Camélia escrita por And Allegra


Capítulo 8
Narciso-amarelo


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevi esse capítulo nos dias 18 e 19 de fevereiro e apenas podia pensar em como esses dois eram interessantes de escrever, acho que é a primeira vez que criei um casal com tanta "química".



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Capítulo sete

Narrado do ponto de vista de Sasuke Uchiha

Narciso-amarelo (Recomeços)

Sakura e eu acabamos desenvolvendo um padrão nas nossas conversas, geralmente começaríamos com algo normal do tipo “Como está sendo escrever seu novo livro?” e então quase sem perceber acabaríamos trocando muitas provocações e no final da conversa teríamos falado desde coisas como o clima até temas polêmicos como a guerra entre os sexos. Ainda estávamos apenas no nosso segundo encontro oficial, mas já tínhamos aprendido a como tirar o outro do sério facilmente.

“Conte-me sobre sua família” Ela disse de repente e eu quase engasguei com a minha bebida.

“Para que você quer saber?” Eu me recompus.

“Geralmente isso é o que as pessoas fazem nos encontros.” Sakura deu de ombros.

“Falar sobre a família no segundo encontro? Em que mundo você vive? E se por acaso eu tivesse um parente com uma doença terrivelmente nojenta e te conta-se bem agora antes do jantar começar?” Instiguei-a.

“Francamente Sasuke, você não pode agir como um cara normal por cinco minutos?” Ela bufou de modo desagradável.

“Você quer que eu haja como um cara normal? Ok, aqui vai. Gata, eu apenas gostaria que você não ficasse o tempo todo me contando sobre seus problemas estúpidos. Estou com você apenas para usar do seu corpo, o qual não é lá muito bom e seus seios são pequenos demais. Então você poderia comer logo para que possamos ir para seu apartamento e agir como animais?”

“Caras normais não agem assim!” Ela disse com a voz ficando mais aguda que o normal e de certo modo isso me lembrou a Ino, talvez elas fossem parentes.

“Sakura, você não tem ideia de caras normais. Enquanto você está ai se lamuriando sobre como seu cabelo está terrível hoje a maioria de nós apenas está pensando no que queremos que aconteça depois do jantar. Grande parte do seu tempo você passa com personagens de livros de romance e eles não tem muitas traços das pessoas reais, quer você queira admitir ou não.”

“Está bem! Então você poderia, por favor, agir como um dos rapazes dos livros de romance? Por favor!” Ela implorou.

“Certo, mas de qual tipo de romance? Eróticos ou livres para todas as idades?” Perguntei e me estiquei um pouco na cadeira como se estivesse me preparando para atuar.

“O que? E faz alguma diferença? Você apenas deveria agir como um cavalheiro!” E a voz dela ficava cada vez mais aguda. Talvez se ela não desse certo como escritora ela poderia tomar algumas aulas de canto, ela conseguiria atingir notas muito agudas.

“Faz muita diferença. Farei uma demonstração, primeiro do romance para todas as idades.” Ele fez uma pausa. “Sakura, eu gostaria que você soubesse que todas aquelas vezes que eu fui rude com você era apenas porque eu estava nervoso e não sabia como agir perto de você. Eu ainda não sei como agir perto de você, mas prometo que estou tentando o meu melhor. Que tal se assim que terminarmos sairmos para ir ao jardim botânico? Eu gosto de visitar aquele lugar pois foi onde nos encontramos pela primeira vez e eu sinto como se estivéssemos conectados com aquele lugar.”

Ela riu. ”Esse foi bom.”

Eu sorri.” Sei que foi bom e é exatamente assim que a maioria deles agem. Agora nos eróticos depende de que tipo de personagem estamos falando, por exemplo, se eu fosse um bad boy eu estaria aqui agora falando que você não deveria sair comigo porque eu sou um tipo imprestável e blá blá blá. Ou então se fosse um personagem daqueles brutos de romances do século dezoito eu estaria fazendo um monte de insinuações descabidas e você inocentemente iria acabar por comer um morango ou algo do tipo.”

