Louise No Mundo Dos Sonhos escrita por Dama dos Mundos


Capítulo 4
Cartas Marcadas: és uma Dama ou uma Rainha?


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo ficou um pouquinho grande, realmente (acho mesmo que acabei me empolgando demais rs). Peço perdão àqueles que acompanham a fic, como a minha prioridade é minha outra história, essa fica em segundo plano... Mas como estava inspirada, aproveitei para dar uma atualizada nela. Espero que gostem.
Agradeço de todo o coração quem lê e acompanha, valeu galera!



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Louise, a pequena criança que fora lançada ao Mundo dos Sonhos sem qualquer explicação, estava indo melhor do que se esperava a princípio...

Pode se chamar talento nato. Pode-se imaginar que ela, seja de onde for que tenha vindo, já tivesse uma alta capacidade de criar histórias de encanto. Que, em algum momento, sua imaginação floresceu para torná-la implacável. Quem poderia imaginar tal coisa vindo dela? Muito provavelmente, nem mesmo seus pais.

A garota atravessou como um furacão a arena, mandando monstros pelos ares, quase afogando seres mágicos e fazendo muitos humanos pedirem clemência... no entanto, seu maior problema eram os magos...

Eles não usavam de força fisica, ou terror, ou armas, obviamente... eram versados em feitiços arcanos, e dessa forma conseguiam bater de frente com o poder recém-descoberto de Louise. O que uma garotinha recém-chegada poderia fazer contra alguém que tinha décadas de sabedoria? Desde o começo, a menina estava cometendo quase um suicídio.

Seu oponente da vez era, de fato, um mago, e não apenas um mago qualquer: ele era o mestre das cartas. Seja lá de onde Louise tinha vindo, ela conseguiu reconhecer o baralho que dançava ao seu redor, fazendo um balé apenas para seu dono. Ele não era feio, muito pelo contrário, tinha até mesmo um certo carisma encantador, do tipo que os ilusionistas do nosso mundo compartilham. Poderia até ser confundido com um, mas Salazar Greed não era o tipo de pessoa que qualquer um gostaria de brincar.

Os cabelos eram de um verde claro, e sofria de heterocromia, tendo um olho também verde, enquanto o outro era vermelho. Suas próprias vestes lembravam a de um mago misturado ao joker... a camisa que usava por baixo da capa tinha suas mangas quadriculadas em preto e branco. Não era uma das coisas mais bizarras que a pequena Loise tinha visto desde que chegara ao Mundo dos Sonhos, no entanto ele causava-lhe muita estranheza. Pela segunda vez, ao pisar na arena, ela sentiu receio.

–Ora, minha pequena menina, não tenha medo... eu não vou lhe machucar. Não muito, pelo menos, mas tenha certeza, não é nada pessoal... -ele argumentou com uma voz cristalina, juvenil. A tentativa falha de acalmar a menina não surtiu efeito algum. O mesmo juiz esquisito com características de rato -e que igualmente fugia como um, quando as coisas começavam a ficar pretas- se aprontou para dar inicio a contenda.

–Do lado direito, vindo do Reino Mágico do Leste, o Rei de Espadas, Mestre das Cartas, Salazar Greed! -prontamente, correu para o lado oposto, começando a apresentação de Louise, que agora já virara um grito de guerra para aqueles que torciam para ela (e, a bem dizer, eram muitos). -Do lado oposto, a Garota-de-Cabelos-Ouro-e-Prata, a Lady Intocável, Mestra da Imaginação... Louise!

Desta vez, como em todas as outras que vieram antes, desde sua primeira vitória, a platéia reagiu ao seu nome, e uma salva de urros contrastou entre os espectadores, a metade que era a favor da Magia e a outra, encantada pela pequena que chegara sabe-se lá de onde.

Mas isso não é importante... afinal, não é a platéia que faz diferença em uma batalha, é?

O primeiro movimento foi de Salazar. O baralho que rodopiava ao seu redor ajustou-se, recolhendo-se a sua mão direita, carta por carta. Com a mão livre, ele começou a atirar as cartas, numa velocidade alta, de forma que Louise sofria pra desviar. Apesar de ser um alvo relativamente menor do que ele estava acostumado, ainda assim ele tinha uma boa mira. Quando as cartas começaram a chover em cima dela e de fato acertaram-na, a menina reagiu criando uma redoma ao seu redor. Pensou em vidro, mas as cartas batiam violentamente contra ela, causando rachaduras.

