Burning Torch escrita por Pacheca


Capítulo 12
Ameaças


Notas iniciais do capítulo

GENTE!Sobre minha demora, só me perdoem, por favor! Deixei de ler o livro que eu preciso ler pra escola pra postar hoje, então me perdoem mesmo .q E ouçam essa música na leitura : http://www.youtube.com/watch?v=TtxceVOYIQk



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– Jojo. Jojo. – Abri os olhos, encontrando os de Neville. Ele se afastou um pouco de mim. – Tudo bem?

– Ai, minha cabeça. – Coloquei a mão na testa, bloqueando um pouco a claridade do lugar.

– Ela acordou, Teuk. – O ruivo falou com alguém atrás de mim. Loner surgiu atrás dele e estendeu um copo d’água. – Obrigado.

Me sentei devagar, ainda no vestido da entrevista. Quanto tempo se passara? Peguei o copo e bebi, evitando olhar ao redor. Eles não precisavam me encarar como se eu fosse morrer a qualquer instante. Principalmente, não Neville.

– O que aconteceu?

– Não muito. Você desmaiou, o garoto te segurou antes de você dar uma bela cabeçada no chão. – Loner deu de ombros. – A entrevista continuou normalmente. Acabou tem pouco tempo.

– Isso dá quase uma hora. – Ainda estávamos nos bastidores do programa. – Cadê Teuk?

– Foi informar Ceaser de que você melhorou. – Neville se levantou. – Ele ficou preocupado com você, mas tinha que continuar as entrevistas.

– Bem, acho que agora posso voltar pro apartamento. – Loner deu as costas para nós, se afastando pelo corredor.

– Você consegue se levantar? – Neville se abaixou ao meu lado de novo, tirando o cabelo do rosto.

– É, acho que sim. – Ele se levantou, me esperando fazer o mesmo. Minha cabeça doía e eu fiquei um pouco tonta, mas consegui. – Que infernos há de errado comigo?

– Ansiedade? – Ele deu de ombros. – Vem, melhor você descansar um pouco antes de jantar.

Segui-o pelo corredor. Minha visão estava escurecendo a cada passo que eu dava, então parei quando achei que ia acabar desmaiando de novo. Sinceramente, por que eu estava daquele jeito?

– Ei, tudo bem? – Neville me apoiou num tipo de abraço, passando um braço pelas minhas costas e deixando o outro na minha cintura.

– Não. Que bela merda. – Respirei fundo. – Acho que preciso comer. É, isso deve resolver.

– Ah, bem. – Ele me sentou no chão, com as costas na parede. – Vou buscar alguma coisa pra você, espere aqui.

– Não é como se eu estivesse conseguindo ir muito longe, Neville. Vai logo. – Fechei os olhos enquanto ele se afastava. Simplesmente dormi depois que ele se foi.

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Quando acordei de novo, estava numa cama. Me sentei, coçando um olho. Eu estava me sentindo incrível. Mas aquele não era meu quarto. Ou ao menos não me parecia ser.

A porta do banheiro estava aberta e o chuveiro ligado. Franzi o cenho, mas não fui olhar. Acho que aquele era o quarto de Neville. Me levantei e o chamei.

– Neville? – Ele desligou o chuveiro. – Só queria deixar claro que já acordei. Vou voltar pro meu quarto.

– Ah, tudo bem. Passo lá daqui a pouco. – Sai do quarto, depois de murmurar, anuindo.

Fechei a porta do meu quarto e soltei meu cabelo. Talvez, quando eu saísse da Arena, pedisse Teuk pra me ensinar aquele penteado. Tirei o vestido, com um suspiro, e vesti um dos pijamas nas gavetas. Um azul de flanela.

– Se sentindo melhor? – Neville perguntou depois que abri a porta pra ele.

– Como se nada tivesse acontecido. – Dei um sorriso. – Me carregou até seu quarto?

– É, Charol me pediu pra te vigiar dormindo. Por isso a porta aberta do banheiro.

– Ah, sim. Bem, você foi ótimo na entrevista. – Cruzei as pernas e abracei meu travesseiro. Ele se sentou na beira da cama.

– Você também. Principalmente o vestido. – Sorri. – Fiquei curioso sobre a promessa.

– Fiquei curiosa sobre a garota. – Ele desviou o olhar pro chão, escondendo o rosto com o cabelo. – Ah, desculpa.

– Não, tudo bem. – Ele ergueu o rosto de novo. – Acho que só não sou muito bom falando.

– É, eu sei. – Bati com o travesseiro nele, de leve. – Vamos, não sou sua melhor amiga, mas mereço alguma confiança, não?

– Te conto se me contar a promessa. – Ele me encarou, sem jeito. Concordei.