“Você lê muitos romances não é?” A ruiva perguntou.

“Eu? Não! Antigamente eu gostava de ler com minha mãe, mas isso passou. O que não passou foi que vocês escritores continuam repetindo a mesma história apenas com cenários diferentes.” Dei de ombros.

“Sua mãe? Por que você não me conta mais sobre ela?” Ela pediu.

Para a minha sorte o garçom chegou bem naquele momento com a comida e fui salvo de ter que responder sua pergunta.

“Eu gosto disso, parece como uma cena de filme. Acho que vou usar isso depois.” Sakura meditou em voz alta algum tempo depois de começarmos a comer.

“Mesmo todas as brigas e discussões sobre diferentes pontos de vista?”

“Isso apenas faz com que pareçamos com um casal de filme. É como um ciclo: nós conhecemos por acaso, brigamos até não aguentar mais, começamos a ver um lado mais suave um do outro, tem o momento de clímax onde acontece alguma grande briga e nós separamos para no final ficarmos juntos.” Ela explicou.

“Então estamos agindo como um dos casais de filmes? Tudo bem, mas isso significa que no terceiro encontro faremos sexo no seu apartamento? No quarto encontro iremos ter alguma briga boba e estúpida que acabará com mais amasso? No quinto lhe apresentarei para minha família? No décimo vamos morar juntos? Temos de definir regras, não quero ter uma surpresa quando chegarmos no encontro cinqüenta e você resolver que precisamos apimentar a relação.”

“Talvez.”

“Hum... Eu aceito, mas apenas porque estou curioso para saber se você pintou de rosa apenas o cabelo e as sobrancelhas.”

“Podemos voltar ao momento onde você age como um cavalheiro de romance livre para todas as idades?”

“Sim, embora eu prefira fazer o papel do dos romances eróticos.”

Depois daquilo as coisas ficaram calmas e só voltamos a conversar enquanto esperávamos a sobremesa.

“Sabe o que é mais irritante em você? Tudo você apenas coloca a culpa nas mulheres dizendo que se nós déssemos o devido valor vocês homens agiriam corretamente, mas não é verdade. E se bem aqui e agora você percebe-se que eu sou o tipo que me dar o devido valor? Como você agiria? Você apenas seria o mesmo rude de sempre pois está tão acostumado com isso que não sabe fazer as coisas de modo diferente. Estou certa?”

“Não, se você fosse um tipo correto eu lhe trataria como uma dama dos romances ambientados no século dezoito. Eu pegaria nas suas mãos, olharia nos seus olhos e derramaria todo o meu coração usando Shakespeare. “

“Sério? Então eu te desafio a fazer isso aqui agora.” Eu crispei os lábios.

“Tudo bem. Admito que não poderia recitar Shakespeare, mas poderia fazer algo ainda bom.”

“Mostre.” Ela sorriu maliciosamente.

Eu parei para pensar um pouco afinal eu precisava de um bom ato apenas para tirar aquela presunção dela. O que eu não daria para apenas me lembrar de algum poema meloso. Suspirei e decidi improvisar. Encarei-a e comecei o ato.

“Se por acaso eu morresse nesse exato momento teria valido a pena apenas por ter conseguido passar tanto tempo com você, podem ter sido apenas dias, mas para mim foram anos. Eu nunca achei que encontraria alguém por quem eu estivesse tão atraído, não vou mentir dizendo que você é minha alma gêmea ou que me apaixonei por você assim que te vi, porém posso falar com toda certeza que quero passar os últimos minutos da minha vida com você. Eu posso ser obrigado a me separar de você agora, mas se daqui a vinte ou trinta anos quando eu te encontrar e estiver prestes a morrer, se eu puder ao menos olhar para você e por poucos segundos apreciar a sua beleza, eu irei morrer feliz.”

“Isso foi bom. Apesar de clichê e estúpido.” Ela estava corada.

“Bom? Eu sou mais que bom.” Eu sorri.

“Convencido.” Ela retrucou, mas também sorriu.


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