Summertime Sadness escrita por Pacheca


Capítulo 13
Planning Their Goodbyes


Notas iniciais do capítulo

Gente, descobri que o que não me deixa postar é a letra de uma música que eu queria colocar .q Vou colocar o link com a letra no final :3 Boa leitura e me desculpem pelo problema .q



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POV Claire

~Flashback On

Lily ligou sua guitarra ao amplificador. A escola estava vazia àquela hora, com exceção de nós duas e dos funcionários do turno da noite. Eu ainda não tinha muita certeza sobre aquilo, mas peguei o microfone e a folha com as letras.

– Tem certeza disso? – Perguntei, baixo. Lily concordou com a cabeça, se sentando à minha frente.

– Vou cantar antes, pra você pegar o ritmo, ok? Vai lendo as letras. – Suspirei e desliguei o microfone, que começava a chiar.

Passei a prestar atenção na música. Lily tinha uma voz um pouco rouca, mas não era exatamente feia. Eu ao menos não achava. Ela começou o refrão. Aquela parte eu já tinha decorado.

Continuei ouvindo, seguindo as letras, até o fim.Respirei fundo. Lily se ajeitou no lugar, arrumando a alça da guitarra.

– Lily, não sou cantora e você sabe disso. Sua voz é boa. – Ela estava gravando aquilo. Meu Deus, ia ser horrível.

– Não é não. Olha, sua voz não é profissional, eu sei, mas é muito melhor que a minha. E eu não vou postar isso em lugar nenhum. Só quero mostrar pra minha mãe.

– Sua mãe?

– Uhum. Provar que eu consigo fazer um bom trabalho com música. Por favor?

– Ok. – Respirei fundo mais uma vez. Liguei o microfone, enquanto ela começava a tocar.

Não tinha ficado tão ruim. Olhei a folha de novo, lendo rapidamente antes de pronunciar as próximas frases.

Lily fazia os backing vocals, numa voz mais baixa. Por que ela simplesmente não cantava tudo?

Lily sorriu para mim, antes que o refrão começasse. Abaixei o papel que ela tinha me entregado. Tinha aprendido aquelas frases antes. O refrão sempre é mais fácil.

Lily deu um sorriso satisfeito quando terminei. Voltei a olhar as letras, feliz. Era a primeira vez que alguém me confiava algo assim.

Percebi que adorei aquela música. Talvez eu pedisse uma cópia para Lily, pra ficar ouvindo a letra. E, bem, como lembrança também. Foi a única vez que me senti importante.

Lily olhou seu computador, provavelmente olhando o tempo de gravação ou algo do gênero. Talvez não estivesse bom. Respirei, continuando.

Acabou. Desliguei o microfone, enquanto Lily pausava a gravação. Fiquei esperando que ela dissesse alguma coisa, dizendo que minha voz falhou ou algo do gênero.

Ela só deu um sorriso, colocou a guitarra de lado e me deu um abraço rápido.

– Valeu. Valeu mesmo, Claire. Ficou ótimo. – Ela olhou o relógio. – Te mando uma cópia depois. E assim que escrever alguma coisa, posso...?

– Claro. – Concordei com a cabeça, feliz. – Sempre que precisar.

– Valeu. Se precisar de alguma coisa, conta comigo. – Ela guardou a guitarra e seu computador.

– Já vou, Lily. – Olhei meu relógio também.

Ela me deu um aceno. Peguei minha mochila e deixei a sala. Passei pelo zelador no corredor, me despedindo dele também. Ele resmungou alguma coisa, provavelmente grosseira.

Peguei meu celular e liguei para Derek. Ele me atendeu, com a boca cheia de alguma coisa.

– Já vem? – Ele perguntou.

– Uhum. Saí daqui agora. – Suspirei, parando em frente à escola. A rua estava movimentada. – Chego em 10 minutos.

– Te espero no portão. Beijo.

Para justificar pros meus pais porque eu não ia chegar no horário em casa, disse que ia com Derek para a casa dele. Aproveitei que era sexta e disse que dormiria por lá.