–De que essas coisas são feitas? Ai!

Uma das cartas atingiu-a no braço, fazendo um filete de sangue escorrer por este. O escudo foi lascando até se quebrar totalmente. Desviando momentaneamente a atenção para o ferimento, ela não conseguiu ver mais uma investida. As cartas vieram em sua direção, mas desta vez elas não a atacaram.. pareciam se juntar para formar algo, e de fato era isso que acontecia. O baralho, agora em forma de caixa, fechou-se ao seu redor, mantendo-a presa.

–Eu também sei fazer barreiras, pequenina... mas elas não servem para me manter dentro... -ele estalou o dedo, e a estrutura foi diminuindo, mais e mais, forçando-a a ficar em uma posição extremamente desconfortável.

–Sei que a senhorita não pode evitar a morte, então vou lhe dar uma escolha... pode se render agora e sairá daqui praticamente ilesa ou... vou esmagá-la ai dentro. E isso seria uma pena, não gosto de fazer mal a crianças...

–Nem... pensar... -ela conseguiu dizer, com dificuldade, já que sua força estava concentrada em tentar sair da caixa. Se esta diminuisse um pouco mais, não duvidava que seus ossos iam se partir um a um. Manteve sua mente concentrada em uma forma de sair dali, enquanto o rapaz fitava a caixa com certo desinteresse...

–Mas que coisa... crianças são realmente teimosas... -fechou sua mão um pouco, a prisão encolheu minimamente, de forma que a menina deu um grito, fruto do instinto de preservação... isso pareceu de fato incomodá-lo, pois as cartas continuaram no mesmo lugar.

–Não me esmague, por favor... eu sou jovem demais pra morrer!

–Deverias ter pensado nisso quando entrou em um torneio destes, pra começar...

–Eu não tive escolha, o cão de três cabeças na entrada queria me devorar! -ela começou a choramingar, e o rosto do adversário amoleceu um pouco. -Não me mate... eu não quero morrer, eu não quero morrer, eu não quero...

–Certo... vou tirá-la daí... e então você se rende... -no meio da frase ele já havia retirado as cartas, e no mesmo instante uma explosão de fogo lançou-as contra ele mesmo. Poucas chegaram a acertar e causar dano, mas por pertencerem a ele, a maior parte delas parou antes de alvejá-lo. O choque estampou seu rosto, enquanto observava a pequena, intacta, parecendo um pouco menor que o normal. Ela havia diminuido o próprio corpo!

–Desculpe... -mostrou a língua, de maneira infantil, não dava para saber se estava sendo sincera ou não.

Vega, acomodada no lugar de onde os outros campeões podiam assistir as lutas, se preocupava em esvaziar o copo em sua mão, uma vez mais ele estava cheio com o tal liquido verde e borbulhante, que fazia lembrar ácido. Olhou de maneira apática para a luta que seguia, mudando sua posição de forma que pudesse apoiar o rosto na mão direita. -Tsc... Salazar, sempre sujeito a chantagem emocional... deve ser por isso que você nunca chega à final. -falava consigo mesma, embora o discurso fosse direcionado a ele. -Quando vai perceber que tem um coração muito bom pra entrar em disputas assim? -virou o copo, tomando o resto de seu conteúdo numa golada só e batendo o recipiente contra a borda do parapeito onde estava encostada.

Uma verdadeira pena... Salazar e Vega nunca chegaram a se encontrar. Enquanto ela passava voando e destruindo os inimigos a sua frente sem dó, ele acabava sendo desclassificado por não querer matar alguém... Se os dois tivessem se encontrado em alguma hora, sem dúvida teria sido uma luta memorável. Vega ganhava dos magos usando sua velocidade para desviar dos ataques e realizar golpes a curto alcanse, exaurindo-os pouco a pouco, de forma que quando realmente começava a ficar séria, eles não tinham energia sobrando para se defender. Claro que nem sempre a estratégia era cem por cento eficaz, as vezes a mulher era alvejada pelas magias dos adversários. E então, eram mais algumas cicatrizes para a coleção.

