Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 19
Perigo Iminente


Notas iniciais do capítulo

Aee, feliz ano novo (porque o natal já foi ;-;) Deixarei aqui e sairei correndo :) Até mais hahah



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Decidimos sair dali o mais cedo possível. Podia ver o cansaço nos olhos de Mikail e de Julia, mas ambos concordaram em continuar. Devolvi o machado para Neville, sem querer pegar em outra arma.

Acho que o me deixara tão perturbada com a morte de Rika fora a facilidade. Foi tudo tão fácil, tão insignificante, que mal parecia que eu acabara de matar uma Carreirista.

Aron foi nos guiando pelos corredores, os mesmos de alguns instantes atrás. Fui ficando para trás, arrastando meus pés pelo piso. Neville percebeu minha distração e voltou até onde eu estava, quase parada.

– Temos que continuar. – Ele falou baixo, me encarando.

– Eu sei, só... – Não terminei de falar. Não tinha o que dizer. – Vamos logo.

– Tudo bem. – Continuamos nosso caminho, aquele silêncio entre todos nós. Meu tornozelo me fazia arfar de vez em quando, o que chamava a atenção de Aron, mas ele não falava nada.

Não fazia ideia de onde estávamos, mas Aron disse que era melhor descansarmos. Concordei, vendo Julia e Mikail dormindo quase imediatamente. Aquilo me alertou para quão cansada eu mesma estava. Física e psicologicamente. Mais psicologicamente.

Aron foi vigiar o lado do túnel pelo qual chegamos e Malec foi para a ponta que ainda precisávamos investigar. Me sentei com as costas na parede, tirando a bota do pé machucado.

Neville se sentou ao meu lado, calado. Eu só podia sentir com a ponta dos dedos a bola enorme de inchada que meu tornozelo virara. O garoto do meu distrito finalmente falou, pegando a mochila que Aron deixara no chão.

– Vamos ver se estou certo. – Ele pegou os óculos escuros da mochila e os colocou, rindo baixo.

– O que foi?

– Não são para sol. Óculos de visão noturna. Aqui. – Ele me entregou os óculos, me fazendo colocá-los.

E acabou que ele estava certo. Conseguia agora ver meu tornozelo, mesmo que numa coloração meio esverdeada. Talvez fosse melhor ficar sem aquela imagem, entretanto.

– Seria melhor se você parasse de forçá-lo. – Neville disse, mudando de posição, pegando os óculos de volta. – Quanto menos você andar, mais rápido vai ser a recuperação.

– Não posso me dar esse luxo de não andar. – Dei de ombros. Ele continuou falando.

– Talvez se eu te carregasse, pelo menos por aqui. É bem fácil prever inimigos nos corredores. – Ele falou, esperando uma resposta.

– Você está tentando se matar? – Não escondi o pouco de irritação contido na minha voz. Não bastava ele se aproximar cada vez mais de mim, ele tinha que deixar aquilo bem evidente.

– Você quem vai ter problemas se continuar assim. – Ele respondeu, firme. – Como pretende correr assim? Isso só vai dificultar tudo pra você. Vou te carregar nem que seja amarrada.

– Tudo bem. – Suspirei, me calando. Ele aceitou a resposta, dando um riso abafado. – O que?

– Nada. Só é divertido te ver emburrada.

– Não, não é. – Aquilo era meio embaraçoso. Ele riu. – Isso é maldade.

– Desculpa. – Ele falou, tentando não rir. – É adorável.

– Para, Neville. – Ele se desculpou de novo, se calando. Era desconfortável receber elogios tão...espontâneos.

Não consegui relaxar o suficiente para descansar. A todo momento minha mente voltava para os primeiros corredores. Aron me beijando, Rika morrendo tão facilmente, meu momento patético de choro com Neville. Aquilo tudo me incomodava.

Neville dormiu em pouco tempo. Fiquei de pé, usando a parede de escoro. Caminhei devagar até Aron, mas tomando cuidado para não assustá-lo.

– Jojo. – Ele falou, respirando fundo. – Achei que estaria dormindo.

– Deveria. Não consegui. – Me sentei de novo, mais uma vez arfando por causa do tornozelo. Ele pareceu hesitante por um minuto, mas se sentou ao meu lado.

– Ainda pensando em Rika? Ela se foi. – Ele falou, dando de ombros.

– Qual era sua relação com ela? – Perguntei, direta e reta. Ele suspirou.

– Rika costumava treinar comigo, na época que eu ainda ia em algum dos treinos. – Ele suspirou, continuando. – Ela nunca concordou com minha escolha de cuidar da minha família.

– Parecia mais que isso. – Não deixei de comentar, encarando o chão. Ele riu.

– Junte isso com algumas fugas para o vestiário. – Ele riu, parecendo envergonhado. Ri junto.

– Sério? Ela era apaixonada com você? – Ele concordou com a cabeça, passando a mão pelo cabelo.