Não suportava mais dormir naquela casa. Acordas às 4 da manhã com alguma coisa caindo no chão ou quebrando não era nada bom. Principalmente para ficar ouvindo seus pais amaldiçoando sua existência.

Suspirei mais uma vez. Liguei meu player, ouvindo Men At Work. People Just Love To Play With Words. Arrumei a mochila nos ombros e tomei meu rumo, indo para a casa de Derek.

~Flashback Off

POV Keane

Me joguei na cama, deixando a mochila caída no chão. Corey entrou no quarto, com o cabelo bagunçado de quem acabava de acordar.

– Mamãe tá chamando pra almoçar. – Ele se sentou na cama. – Tudo bem?

– Como assim? – Me sentei também. Ele me olhou de um jeito estranho.

– Você ainda tá com raiva da mamãe?

– Não, Pequeno. – Esfreguei a cabeça dele, bagunçando ainda mais seu cabelo. – Ainda acho o que ela fez errado, mas não fiquei com raiva.

– Ah. Keane, por que Claire fez aquilo?

– Sei lá, garoto. – Me levantei. – Vem, o almoço tá pronto.

Corey parecia querer perguntar mais alguma coisa, mas só deu um suspiro e se levantou, me seguindo.

Me sentei de frente pra minha mãe, pegando o prato. Ela colocou a panela de macarrão na mesa, calada. Estranhei, mas não falei nada. Geralmente, quem fazia os primeiros comentários era meu pai.

– Está calada hoje, meu bem. O que houve? – Meu pai estendeu a mão sobre a mesa, pegando a da minha mãe.

– Deixei os ternos na lavanderia hoje. Afinal, domingo está quase chegando. – Ela deu um suspiro, me olhando. Dei um sorriso triste para ela.

– Mãe. – Comecei, terminando de comer a garfada de macarrão. – Nós vamos ao enterro deles? Digo, dos pais dela?

– Você quer ir, Keane? – Foi uma pergunta inocente, mas que me abalou um pouco.

– Não...não sei. – Dei de ombros. – Vou falar com Carly.

– Carly nunca mais veio aqui. – Corey brincava com uma almôndega em seu prato, cutucando-a com o garfo.

– Ih, Pequeno, ela já é minha, ouviu? – Baguncei o cabelo dele.

– Eu sei, bobão. – Ri do xingamento. – Só to com saudade.

– Ela vai voltar, não se preocupe. – Voltei a comer. Minha mãe ainda me olhava, de um jeito estranho. Talvez pensando se queria que eu fosse ou não ao enterro deles.

Comemos em silêncio. Terminei antes de todos. Pedi licença e subi pro meu quarto. Peguei meu celular na mochila, discando o número de Carly.

– Oi, Ursinho. – Dei um sorriso quando ela disse aquilo. – O que foi?

– Carly, eu andei pensando... – Me joguei na cama de novo antes de continuar. – Acha que devíamos ir ao enterro dos pais dela também?

Ela ficou em silêncio por algum tempo. Olhei o visor, checando se a ligação não tinha caído. Ela deu um suspiro e me respondeu.

– Sinceramente, não sei. Quer dizer, eles foram assassinados. – Engoli em seco quando ela disse isso. Acho que ela também ficou desconfortável. – Mas eles eram horríveis, Keane.

– Eu sei. É só que...Sei lá. Só pensei nisso.

– Derek vai. – Franzi o cenho com o que ela disse. – Não entendi direito. Kramisha disse que ele só ia para entregar as cartas que ela deixou.

– Só acho que se não formos, ninguém vai. – Suspirei. – Por mais horrível que eu fosse, não sei se gostaria de ser enterrado sem ninguém por perto.

– Podemos ir. Só alguns minutos. Afinal, eles eram humanos como nós. Podia ser qualquer um.

– É. Pode ser. – Relaxei um pouco. – Corey disse que anda com saudades suas.

– Seu irmão é tão fofo. – Ela deu uma risadinha. – Tenho que ir. O dever de matemática me chama.

– Bom trabalho. Tenho que fazer o meu também. Beijo.