– Muito bem. Prometi que ia ajudá-lo com uma revolução. – Revirei os olhos. – Eu sei que é meio idiota, mas se ninguém começar algo, Panem vai ser sempre a mesma coisa. E digamos que não é nada bom.

– Bem, minha vez, então. – Ele coçou a nuca. – A garota era você. Mas, deixa eu explicar, ok? – Ele me olhou como se eu quisesse fugir. – Não é como se eu ficasse te perseguindo pelo 7. É só que eu te via com Shiranui.

– E daí?

– A ideia de que alguém conseguisse fazer uma amizade com ele me parecia surreal. Você me surpreendeu. E é realmente bonita...

– E o que te fez falar daquele jeito pra Ceaser? – Cruzei os braços.

– Não é como se eu tivesse me apaixonado assim do nada. Aliás, eu não gostava tanto de você até a Colheita. Eu queria muito sua amizade. E me atrevo em dizer que consegui, certo?

– É, Neville. De um jeito estranho, acho que sim. – Dei um sorriso torto. – Então, se eu morrer, posso contar com você pra ajudar Shiranui com a promessa?

– Claro. – Ele sorriu de volta. – Você vem jantar?

– Claro. – Me levantei e o segui pelo corredor. Perguntei sobre sua família, sobre sua vida, sobre o que ele gostava.

– Meus irmãos são duas pestes. Sinceramente, tenho que ficar de olho neles o tempo todo. Minha mãe cuida da nossa casa, enquanto meu pai vai para as florestas. Eu geralmente só fico brincando com os outros dois.

– E do que você gosta?

– Hum, de escrever, ler. – Ele deu de ombros. – É um jeito de descarregar a raiva sem que ninguém veja. Mas e você?

– Shiranui e eu ficamos o dia todo andando por ai. Conhecemos algumas pessoas, fazemos alguns serviços...E ele me ajuda a cuidar da minha avó, desde que ela adoeceu.

– E você gosta de...?

– Andar. Sem rumo, sem pressa, sem companhia. – Dei de ombros. – Quer dizer, parece um pouco solitário e tudo, mas me sinto bem. Saio do distrito e saio caminhando.

– Como passa pelo muro?

– Uma fenda num ponto escondido. – Falei mais baixo. – Lá vem, Charol.

– Bem, vocês estavam fantásticos. Teuk, você fez um trabalho esplêndido. Igualmente, Reys.

– Obrigada.

Comemos, conversando como uma grande família. Não deixamos de pensar na Arena no dia seguinte, mas não dissemos nada. Era como estar em casa, esperando a hora de dormir. Sorri.

O garoto avox entrou no cômodo, fazendo Charol xingá-lo. Ele estendeu um bilhete para ela, com uma mão trêmula. Ela o pegou e leu o destinatário.

– Jojo, querida, é para você. – Peguei o envelope, sentindo todo o silêncio do cômodo. – Já pode ir.

Querida Jojo,

Espero que não esteja sendo um incômodo, mas preciso vê-la, nesse instante. Quero parabenizá-la pessoalmente, e lhe pedir um favor. Como não terei mais tempo amanhã, terá que vir agora.

Coriolanus Snow”

– Agora? Vou agora? – Perguntei para o garoto, que ainda estava lá. Ele concordou com a cabeça. Me levantei, com o papel na mão.

Corri para o quarto e coloquei uma roupa descente. As roupas da minha mãe tinham sido devolvidas, então vesti-as e prendi o cabelo. Neville correu atrás de mim quando sai do quarto.

– O que há? – Ele parou na minha frente.

– Alguma coisa estranha. Vou descobrir e te digo. – Entrei correndo no elevador e apertei o andar do térreo.

Dois pacificadores me encontraram na saída do prédio e me levaram até um carro. Em pouco, parei na frente de uma mansão imensa. Respirei fundo antes de descer do carro e ir caminhando pelo jardim até a entrada.

– Senhorita Aismael, bem vinda. – O senhor de seus 50 anos estava parado na escada, com um terno preto fino. Seus cabelos começavam a branquear, junto com a barba grossa. – Venha, não demorarei muito.

– O que queria me falar, senhor? – Estávamos em seu escritório. Fecharam as portas, me trancando do lado de dentro até o fim.

– Não precisamos disso, Jojo. – Ele se sentou, sem me oferecer um lugar. – Sei que você quer minha cabeça sobre uma bandeja de prata, e que quer arrancá-la você mesma.

– Pois bem. Não gosto mesmo de sorrir feito uma retardada. – Dei de ombros. – O que você quer?

– Sabe, Jojo, eu tenho conhecimento de todo o território de Panem. Sabe como?

– Não. Espiões?

– Câmeras. Em todo lugar que puder pensar. Até mesmo do lado de fora dos distritos. Nas árvores, nos animais, tudo. Achou mesmo que não ficaria sabendo da sua promessa?

