Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 21
O Início do Fim


Notas iniciais do capítulo

Então gente, eu até tenho postado bem rapidinho :3 Mas enfim, com esse começamos a nos aproximar lentamente do fim .q Mas ainda terá muita coisa, então até lá, boa leitura < 3



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Como da última vez, estávamos parados por minha causa. Só que dessa vez, era quase tranquilo. Neville e Aron só vigiavam por garantia, mas eu tinha quase certeza de que ninguém cruzaria aquele corredor.

Malec se deitou para dormir logo depois de passar a pomada pelo rosto queimado. Ainda não entendia como ele conseguira se queimar tanto. Mikail estava sentado mais afastado de mim, mas ainda acordado.

Queria ir até ele e conversar. Perguntar porquê. Mas não queria forçar os pontos. Suspirei, esperando que ele decidisse se aproximar.

– Mikail. – Chamei, por fim. Ele me encarou, sério. – Vem cá.

Apesar de um pouco hesitante, ele se sentou ao meu lado. Não sabia o que dizer. O que eu deveria dizer.

– Eu... – Tentei falar, mas ele me interrompeu.

– Não foi culpa sua. – Ele abraçou os joelhos. – Sabe, ela ia acabar desse jeito.

– Que jeito?

– Julia era doente. – Ele falou, um sorriso leve no rosto. – Ela não tinha muito tempo, mas achei que talvez a Capital pudesse ajudar. Quando falei com nosso tutor, ele apenas disse que sentia muito.

– Você queria que ela ganhasse para poder... – Não precisava terminar. Ele concordou com a cabeça, suspirando.

– Eu não podia te deixar morrer. Mas achei que podia ajudá-la, se ela corresse.

– Ela não correu?

– Ela tentou. Acho que tropeçou e caiu. – Ele respirava fundo, tentado se acalmar ou se controlar. Não sei bem. – Gostaria que ninguém devesse passar por isso. Ter que ver a irmã ser morta.

– E você...?

– Eu matei ela. A do 12. Peguei a faca dela e enterrei-a na nuca. – Ele agora parecia em choque, encarando a parede à nossa frente.

– Obrigada. – Falei, encarando os pontos. – Por me salvar.

– Não foi culpa sua, Jojo. – Mikail ficou de pé, uma faca presa à cintura. – Mas, ainda assim, de nada.

Suspirei, encostando a cabeça na parede. Estava cansada, mesmo depois de um dia desmaiada. Fechei meus olhos por alguns instantes, e acabei dormindo.

Acordei com uma sensação de quem alguém me observava. Aron e Neville dormiam, enquanto Mikail vigiava uma ponta do corredor e Malec a outra. Encarei o garoto da maça, mudando de posição.

– Que que foi? – Falei, mexendo de leve a perna machucada. Os pontos pareciam repuxados. – Ai.

– Vai se machucar, Pôr do sol. – Ele deu uma risada debochada. – O que foi o que?

– Era você quem estava me encarando. – Respondi, me desencostando da parede.

– Sim, eu estava. – Ele suspirou, vindo se sentar ao meu lado. – Achei que fosse perder a perna.

– Bem, parece que vou continuar com ela. – Falei, respirando fundo. – Como...?

– Sabe aquele frasquinho roxo? – Concordei. – Aquela merda explode quando quebra. E começa a queimar. O miserável jogou aquela merda na minha cara.

– Ah. – Parte de seu cabelo também tinha ficado queimado, uma faixa de couro exposta. – E Jenna?

– Morta. – Sempre imaginei que ele fosse rir e falar que foi bem feito. Mas ele me parecia bem sério. – O que?

– Finalmente conseguiu o que queria.

– Eu nunca quis nada. Só fiz justiça.

– Justiça.

– Sabe, estávamos ajudando um vizinho a reconstruir sua casa. Ela ruiu de velha. – Ele falou, pegando a garrafa d’água. – Jenna estava no alto, ajudando a reformar o telhado. Estava com meu irmão lá embaixo, e então ela jogou um bloco de concreto na cabeça dele.

– Não pode ter sido acidente?

– Foi o que ela disse. Que tropeçou e acabou acertando o bloco com o pé, empurrando-o. – Ele tinha uma cara de total desprezo. – Mas você já sentiu o peso de uma daquelas coisas? Não dá pra simplesmente empurrar uma por acidente. Ainda menos com uma mira tão certeira.

– E por que ela faria isso? – Ainda conseguia imaginar Malec acertando o que sobrara da cabeça de Jenna.