As cartas de Greed poderiam dar-lhe dor de cabeça o suficiente para repensar alguma de suas táticas, mas ela pensaria nisso depois. Com o Mestre das Cartas lutando justamente com uma criança, era dificil prever o resultado.

Salazar jogou sua perplexidade para escanteio, ele deveria ter imaginado que a menina iria aprontar alguma, mas isso era passado. Decidiu que iria tomar o dobro de cuidado da próxima vez. -Espertinha, a senhorita...

–Não, eu sou só uma criança...

Uma criança que, como a maior parte delas, sabe muito bem usar de chantagem e teimosia. O mago reajustou a postura, as cartas se reposicionaram ao seu redor.

–Bem... então devo tomar cuidado.

–Não se reprima, não se reprima, não se reprima! -ela cantarolou alegremente, deveria conhecer essa música de algum lugar, talvez?

–Não irei... -ele abriu um sorriso breve, e suas companheiras de material não identificável moveram-se rapidamente, voltando a construir. Ao redor dela, foi se erguendo um verdadeiro castelo de cartas. Não soubera de onde havia saído tantas delas, mas o fato é que continuavam chegando, unindo-se a outras, fechando o cerco.

–Diga-me, pequenina... tu és uma Dama ou uma Rainha?

Louise não sabia se devia responder a isso, e mesmo que devesse, o que diria? Pelo que sabia, a Dama e a Rainha deveriam ser a mesma carta do baralho, o “Q”. Que diabos de pergunta era aquela afinal? Já se acostumava a lidar com pessoas doidas naquele lugar... o labirinto a sua volta parou de crescer. A construção estava formada, e ela não via o rival em lugar algum.

Ótimo...

Como pode perdê-lo se estava na sua frente? Ela se menosprezou mentalmente, enquanto se adiantava, seguindo pelos corredores e passagens. Muitos becos sem saída. Era irritante, ela virava uma esquina esperando por um longo corredor e praticamente batia o nariz contra um amontoado de cartas. Pensou mais uma vez... imaginou uma linha tênue de luz que ficasse marcada por qualquer lugar que passasse. Como um novelo de lã, para que não se perdesse. Mais uma vez achou isso familiar, mas deixou tal sensação para depois. Seguiu em frente, deixando uma marca dourada atrás de si, gravada no chão. Quando atingia um caminho sem volta, retornava até onde estava antes e seguia por outro lado... e assim, foi se aprofundando cada vez mais no Castelo de Cartas.

Eu sou uma Dama ou uma Rainha?

Aquela frase imbecil não saia de sua cabeça. O que ele queria dizer? O que, o que...

Chegou ao que parecia ser a sala central. O mago estava sentado em um trono igualmente de cartas, e mais algumas o rodeavam, como era de praxe. -Encontrou-me, como esperado. Está disposta a levar isso a sério?

–Eu que pergunto isso...

–Ahn, que menininha abusada... o jogo termina aqui... e então, sabe o que és?

–Não, e não me interessa!

–Resposta errada. Storm Cards.

Ele disse o nome com tanta naturalidade que mal parecia um golpe, o que na realidade era... de fato, as cartas choveram em direção de Louise, mas desta vez ela não conseguiu pará-las completamente, afinal, sabia que o escudo era inutil. Foi atingida por todos os lados, ficando com feridas por todo o corpo. Em um pensamento infantil, pensou que acabaria ficando igual Vega se continuasse assim, e isso a fez acordar. Se uma barreira não funcionava, por que não algo mais forte... como diamante, por exemplo?

Todos diziam, embora ela não se lembrasse de quem eram todos, que a jóia mais dura era o diamante. Não entendia absolutamente nada de pedras preciosas ou coisas assim, mas aparentemente esse pensamento a salvou de ser feita em pedaços... agora uma armadura completa cobria o sue corpo, e ela brilhava muito...realmente era irritante, e era um pouco pesada, mas isso não a impediria. Precisava ainda dar um jeito de destruir as outras cartas. Ainda com a ideia de diamante na cabeça, fez com que aparecesse em suas mãos uma lâmina, igual àquelas que os cavalheiros que lutaram contra ela se utilizavam. As cartas voltaram a ser lançadas contra ela, mas a armadura completa a protegia. Sabendo que não aguentaria o peso por muito tempo, precisava ser rápida e certeira. Foi cortando as cartas com a espada, chegando cada vez mais perto de Salazar.

