Forever Young escrita por Dafne Federico


Capítulo 2
Capítulo II: Aula


Notas iniciais do capítulo

Hi! Boa Leitura!



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Realmente eu estava bem melhor do que a duas noites atrás.

Estava me olhando no espelho. Tinha colocado uma calça de couro preta, suspensórios na mesma cor, All-Star e uma camisa cinza do The Who. O cabelo escuro estava razoavelmente controlado, os olhos azuis contornados por delineador e lápis preto.

Queria passar a tarde inteira no meu quarto. Ele era aconchegante, a parede principal era cinza e tinha prateleiras negras com meus livros prediletos, vinis e fotografias. Tem uma poltrona branca de frente para o computador e a televisão, a cama fica no centro a esquerda tinha uma porta para o banheiro.

Fechei a porta do quarto e desci as escadas.

Jason estava me esperando na garagem.

– Estava pensando serialmente em deixar você aqui. - resmungou Jason batendo o dedo indicador no relógio - Ainda preciso passar na casa da Piper, prometi que daria carona para ela.

– Piper? Mas não era a Reyna? - quis saber.

Não era uma surpresa Jason ter mudado de namorada, de novo. Ele é bem cobiçado e, se não fosse meu irmão, eu seria uma das garotas interessada. Nós não nos parecemos muito, ele tem cabelos loiros escuros, o que é injusto comparando com o meu, olhos azuis serenos, a pele é ligeiramente bronzeada, os músculos são moderados e ele faz o estilo calça jeans e camisa polo.

– Thalia, quando você se pega com o Leo e em seguida com Luke, sim Luke, eu por acaso opino nas pessoas com quem você se relaciona? Não. Espero o mesmo. - ele entrou dentro do seu carro e buzinou - Entra no carro.

Em outras situações eu o teria xingado de adjetivos bem feios, mas Jason era a minha carona. Quando meu pai descobriu o que tinha acontecido entre mim e Luke ele me culpou, porque sempre a culpa é minha, porque ele tinha me alertado que o garoto não passava desses boyzinhos desencanados, e porque ele nunca fez questão de esconder que o orgulho da família é Jason. Então, depois da pior noite da minha vida ele pegou as chaves do meu carro, uma Mercedes Benz SL 600 1998.

Sobrara para mim pegar carona no Jaguar XJ 220 1994 de Jason.

Depois de diversas músicas country ruins, uma parada na casa de Piper McLean e beijos melosos entre os dois, nós chegamos a Champions Academy.

A Academia se estendia por um quarteirão inteiro, o prédio construído por placas transparentes tinha apenas dois andares, mas era extenso. Os jardins de entrada eram ralos, cercando o estacionamento de alunos e o pátio de entrada.

Abri a porta do carro de Jason e pulei para fora, não aguentava mais ouvir a conversa clichê do meu irmão. Caminhei pelo estacionamento lotado de carros luxuosos, parecia que todo adolescente riquinho do colégio tinha um carro descolado e caro, e procurei pela caminhonete laranja de Annabeth.

Maserati conversível vermelho do Jackson, Ferrari rosa-shoking de Drew, Lamborghini prateada de Quione Snow, Harley Davidson negra com labaredas azuis nas laterais ... Voltei alguns passos para trás pensando estar tendo uma alucinação, porém a motocicleta realmente estava ali.

– Droga.

Minha esperança dele ter passado apenas alguns dias em Nashville foram dizimadas, como se um rolo compressor estivesse amassando-a sem piedade.

Continuei meu caminho em direção a vaga de Annabeth enquanto rememorava a noite no cemitério, por mais que afastasse o pensamento e me concentrasse em outra coisa me pegava voltando a conversa novamente.

– Explique-se. Por que você me deixou sozinha naquela porcaria de festa no sábado, Thalia Grace? - gritou Annabeth atrás de mim, tinha passado por sua caminhonete sem perceber.

Annabeth estava vestida como sempre. Um jeans azul-marinho, camisa rosa de mangas compridas e um tênis branco tão velho que estava ficando amarelado. O cabelo loiro cacheado estava solto, emoldurando o rosto e deixando os cachos perfeitos caindo nas costas.

– Bom dia para você também, Chase. - respondi.

– Nunca mais vou a uma festa com você. - ela respondeu puxando a bolsa do banco do motorista com descaso - E Punk, já estamos atrasadas para a primeira aula.

Eu pisquei. Ela conseguia ser sempre tão nerd.

– E qual é?

– Filosofia. - disse a loira encantada e saiu me puxando para as escadas de entrada do prédio.

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– Alguém tem alguma pergunta para o Senhor Di Ângelo? - indagou Quíron, nosso professor de filosofia, olhando por cima dos óculos quadrados.

Nico Di Ângelo estava na frente da classe. Como ele era aluno novo, embora metade da classe o conhecesse do colégio primário, o professor achou justo que ele se apresentasse. Ele caminhou até a lousa e simplesmente disse: - Ele já disse o meu nome.