– Beijo, Ursinho. – Ela estalou um beijo pelo celular e desligou.

Respirei fundo. Três enterros em um fim de semana. Parecia um pesadelo.

POV Kramisha

– Ei, ei, ei, larga isso. – Tive que falar de novo com uma das minhas priminhas. Minha tinha chegado de surpresa na minha casa, com minhas duas priminhas.

Deixei uma com minhas antigas bonecas na sala, quietinha. Já a outra estava quase destruindo meu estúdio. Ela pegou mais um estojo de pincéis. Tomei-o da mão dela.

– Não é pra mexer nisso, Kelly. – Respirei fundo. – Vai lá pra fora.

– Por que você pode ficar aqui e eu não?

– Porque isso aqui é meu. E eu to falando que você não pode. Vaza, anda. – Ela saiu do estúdio, indo irritar a irmã. Peguei a chave do estúdio e me tranquei lá.

– Kram. – Meu pai bateu na porta de leve. – Quer que eu te traga um lanche?

– Agora não, obrigada. – Prendi meu cabelo e meu avental. – Janto com você, mais tarde.

Ele me deixou. Peguei meu esboço na mochila e o coloquei numa estante perto da tela. Seria muito trabalhoso, mas eu estava determinada. Peguei um lápis e comecei a passar o desenho para a tela.

Meu celular tocou. Suspirei, pegando-o no bolso da calça. Lily. Franzi o cenho, me sentando em um dos banquinhos do estúdio. Era uma sala grande, cheia de telas em branco, tintas e tudo mais que eu precisasse.

– Alô?

– Kramisha, oi. – Ela deu um suspiro, como se pensasse em algo. – Olha, desculpa. Por gritar com você. Sabe, pela carta.

– Tudo bem, Lily. Já me acostumei com suas explosões. – Lily era minha melhor amiga. Várias vezes ela vinha para minha casa, passar a tarde aqui. Eu era a única que sabia das suas músicas.

Bem, Claire também, mas por acidente. Lily me contou que ia pedir para ela cantar. Eu sempre a apoiava na ideia.

– Bem, você chorou quando eu gritei com você.

– Foi um dia difícil. A semana tem sido difícil.

– É, eu sei. Não sabia que era tão próxima da garota. – Ela ficou quieta por alguns segundos. – Pode me ajudar?

– Depende. O que foi? – Me levantei de novo. Já era uma conversa comum entre nós.

– No domingo, eu quero fazer uma coisa. Sabe, um adeus. – Olhei minha própria tela. Concordei. – Quero sua opinião.

– Uma música nova?

– Uhum. É. – Ela deu um suspiro. – Quem vai ter que cantar sou eu, no entanto.

– Vem aqui para casa. Também quero te mostrar algo. – Ela disse um Ok bem baixo e desligou. Larguei o celular em cima de uma das prateleiras e voltei a desenhar.

POV Lily

Peguei minha mochila e guitarra e saí de casa. Meu pai estava caído no sofá, bêbado. Olhei de novo se meu computador estava na mochila, com o carregador e tudo. Nunca duvidei que meu pai pudesse roubá-lo para comprar bebida.

Eu não morava muito longe de Kramisha. Ela morava no lado rico do bairro, no entanto. Eu ficava no lado pobre. Não que minha casa fosse ruim. Era uma das melhores da vizinhança.

Só que a casa era tudo que eu tinha. Eu. Não queria nem saber, assim que fizesse 18, aquela casa seria minha. Suspirei, carregando minha guitarra ao meu lado.

Cheguei lá em pouco tempo. O pai de Kramisha me recebeu, com a cara de cansado de costume. Dei um sorriso e fui direto pro estúdio. Bati na porta, depois de virar a maçaneta.

– Oi, Kramisha. – Entrei no lugar abarrotado, tomando cuidado para não quebrar nada. Parei de frente para a tela em desenvolvimento. – Meu Deus, Kram.

– O que foi? – Ela fechou a porta de novo. – Não ficou bom?

– É a melhor tela sua que eu já vi. – Eu estava mesmo chocada. – Fez isso na aula?

– Foi. Conseguiu terminar sua letra?