Só mais um pouco... estou quase lá...

Quando chegou a uma distância pequena do trono, o mago já havia se levantado e vinha em sua direção, as companheiras sem vida que o cercavam agora giravam ao redor de si com uma velocidade alucinante. Ela tentou um golpe por cima, mas não sabia ultilizar bem uma espada, e seu peso estava começando a incomodar. Tentou mais alguns. Estava cansando-se mais do que obtendo qualquer resultado. Olhou para cima, não exatamente em direção ao mago, e sim para o teto...

–Foi uma boa luta, mas isso acaba agora... diga-me, quem és? Uma Dama ou uma Rainha? -ergueu a mão, ele sabia que não podia tocá-la com aquela armadura, mas uma hora ela haveria de cansar-se, e então ficaria inconsciente. Dessa forma sua imaginação cessaria momentaneamente, e ele poderia vencê-la sem precisar machucá-la.

–Eu sou... -manteve seus olhos no teto. Não dava pra saber o que estava olhando. -Eu sou um Coringa.

Ele ergueu uma sobrancelha, e então viu uma sobra crescer sobre seus pés. Moveu sua atenção para cima, e viu um lustre cair sobre si. Instintivamente, a parede móvel de cartas ergueu-se para protegê-lo, e então Louise atacou, perfurando seu flanco direito com a espada...

A platéia deve ter ficado atordoada quando vira o castelo se erguer, mas sem duvida não era comparada à sensação de vê-lo desmoronar, as cartas caindo como se algum Deus travesso houvesse soprado-as. Assitir àquela maravilha se desmanchar era trágico... Vega pegou uma carta que acabou chegando até ela, observando-a de esguelha, mas logo esta se desfez entre seus dedos.

–Quem sabe uma próxima vez, Mestre das Cartas... -moveu seus olhos em direção a arena, onde as cartas caiam e se desintegravam. Do meio da poeira, surgiu dois corpos vacilantes... o vulto menor apoiava o outro, mas não parecia muito melhor que este. Aos tropeços, os dois chegaram a borda, onde uma equipe de curandeiros já se preparava para encontrá-los.

–Um Coringa, não é... eu deveria ter pensado nisso desde o início. -o mais alto alegou, deixando-se cair sentado. O ferimento em seu flanco não era mortal, mas daria um pouco de trabalho para curar. Ele sangrava o suficiente para ser preocupante, no entanto já chegavam pessoas para acudi-lo. Ficaria bem, no fim das contas.

Louise deixou-se cair no chão, ofegante, fazendo sua armadura pesada sumir, de forma que conseguia respirar muito mais facilmente. -Nada pessoal... mas odeio jogos com cartas.

–Não são pra qualquer um. -ele estendeu a mão para apertar a dela. -Aproveite a vitória... foi merecida.

–Obrigada... mais sorte da próxima vez.

Eu não sei se estarei aqui até lá...

–Um Rei não pode vencer um Coringa... por mais pequeno e esquivo que ele possa ser...

–Tá me chamando de anã!?

–És uma anã... e uma rapariga irritante...

Os dois continuaram o bate-boca por mais algum tempo. Ninguém poderia dizer, mas ambos lutariam lado a lado da próxima vez...


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Notas finais do capítulo

A imagem referente a Salazar foi encontrada no google (te amo, google), caso bug que nem aconteceu no capitulo passado, e a imagem não aparecer, aqui está o link: http://www.fotos-hochladen.net/uploads/animefullfightfdoyh9qw7g.jpg
Como devem saber, Não se reprima é uma música do Menudo... é pra ser irritante, realmente, porque Louise não é uma criança perfeita, né? Pra quem quiser o link da música, tá aqui, ó: http://www.vagalume.com.br/menudo/nao-se-reprima.html
Realmente adorei escrever esse capitulo... vocês gostaram do Salazar? Comentem e deem sua opinião :3



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