As garotas comentavam sobre ele desde o inicio da aula, o que me dava uma folga, ninguém mais parecia interessado em falar sobre mim, ou sobre Luke, ou sobre mim e Luke. Concentravam-se em falar o quão gato o cara estava, como fazia o estilo garoto mal do Jacob de Crepúsculo. Torturante.

E sentado atrás de mim estava Luke. Uma versão melhorada de Jason e sem a parte do incesto. O cabelo loiro areia perfeitamente arrumado, os olhos focados, a pele bronzeada, a cicatriz branca. E vê-lo todo desencanado me deixava furiosa.

Evitei ao máximo olha-lo. Peguei um lápis de desenhos e comecei a traçar um esboço inspirado no filme Aliem x Predador.

– Alguém?

Quione Snow levantou a mão.

Ela deixava qualquer garoto do colégio louco, com tantos metros de saia faltando, o salto fino e camisas decotadas de renda. Os cabelos da biscate são pretos e ondulados, a pele de boneca é absurdamente branca e os olhos cor de café brilhavam.

O professor assentiu para que ela fizesse a pergunta.

– Qual o número do seu telefone?

A sala explodiu em risadas.

Revirei os olhos.

– Se você soubesse teria que ignorar as ligações. - Nico respondeu entediado, como se a proposta da garota, de se atirar nele, fosse repugnante. Ele virou-se para o professor - Posso me sentar?

Quione mexeu-se na cadeira perplexa.

– Ainda não. - Quiron não parecia irritado, mas com metade da minha atenção presa em desenhar as garras de um predador não tinha certeza. - Mais alguém tem uma pergunta para o Senhor Di Ângelo? - ele rolou os olhos castanhos pela sala depositando-os no meu desenho - Senhorita Grace?

Soltei os lápis na mesa.

Me endireitei na cadeira e pigarreei.

Geralmente os professores sentem-se como metais e me encaram como um imã, porém o professor Quíron não era como eles. Ele não seguia métodos tradicionais e exagerados, quase nunca ficava zangado, mas sempre esperava o melhor de qualquer aluno.

– Adoraria fazer uma pergunta.

Nico fixou os olhos escuros em mim e eu o analisei enquanto pensava em uma pergunta qualquer para fazer. Ele estava com quase as mesmas roupas do dia do cemitério, coturnos por dentro dos jeans escuros, camisa branca e a jaqueta de couro. O cabelo caindo nos olhos e sorriso torto.

– Quando você morava aqui rolava um boato de que você é gay. Eu tenho um amigo que pode estar...hum... interessado. Então, você, atualmente, tem algum companheiro? - mal terminei de ditar a pergunta e as risadas eclodiram as minhas costas.

Imaginei que as risadas fossem porque o único gay assumido da classe é Tyson, o irmão desajeitado e corpulento de Percy Jackson. Deveriam tê-lo associado como meu suposto amigo.

Olhei discretamente, ou não, para Tyson. Esse estava coçando a cabeça confuso, enquanto Perseu gargalhava com vontade e Annabeth olhava para ele impassível.

Pensei que a insinuação me faria sentir vingada pelas palavras que aquele cretino tinha dito, mas ele não parecia abalado, pelo contrário, o sorriso Mona Lisa triunfante em seu rosto. Seguido por uma balançada negativa de cabeça.

– Grace, você não deveria fingir desinteresse inventando um amigo. - ele respondeu calmamente. - Se quiser saber se estou comprometido, pode me perguntar francamente. - e piscou.

Mais risadas invadiram a sala.

Me esforcei para não urrar da resposta engraçadinha, ele conseguia pensar na coisa certa a dizer, na coisa certa para me irritar e sair por cima.

– Mais alguma pergunta sobre a sexualidade do Senhor Nico? - quis saber Quíron, levantando as sobrancelhas na minha direção com um estranho sorriso nos lábios.

Respostas diretas não estavam funcionando decidi mudar de tática.

– Sim. Perguntaria se ele é assexuado, mas, melhor não, tenho medo da resposta. - confessei com um sorriso fraco no rosto, arrancando outras risadas.

Quíron me olhou gentilmente.

– Sendo assim, pode-se sentar - disse para o Di Ângelo - Vamos abrir os livros e terminar a atividade... Vejo que a da Senhorita Grace tornou-se um excelente desenho de Aliem x Predador, um ótimo filme por sinal, respondam as questão e conforme terminem podem sair.

Tentei me concentrar nas perguntas sobre Voltaire, mas me pegava olhando para Annabeth admirando Percy pelo canto do olho, me pegava olhando para o Di Ângelo... Quanto tempo demoraria para cometer um assassinato?

 


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Notas finais do capítulo

Deixem review! O que estão achando? Beijos ♥