VAI MÃE!!! - Gritei novamente... Bufei contra o travesseiro enquanto ficava surda com aquele barulho infernal quem manda ser uma pedra pra dormir... Com raiva peguei o despertador e atirei-o na parede se espatifou... Menos um, graças a Deus!

Só faltava terminar com aquele Beep...

"Consegui desligar"

Silêncio, enfim!

Radical eu sei mas era assim quase todos os dias, me espreguicei e olhei meu quarto mais atentamente... Um pouco excêntrico se comparado comigo, depois de meses decorando consegui fazê-lo exatamente da forma que gosto, estrelas, para todo canto! Nas paredes, cortinas, almofadas. Era difícil quando se estava na TPM,enjoava, mas adorava ficar ali, mais próxima do impossível.

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Como toda pessoa normal deveria levantar me ajeitar e ir para escola... Não iria negar aquele lugar é o meu favorito pra sumir da minha casa por um tempo...

Meus pais vivem brigando e muitas vezes são por minha causa... Não que seja uma garota rebelde, mas sempre dou problemas...

De comportamento, saúde, personalidade, entendo que ser adolescente não é tão fácil, mas eles... Tendem a exagerar um "pouquinho", sempre tenho que aguentar a bronca.

A última confusão fora quando dei uma garrafada na cabeça de Victória, uma menina enjoada, fazia questão de se vangloriar, um dia foi infeliz de mexer com meus amigos e com minha família, apenas me revoltei e sim a espanquei com uma garrafa de vidro... Uma pena ela ter apenas apagado...

Ah depois dessa estou sendo obrigada a frequentar um psiquiatra. Mas pare com esse preconceito de achar que é loucura. Na verdade... Até pode ser, mas é que o médico é bonitinho!

"Próximo passo: Roupas"

"Um desafio diário a ser enfrentado, um monstro que encaro quase todos os dias, e que não tenho uma chave de fenda sônica para resolver... O meu guarda-roupa"

A porta do armário foi lentamente aberta, adivinha, um pandemônio de roupas me fazendo mergulhar no infinito de estampas...

– Ah vou ter que arrumar isso, um dia... ah... "calcinhas?" Ok... Acho que isso está no lugar errado... - Murmurei após atirar para o outro lado do quarto

Após conseguir nadar por uma roupa achei uma blusinha de renda com alças caídas e uma calça jeans escura rasgada... Felizmente por ser muito nerd me organizava para a aula, juntei meu redemoinho de roupas e tive que fazer um esforço pra porta fechar!

"ufa!"

Peguei minha pasta e um polígrafo e tornei a descer...

Segundo passo: Pais à mesa

Sempre nas segundas-feiras, e lembre-se é um ritual. Receber o olhar de repreensão de meu pai era rotina, ele sempre se decepcionava com meus passos, dizia que não poderia dar mais desgosto para ele e que preferia sempre ter um menino... Ah sim adeus pai compreensivo. E minha mãe apenas baixou a cabeça e tornou a tomar o café... Sempre com aquele tom doce...

– Aurora quando é que vai arrumar aquele guarda-roupa? Acho que está bem grandinha... - Murmurou ela e dei um sorriso em falso ela me dava alguns segundos de paz antes de começarmos a brincadeira do silêncio...

Aquilo se era rotina é chamada de silêncio dos infernos só você e a consciência... E a primeira palavra... Bem... Deixamos isso para a fagulha chamada pai!

– Mais uma advertência Aurora?! Suas ações naquele colégio estão sendo muito mais do que comentadas em minha empresa você não sabe o quanto isso interfere na minha imagem?! O que tem na cabeça? E quando é que vai crescer Aurora, a próxima besteira que fizer vai ter sérias consequências pra ti, estou louco pra destruir com aquele quarto?O que eu ensinei à você em todos estes anos??!- Seu tom era tão frio que congelou a sala, era a versão Elsa do mal.

Meu pai se chamava John... Quando era menor ele era mais amável, agora nem se quer nos falamos como se fossemos desconhecidos, inimigos...

– John, não...- Tentou intervir minha mãe sempre me protegendo e meu pai raivoso se levantou da mesa apontando pra ela...

– Cala boca mulher!! - Aquela frase fervilhou meu sangue sentia que ele já tinha passado dos limites ali... - Aurora você só trás vergonha pra essa família... Não sei como alguém vai se sustentar com desenhos fúteis sem sentido, usando calças rasgadas isso não é roupa decente!! -Falou ele e levantei...

– AO CONTRÁRIO DE VOCÊ ROUPA NÃO DITA CARÁTER, O SEU É DEFINIDO POR COVARDIA E IGNORÂNCIA E É UM NADA PARA FALAR ASSIM COM MINHA MÃE! - Bradei usando todo ar dos meus pulmões era estranho mas toda vez que ficava com raiva sentia uma turbulência enorme a minha volta: o ilustre, os copos, os vasos, a TV se desligando e ligando freneticamente, era meio que uma aberração ambulante!

O problema que era somente a primeira vez que meus pais viam...

Tudo só se acalmou quando os dois me olhavam apavorados e notavam a minha respiração normalizando...

– Fale o que quiser de mim, mas nunca foi meu pai, só se importa com a porcaria da sua imagem... Sabe o que isso significa?! SABE O QUE ISSO SIGNIFICA?! Que sua vida é uma droga, pois passou até por cima de sua família por ganância... Felícia desistiu de ser arqueóloga por sua causa saiba valorizar a mulher que tem do lado imbecil... - Murmurei tão fria quanto ele. Peguei minhas coisas e sai sem olhar pra trás...