– E daí? Não é como se eu ligasse. – Cruzei os braços. – Qual o plano agora? Me matar nos Jogos? Não seria assim tão fácil.

– Te matar? – Ele riu, de um jeito seco. – Não, Jojo. Veja, você é uma menina incrível. Eu poderia fazer muito com você. Mas não posso fazer isso se você morrer.

– Bem, é sua única opção, senhor. – Dei um sorriso torto. – Não sou uma marionete.

– Não. Eu ainda preciso prender as cordas. – Ele deu de ombros. A televisão atrás dele se acendeu. Era Shiranui, saindo da floresta para o distrito de novo, indo na direção da minha casa. – Braum, tudo pronto?

– Aguardo suas ordens, senhor. – Uma voz respondeu pela tela.

– O que é isso? – Franzi o cenho.

– Isso, Jojo, é seu amiguinho sob a mira de uma semiautomática. – Snow se virou para mim. Eles iriam atirar em Shiranui. Tentei manter a calma, mas meu coração estava quase saindo pela boca. – E depois dele ainda temos sua avó. Então, vai fazer o que eu disser?

– O que você quer? – Minha boca secou.

– Que você nunca mais ache que tem algum poder. Que tem algum direito, alguma liberdade. – Snow estava sério, mas calmo. – E que seja fiel à sua nação. Panem.

Eu dei um sorriso dolorido, como se ele acabasse de quebrar meu dedão. Antes que eu pudesse protestar ele continuou.

– Você vai ganhar esses Jogos, se vire. E vai acabar com o pequeno Neville. – Descruzei meus braços, sem outra reação. – Tem que escolher, Jojo.

– Você não...

– Você tem tempo para escolher. O garoto que é quase seu irmão, mas com uma intimidade um tanto comprometedora, ou o garoto que tem uma família e um sonho, coisas a perder, seu amiguinho. – Snow se levantou e parou na minha frente. Ele tinha cheiro de sangue. – Mas não tente me enganar, garota. Se você não escolher antes que outra pessoa o mate, vou considerar como uma agressão. E você já sabe.

–Por que? – O encarei, paralisada. – Acha mesmo que sou alguma ameaça? Sou só uma criança iludida com liberdade, como se fosse alcançável. Não seja idiota, Snow, eu não sou tão imbecil. Não se destrói uma ditadura de anos com uma simples adolescente.

– Talvez. Mas ainda assim, todo risco pode acabar se tornando algo. – Ele voltou até a mesa e colocou a mão ao lado de seu microfone. – E então, Jojo? Vai escolher, ou posso fazer a escolha por você?

Ele apertou o botão, pronto para dar a ordem. Meus olhos ardiam, e eu podia sentir cada batida do meu coração reverberando por minhas costelas. Cada segundo podia ser o último dele.

– Braum, você pode...

– EU ESCOLHO! – O sorriso dele me deu vontade de vomitar, sem exageros. – Só me faça o favor de não me deixar esquecer a razão.

– Se você se esquecesse não estaria mais sob meu controle. – Snow cancelou a ordem e sorriu mais ainda. – Escolha bem, Jojo. Só uma é a resposta certa.

Os pacificadores abriram a porta e me escoltaram até o carro. Suspirei, vendo a cidade passar por mim como um sonho. Shiranui ou Neville. Viver sob o controle de Snow. Ser mais uma marionete, por minha avó. Valia a pena?

Voltei para o apartamento, esperando que já tivessem dormido. Só achei Loner na varanda, tomando uma garrafa de uísque. Respirei fundo e caminhei até ele.

– O que ele queria com você? – Loner perguntou, um pouco interessado demais.

– Acabou pra mim, Loner. Só tenho isso a dizer. – Suspirei.

– Lembra o que eu te disse?

– Sobre? – O encarei, esperando aquele olhar frio dele de sempre. Mas ele me encarava com um olhar tranquilo.

– Sentimentos, Jojo. São úteis, de várias formas.

– É, lembro. – Dei de ombros. – Pedir um abraço é uma situação dessas?

Ele me abraçou, como um pai. Não chorei. Mas queria. Queria muito. Depois de alguns minutos, ele me soltou e me mandou ir dormir. Amanhã começava.

Neville esperava no corredor, na minha porta. Ele parecia ter acabado de acordar.

– O que foi?

– Nada. – Dei um sorriso fraco. – Ele queria me dizer que torce por mim, mas não podia fazê-lo em público.

– Ah. Boa noite, Jojo. – Dei um sorriso e entrei no quarto. Dormi aquela noite, querendo ter morrido.


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Notas finais do capítulo

E então? É, ele já era presidente, eu acho. Me desculpem a demora :T Até mais :*



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