– Você realmente não percebeu que ela era louca? – Ele sacudiu a cabeça. – A mãe dela já tinha nos dito, ela era psicopata.

– Bem, ela se foi. – O assunto parecia ter terminado, mas ele falou mais.

– Você não confia em mim. – Ele sorriu, daquele jeito bizarro. – Vou ficar com vocês até os Carreiristas, não se preocupe. Não sou retardado ao ponto de querer matar os cinco sozinho.

– Espera ai, achei que só tinham sobrado 9.

– O garoto do 4. Ele escolheu a tática de se esconder. Parece ter funcionado até demais. – Malec deu de ombros. – Vou voltar ao meu posto.

Fiquei em silêncio, pegando a garrafa d’água que ele deixara no chão. Tomei um gole, respirando fundo. Clay provavelmente se juntara aos Carreiristas. A essa altura, seria imbecil continuar tentando ser esquecido. Bem, talvez nem tanto, mas...

Me deitei, rastejando para longe da parede, simplesmente para me deitar ao lado de Neville e dormir de novo.

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– Seu tempo está acabando. – Shirnaui gritava para mim pela floresta. Não conseguia alcançá-lo.

– Jojo, me ajuda. – Neville me chamava, na direção oposta à Shiranui. Eu não sabia para onde ir. Os passarinhos riam, mas eu tinha certeza de que era Snow.

Tudo que eu sentia era desespero. Minha perna não me respondia, simplesmente tendo que ser arrastada. Mas eu estava parada, enquanto tentava decidir quem eu seguia.

Tentei ignorar as risadas, mas não conseguia. Comecei a correr numa terceira direção, ou tropeçar naquele caminho. As risadas e gritos começavam a fazer meus ouvidos doerem.

Tropecei em algo, caindo com o rosto no chão. Shiranui e Neville estavam caídos no chão, os dois sangrando. Horrorizada, tentei fugir dali, mas os dois me chamavam.

Comecei a chorar, soluçando e tentando ajudá-los. Ainda assim, a certeza de que era impossível me assombrava. As risadas de Snow não paravam.

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– Jojo. Jojo. – Acordei tremendo, quase dobrando a perna machucada. Foi Aron quem a segurou, soltando meu ombro.

– Aron, eu... – Me sentei com a ajuda dele, piscando. Neville ainda dormia, tranquilo.

– Ele não dormiu nada, até eu te costurar. – Aron comentou, pegando mais um remédio. – Toma.

Tomei, encarando o ruivo dormindo. Aron cruzou os braços, sério.

– Sabe, agora que eu me toquei. – Ele falou, suspirando. – De que só um vai ficar vivo.

– Bem, considerando minha perna, acho que estou fora. – Dei de ombros. – Deviam ter me deixado.

– Eu sei. Malec também disse isso. – Ele deu um suspiro. – Os outros dois não deixaram. Falaram que não podiam simplesmente te largar morrendo.

– Bem, obrigada. Eu acho. – Falei, encarando o chão.

– Então, temos algum plano?

– Temos que achar os Carreiristas, antes que eles nos achem. – Dei de ombros. – Fora isso.

– Bem, seja o que for, teremos que esperar. – Ele indicou a ferida.

– Bem, é. – Dei de ombros. – Aron, falando nisso, como aprendeu a suturar?

– É igual costurar. Ajudava minha mãe a remendar as roupas.

– Podia ter costurado minha bermuda. – Ele riu.

– Não sobrou muita coisa daquele tecido. E eu teria que te deixar sem ela para poder arrumar.

– Bem, acho que vale só a sutura. – Ele riu de novo, para ficar sério logo em seguida. – Você é minha preferida. Além de mim, para ganhar. Você, Neville, e o do 4.

– Clay.

– Malec não tem mais porque viver, seu único objetivo sempre foi se vingar, e agora... – Ele suspirou. – Os Carreiristas não precisam de nada disso. E Mikail, não sei se ele conseguiria viver sabendo que o irmão errado ganhou.

– Quero que Neville vença, mas... – Mas se ele ganhar, mato Shiranui e minha avó. – Também quero vencer.

– Eu sei disso. – O silêncio seguinte me confortava. Minhas ideias voavam, o sonho ainda tão nítido que me arrepiava.

O tempo de escolher estava se aproximando.

Eu podia matar Neville e salvar vovó e Shiranui. Ou deixar que Neville ganhasse e perder os outros dois. Respirei fundo, tentando fazer uma decisão racional.

E não cheguei a nada.


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Notas finais do capítulo

Até mais, peoples < 3



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