Eu realmente não sabia o que havia acontecido ali, mas parecia que eu havia causado aquilo: Os tremores...

[...]

Terceiro passo: amigos...

Meu momento favorito do dia era caminhar ao ar livre e sentir a brisa no pouco de cabelo que tinha, mas nesse instante a minha vontade era chorar como há muito não fazia, ruim ter de fingir a todos que está bem para não preocupá-los... Entretanto eles sabem da rotina que levo, afinal são meus amigos.

Forcei-me a pensar em coisas boas colocando um sorriso no rosto continuei, ao menos dava para tentar demonstrar estar bem...

Agora vinham meus malucos de plantão: em minha direção Daniel, Matt e Janet...

– Ei , como é que anda anã de jardim?!- Perguntou Matt e eu ri irônica, não tinha nada melhor que as piadas de Matt.

– Com os pés Matt ainda não dei para plantar bananeira e andar... - Janet e Daniel riram gostosamente enquanto Matt fazia um beicinho e logo dava um sorriso de lado...

–Então não nega que é uma anã de Jardim?- Falou ele e rosnei...

–Não nego minha estatura taquara ambulante!- Arranquei uma risada de Daniel e Janet que em seguida me arrastou para o seu lado no mesmo momento que Dani me dava um oi...

–Tenho que te contar uma coisa Aurora! -Falou ela ansiosa e sorri já adivinhando pela cara que se tratava de garoto.

– Fala quem é o sortudo?- Os meninos se entreolharam e Daniel falou com asco...

– Um idiota do time de futebol!- Franzi o cenho, então tá, "quando é que dizemos pra ela que não vai dar certo...?"

– Ei não falem assim do Tyler ele é um doce!- Falou Janet e eu ri comentando, seria difícil de tirar ele da cabeça dela.

– Se ele te magoar nós baixamos o Jack estripador! Pode deixar! - Logo todos riram e concordaram e todo mundo fora às aulas... O único tédio na escola? Já era a terceira vez que ia para a coordenação por estar desenhando na aula, enfim o momento tão esperado chegava: o recreio!

Daniel discretamente veio falar comigo, enquanto Janet estava com Tyler aos amassos e Matt com Aisha uma pessoa amável... Eles faziam esse joguinho pra ver quem ficava com mais ciúmes no final ainda ia ver Jay e Matt namorando.

– Ôh baixinha, eu nem consegui falar direito com você, o que houve hein? -Eu ri e menti... Péssima ideia.

– Não houve nada Dan... Não sei nem o porquê desta pergunta... - Ele suspirou

– Acha que não vi você triste? Anda fala o que aconteceu desta vez... - Desanimei quase sentindo as lágrimas enchendo os olhos me sentei à mesa do refeitório junto com Daniel o respondendo

– Briguei com meu pai de novo... Dessa vez ele passara dos limites, mas aconteceu de novo Dan... E foi assustador parecia um terremoto dessa vez. -Falei e ele me olhou surpreso seus olhos sempre faziam um contraste bem interessante com seu rosto.

– Ei Aurora calma, nós vamos descobrir o que se passa contigo! - Respondeu ele e espontaneamente me abraçou... Fui pega de surpresa confesso, mas o abracei também... Precisava daquele momento!

– O que está fazendo Daniel? - Perguntei curiosa e ele se separou tentando explicar.

– É o abraço da sorte, to transferindo ela pra você... - Disse eu ri nos lembrando de quando éramos criança... De alguma forma gostava dele, mas como amigo...

– Ah claro voltamos a ter sete anos, interessante... - Resmunguei e me acompanhou na risada.

– Ainda não achei um Sleipnir... Mas quando achar lhe dou! - Falou a peste e caímos na risada enquanto lhe dava um tapa no ombro!

– Babaca! Obrigado por me fazer rir! -Falei isso e ele sorriu logo tocando o sinal para continuar as aulas novamente...

[...]

Finalmente as aulas haviam acabado e eu sairia de lá, os meninos me deram tchau e Janet foi de carona com Tyler... De vez em quando pensava em desencalhar, mas dá muito trabalho!

Eles até me convidaram para uma carona, mas a pior coisa da adolescência é quando você não tem namorado e sua amiga tem! Só falta segurar vela, porque ou é um casal de ursinhos:

"Sabe que eu não vivo sem você"

" é o ar que eu respiro"

"não quero que fale mais com o Fulano, eu morro de ciúmes de você!"

"Você é o meu amor da minha vida!"

"Vamos ter uma penca de filhos..."

Nada contra, mas demais já incomoda... Ou é a pegação geral: tão indignante que falta só a cama! Adivinha? Janet e Tyler eram a segunda forma de casal!

Desci a pé novamente até em casa para encontrar minha mãe que agora trabalhava, mas no próprio domicílio chamavam ela para fazer estudo em sua área dentro de história... Ao contrário de meu pai, eu e ela nos dávamos super bem desde pequena... Só que com o tempo minha mãe fora perdendo o brilho.

Há algumas semanas descobriu que está bem mal, mas escondeu todos os exames... Acho que chegarei em casa para procurá-los...

Perdidas em tantos devaneios esqueci de olhar para trás e perceber que no meio do caminho havia dois caras estranhos de terno preto nada amigáveis parados em frente à um carro. Encaravam- me...

Automaticamente senti um arrepio na espinha, um desespero tomou conta...

Comecei a andar mais rápido olhando de canto aos homens e eles acompanhavam meus passos acelerados e nervosos com o mesmo ritmo, isso Aurora quem mandou ser filha de um empresário!

Eles estavam me perseguindo?! Por quê?!

Pelas crinas do Sleipnir que nunca tive, to ferrada!