I'll Always Love You escrita por Bela


Capítulo 1
Capítulo 1 - Oneshot


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :*



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Sempre soube quem eu amava. Nunca duvidei disso, para mim era óbvio, meu único grande amor seria sempre "aquela pessoa". Impressionante que mesmo depois de tudo eu ainda não conseguisse pronunciar seu nome, me sentia fraco apenas por pensar naquela pessoa. Para mim, sempre foi um sentimento tão forte a ponto de eu não ter força o suficiente para lidar com ele.

Nunca duvidei do que eu sentia, era simples. Eu amava aquela pessoa, e por tê-la amado tanto, a matei. Sem aquela pessoa ao meu lado, o mundo não fazia tanto sentido. Eu estava sozinho. Completamente sozinho.

E por nove anos foi assim. Aprendi a odiar a Ordem tanto quanto odiava aos akumas e ao Conde, afinal, era tudo culpa deles. Foram eles que fizeram isso comigo, que fizeram isso com ele.

Passei noves anos tendo o mesmo pesadelo, sempre acordando com aquela frase ecoando em minha mente "me diga, Yu, você ainda vê a flor?".

Como disse antes, sempre soube quem eu amava, nunca duvidei disso, nem por um segundo sequer, até aquele dia.

Quando a voz aguçado do baka do sentinela ecoou pelas paredes da Ordem: "ACESSO NEGADOOO!!!"

"Naquele momento, amaldiçoei ao sentinela e ao recém chegado. Estava cansado e faminto, havia acabado de voltar de missão e tudo o que eu queria era comer um pouco de sobá e ir para o meu quarto sem ter que precisar falar com ninguém. Mas é claro que sorte não é algo que exista para mim. Peguei minha mugen e corri para o lado de fora, pronto para exterminar qualquer infeliz que entrasse no meu caminho, fosse akuma, exorcista ou humano.

Me deparei com um garoto de cabelos brancos que aparentava ter cerca de 15/16 anos de idade. Ele era baixinho e aparentava ser muito leve, fácil de matar. Uma cicatriz estranha marcava seu olho esquerdo, começando com o que parecia uma estrela na testa. Em minha rápida análise pude reparar que seu braço esquerdo era vermelho como sangue.

Sem pensar duas vezes, desferi-lhe um golpe com minha preciosa mugen. O qual foi defendido pelo garoto, que transformou o braço esquerdo sangue em um tipo de garra gigante."

No fim das contas era um maldito discípulo do Cross, havia sido amaldiçoado quando transformou o pai em akuma, e seu braço esquerdo era uma arma anti-akuma.

Ele sorria para todos, era gentil mesmo com aqueles que não conhecia, e tentava proteger tudo o que estivesse ao seu alcance.

Allen Walker era exatamente o tipo de pessoa que eu mais odiava.

O tempo se passou e... bem, não sei exatamente dizer quando, mas em algum momento, todo aquele ódio que eu sentia por aquele Moyashi estúpido acabou se transformando em...algo um tanto diferente.

Uma semana depois que o albino entrou para a Ordem os pesadelos passaram. Um mês depois do desentendido no portão a culpa do acontecido de nove anos atrás já não me massacrava como antes. Um ano depois daquele Moyashi ter entrado para a minha vida eu já não lembrava mais do rosto daquela pessoa.

Minha cabeça, que antes estava sempre me torturando com pensamentos sobre a "tragédia" de nove anos atrás, agora só tinha espaço para uma única pessoa. Um tal baixinho de cabelos brancos.

Nos corredores da Ordem nossas brigas eram constantes, estávamos sempre gritando um com o outro, e sempre saíamos na porrada, destruindo tudo o que estivesse pela frente, na maioria das vezes acertando um ou outro infeliz que se colocasse em nosso caminho. No fundo eu até gostava de brigar com aquele Moyashi baka, ele ficava corado e todo irritadinho com minhas provocações, era engraçado. Adorava o jeito como ele me chamava de "Bakanda", achando que eu iria me ofender com tão pouco. E acho que de repente ele também gostava de nossas brigas, era a única hora em que ele podia parar com aquele maldito sorriso falso que ele esboçava para todos. Era um sorriso tão triste, mas ninguém parecia perceber. Aquilo me irritava mais do que eu gostaria de admitir. Por que ele tinha que parecer tão frágil e machucado?!

Houve uma noite que ele bateu em minha porta. Estava escuro e lá fora chovia forte, com os raios e trovões cortando o céu violentamente (tsc, típico). Ele parecia assustado, os olhos levemente arregalados. Nunca vou esquecer daquela voz chamando (leia-se gaguejando) meu nome no escuro:

"K-kanda?"

"Humpf, o que você quer?"

"..."

Os trovões abafavam seus soluços, mas eu podia ver as lágrimas cortando o rosto do albino. Talvez por dó, ou por estar realmente começando a gostar daquela criaturinha encolhida na porta do meu quarto, eu apenas afastei o cobertor abrindo espaço para que deitasse.

"Venha logo, Moyashi medroso"

Ele sequer hesitou, correu para debaixo das cobertas e se agarrou em mim, tremendo sempre que o trovão estourava lá fora.

Essa foi a primeira vez que tive o prazer de dormir com aquele albino em meus braços. Embora das outras vezes que dormimos juntos tenha sido por um motivo muito mais...interessante.

A primeira vez que ele me disse "eu te amo" foi como se meu coração fosse explodir de tanta felicidade, e mesmo que aquilo fosse o que eu mais quisesse ouvir dele, eu não consegui dizer-lhe o mesmo. Aquelas palavras simplesmente não saiam de minha boca, era como se estivessem travadas em minha garganta.

Acho que entre todas as besteiras que já fiz em minha vida, essa foi uma das maiores, eu nunca ter dito que o amava. Pois eu o amava profundamente, mais do que tudo, e o amarei assim para sempre. Eu o amo mais do que amo a mim mesmo.

Por isso quando vi o corpo morto no caixão de Allen Walker junto a tantos outros caixões no funerário da Ordem, foi como se eu tivesse morrido junto a ele. Talvez eu até preferisse ter morrido junto a ele, ou no lugar dele. Naquele momento, tudo o que consegui pensar foi "eu deveria ter dito que o amava". Mas nunca o disse, e ele havia ido embora, para sempre. Deixando me afundando em minha dor, sendo engolido por pesadelos todas as noites a partir do dia de sua morte.

"A pior morte é aquela na qual você continua respirando."


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