Sorri. Coloque a mochila no chão, pegando meu computador. Ela voltou para sua tela, esperando a resposta.

– Na verdade, acho que sim. – Digitei minha senha, esperando o computador iniciar. – Mas não sei se ficou bom. Acabei escrevendo umas vinte músicas diferentes.

– Por que não toca mais de uma?

– Não acha que seria algo muito demorado? – Fiquei observando suas costas, pensando no que ela disse.

– Não. Suas músicas são boas. Ou então, escolha umas duas ou três e toque.

– É, acho que sim. – Abri minha pasta de músicas. – Gravei todas elas, ontem, na escola. Fiquei lá até mais tarde. Eu te mostro e você me diz qual prefere.

– Tudo bem, por mim. – Ela largou o lápis e pegou suas tintas.

Fui colocando as músicas. Kramisha me falou o que achou de cada uma delas, sincera como era. Ela me disse para tocar uma em especial. Dei um sorriso.

– Vai tocar uma só?

– Acho que sim. Sei que mais gente vai querer fazer alguma coisa. – Peguei a guitarra, deixando o computador ligado. Vi um arquivo que me deixou triste. – Kram.

– Oi? – Ela não parava de misturar tintas e não sei mais o que, dando vida aos poucos à sua tela.

– Acha que devo tocar essa também?

Coloquei a primeira música que Claire cantou para mim. Pass Slowly. Ela gravou tanto comigo depois , cada vez mais tristonha. Mas aquela era especial.

Kramisha parou de pintar, ouvindo a música. Quando terminou, fiquei esperando a resposta.

– Era Claire? – Concordei. – Toca também. E...só tem essa música?

– Não, tem várias. – Fui passando pelas músicas.

– Me dá um CD depois. – Fiquei dedilhando as cordas da guitarra, sem saber o que responder.

– Acha que devo dar um para Derek também?

– Claro. – Ela concordou. – Lily, você pode...ir no velório...no sábado?

– Dos pais dela? – Kramisha concordou, limpando uma mão no avental. – Pra que?

– É só que...eu vou com Derek. Achei que seria legal, mais alguém ir.

– Qual é a sua com Derek?

– Como assim? - A pergunta tinha saído sem querer, mas continuei o assunto.

– Sei lá. Ficou estranho, vocês dois. Sei que tem um apoio mútuo ai, e tal. Mas você parece que tomou um certo...afeto, por ele.

– Não sei, Lily. – Ela se virou para a tela de novo. – Só quero ajudar, só isso.

– Ei, calma. Não falei que não ia gostar. Sabe que Claire também não. – Dei de ombros. – Você sempre foi meio afim dele.

– Deixa isso pra lá. – Ela nunca gostava de conversar essas coisas. – E você não pode falar nada, já foi afim do Brandon.

– Ah, cala sua boca. Eu tinha doze anos. – Nós duas rimos. Brandon ainda era bonitinho, mas era um verdadeiro filhinho de papai. Ele merecia uma surra, de tão babaca que era.

– Sério, eu não sei. – Ela deu de ombros. – Mesmo se for, ele era afim da Claire.

– Não era não. – Ela me olhou, como se eu fosse louca. – Ah, fala sério, Kram. Se ele fosse afim dela, seria uma bela friendzone. Os dois eram irmãos um pro outro.

– Eu sei, mas...

– Olha, não to falando nada. Só quero vocês felizes. Chega de depressão na minha existência. – Passei a tocar uma das minhas músicas para ela.

"There goes another day,

Don't suppose I'll come out to play with you

I'll just sit at home

Write another song about how I wanted to."

Ficamos ali, cantando, enquanto ela trabalhava na sua tela. Acabei concordando em ir ao enterro dos pais de Claire. Não sei bem se era uma boa ideia, mas Kramisha parecia realmente querer companhia.

E não é como se eu tivesse algo pra fazer.


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Notas finais do capítulo

A música é Pass Slowly, do Seether (http://letras.mus.br/seether/1887491/) E a da Lily é Another Day, de Angus e Julia Stone. Um beijo :*



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