– Pode ser que sim. Sei lá. Depois que parei de ir nos treinos ela começou a me caçar por todo lado. Perseguição total.

– Enfim. Acabou agora. – Ele deu um sorriso fraco, mas meio triste. – Eu não queria...

– Sei que é meio egoísta, mas obrigado. – Ele me fitou, sério. – Não sei se preocupou comigo, mas fico feliz que tenha vindo até mim.

– Por que isso seria egoísta?

– Bem, eu não me lembro de ter te apoiado depois daquilo. Você ficou bem...impressionada.

– Não achei que aquilo fosse ser tão fácil. Foi só isso. – Dei de ombros. – E achei que os outros estariam com ela. Nada de outros Carreiristas no entanto.

– Também estranhei isso. – Ficamos alguns segundos em silêncio, sem saber mais o que dizer. – Jojo, sobre aquele beijo...

– Foi chocante. – Falei, coçando um olho. – Mas o que tem?

– Desculpa. Aquilo foi irracional. Você só parecia tão sozinha e...não sei.

– Olha, eu prefiro ficar sem saber. – Falei baixo. – Já tenho Neville pra me confundir aqui dentro.

– Desculpa. – Ele deu de ombros. O silêncio voltou, tão incômodo quanto antes. Aron ficou de pé de novo, se afastando um pouco. Voltei para o centro do túnel, aproveitando a oportunidade para dormir.

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Não discuti mais com Neville. Assim que estávamos todos de pé, esperando que já tivesse amanhecido, ele se abaixou um pouco e me fez pular em suas costas.

– Tudo bem? – Perguntei Neville, me segurando sem eu pescoço. Ele concordou, andando normalmente.

– Achei que você fosse mais pesada. – Ele deu de ombros, seguindo Aron. Continuamos caminhando, sempre procurando por algum movimento nos corredores seguintes.

Na minha cabeça, nos perderíamos a qualquer instante. Aquilo era um labirinto infinito de caminhos que pareciam levar a lugar nenhum. E ninguém ter aparecido até agora também me incomodava.

– Vocês tem certeza que os túneis são a melhor opção? – Falei, me ajeitando nas costas de Neville. – Já achamos todos.

– É mais fácil ficar junto aqui. – Aron respondeu. – E ainda assim, com seu tornozelo desse jeito, é melhor evitarmos conflito.

– Ok. Entendi. – Concordei, sem muita convicção. – Vamos continuar então.

Já estávamos quase descansando mais uma vez quando ouvi os passos vindo atrás de nós. Me virei, soltando-me de Neville. Ficamos parados. Os passos também cessaram.

Apesar da dor no tornozelo, fiquei de pé, esperando com o arco pronto. Malec também ergueu sua maça. Ficamos esperando. Tensos, meus músculos estavam todos retesados.

Eles surgiram. Era um grupo de cinco. Jenna agora se juntara à garota do 12, o garoto do 11 , a menina do 8 e o menino do 9. Não teríamos para onde correr agora.

– Por onde vão fugir, ein? – Jenna riu, sarcástica. Eu podia perceber facilmente que ela carregava uma lança imensa. O garoto do 9 carregava um frasquinho com um líquido num tom arroxeado. Não quis saber o que aquilo era.

– Quem disse que vou fugir de você, sua maldita. – Malec tinha um tom um tanto raivoso, mas não se moveu. Jenna parou de sorrir.

– Malec. Você continua louco?

– E você continua uma grandessíssima filha da mãe. – Malec finalmente parecia a ponto de explodir.

– Dá pros dois pararem com isso e explicarem logo o que há aqui? – Falei, quase gritando.

– O que está acontecendo é que eu vou acabar com ela. – Malec correu para cima de Jenna. E foi quando o caos começou.

Os outros quatro partiram pra cima de nós. Mirei na do 8, acertando uma flecha em seu ombro. Aquilo a impedia de usar o braço direito, mas ela ainda me atacou com espada que carregava.

Tentei acertá-la mais uma vez, mas ela já estava muito perto de mim. Tive que ficar desviando de cada ataque, até que perdi meu equilíbrio. Naquele momento, achei que estivesse morta.

E eu provavelmente deveria estar. Pelo menos se uma perna eu sabia que eu ia ficar. Aquela lâmina maldita cortou minha perna do alto da minha coxa até o joelho.

– ORDINÁRIA! – Aquilo foi um berro. A dor quase me cegou, escurecendo minha visão no mesmo momento. Achei que fosse morrer.

– Jojo. – Eu jurei que o canhão que ouvi foi o meu. Por um segundo parei de ouvir meu coração batendo. – Saia daqui, anda.

Mikail tinha matado a garota e me defendia do garoto do 9. Não tentei entender a cena. Fui me arrastando pelo corredor, rastejando com o resto de forças que me sobraram.

Fui o mais longe que consegui. Quando o som da luta já não me alcançava, me deixei cair no chão e desmaiei.


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Notas finais do capítulo

Eita, porra .q Jojo...Aguardemos u.u



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